7 Dias para o Amor

{Por FranHyuuga}

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--Para Artemis In Avalon--

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“O Psicopata”

Capítulo 4

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- O ruivo psicopata!

As mãos femininas pousaram sobre os próprios lábios e os olhos pálidos alargaram-se com o medo. Maldito momento em que não conteve o impulso de falar o que pensava! Ela se permitiu piscar lentamente uma, duas, três vezes, enquanto aguardava pacientemente a reação do garoto à sua frente.

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As esferas de um verde incrivelmente claro a miravam com hostilidade e os lábios finos e bem delineados estavam crispados. Ele parecia arquitetar uma possível retaliação e a Hyuuga tremeu ao se imaginar em um filme de faroeste, no qual cada um engatilharia sua arma e atiraria a sangue frio contra o adversário.

Balançou a cabeça com a ideia absurda. Céus, no que estava pensando? O ruivo parecia observá-la como um predador atento e ela estava... Estava viajando em uma situação hipotética e estúpida com aquele garoto em um cenário faroeste!

Ao ver que ele se movimentou de forma vagarosa, aproximando-se dela, a ideia de uma arma não parecia necessariamente tão repugnante. Se fosse uma daquelas de ação desintegradora, como de Star Wars, ele sequer sentiria dor. Ela poderia apertar o gatilho, friamente. Sim, ela poderia...

O hálito quente sobre seus lábios atraiu sua atenção e a morena tentou recuar, questionando a si mesma quando, diabos, ele havia se aproximado tanto! Os orbes verdes estavam cristalinos, quentes e perigosos. Os lábios finos sustentavam um sorriso malicioso e maldoso. Os cabelos de um tom escarlate caíam sobre a testa em desalinho, deixando parcamente à mostra uma tatuagem de tom vermelho.

A jovem mordeu o lábio inferior repreendendo-se por tê-lo observado com tanto cuidado enquanto ele parecia se divertir com sua expressão admirada. Droga!

- O q-que v-vai fazer? – A voz era apenas um sussurro nervoso quando o corpo masculino pressionou o seu e as mãos seguraram os pulsos delicados forçando-a a deitar-se sobre o colchonete. O coração descompassado e a respiração ofegante denunciavam uma sensação de densa excitação nunca sentida antes, tingindo a face bonita com o tom rosado do constrangimento.

Ele sorriu com discrição, afastando-se de maneira rude e machucando-a no processo.

- Você é patética. – Afirmou, seco e baixo.

A jovem sentou-se ainda ofegante, ressentida por ter gostado da aproximação repentina daquele garoto de péssima reputação. Ela precisou de um segundo para entender aquelas palavras.

- O q-quê? – A pergunta soou trêmula, com um tênue tom incrédulo.

- Também é surda? – A voz grave parecia queimar o interior da Hyuuga em uma onda de raiva intensa. Aquele garoto era, de fato, muito arrogante!

- Quem você pensa que é para me julgar? – O timbre baixo era acusatório e a morena sentia uma vontade quase incontrolável de bater naquele rosto até que a expressão de desdém sumisse!

- Parece que você revela sua verdadeira personalidade somente sob pressão. – O ruivo comentou, deitando-se despojado no colchonete e levando ambas as mãos sob a nuca.

- V-Você não s-sabe o q-que diz! – Ela acusou nervosamente, tanto pela imagem sexy do garoto à sua frente quanto pela frase que continha alto grau desagradável de verdade.

Ele sorriu brevemente e suspirou baixo. Os perolados mantinham-se fixos sobre o torso musculoso moldado pela camiseta branca e passearam pelos braços de músculos salientes. A posição revelava virilidade e a Hyuuga se flagrou mordendo o lábio inferior ao notar outra tatuagem em formato de tribal sob o braço direito. Onde mais ele teria tatuagens?

- Estou começando a me sentir assediado. – O ruivo murmurou com falsa preocupação, encarando-a com verdes intensos.

A jovem se engasgou com a frase e voltou o rosto para o lado oposto na tentativa patética de esconder o constrangimento. Céus, até onde iria a sua idiotice?

