A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO)

Capítulo Sessenta e Sete - Elegante e Sútil


Lestrange deixou os olhos negros percorrem a sala, analisando cada pessoa presente. Assim como ela observava as pessoas presentes, todos a olhavam em retorno, estudando quem era a garota Lestrange que não pertencia aos Comensais da Morte, todavia era obrigada a estar entre eles. Finalmente Belinda focou Bellatrix, o olhar furioso da mulher espelhou o da menina, era cada vez mais difícil se encontrarem sem desejarem puxar suas Varinhas e partirem para o ataque, contudo Belinda sentiu a mão de Rabastan no centro da sua costa, como se indicando que seria estupidez extrema tal atitude, foi o que a fez desviar os olhos para Rodolphus, que sentava elegantemente em uma cadeira, segurando um copo de Whisky de Fogo na mão e olhando a todos com tédio.

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-Essa é Belinda Black Lestrange. –Rabastan apresentou sorrindo.

-Ela é traidora como Sirius ou fiel como Bella? –Uma mulher de cabelos castanhos questionou. Belinda não respondeu, somente se sentou no sofá vazio.

-Ela é fria como uma Lestrange, não tem como negar.

-Tem a beleza das mulheres Lestrange também.

-Achei que você elogiaria toda a família, Malcon. –Rabastan debochou, enquanto sentava ao lado da menina.

-Você é feio. –O homem negro de olhos intensos respondeu.

-Mais bonito que você.

Draco notou o desconforto dela e o quão a menina lutava para se manter firme diante os olhares de todos. Ela parecia confiante e forte, nem mesmo pestanejava.

-Você deve estar pensando em como eles são tolos, não é Belinda? –Bell arqueou a sobrancelha devido à pergunta de Rabastan, se surpreendendo por ele usar seu nome, era a primeira vez que a chamava assim, pelo menos que ela lembrava.

Draco a viu dar uma leve bufada e depois sorrir de canto, sem responder nada.

-Continua delicada como somente ela pode ser. –Mark zombou.

-Essa garota é uma criaturinha bem difícil de lhe dar. –Rabastan brincou.

-Por isso nunca gostei de crianças. –O tal Malcon riu e Belinda evitou travar a mandíbula, principalmente quando Bella gargalhou.

-Faz muito bem. Essa em especial é extremamente irritante. –Bellatrix informou.

-E ela tem o dom de tirar Bella do sério. –Rodolphus debochou. –É isso que a deixa tão furiosa na presença de Belinda.

Belinda não era acostumada a ver Rodolphus provocar a mulher, mas ainda evitou demonstrar o choque, mantendo a expressão neutra.

Lestrange sentiu um incomodo absurdo e fez careta, se sentia observada, contudo dessa vez não era como sempre, estava mais intenso e amedrontador. Belinda vasculhou a sala até encontrar sua predadora, porque naquele momento ela se sentia a presa da enorme Serpente, havia algo tão furioso nos olhos da cobra que a menina sentiu o coração saltar dentro do peito, como se tentando fugir dali.

-Essa é Nagini, Belinda. –Rabastan apresentou, mas ela recordou de seu alerta antes de virem para a Mansão Lestrange.

Belinda respirou fundo e tentou acalmar o coração, somente assentindo para o comentário de Rabastan.

-Agora falta somente Severos e o Mestre se juntar a nós. –Bella comemorou.

Belinda tentou não procurar o olhar de Rabastan, mas acabou achando Rodolphus, que estava em uma localização privilegiada, que lhe dava visão de todos na sala, o homem a encarou e assentiu levemente uma única vez, confirmando que era de Severus Snape que estavam falando.

Lestrange sentiu o coração disparar quando viu o homem alto, de pele acinzentada e sem nariz – ela soube imediatamente quem era ele, principalmente pelo sorriso radiante e lunático de Bellatrix – entrar na sala.

-Fico feliz que você tenha vindo, Narcisa. –Voldemort comentou. –E que tenha trago seu filho para representar Lucius e assumir seu lugar.

