San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.1)

Bichinho + Corações + Ferrou


Saímos do chapéu mexicano e Yan me olhou.

— Vamos lá comprar a pipoca? Estou ficando com lombrigas.

Dei risada. — Vamos, não quero que você tenha um treco.

Atravessamos o portão do parque e fomos para o outro lado da rua, andando pelo calçadão.

Acabamos comprando uma pipoca pequena de cada — eu paguei a salgada que eu queria — e fomos para perto da areia.

Yan pegou minha pipoca. — Vai tirar o tênis?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Verdade!

Tirei os tênis e as meias, e as coloquei no fundo do calçado para não ter risco de as perder. Depois segurei as pipocas e Yan fez o mesmo.

Andamos um pouco, perto de onde a areia começava a ficar mais escura e nos sentamos.

Devia ser umas cinco e pouco. O sol já estava baixo no céu, dando uma cor alaranjada a tudo.

Comi algumas pipocas salgadas e Yan me ofereceu a doce enquanto conversávamos.

Ia vendo o sol baixar cada vez mais, mas não percebia o tempo passar.

Acabamos de comer e continuamos conversando.

— Sério que você não desconfiou? Nem um pouco?

— Não, juro. Já que eu não tinha te falado que era meu aniversário, não tinha motivo pra desconfiar.

— Verdade... Por que não me contou?

Deu de ombros. — Sei lá... não gosto de ficar falando. É tipo “nossa, hoje é meu aniversário, me dá um abraço?” — Fez uma careta e riu.

Sorri e o abracei pelos ombros, de brincadeira. O soltei. — Pronto.

— Ah, obrigado. — Deu risada e me puxou, me dando um meio abraço. — E eu já estou usando meus presentes. Como você sabia que eu precisava daquilo?

— A Lili fez uma pesquisa com o Mateus e o Gabriel e comprou as coisas pra mim. Só não fui por causa do meu pé... Já tá usando o sket?

— Claro, esses fofoqueiros... — Brincou. — Sim, tô usando.

— Vai me mostrar?

— Hm... — Me olhou pensando. — Até que você se comportou bem, então sim.

— Posso saber quando eu me comportei mal? — Fingi estra ofendida.

Ele riu. — Ok, verdade. Você nunca se comportou mal.

— Não mesmo — falei, me achando e joguei um pouco de areia nele.

— Ei! — Pegou um punhado e jogou em mim.

Começamos uma pequena guerra, mas então Yan começou a me fazer cócegas e eu acabei caindo pro lado.

Ele riu porque meu cabelo ficou cheio de areia, mas não deixei barato. Taquei areia no cabelo dele também.

— Ah não. Vai ter areia até nas minhas veias. — Chacoalhou a cabeça.

— Em mim também. — Dei risada e olhei pra cima.

O céu estava escuro. Provavelmente Lili já tinha chegado.

— Vamos ficar duas horas no banho pra tirar tudo isso.

— É, tá pinicando já. — Cocei o pescoço. — Vamos?

— Vamos.

Calçamos nossos tênis e jogamos as embalagens no lixo.

Achei que íamos para o ponto, mas Yan me puxou de volta pro parque. Parou no meio, olhando ao redor.

— O que foi?

— Você vai ver. — E me puxou, indo para uma barraca de jogos. Era um jogo de basquete.

Yan deu algumas fichas pro cara, e tinha que acertar a bola no aro que se mexia pra várias direções.

Eram cinco bolas, e você ganhava o prêmio de acordo com o número de acertos.

Ele jogou e acertou as cinco, e o cara mostrou os prêmios que ele poderia pegar. Yan falou com o cara, apontando, e ele foi pegar. Depois voltou com um coelho de pelúcia cinza e deu pra ele.

Yan virou pra mim e estendeu o bichinho.

Olhei boquiaberta pra ele.

— Vai, Bru. É pela vitória no campeonato.

Sorri, sem graça e o peguei. — Não precisava, mas obrigada.

Ele sorriu. — Agora sim, vamos. — Segurou minha mão livre e saímos.

Eu nem estava gostando disso, né?

