Superheroes

Capítulo 9


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“Eu podia sentir você vivendo aqui dentro de mim, quase tão real e palpável quanto as coisas físicas que me cercavam, daí entendi que sentir a falta de alguém é ter a pessoa completamente viva dentro de si, embora fisicamente ela já tenha partido.”

John and blues

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“E eu vou escrever sobre o que, agora? Sobre como tudo sempre dá errado pra mim e com você também não seria diferente? Que, de novo, “não era pra ser”? Nunca é pra ser? Quando é que vai ser?”

— Iolanda Valentim

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Qual o papel que algo pequeno pode exercer sobre a vida de alguém? Qual é, realmente, o impacto que um detalhe pode fazer? Estamos preparados para enfrentar as conseqüências de nossos atos até então impensados? Ou seríamos eternos dependentes da omissão? Por hora, saberemos que nem sempre tudo é, de fato, agora.

Uma folha qualquer saía da impressora, um carimbo seguido de dobraduras são o que as letras ali escritas presenciam antes de se perderem na escuridão de um envelope. Sistema postal, carteiros, e finalmente uma caixa metálica, esse é o caminho que percorre. Não muito tempo depois, uma senhora se aproxima e o leva para dentro, acompanhado de outros envelopes. Ao passar os olhos rapidamente pela sua correspondência, a senhora sobe as escadas e a larga sobre a cômoda do quarto de seu filho mais novo. Em letras imponentes podemos avistar entre tantos dizeres, que estava endereçado a Simon Lewis Lovelace.

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Do outro lado da cidade, Simon e Isabelle acompanhavam Jace em sua primeira visita a uma floricultura, o loiro não sabia realmente o que estava fazendo, mas o casal grudento do lado de fora o havia prometido que tinham tudo sobre controle, então ele só deveria entrar e pegar o pedido, um enorme pedido. Já dentro do carro de Simon - que estava lotado de flores - ele finalmente entendeu o plano do casal.

Escondido atrás dos arbustos, observou uma Isabelle confiante tocar a campainha da casa dos Fairchild e ser recebida por um Luke sorridente. Em seguida, viu Simon andar calmamente em direção ao muro que dividia a casa do jardim e pulá-lo, chegando a uma porta lateral e a abrindo, voltando minutos depois e acenando para que Jace finalmente levantasse e o seguisse, este por sua vez carregava dois buquês de flores que entregou a Simon que as carregou para dentro enquanto o loiro voltava ao carro para transferir todas as flores para o interior da casa.

Depois que o serviço foi concluído, Simon ensaiou com Jace o que deveria ser dito, todo o pedido de desculpas que deveria recitar para Luke e principalmente o modo como deveria destacar o amor do mais velho por livros e por flores e como decidiu uni-los.

Ficou sozinho algum tempo depois, quando Simon voltou á entrada da casa e entrou a procura de Isabelle. Depois de cinco torturantes minutos, eles atravessavam a porta junto com Clary, Luke e Jocelyn, que o encaravam com um misto de surpresa e ansiedade.

— Certo... Eu... Hm... - balbuciou, recebendo um olhar rígido de Isabelle - Eu sinto muito pelo ocorrido da noite passada, eu sei que não deveria sair por aí bêbado e invadir o jardim alheio, depois tocar a campainha da sua casa de madrugada e acordá-los fazendo um pedido incoerente e, sinceramente, humilhante. - disse tudo em um único fôlego.

— E... - Isabelle e Simon falaram juntos, o incentivando a continuar.

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— Eu sinto muito por tê-lo atrapalhado e agradeço por ter me compreendido, Luke. Eu sei que nada vai te fazer esquecer aquela cena deprimente, mas eu sei do seu amor pelos livros e também pelas flores, e eu meio que destruí algumas delas enquanto andava bêbado pelo seu jardim, então eu trouxe algumas e enchi a sua biblioteca, para quem sabe, começarmos essa fase novamente? - disse, sua respiração falha por estar de frente a uma expressão ilegível no rosto do mais velho. - Ou quem sabe possamos esquecer isso tudo? - perguntou, sua coragem se esvaindo como vento.

— Não. - Luke finalmente quebrou o silêncio, se aproximando lentamente de Jace que tentava atravessar a parede na qual estava encostado - Eu não vou esquecer. - completou, estavam frente a frente.

— Se o senhor não tiver gostado, foi tudo culpa da Isabelle. - a morena riu com escárnio do medo do primo.

— Eu vou fingir que não ouvi isso. - Luke avisou - Eu não vou esquecer nada porque não há nada para ser esquecido, Jace. Eu te conheço desde que você era um anão e achava que fazia parte de uma seita de caçadores de demônios enquanto corria e brincava na casa na árvore dos Lewis. - a casa na árvore, Simon pensou, como ele não havia lembrado antes?

— Sim, eu sei que você conhece os meus tios desde a faculdade, e o meu pai também, mas quando eu viajei em intercâmbio não dei noticias por um tempo e, vocês poderiam ter pensado que eu havia deixado de ser o Jace que conheciam. - confessou.

— E em que parte você e Clary começam algo? - Simon alfinetou o loiro.

— Na mesma parte que você e Isabelle. - respondeu no mesmo tom.

— Temos novos casais por aqui, não é? - Jocelyn falou pela primeira vez. - Acho que isso merece que tomemos um chá todos juntos, o que acham?

— Eu adoraria, tia. - Isabelle disse ao acompanhá-la para fora da sala.

— Eu sei que você é um garoto bom, e eu sei que posso confiar minha filha a você. - Luke disse antes de acompanhar a esposa.

— Então eu ganhei a aposta? - Jace quase gritou.

— Significa que você perdeu, já que eu falei com o tio Robert há algumas horas, garotão. - e assim o moreno sumiu no corredor em busca de sua Isabelle.

— Talvez na próxima. - Clary o consolou.

— É, talvez na próxima. - concordou a puxando para um beijo casto.

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Um pouco depois do anoitecer, Simon subia as escadas de sua casa em direção a seu quarto, se trancando no banheiro para tomar um banho rápido, e se vestiu enquanto respondia as mensagens de Isabelle, do andar de baixo sua mãe se dava conta da presença do filho e subia para avisá-lo da carta que chegou.

— Chegou uma carta para você, é A carta, você deveria abri-la. - disse do outro lado da porta, voltando a seus afazeres logo depois, ela tinha certeza quanto ao conteúdo do envelope.

— Certo. - gritou, parando a frente de sua cômoda e finalmente a abrindo.

Quando finalmente se convenceu de que aquilo era real, correu em direção ao quarto do irmão e a abriu sem antes bater, encontrando George brincando com uma guitarra imaginária enquanto fazia o solo de uma música que tocava no seu aparelho de som.

— Eu preciso da sua ajuda. - disse.

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