A viagem foi cansativa, e as minhas costas se queixavam desde há duas horas atrás. Tentei procurar uma posição confortável e me dediquei a uma nova leitura do meu exemplar adorado e excessivamente gasto de “O Morro dos Ventos Uivantes”, o meu livro preferido desde sempre, mas mal era capaz de me concentrar no romance tórrido de Cathy e Heathcliff, devido à constante interrupção a que era sujeita, cortesia do casal jovem sentado atrás de mim no avião, com dois filhos pequenos que não se calavam por um minuto, perguntando constantemente “ainda falta muito?”

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A aterragem em Washington foi uma bênção e, mal as portas do avião se abriram, coloquei meu livro na mala e prendi-a a um dos ombros, me encaminhando para o local de receção das bagagens.

Saindo com minhas malas nas mãos, procurei o meu pai junto a uma das portas, encontrando-o rapidamente. Parecia nervoso, olhando em todas as direções, até que me viu, erguendo uma mão para um aceno.

Avancei para ele, o mais rapidamente que o peso da minha bagagem me permitia, e sorri, de forma cordial.

— Oi, pai – Cumprimento.

— Como foi sua viagem, Bells? – Ele pergunta, me desembaraçando das malas e me dando um abraço rápido. Nem Charlie nem eu somos pessoas de abraços, mas o momento pareceu apropriado.

— Cansativa – Confesso – Mas estou contente por ter chegado – Achei que aquilo iria cair bem nos ouvidos do meu pai, e o sorriso que surge de imediato na sua face prova-que eu estava certa.

— Também eu – Admite ele, carregando minhas malas em direção ao seu carro, que nos aguarda a poucos metros de distância, no parqueamento. Charlie abre as portas, colocando minhas bagagens no compartimento traseiro do seu carro, antes de ocupar o lugar do condutor.

Segue-se uma viagem de quase uma hora durante a qual pouco falamos. Charlie me pergunta pelo semestre passado, eu o informo do meu boletim escolar e ele me elogia minhas notas medianas, antes de nos remetermos ao silêncio.

Claramente, puxei a ele nesse assunto. Minha mãe é uma bolha gigante de animação e efervescência, adorando conversar por horas a fio, debatendo todo o tipo de assuntos. Já eu e o Charlie somos do género calado, e gostamos de manter as coisas para nós. Impede que tenhamos que nos envolver demasiado.

Sem eu dar por isso, o carro para, e me deparo com aquela que será a minha nova morada nos próximos três meses.

Saio da viatura e, mal o faço, sou inundada por um cheiro inebriante a musgo e a verde, e percebo que estou rodeada por árvores, arbustos e outras espécies do mundo vegetal, em várias direcções.

Charlie parece entender a minha expressão e me fita, compassivo.

— Muito diferente do Arizona, não é? – Inquire ele, e eu limito-me a acenar afirmativamente com a cabeça.

(…)

Charlie me deixou em frente à escola secundária de Forks, uma instituição imponente, e felizmente mais pequena do que a minha escola em Phoenix. Oferece-se para me acompanhar até ao gabinete da reitora, para recolher os meus horários e oficializar a minha inscrição, mas eu recuso, rapidamente. Nada seria pior do que entrar acompanhada pelo chefe da polícia local para anunciar “Hey, nova aluna aqui, todo o mundo olhando!”

Charlie se limita a encolher os ombros, me informando que terei uma surpresa à minha espera em casa, e eu sorrio, me despedindo com um aceno rápido com uma das mãos, antes de me encaminhar para dentro da escola, que parece exatamente igual a tantas outras onde já estudara, o que me deixa secretamente aliviada.

Consigo encontrar o gabinete da reitora mas, antes de me encontrar na segurança do interior do mesmo, sou abordada por alguém, que me chama pelo primeiro nome. Isabella.

Olho para trás, e encaro um casal. Aproximadamente da minha idade, me fitam com sorrisos acolhedores, e eu faço o mesmo, tentando ser simpática. O garoto é alto, de cabelos loiros e um sorriso divertido. A garota é morena e me lança um olhar amistoso por detrás de uns expressivos olhos castanhos.

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— Você é a Isabella, certo? – Pergunta ele.

— Apenas Bella – Digo, apertando a mão que ele me estende.

— Eu sou o Mike, e esta é a Jessica – Apresenta ele, e eu aperto igualmente a mão da garota morena.

— Como souberam que…? - Deixo minha frase pairar no ar, não sabendo bem como a terminar.

Jessica ri, de uma forma ruidosa, mas divertida.

— Todo o mundo sabe que você estava chegando – Me informa ela – Esta é uma escola pequena, tudo se sabe em uma questão de poucas horas.

— Estou vendo – Me sinto envergonhada. Não era exatamente como queria começar meu dia, sendo motivo do noticiário local da escola secundária de Forks – Bem, eu devia ir. Preciso pegar meu horário, acertar alguns detalhes administrativos…

Ambos anuem com a cabeça.

— Claro – Diz o Mike – Se você quiser, pode almoçar com a gente.

— É – Completa a Jessica – Vai ser como no ensino primário novamente, e você é como o brinquedo novo com que todo o mundo quer brincar! – Ela sorri – Bem, te vemos ao almoço.

Me despeço deles e voo para o interior do gabinete da reitora. Aguardo no pequeno corredor preenchido por duas cadeiras e uma planta demasiado regada, até que alguém passa por mim, demasiado depressa, batendo furiosamente com os pés. Tanto eu como a secretária da reitora, uma mulher lindíssima, negra, na casa dos trinta anos, o fitamos quando ele sai.

Era alto, de cabelos revoltos de uma cor invulgar, algo entre o moreno e o ruivo, e olhos cor de âmbar que sobressaiam no conjunto de camisa cinza e casaco escuro que envergava.

— Conseguiu o que desejava, senhor Cullen? – Pergunta a secretária.

— Lhe parece que sim? – Rosna ele, soando verdadeiramente irritado. Bate com o punho no tampo do balcão da secretaria, e a mulher ergue suas sobrancelhas, em sinal de surpresa, rapidamente carimbando o impresso que o garoto lhe atira.

— Aqui tem – Diz ela, lhe estendendo o pedaço de papel, e ele o amassa para o interior de sua pasta – Tenha um bom dia.

— Bom dia só se for para você – Ruge ele, girando em seus pés e saindo rapidamente, deixando a porta bater atrás de sim.