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- Ei! – A voz de Anko ecoou em frente à barraca e somente neste momento Hinata notou os burburinhos chorosos das garotas e tons reclamatórios dos professores. – Quem está nessa barraca? – O tom rude da pergunta uniu-se ao pavor de respondê-la. Inferno! As coisas pareciam piorar a cada minuto! O que diria? Que sua intenção era estar na barraca com outro, mas que aceitou o ruivo psicopata?

“Pensa, pensa...”, exigia mentalmente, mas tudo parecia em branco e a sombra de Anko, impaciente, já segurava o zíper para puxá-lo.

A jovem estava pronta para ser flagrada e ter seu histórico escolar manchado pela má conduta, mas seu corpo foi lançado para trás com um forte empurrão do ruivo e antes que ela pudesse protestar, os verdes a fitaram em um explícito e ameaçador aviso. O zíper fora totalmente aberto, mas o ruivo colocou a sua cabeça para fora impedindo Anko de entrar. Os verdes fitaram a professora, longa e desafiadoramente.

- O que está fazendo em uma barraca feminina? – A professora questionou sem hesitação.

- Fui expulso da minha. – O tom sério respondeu-a com igual convicção.

- E quem está com você? – Ela perguntou, movendo-se para olhar o interior da barraca, mas os cabelos ruivos a atrapalharam quando ele seguiu o movimento.

- Estou sozinho. – A resposta fluiu seca. – Vocês deviam ser mais cautelosos. – A afirmativa soou rude enquanto o garoto saía da barraca obrigando Anko a se afastar. – Se nossos pais souberem o que poderia ter acontecido, seria desastroso, não acha?

Hinata não acreditava no que ouvia. Além de psicopata, o ruivo era louco! Desafiar Mitarashi Anko era clamar por duras repreensões.

- Ora, você se acha muito espertinho, não é? – Anko bradou, segurando o braço do aluno com força.

- Além de sexo, esse acampamento também permite agressão física? – O tom gelado do garoto fez Hinata imaginar, mesmo que não o pudesse ver, a suposta expressão feroz que o rosto bonito ostentava. Céus, ele era definitivamente louco!

- Trate de retornar à sua barraca! – Foi a única resposta que a professora expressou, frustrada.

Quando Anko seguiu para as demais barracas exclamando palavrões pela ousadia do ruivo psicopata, a Hyuuga respirou aliviada. Não demorou para que Ino fosse empurrada de volta à barraca, gritando impropérios a plenos pulmões sobre quão injustos e cafonas os professores eram ao proibir a livre expressão de adolescentes apaixonados. Por um momento, pensou que a loira tinha certa semelhança com o professor Gai.

- Merda, Hinata! – Os azuis estavam furiosos ao fitarem os perolados. – Se eu pego a maldita garota que gritou, eu... Grr... – Ino esbravejou cerrando os punhos e batendo-os contra o ar. – Merda! Merda!

A Hyuuga corou ao constatar que devia guardar segredo sobre quem acabou com a farra daquela noite. Naquele momento, se contentaria em dar atenção às reclamações histéricas da amiga para acalmá-la e dormir com a tranqüilidade de acordar na manhã seguinte.

Ela sabia, afinal, que teria de confessar ora ou outra o que havia acontecido...

E não seria nada fácil lidar com o humor homicida de Ino.

* * *

Vinte minutos.

Não é um tempo demasiado longo, mas as lágrimas reprimidas a faziam sentir o contrário. Ela desejava voltar para o conforto de sua casa, esconder-se entre as cobertas e fingir que aquele maldito acampamento nunca aconteceu.

- Que droga, Hinata! Você não faz nada direito? – A voz de Ino era alta e aguda, ferindo os ouvidos sensíveis da Hyuuga que notou, com certo alívio, estar próxima do término daquele discurso. – Faltou tão pouco, tãoooo pouco! – Rosnou, fitando-a com safiras raivosas.

- Chega, Porca! – Sakura interveio, empurrando os ombros magros da amiga. – Você só está reclamando e nem deixou a Hinata dizer o que aconteceu!

