Surpreendida com as flores e a mensagem no cartão, resolvi passar o dia no Abrigo Fraterno, uma entidade que acolhia crianças e famílias carentes com refeições e atividades variadas.

Eu ajudava essa entidade de várias formas, como assistente social organizava festas ou atividades para arrecadação de fundos ou então convenceria os comerciantes ou empresários locais à ajudar, mas o que me deixava mais feliz era ser voluntária.

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Foi como passei meu sábado, lendo histórias para crianças menores, dando aula de reforço as crianças maiores e até mesmo fazendo trabalhos manuais com as mulheres.

Nesses momentos me sentia útil a alguém, importante para outra pessoa, conseguia preencher um pouco o vazio do meu coração.

Sai do abrigo e resolvi andar um pouco pela cidade, comprei um sorvete e sentei num banco na praça, haviam muitas pessoas, mas uma cena chamou minha atenção: um casal brincando com seu filho.

Fiquei observando a cena, eu podia sentir pelo olhar dos pais que eles eram uma família muito feliz, sem perceber uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

Essa cena me deixou feliz e perturbada ao mesmo tempo, pois ela descrevia exatamente o que eu havia perdido e nunca mais teria de volta.

Cheguei em casa e me refresquei com um belo banho, tomei um lanche e como sempre me rendi ao trabalho, acabei adormecendo na sala junto dos relatórios e laptop.

Mas a cena na praça fez minhas lembraças voltar no tempo outra vez...

“....Os meses foram passando eu percebia que os pais do Alexandre estavam diferentes, distantes e frios.

Sua mãe vivia nervosa, embora tentava disfarçar algo a inquietava e assustava, seu pai estava sempre ocupado e distante, não participava de festas ou reuniões familiares, meus pais acreditavam que era os negócios que estavam preocupando-os, fora isso eu e Ale estavamos muito bem.

Estavamos estudando muito, nos preparando para os exames finais e entrada na faculdade.

Até que uma novidade inesperada mudos nossos planos.

Eu estava grávida, pra mim foi um enorme choque, para o Ale euforia total, nunca o vi tão feliz, nossas fanílias aceitaram bem, todos ficaram felizes e prometeram nos ajudar, só os meus planos de ingressar na faculdade que ficaram suspenso temporariamente.

Alexandre se tornou mais carinhoso e cuidadoso comigo, parecia que eu era uma bonequinha de porcelana preste a quebrar.

Nossos planos mudaram, escolhemos nos casar após o nascimento do bebê.

Eu estava com dez semanas de gestação, quando em uma manhã meu mundo começou a ruir.

Estava na escola assistindo minha aula, com o Ale na mesa ao lado, quando de repente senti uma cólica muito forte e imediatamente percebi o sangramento.

Estava com tanto medo pela vida do bebê, quando olhei nos olhos do Ale vi puro desespero, mas ele se manteve calmo e me acalmou.

Fui levada ao hospital mas era tarde demais, sofri um aborto espontâneo, meu coração começou a ficar vazio, fiquei internada por dois dias, o Ale sempre ao meu lado, nossas famílias sofreram conosco.....”

Acordei com lágrimas nos olhos e uma enorme dor em meu peito, fui até meu guarda-roupa e peguei uma caixa, nela estava um conjunto de roupa com meias e gorro, o primeiro presente do Ale para o bebê.

Deitei na cama e abraçei a roupinha, não consegui segurar as emoções me entreguei as lágrimas que estavam a muito tempo guardadas em meu peito.