Fomos para o ponto, e ficamos um tempo esperando. Pegar ônibus de domingo à noite era tenso.

Mas logo pegamos e voltamos pra escola. Assinamos nossos nomes e entramos.

O refeitório estava cheio, e eu tentei ver se Lili estava lá, até que vi um bracinho balançando no alto.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ela estava numa mesa com James.

Olhei pro Yan. — Vai subir?

— Vou, vou tomar banho, porque tá tudo coçando.

Eu ri. — Eu também. Só vou lá falar com a Lili e o James.

— Tá. Até amanhã?

— É, até. Obrigada pelo coelho e pelo dia. Foi muito legal.

Sorriu. — Eu que agradeço por ir comigo. — Me puxou pra um abraço rápido e beijou minha têmpora. — Credo, gosto de areia.

— Para de ser besta. — Dei risada alto.

Ele riu e se afastou, enquanto eu ia até a mesa.

— Vocês saíram de novo?! — Lili perguntou toda feliz.

— Não, não deu pra irmos ontem, aí fomos hoje... — Cocei o pescoço de novo.

— Por que você tá toda vermelha? — James olhou meu braço.

— Eita que o negócio foi bom. — Lili riu.

— Ai, Lili. É areia, a gente passou na praia e fizemos uma guerra.

Lili semicerrou os olhos, desconfiada, mas sorriu. — Não vai jantar?

Olhei pra cantina, e ela me chamava. Deixei o coelho na mesa e fui pegar comida. Voltei e me sentei ao lado do James. Lili já me olhou querendo saber de tudo, então comecei a explicar, sem entrar nos detalhes. Eu ainda achava estranho falar daquilo perto do James.

— Parece que logo alguém vai começar a namorar. — Ele comentou.

— Tá doido? — perguntei rindo.

— Ué, de onde vem essas atitudes dele? E ainda sair no dia dos namorados.

Olhei pra Lili em busca de ajuda, mas ela concordou.

Depois de comer, subimos enquanto eu contava os detalhes pra ela. Acabamos indo dormir meio tarde.

Fiquei meio nervosa nas aulas, só esperando aquelas duas meninas vierem com os papeis. E não demorou muito.

Elas chamavam os nomes, as pessoas levantavam as mãos e elas iam até lá.

James recebeu cinco corações, Júlio sete, Lili dez e eu... três.

Júlio parecia mais interessado em ver os recados que a Lili recebeu.

Vi o meu primeiro. “Temos que jogar Guitar Hero sem estarmos meio bêbados” — James.

Sorri pra ele. — Verdade, né?

— É, você esqueceu desse detalhe no seu recado. — Ele riu.

Peguei mais um. “Você é muito fofa. Queria muito te conhecer. Será que rola? — Edu, 2°A.

Eita que esse até colocou o nome...

E por último. “Adoro quando você olha para baixo quando está com vergonha”

Sem nome... Será que é do Yan? Ai meu Deus...

— Bruna... é você, né? — Uma das meninas ficou ao meu lado e estendeu mais outro coração. — Esqueci esse aqui.

— Obrigada. — O peguei e olhei.

Era um desenho de uma rosa aberta, feito com lápis branco.

Esse sim é do Yan... Mas então de quem é aquele outro?

— Sai, Júlio, que saco! — reclamou Lili.

Olhei, e Júlio estava debruçado sobre a sua mesa, tentando pegar os corações na mesa dela.

— Eu deixo você ver os meus e você me deixa ver os seus — propôs.

— Não! — Deu risada, pegando seus corações e os colocando dentro do caderno.

Ele sentou, bufando e recolhendo os dele.

— Tá podendo hein, James. — Me virei para trás. — A Erica te mandou algum?

— Sim, esse aqui. — Me mostrou,

“Adoro seus cachinhos e seus olhos, e seu queixo, e sua boca, e suas mãos, e seus braços...”

E só não tinha mais porque o espaço tinha acabado.

Ri e devolvi. Ele ficou coradinho. — E esses outros?