- Você não está frustrada, porque estava com roupa quando a Anko apareceu! – A loira respondeu irritada e todas tiveram que concordar que o flagrante da Yamanaka havia sido o mais indiscreto. – Certo, sem escândalos. – Completou, respirando fundo. – Sem rugas, sem rugas... – Acariciou o próprio rosto, controlando a imensa vontade de gritar ensandecida.

- Não liga, Hina. – Tenten expressou, massageando os ombros alvos da morena. – A Ino sempre foi muito dramática, você sabe.

A Hyuuga sorriu desanimada. Em pensar que o discurso enfurecido começou quando ela disse: “E-Eu gr-gritei o n-nome da Tayuya”. Será que devia contar o restante?

- Certo, o que aconteceu para você, bem... estragar a noite? – Sakura questionou, tentando escolher as palavras que menos ofendessem.

- Des-Desculpem. – A Hyuuga pediu, novamente. – É que... é... – Ela suspirou, mirando o céu azul para não derramar as lágrimas reprimidas. Só de lembrar o motivo para ter gritado, o coração doía.

- O que foi? – Tenten começava a se preocupar com a tristeza da amiga.

- O Naruto... estava... es-estava... – Outro suspiro e as mãos se movimentaram agitadas, como se a palavra fosse um terrível pecado. – Com a Tayuya...!

- Estava com a Tayuya? Estava o quê? – Sakura perguntou, incentivando a morena.

- V-Vocês s-sabem... – E a garota corou profundamente, fungando com a triste lembrança.

- O loiro estúpido e a mulher-machão? – Ino foi a primeira a perguntar, totalmente recuperada da frustração anterior. Nada melhor do que uma fofoca nova para melhorar o astral!

- Sim, e-eles estavam... É... – Céus, ela parecia uma freira gaga!

- Expresse, Hinatinha! – A loira gritou, eufórica com a novidade. – Estavam transando, trepando, fodendo...?

- INO! – Sakura ralhou, indignada. – Você é muito vulgar!

- E a Hinata é muito casta! – Ela respondeu dando de ombros. – Falar estas palavras é o primeiro passo para vivê-las, honey.

- E o que mais aconteceu, Hina? – Tenten questionou, ignorando os comentários pouco culturais de Ino.

A Hyuuga flagrou-se mirando os olhos atentos das amigas e sentiu a face aquecer só de recordar o que havia acontecido depois.

- Hum... é... – Ela balbuciou, cada vez mais nervosa.

Devia dizer que conhecera o “ruivo psicopata” e que ele havia desafiado a professora menos sociável do Colégio para que não fossem flagrados juntos?

- E-Eu fui para a b-barraca... – Completou, sentindo-se tola por suas palavras.

Elas entenderiam se dissesse que o tal “Gaara” se aproximara tanto que seus lábios quase estiveram sobre os dela?

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- E... q-quer dizer... é... – Não tinha por que guardar segredo, não é?

Eram suas amigas! Oras, entenderiam se dissesse que por um momento ela havia se sentido excitada com a expectativa de ter seu primeiro beijo roubado pelo garoto mais arrogante, antissocial e assustador do Colégio.

Entenderiam?

- F-Foi só isso. – Finalizou, suspirando. – Eu fiquei na barraca e logo a Ino voltou.

Sorriu para amenizar a mentira e não foi capaz de entender plenamente a razão para omitir o que houve entre ela e o ruivo psicopata. Ao vê-las sorrir e conversarem animadamente entre si, o coração pareceu apertar-se com remorso. Amigas são sempre verdadeiras umas com as outras... Contam tudo o que acontece. Ela se orgulhava por ser transparente com aquelas garotas, mas de uma forma extremamente nova, extremamente incompreensível, desejou guardar o que houve apenas para si mesma.

Como um segredo.

* * *

Ela corria, mesmo que suas pernas pedissem descanso, a morena se esforçava para manter o ritmo. As garotas estavam a vários metros à sua frente fazendo-a ter certeza de que era, definitivamente, uma péssima atleta.

