2 Temp - "Rest in Peace" Parte I

Eu havia acabado de sair da casa de Ariana, quando vi Arthur sair da casa dos Lacerdas.

Tentei controlar minha vontade de ir atê ele, mas minhas pernas criaram vida propria e me vi o chamando pelo nome:

_Arthur.

Ele abre um sorriso lindo quando me vê.

_oi Abby.

_oi. O que faz aqui?

_eu vim ver a Helena. Ela não estava bem.

_você não foi me ver. - ele é pego de surpreso e coça a nuca.

_des-desculpe Abby, é que... - solto um riso com sua gagueira repentina.

_esta tudo bem, Arth. - o chamo pelo apelido antigo. - que tal darmos um passeio?

_um passeio?

_isso. Você não me contou como foi sua estadia no Canadá.

Ele topa e pegamos nossos sorvetes na sorveteria - o dele de chocolate com pistache e o meu de Baunilha com morango. Caminhamos calmamente pela praça enquanto ele me conta as coisas mais legais que lhe aconteceu lá.

_jura?

_é serio. Ele disse isso com todas as letras.

_você devia topar. Sempre te vi como um genio. Eu vi os premios que você ganhou na escola. - ele cora com um sorriso fofo no rosto.

_eu não sou um genio.

Seu sorriso tão inocente, os olhos ostentam alegria. Ele é tão perfeito.

_o que foi? - então percebo que estou parada o olhando maravilhada.

_Arthur ainda temos uma chance de volta? - seu rosto fica serio.

_eu acabei de voltar.

_e dai? eu quero que voltemos. Eu te quero de novo Arthur.

_eu não estou preparado para isso.

_não me diga que esta pensando em Helena?

Ele desvia o olhar do meu.

_ela te chutou. E mesmo você tendo feito o mesmo comigo eu ainda te amo. Demais. Eu te quero de novo.

_eu não te chutei, Abby. E ela não fez isso comigo.

_não? Então por que foi embora sem me dar nenhuma explicação. Arthur eu te amo. Eu quero ser sua namorada.

_Abby eu não posso.

_mas eu posso. Te fazer feliz. Prometo nunca te fazer sofrer como Helena fez. Eu prometo Arthur. Eu prometo.

_eu a amo Abigail. Você sabe disso. Sempre soube.

_sim, eu sabia que você me usava para esquecer ela. Eu sabia. Mas eu te amo. Não me importo com nada. Nem me importo mais com suas fugidas atê o hospital. Eu te amo.

As palavras não surgem efeito.

_eu não te mereço Abby.

_não diga isso. - sinto o peso das lagrimas em meus olhos. Toco em seu rosto, tão macio, tão quente. - merece sim. Eu vou te fazer feliz.

Toco nossos labios, num beijo sem sentimento de sua parte. Mas em mim causa as mais variadas sensações.

Ele desvia nossas bocas e vira o rosto.

_eu não posso fingir te amar, Abby.

Ele fala com cuidado, com medo de machucar meus sentimentos. Mas é isso que esta acontecendo.

_eu te ensino. - falo desesperada. - eu te faço feliz.

_Abigail, eu não posso. Eu amo a Helena e você sabe. Eu amo e sempre a amarei. Nada vai mudar isso.

Minhas pernas vacilam e as lagrimas escorrem de meus olhos. Caio de joelhos no chão sujo da praça.

_não faça isso. - fala ele olhando ao redor, para o rosto confuso das pessoas a nossa volta. - por favor, Abby. Levante-se.

_eu te amo, Arthur. Não faça isso comigo. Eu te amo, por favor. - falo aos soluços e choro como se aquilo fosse mudar sua decisão.

Ele me agarra e me põe de pé.

_por favor, não me deixe. Eu te amo.

Agarro seu pescoço e beijo seus labios mas ele se desvencilha.

_Abigail vá para casa. Por favor, vá para casa.

_eu quero você. Minha vida depende disso. Você é minha vida. É você. Só você.

_Abigail amanhã nos vemos na escola. - ele se vira e sai andando.

_ARTHUR! - grito mas ele nem sequer me olha.

Corro o mais rapido possivel atê em casa.

Tudo o que vivemos, penso. Ele deixou tudo isso para trás, por causa daquela cretina!.

_Abigail? O que houve? - pergunta minha irmã ao me ver passar pela cozinha.

_Debby, eu te amo. E não ache que o que eu farei agora é por sua causa. É por causa dele.

_Abigail, Não! - grita ela mais saio correndo, entro no quarto e tranto a porta.

Ela sabe mais que ninguem o que farei a seguir.

_Abigail, por favor! Não faça isso! - esmurra e grita todos os tipos de palavrões contra a porta.

Papel e caneta servem para eu deixar minhas ultimas palavras ao mundo, com destino a pessoa que amo.

Encaro minha aparencia no espelho. Sou uma garota bonita. Com certeza muito mais bonita que Helena, quem Arthur amará para sempre. Mas se não sirvo para ele, a quem mais servirei?

A lamina corta minha pele, e mordo um pano para não soltar um grito. Não quero que minha irmã tenha de mim a ultima lembrança de meus gritos.

O sangue jorra ds meus pulsos e eu caio no chão gelado do banheiro. Logo uma possa de sangue se forma ao meu redor e eu começo a perder os sentidos.

Eu fiz isso não só por ele, mas sim por Helena. Para que ela se sinta culpada pelo que fez comigo. O que seu dinheiro, sorte e beleza causaram a mim. O arrependimento e a culpa estarão sobre seus ombros pelo resto da vida.

Foi ela.

Vou embora com a imagem em mente do garoto que amei vivendo e que amei morrendo. O garoto que eu esperarei atê seu dia infame chegar.