Edifício Baelor

Aquele com o Visitante


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Era todo dia a mesma coisa, o mesmo sentimento, a mesma angústia, o mesmo medo.

Ele nem reparava mais na paisagem, pois sempre era a mesma. Os mesmos prédios e casas, até as pessoas nas calçadas e os carros eram os mesmos. Indo e vindo, todos eles com grande pressa para chegarem aos seus destinos.

Samwell Tarly percebeu que o prédio grande e azul da polícia estava se aproximando, e com isso, sua angústia aumentava também. Agora faltava pouco, agora faltava pouco! O mesmo medo, de que essa pudesse ser a última vez que ele fizesse esse caminho, sempre presente. Devagar, o ônibus parou, fazendo ele e mais algumas pessoas se levantarem e irem até a porta. Ele esperou a porta abrir para sair apressadamente, e se pôr a andar. Agora faltava pouco.

Seus pés já sabiam o caminho, Samwell fazia esse caminho há anos. Dez minutos depois e ele chegou ao seu destino. Seus pés o levaram ao balcão, sua boca pediu, automaticamente, pelo cartão de visitante, e suas mãos colocaram o mesmo em suas roupas.

Ele estava quase lá, mesmo com o emaranhado de corredores, seu corpo sabia para onde o levar, e logo Sam viu a porta que sempre o despertava certo alívio. Em baixo dos números 483 o nome dela ainda estava lá.

Sentiu seu corpo sair do automático no momento em que sua mão tocou a maçaneta e a girou. Ela ainda estava lá.

Sam sentiu que um suspiro escapou de seus lábios. Ela ainda estava lá, com tubos e cabos ligados a ela, mas ela ainda estava lá.

Ele aproximou-se dela e se sentou na cadeira que estava ao lado de sua cama.

— Pensei que não viria hoje — Melessa disse, com a voz baixa e falha.

— Você sabe que eu sempre venho — lhe respondeu deixando que um sorriso fraco escapasse os lábios.

— Já estava com saudades.

— Eu também, odeio esperar para vir, por mim, ficaria aqui sempre, ao seu lado — Sam sentiu que as lágrimas tinham lhe escapado.

— Não quero que desista de sua vida por mim, mas chega de falarmos sobre isso. Você trouxe? — ela perguntou ao fechar calmamente os olhos.

Ele puxou sua mochila e tirou de lá um livro velho e desgastado.

— Sim, mãe, quer que eu comece a ler agora? — ela não respondeu, somente fez um gesto com a mão, indicando que começasse a leitura.

Sam encarou as palavras escritas na capa antes de abri-lo para começar a ler. Harry Potter e a Pedra Filosofal.

Deixou que mais um sorriso aparecesse em seus lábios para, enfim, ler para ela. Do mesmo jeito que ela lia para ele, quando ele ainda era apenas uma criança, uma criança que não tinha um medo constante de que essa pudesse ser a última leitura deles juntos.