A corrida feminina em meio à trilha fora ideia do professor Gai, mas o estímulo viera dos alunos que pretendiam fazer novas apostas sobre as possíveis vencedora e perdedora da prova. Nada poderia ser pior do que saber que no fim daquele trajeto teria que sorrir em falso para os alunos que a aplaudiriam entusiasmados por terem apostado nela – obviamente para o segundo caso.

Não que fosse uma pessoa com fôlego ruim ou acima do peso. Na verdade, ela sabia ter as curvas no lugar e o peso ideal para a sua estatura pequena. O fato era que Hinata não tinha habilidade para se desviar dos galhos e pisar nos lugares certos sem tropeçar ou escorregar. Seus reflexos eram lentos e sua aptidão ao desastre sempre a acompanhava.

- É isso aí, Hinata! – Um aluno gritou quando ela cruzou a linha de chegada como última colocada. Ela não soube se ficava feliz pela alegria dos diversos apostadores ou triste por saber que ganharam dinheiro à custa de sua inaptidão física.

- Você sempre foi uma ótima perdedora! – Karin saudou com um sorriso maldoso e os risos femininos a acompanharam.

Merda. Ainda teria de aguentar o cinismo daquelas metidas. Suspirou vencida, concentrando esforços em beber água e recuperar o fôlego para as próximas atividades.

- Muito bem, queridos! Vejo que o fogo da juventude se mantém aceso em seus músculos! – A voz de Gai soava entusiasmada. – A próxima prova será em dupla, um menino e uma menina. – Alguns murmúrios mal contidos soaram e foram calados pela voz grave que continuou a proferir instruções: – Os professores escolherão as duplas e o objetivo da prova é... – Os alunos se aproximaram para ouvir. – O objetivo é... – Anko revirou os olhos com a porcaria do suspense que Gai insistia em fazer. – Equilibrar habilidades.

“Equilibrar habilidades?”, pensou a Hyuuga com um mal pressentimento. Ela já estava nervosa por ficar sozinha com um garoto e aquele objetivo tão abstrato só aumentara sua insegurança.

- Aquilo que é fraco em seu parceiro, fortaleça-o. – A voz de Gai soava com profundidade de um sábio, mas a pose exagerada tirava-lhe todo o encanto. – Aquilo que é forte em seu parceiro, aprenda-o. – Todos o encaravam como se fosse um louco. – Essas são as regras, pupilos.

- Que porcaria de regras são essas? – Ino sussurrou e a Hyuuga notou somente naquele instante estar cercada por suas grandes amigas.

- Não importa! – A rosada expressou com verdes brilhantes. – Esta pode ser minha última chance de ficar com o Sasuke!

- Espero que eu fique com o Shino. – Tenten murmurou e de repente seus olhos arregalaram-se com o que falara. As amigas a encaravam incrédulas, totalmente alheias aos nomes já eleitos e gritados pelos professores. Até os burburinhos dos alunos pareceram distantes.

- O que você disse, Panda? – Ino questionou franzindo as bonitas sobrancelhas.

- T-Tenten-chan... você e o Shi-Shino-kun? – A Hyuuga não conseguiu completar a frase.

- Merda! Por que abri minha maldita boca? – Praguejou a Mitsashi antes de tentar contornar a situação. – Eu quis dizer “Neji”! Só errei o nome!

- Mentirosa! Por que está corando? – Acusou Sakura, sorrindo com o constrangimento incomum da amiga.

- Vocês não vão me deixar em paz, não é? – A jovem questionou em tom retórico, vendo as amigas negarem veementemente. – Ok, quando cheguei à barraca ontem, o Neji tinha saído e Shino estava sozinho. – Os sorrisos de dentes brilhantes a fizeram completar depressa: – Mas, somente conversamos!

- Uau... – A morena sussurrou surpresa e feliz por seu amigo. Quem diria que o Shino poderia ter encantado justamente a Tenten, que se orgulha tanto por ser imune à sedução masculina? O amor realmente poderia acontecer de maneiras inusitadas, como se um Ser divino simplesmente chamasse seu nome e...

- HYUUGA HINATA! – Ela pulou assustada, arrancando risadas dos alunos. – É surda? – Anko questionou fulminando-a com os olhos. – Você fará par com Sabaku no Gaara.

