Seu corpo, minha paixão

Notas Iniciais + Prólogo


Odiava fazer malas. Simplesmente, o puro pensamento de condensar todos meus pertences em apenas um pequeno par de bagagens de couro, que me parecem reduzir de tamanho a cada vez que as fito, me assusta. Não é como se tivesse cinco anos, e fosse passar uma noite a casa dos meus avós, a duas ruas de distância, podendo regressar a casa para recuperar uma escova de dentes esquecida ou umas meias deixadas por distração na gaveta do meu quarto.

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Não, esta seria uma mudança, no verdadeiro sentido da palavra. Se a minha mente naturalmente distraída e absorta se esquecesse de algum bem absolutamente indispensável, teria que suportar uma longa viagem de avião para o reaver.

Uau, viagem de avião. Dito desta forma, parece que vou atravessar o Atlântico, mas na realidade, apenas me vou mudar para outro estado, para a pequena vila de Forks, rodeada por árvores, cheiro a musgo, e uma média anual de demasiados dias de chuva e frio.

Estou a meio do último semestre do meu último ano do liceu, uma série de últimos na minha vida. É também o último dia em que vou oficialmente deixar de viver com a minha mãe e o meu padrasto Phil, pois daqui a menos de três meses vou estar me mudando para um campus universitário, rodeada de potenciais oportunidades para me envergonhar em frente aos outros. (Oh, Deus, não permitas uma queda ruidosa no primeiro dia de aulas!).

Também será uma série de primeiros. Finalmente, algo diferente da rotina da Bella não-faz-nada-de-mais Swan. Irei ter o meu primeiro trabalho a sério, como secretária numa empresa de publicidade. Enviei-lhes uma carta e as notas do semestre antes do Natal, e a resposta foi surpreendentemente positiva, e foi-me oferecido um estágio até me formar e, na altura, “discutiremos as minhas opções” (palavras de quem quer que seja que me respondeu, não minhas!)

— Nervosa? – Pergunta a minha mãe, com seu sorriso doce e olhos tristes de cachorro me fitando.

Abano minha cabeça, fechando as malas, e Phil estende as mãos para as colocar nas traseiras do carro.

— Não muito – Lhe digo, e é verdade. Estou ansiosa, e triste por deixar a minha mãe, mas não me sinto nervosa. Ainda. Talvez isso mude quando estiver a bordo do avião e ele estiver no ar. Isso tornará as coisas muito mais definitivas.

— Bella – Ela me chama, e clareia sua voz – Você sabe que pode sempre ligar, se algo não estiver bem. Aliás, me ligue se algo estiver bem, ou mesmo que seja apenas para contar como está o tempo ou… Ou como foi o seu dia.

Sorrio perante o seu nervosismo.

— Ligar para você, entendi – Replico, e a minha mãe retribui o meu sorriso – Só vou mudar de estado, não de país, mãe! Há computadores, email…

— Novas tecnologias que eu ainda não entendo…

— Vai demorar até a sua mãe se acostumar com o uso de mensagens de texto, Bella – Me informa Phil, sorrindo de forma divertida, tornando a entrar na sala – Estão prontas?

Minha mãe me encara e eu aceno afirmativamente com a cabeça.

— Mais do que nunca.