Draco sentiu um enjoo enorme diante aquela frase, mas o reverenciou e foi sentar ao lado de Belinda, que nem mesmo o olhou, focada em estudar Nagini que rastejava para o lado de Voldemort, contudo mudou de direção no último momento e avançou até Belinda. Draco se sentia preocupado com o que a frase de Voldemort implicaria no relacionamento dele com a amiga, mas se desesperou ao ver a Serpente seguir até a menina.

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Belinda sentiu o ar abandonar seus pulmões e travou, vendo Rabastan lhe dar uma ordem silenciosa e que ela obedeceu. A Serpente enrolou em seu tornozelo e ela nem mesmo se mexera. Nagini apertou a perna da menina, que respirou de vagar, tentando diminuir as batidas cardíacas e manter a calma, a Serpente parecia achar que ela era um alimento que deveria brincar antes de engolir e isso a deixava tão assustada quanto furiosa.

Draco viu com surpresa Belinda encarar a cobra, que apertou mais em sua perna, os olhos escuros cheios de ódio da garota focaram os da Serpente, que sibilou e se preparou para o bote. Belinda não estava pronta para morrer, mas se fosse, encararia aquilo de frente, contudo Malfoy viu a mão dela deslizar de leve até a coxa, sua Varinha provavelmente estava escondida pelo vestido.

Belinda ouviu sons estranhos vindo de Voldemort e no mesmo instante o aperto afrouxar e logo a cobra se distanciou, indo até seu mestre e repousando a seus pés. A distância da Serpente fez Belinda sentir o ar retornar e seu sangue voltar a fluir.

-Parece que Belinda estava disposta até a enfrentar Nagini. Seria uma briga e tanto. –Rabastan brincou, arrancando alguns risinhos. –Só fico em dúvida em quem eu apostaria.

-Sem dúvida na Nagidi. –A mulher de cabelos castanhos e postura elegante falou.

-Seria burrice apostar nessa pirralha. –Bellatrix debochou.

-Oh! –Rabastan riu. –Eu não sei não, Bella.

-Você tem coragem, menina. –Belinda ergueu os olhos para a mulher que lhe cumprimentava.

Os cabelos castanhos eram longos e ondulados, os olhos marrons muito vivos e astutos, a pele perolada e o pescoço longo elegante.

-Essa é Clara Parker, Belinda. –Rabastan apresentou.

-Creio que você conheça meu enteado. –Clara falou.

Belinda sentiu a língua queimar e engoliu um palavrão. Clara Parker. A madrasta de Ty.

Lestrange poderia responder, sabia disso, contudo preferiu manter o silêncio, somente mantendo o contato visual com a mulher, que parecia desgostosa, mas curiosa com aquele olhar e voto de silêncio.

-Ela não parece disposta a falar. –Mark debochou. –E olha que normalmente ela é tagarela.

Belinda notou, pelo canto do olho, que Voldemort conversava em voz baixa com Bellatrix e com Narcisa, fazendo sua curiosidade aumentar, todavia seria estupidez ficar olhando.

-Parece que o gato comeu a língua dela. –Malcon disse. –Não acho que Narcisa criaria alguém tão mal educada.

-Ela só acha vocês muito irritantes pra falar. –Rabastan zombou. –E a cara feia do Malcon deve estar desconcentrando-a.

-Então ela se desconcentra com você também?

-Óbvio que não! –Ele sorriu.

Vick entrou na sala com uma bandeja cheia de bebidas, a Elfa estava visivelmente assustada, mas serviu a todos, com muitos fazendo piadinhas de Elfa como petisco de Serpente. A pequena Elfa Doméstica chegou até Rabastan e Belinda, oferecendo uma bebida a dona, que negou levemente, encarando os grandes e temorosos olhos verdes.

-Acho que Nagini teria indigestão com essa criaturinha. –Clara comentou, empurrando levemente a elfa.

Belinda sentiu o corpo se movimentar, mas Rabastan segurou seu pulso, tudo foi tão rápido que ninguém mais notou. A menina travou a mandíbula e se ajustou novamente no sofá.