“Sabaku no Gaara... Sabaku... Gaara...”, os perolados encontraram verdes intensos e o sorriso maldoso nos lábios finos a fez pensar repetidamente “Não! Não... Não... Não...”

- NÃOOOOO! – Sua voz parecia mais alta de repente, como se...

- O que pensa que está fazendo, Hyuuga? – Anko questionou irritada pela interrupção. – Não o quê? – A jovem fitou o chão extremamente envergonhada por ter expressado em voz alta seus pensamentos.

- Acho que ela não quer fazer dupla com o Sabaku. ­– Uma voz masculina explicou polidamente e os perolados confusos encontraram os ônix atentos de Uchiha Sasuke. – Ela pode ser minha parceira.

- Não vejo nada de mal, já que possuem praticamente as mesmas notas. – Gai aceitou e a Hyuuga encarou aturdida o Uchiha aproximar-se dela com um olhar que ela achou melhor ignorar. O que ele pretendia? Os murmúrios femininos e hostis invadiram o ambiente e os perolados notaram que as garotas a fitavam com raiva velada. Céus, teria sido melhor se estivesse com o ruivo psicopata...

Droga... As coisas poderiam piorar?

Ela ouviu alguém praguejar baixo e vislumbrou Sakura evitando olhá-la. Era óbvio que a amiga também devia sentir raiva por não ter sido “escolhida” pelo Uchiha. Certamente não expressaria seu desagrado por saber que não tinha culpa pela situação.

Vê-la desolada, no entanto, não era nem um pouco motivador para que continuasse a manter parceria com Sasuke. Mesmo que isso a deixasse longe do ruivo arrogante, era infinitamente melhor não machucar uma de suas melhores amigas.

- E-Eu... – Ela começou de maneira torpe, atraindo a atenção dos orbes negros de Sasuke. – N-Não posso s-ser sua parceira, Uchiha-san. – Explicou com uma reverência respeitosa e sem encará-lo seguiu até Anko: – Eu quero m-manter parceria com... o S-Sabaku-san.

A jovem engoliu em seco quando Sasuke franziu as bonitas sobrancelhas em uma expressão de claro desagrado. Anko a fitava com irritação. E Gaara se manteve inerte, estudando-a com verdes observadores.

- Certo, Hyuuga. – A professora decretou bufando. – Essa será sua última regalia. ­– Completou com um sorriso cínico, pensando quão interessante seria deixar o aluno espertinho com a mosca morta da garota. Seria sua punição.

A morena seguiu com passos vacilantes até o ruivo e prostrou-se ao seu lado, visivelmente nervosa com a proximidade. Ela resolveu ignorar a embaraçosa sensação de tê-lo vigiando seus movimentos.

- Escutem, pupilos. – Gai gritou para ser ouvido. – Cada dupla deverá responder os exercícios deste caderno enquanto andam pela trilha até o acampamento.

A instrução era simples, mas executá-la tornava tudo mais difícil. Sendo a mais lenta, Hinata e Gaara ficaram por último. A distância entre cada dupla era de um minuto e meio, o suficiente para visualizar os alunos da frente sem escutá-los.

Enquanto aguardavam para andar na trilha, Hinata segurava o caderno com ansiedade. Ela desejava não falhar desta vez. Era uma questão de honra! A expectativa a fez abrir o caderno discretamente, apenas para dar uma olhadinha rápida e breve nas questões e...

- Além de patética, é desonesta? – O ruivo questionou, frio. Os verdes fixos em um ponto qualquer entre as árvores.

Ele era realmente irritante.

- Quero saber o nível das questões. – A morena respondeu com um tom grosseiro atípico. Incrível como deixava de gaguejar quando nervosa e aquele garoto parecia ter o dom de irritá-la.

- Saberei responder a qualquer questão. – A frase soou arrogante, mas havia certa indiferença no timbre grave.

A jovem limitou-se a fechar o caderno e observá-lo. Lembrou-se de ver o nome dele como primeiro aluno do Colégio algumas vezes durante os anos que estudou ali, sempre competindo silenciosamente com Uchiha Sasuke. Seria esta a razão para que o moreno quisesse ser sua dupla?

