Edifício Baelor

Aquele com o Aniversário Comemorado com Pizzas


Jon sempre achara o apartamento número 22 do Edifício Baelor espaçoso. Tinha se mudado a uns dois anos atrás, mas as vezes parecia como se tivesse vivido toda sua vida ali. Os moveis de madeira velhos que ele e Arya haviam encontrado em um antiquário no centro de Porto Real nunca pareceram desgastados. As cortinas e roupas de cama que Sansa e sua tia Lyanna o ajudaram a escolher, em sua opinião, sempre ornaram com o resto da casa. As manchas nas paredes, de quando Robb e ele acharam que pintar uma casa fosse algo fácil, e haviam passado tanto tempo no chão limpando, quanto nas paredes pintando, davam um ar único ao apartamento. Até o pano de prato queimado da cozinha, que Rickon e Bran haviam transformado em vítima uma vez que estiveram ali e decidiram que estava tudo bem fazer panquecas sem um responsável era uma boa lembrança para Jon. Obviamente eles nunca haviam feito panquecas. O fogo queimou a mão de Jon e houve aquele pânico quando ele achou que a madrasta nunca mais os deixaria ir ali.

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De Catelyn só tinha aquele vaso remendado na sala, que Fantasma quebrara aproximadamente dois minutos após Jon o ter colocado na mesa de centro. Colou os pedaços porque achou que seria melhor que jogar no lixo, o vaso continuava feio, entretanto.

No geral, aquele era o lar perfeito para Jon, era simples e espaçoso, com um ar que o lembrava de seus irmãos e seu pai.

Ganhara o apartamento porque tinha ingressado na faculdade de Direito de Porto Real, a melhor. Ficava perto da faculdade, era seguro, e a vizinhança parecia bem tranquila. Na época o pai não morava na capital ainda, e o apartamento pareceu necessário. Como não podia deixar de ser, fora sua tia Lyanna quem viera para a capital encontrar um lugar. No ano seguinte, Robb abandonou Engenharia Civil em Porto Branco e viera morar com Jon. Ele entrara em Literatura no mesmo semestre, e a mãe havia ficado louca por todo o período. Como ele ainda parecia firme no segundo semestre, o pai decidiu ser justo, e comprou para Robb o apartamento que acabara de desocupar no andar de Jon, o senhor White morara ali a vida toda, e mesmo depois de muitas limpezas, o lugar continuava cheirando a mofo. Entretanto, os apartamentos obviamente não eram feitos para grandes reuniões, então viu no seu vigésimo aniversário, sua família toda apertada em sua sala.

O apartamento que antes parecia perfeito para Jon, começou a receber defeitos até mesmo na cor, pelos comentários maldosos de sua madrasta, Catelyn. Seu pai brigara com ela, para que ela parasse – ironicamente, o apartamento de Robb, que tinha o mesmo tamanho, era perfeito, na visão da senhora Stark –, mas Jon estava focando em tentar ignorar a madrasta a todo custo, que reclamou dos móveis, das cortinas, da pintura. Sua tia Lyanna apenas disse que Catelyn nunca ia estar satisfeita, e que se o apartamento estava bom para Jon, então estava bom para todo mundo.

Era seu vigésimo aniversário, Jon tinha que estar feliz! Sua família estava reunida, e quem sabe, com sorte, seu pai contaria algo sobre sua mãe.

Se viu frustrado em vários níveis no final da noite. Jon perguntara da mãe, de fato. E o senhor Stark pareceu verdadeiramente nervoso, sobre ser abordado na frente da esposa.

Catelyn por sua vez deu um ataque – Jon suspeitava que aquela era a continuação de uma briga anterior – e começou a discutir com o marido na frente das crianças. Em alguma parte da conversa tia Lyanna se metera e começara a censurar Catelyn e acusa-la de maltratar Jon. Foi tio Benjen quem levou a tia para casa, os dois deram um abraço rápido no garoto e mais uma vez os parabéns.

Isso fora antes do jantar. Robb aparentemente não queria estar ali e vira e mexe esquecia alguma coisa no quarto. Quando tio Brandon chegou, o clima parecia tão desconfortável que ele só desejou poder ser um avestruz e enfiar sua cabeça em algum lugar. O horrível vaso, por exemplo. Bran estava na fase de achar que brincar com Rick era coisa de criança, o que levava a tantos gritos de ambos e dos pais que Jon achava que iria enlouquecer. Sansa, em sua defesa, não abriu a boca, entrou de cabeça baixa no celular e não interagiu em nada no circo que acontecia na apertada sala. A única que parecia realmente se lembrar que era o aniversário de Jon e que isso devia significar alguma coisa, era Arya. A menina ajudava a inspecionar o jantar, mandava os menores calar a boca, tentava tirar Sansa do aparelho e ralhava com os mais velhos sobre não querer discussão. Ela estava tão prestativa que se voluntariou para colocar a mesa. O prato principal era um grande assado, que Jon encomendara com a vizinha do 12 e só tinha que esquentar. É claro que ele não devia ter deixado a menina leva-lo sozinha, mas a irmã era tão teimosa como a coisa mais teimosa que existisse em Westeros.

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— Eu dou conta, Jon! — ela insistia com aqueles braços magricelas e um sorriso brilhante. — Sem problema!

O assado obviamente caiu. Embora ela tenha aguentado firmemente até a metade do caminho.

Sua vizinha da frente costumava dizer que nenhuma dor resistia a uma pizza. Talvez tenha sido doloroso ver a madrasta jogando o assado no lixo, mas as pizzas resolveram um bocado dos problemas. Então aquele super planejado jantar tinha se reduzido a pedaços de pizza, que o pai e o tio haviam encomendado, sentados no chão da sala. Foi ele quem conseguira tirar a irmãzinha do banheiro e convencê-la que estava tudo bem. Não, ela não era péssima em tudo e com toda certeza devia ter nascido.

Verdade seja dita, foi unicamente em razão de Arya que o pessoal resolveu se comportar. Os irmãos tentavam anima-la, Sansa e Robb engataram em uma conversa e Catelyn salientava em alto som o quanto gostava de pizza.

Ia tudo bem até o pai ligar a TV no jornal, e ele e o irmão começarem a brigar por causa de política. Foi Catelyn quem encerrou a noite, e de uma vez todos foram embora.

Jon Stark viu-se em sua sala, novamente espaçosa, com uma pilha de caixas de pizza e outra de presentes. De muitas maneiras, aquela não fora a noite mais sociável de sua vida. Podia apostar a mão esquerda que Robb tinha saído. Então catou uma pizza intocada e o vinho tinto que ganhara do tio, e foi bater no apartamento da frente. Arianne atendeu com aquele sorriso de sempre, e não precisou especular muito sobre a noite quando viu a caixa de pizza.

Os dois beberam e riram sobre como a vida podia ser uma piada as vezes. Quando voltou para o apartamento, Jon viu todas as coisas que o faziam lembrar da família e sorriu. Havia sido uma ótima noite no final.