Ele pegou um. — “Te amo desde a oitava série” — Pegou outros. — “Te pegava fácil” e “Fica comigo?” — Fez uma careta engraçada de quem não estava entendendo.

— Tudo sem nome?

— Sim, como vou pegar assim? — Fingiu estar bravo, e riu. — E os seus? — Então os mostrei e ele leu. — Eita... Se foi o Edu que eu tô pesando, eu sei quem é. Depois eu te mostro. — Deu um sorrisinho e eu balancei a cabeça, rindo. — Mas e esse outro?

— Sei lá. Vai saber.

Depois fomos almoçar e Lili e eu subimos. Tinha duas meninas subindo na nossa frente.

— Você viu? — Uma delas perguntou. — Ele ficou tão sem graça. — Deu uma risadinha.

— Vi, tadinho. Ficou super vermelho. Quem será que mandou?

— Voto naquela menina que gosta dele.

— A do primeiro?

— Sim. Dá pra ver que ela gosta dele.

— Não tava assinado?

— Sim, mas só com a inicial do nome.

Como é que é?!

Olhei direito para as duas. E... eu lembro delas... Elas são da sala do Yan...

— Mas aquele poema é bonitinho. Eu ia adorar receber aquilo.

— Ouvi o Mateus perguntando o que ele ia fazer e ele ficou bem sem graça.

Jesus. Cristo. Eu. Vou. Morrer.

As duas seguiram para o terceiro andar. Entrei no meu quarto e corri pra tirar o caderno da mochila. O chacoalhei na cama e todos os papeis caíram.

Olhei um por um. Não estava mais lá.

MEU POEMA SUMIIU!

Ou melhor... alguém deu pro Yan.

Sentei na cama, olhando pro nada.

Agora ferrou tudo. Ele sabe. Ele leu com todas as palavras que eu gosto dele. Como eu vou olhar pra ele? Eu vou ter que sair correndo.

A porta do quarto abriu e Lili entrou. — Que cara é essa?

— Você — acusei, apontando o dedo pra ela. — Foi você!

— Hein? — Colocou algo na minha mesa.

— Aquele dia que você derrubou meu caderno! Os meus papeis caíram mas um ficou pra trás!

— Não tô entendendo. — Sentou na cadeira de frente pra mim.

Expliquei sobre o poema, o papel, a conversa das duas meninas...

— Eu tô ferrada!

— Ai, Bru. — Revirou os olhos. — Agora ele fala se gosta mesmo de você ou não.

— Claro, é tão simples, né?!

— Para de drama. Encare seus medos, mulher. — Riu.

— Isso não tem graça — choraminguei. — O que você trouxe?

— Ah. — Virou e pegou algo. Eram os corações. — Eu vim ler direito e te mostrar, porque o Júlio não me deixava em paz.

Ela lia, ria e me passava, um por vez.

Você é linda”, “Te amo desde que te vi a primeira vez”, “Amo ruivas, quer sair comigo?” — Esse era alguém do terceiro. — “Você é uma demônia, mas gosto de você”. — Talvez fosse do Júlio...? É dele mesmo, acabei de ver o nome dele atrás. — “Você devia usar aquele vestido salmão mais vezes. Te deixa ainda mais bonita”. — Own, que fofo. — “Já beijou uma menina? Estou disponível se quiser” — 3ºA — Eita.

Esperei os próximos, mas em vez de me passar, ela estava os segurando enquanto lia os de cima. Riu e fez uma careta.

— É melhor você não ler esses.

— Por quê?

— Conteúdo impróprio pra sua cabeça.

Dei risada. — Okay, pode deixar longe... Ai, Lili... O que eu faço? — Suspirei.

— Não adianta eu falar, você não vai me ouvir. E eu sei que você vai ficar fugindo do Yan por causa disso.

— Ai, sua ruim.

Ela gargalhou. — Vou te apoiar se quiser fugir dele um pouco. Qualquer coisa eu jogo o casaco em você e te puxo pra um esconderijo.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Obrigada, viu? Quem diria que você faria isso.

— Depois você me paga com uma massagem.

Mostrei a língua pra ela, fazendo cara feia e rimos.