Não fazia sentido.

- Nossa vez. – A voz masculina a chamou e logo ambos passaram a caminhar com passos em ritmo constante, lendo juntos os exercícios.

A proximidade dos corpos fez com que Hinata se sentisse ansiosa e desconcentrada. Ela notou que o garoto era vários centímetros mais alto, o suficiente para que ficasse na altura de seus ombros largos. Os cabelos pareciam labaredas de fogo sob os raios solares, vibrantes com seu tom vermelho. Os verdes estavam fixos sobre as páginas do caderno e os dedos delgados seguravam o lápis. Ela notou que Gaara não demonstrava dificuldade alguma em caminhar pelo chão íngreme enquanto lia e respondia as questões ao mesmo tempo.

- Pretende ser inútil por mais tempo? – Impressionante como o ruivo psicopata era capaz de ser admirável e odiável em uma curta fração de tempo.

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- V-Você é m-muito mal e-educado. – Balbuciou a jovem, franzindo o cenho e sentindo-se ofendida com a pergunta. A gagueira sempre a acompanhava quando constrangida e a proximidade do corpo masculino era uma boa razão para justificá-la.

- Se conseguir responder a esta questão, responderei a todas em menos de dois minutos. – Desafiou jogando sobre as mãos pequenas o caderno levemente amassado. Quem ele pensava que era para duvidar de sua capacidade? Ela responderia sem dificuldades e o faria se calar diante de sua inteligência. Ah, sim... Ela faria! Ele teria que admitir sua derrota e desculpar-se pelo que disse!

- Convencido. – Queixou-se e pousou os perolados raivosos sobre a questão. Hm, matemática não era seu forte, mas saberia encontrar o valor daquele “x” ridículo. Era só lembrar a fórmula e... Hm, a questão exigia fórmula? Parecia mais simples com o professor explicando. Sentiu algo colidir com seu corpo e seu nariz doeu ao ser esmagado contra a estrutura sólida.

Maldição, quem colocou aquela árvore no meio da trilha?

- Não sabe prestar atenção em mais de uma coisa ao mesmo tempo? – O ruivo escarneceu e a jovem sentiu uma louca vontade de provar que estava errado. Bufou de forma audível e ergueu o caderno na direção do rosto fixando os perolados sobre as linhas. Os passos decididos a encaminharam para a trilha e ela se sentiu levemente orgulhosa por não ter tropeçado... ainda. – Espere! – Ouviu Gaara expressar com certa repreensão, mas o pé pousou em falso contra o terreno baixo e antes que pudesse cair envolveu a mão masculina estendida e puxou-a forte demais.

Logo o corpo feminino rolou por uma ladeira íngreme tendo o ruivo ao seu lado, rolando com igual intensidade. A morena sentiu a pele e a roupa rasgarem-se com os galhos em uma dor aguda e constante até se chocar contra uma árvore.

A dor muscular invadiu seu corpo, mas foi bom reconhecer que não havia nada quebrado. Apenas cortes superficiais que sangravam levemente. Levantou-se com dificuldade e procurou com os perolados assustados a trilha que perderam. Ela parecia assustadoramente distante.

Droga... o que mais faltava acontecer?

- Inferno! Você não faz nada certo? – A voz masculina estava repleta de raiva e os verdes pareciam queimar ao fitá-la. O ruivo se aproximou limpando a roupa suja de terra e a Hyuuga se surpreendeu ao notar que ele parecia bem melhor que ela. – Droga, precisaremos seguir em frente por baixo para depois tentar subir. – Ele instruiu passando por ela com uma expressão azeda na face. A jovem sentiu-se extremamente desastrada em comparação à altivez e postura determinada do outro.

Seguiram em silêncio. O caderno havia se perdido e a Hyuuga se limitou a ignorar as constantes pragas que o ruivo expressava ora ou outra. Ele parecia tão seguro de si que lhe dava raiva... E vê-lo dizer constantemente quão inútil era estava começando a irritá-la profundamente.

- Merda! – Ele praguejou mais uma vez, observando o chão íngreme e a impossibilidade de subir.

- A culpa não foi minha! – A garota gritou frustrada e Gaara cessou os passos para encará-la.

Os verdes, por um momento, pareciam lançar faíscas mortais e Hinata não pôde conter suas pernas ao recuar um passo.

- A culpa é TODA sua. – A voz autoritária corrigiu, gélida. – Se não fosse tão desastrada, não teria caído!

- Você é que não tem força sequer para me segurar! Quem mandou cair junto? – Sem notar, a voz feminina já estava exaltada e o dedo fino acusava em riste contra o peito musculoso.

- Para o inferno com suas desculpas! – O tom rude a fez tremer. – Só sabe justificar seus atos!

- Você não me conhece, seu... – Ela procurou a palavra para descrevê-lo, mas sentia tanta raiva que sua mente parecia em branco. Não havia um adjetivo que resumisse o que queria dizer. – Estúpido! – Completou e com seus braços delicados empurrou-o, irritando-se ainda mais por não o fazer mover um passo.

- Que seja. – Ele finalizou, segurando seus pulsos. ­– Não quero perder tempo. – Afastou-os de si e passou a caminhar mais velozmente, fazendo-a correr um pouco para alcançá-lo.

Era só o que lhe faltava. Ser obrigada a conviver com um garoto tão arrogante, prepotente, irritante... Grr...! Ela estava furiosa com a situação!

Inferno, nada mais lhe faltava para acontecer. A situação não poderia ficar pior...

- Ouviu isso? – A voz grave questionou e a jovem piscou, confusa.

- Isso o quê? – Perguntou e notou as esferas verdes revirarem-se nas órbitas.

- Você realmente é muito atenta. – Gaara expressou com ironia, caminhando com passos largos até um local que considerou adequado. – Podemos subir por aqui. – Sentenciou e somente neste momento a Hyuuga percebeu que havia muitas raízes para se apoiarem e retornarem à trilha.

Ela o seguiu, lentamente, concentrando esforços em colocar as mãos e os pés nos lugares certos para ter equilíbrio. Aos poucos, avançava pela subida íngreme e a trilha se tornava cada vez mais visível. Estava irritada por perceber que o garoto sequer a olhou para saber se precisava de ajuda.

Idiota.

- Me dê sua mão. – A voz grave exigiu e os perolados encararam o ruivo com surpresa. Relutante, ela aceitou e sentiu o calor da pele levemente bronzeada envolvê-la. Gaara a puxava para seguir seu ritmo, sem soltar sua mão, e Hinata se sentiu envergonhada por tê-lo considerado um idiota.

Ao alcançarem a trilha, o garoto expressou com a comum indiferença:

- Se dependesse de você, ainda estaria na metade da subida. – A jovem o encarou aturdida e a raiva a fez expressar uma careta desgostosa.

- Você continua um grosseiro! – Ela saiu com passos duros, extremamente ultrajada por tê-lo sequer considerado um pouco educado. É claro que só a ajudou para não perder tempo... Era um idiota completo!

- Está no caminho errado. – Ele respondeu com um sorriso presunçoso, fazendo-a virar-se e bufar irritada. Era impressão sua ou ele se divertia às suas custas?

O silêncio pesado os acompanhou até o acampamento e a jovem perdeu o ar ao percebê-lo totalmente vazio. Algumas barracas e mochilas estavam abandonadas e os ônibus escolares não estavam à vista.

- Então, este havia sido o som que ouvi. – O ruivo expressou com uma expressão fechada, agachando-se e observando com atenção os sinais de abandono. Garrafas de água recém abertas, marcas dos veículos distanciando-se do acampamento, mochilas deixadas para trás...

- C-Como assim? – A pergunta soou incrédula e os perolados expressavam igual surpresa ao fitarem o garoto.

- Eram motores... – O ruivo comunicou, levantando-se e mirando os perolados com uma convicção inabalável. – Eles partiram.

E naquele momento, Hyuuga Hinata compreendeu que tudo poderia, definitivamente, piorar.

Continua...