-Perdoe-me pelo atraso, my lord. –Severus disse, entrando na sala.

Belinda realmente não conseguiu evitar a sobrancelha arquear um pouco, enquanto encarava seu professor de Poções, que devolveu o olhar com igual análise. Ela estava em choque.

Lestrange permaneceu em silêncio durante todo o jantar, atenta a Serpente, que volta e meia parecia querer voar em sua jugular e lhe fazer de refeição, sendo constantemente parada por seu mestre. E Belinda constantemente impedida por Rabastan de atacar os Comensais para defender sua pequena e assustada Elfa.

Draco devia admitir que Bell estava, apesar de linda, assustadora de algum modo, não sabia dizer se era o olhar ou a postura, mas tudo nela indicava perigo, como ele nunca havia visto antes. Estava preocupado com a amiga.

Lestrange sentia os olhos de Draco sobre ela, com mais constância do que deveria ter, mas ela se mantinha atenta a Nagini e tentava ignorar ferozmente as conversas que ocorriam, não queria saber de nada, porque quanto menos soubesse, menos isso a possibilitaria trair seus amigos ou sua família.

-Ferinha? –Rabastan chamou em um sussurro.

-Sim? –Ela respondeu, igualmente baixo.

-Ao que parece você não está se sentindo bem.

Belinda notou que não fora uma pergunta e isso a fez imediatamente saber o que Rabastan queria dizer, sim, as coisas estavam saindo do controle, principalmente porque ela já captara seu nome várias vezes durante a conversa e os olhares atentos sobre ela.

-Creio que tenha comido algo que não me caiu bem. –Ela confirmou e viu certo alivio em Rabastan.

-Irei levar você e Draco embora.

-E quanto a Narcisa? –Ela quis saber.

-Irá mais tarde, está na hora dos adultos falarem.

-Compreendo. –Ela foi firme.

-Eles deveriam ficar, Rabastan. –Clara alertou, chamando atenção de todos. –Creio que esteja na hora de saberem mais, principalmente Draco.

-E por que? –Rabastan quis saber.

-Eles serão do grupo em breve, então precisam saber...

-Serão, ainda não está na hora. –Rabastan foi firme, contudo olhou para Voldemort. –My lord, a decisão é sua. –Ele disse.

-Narcisa irá ficar e resolveremos o que falta para que Draco não precise mais deixar nossas reuniões pela metade. –Voldemort decretou. –E pelo que você disse, a presença deles não faz a menor diferença e ela ainda está deixando Nagini inquieta, então vá, tire essas criaturas daqui.

Belinda se colocou de pé e estava pronta pra sair, foi quando sentiu a mão de Bellatrix agarrar seu cabelo fortemente.

-COMO OUSA SAIR SEM REVERENCIAR O MESTRE, GAROTINHA INSOLENTE?!

Bell agiu por impulso e segurou o braço de Bellatrix, virando para encarar a mulher enquanto torcia seu pulso, a fazendo largar seu cabelo, aquilo a deixaria com uma bela dor de cabeça, contudo Belinda estava furiosa. Bellatrix choramingou, mas logo ia pegar a Varinha, contudo Belinda foi mais rápida, retirou a Varinha presa em sua coxa e no instante seguinte a estava enfiado fortemente na pele fina do pescoço de Bellatrix, afundando-a na pele.

-Nunca mais me toque dessa forma, Bellatrix. –Ela avisou, a voz tão feroz que fez jus a sua pose. –Ou eu não vou me importar em matar você, mesmo que eu morra em seguida. –A fúria em sua voz era tanta que ela própria não a reconheceria. Bella choramingou novamente, sem a Varinha Bellatrix Lestrange não era nada. –Você realmente não é merda nenhuma sem a Varinha, não é, Bella?

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Draco viu com surpresa o quão selvagem e imponente Belinda poderia ser e isso o surpreendeu verdadeiramente, principalmente porque ela nunca se mostrava daquele modo. Todos foram pegos de surpresa, já que desde que chegara na Mansão Lestrange, ela estivera calada e quieta, contudo sua fúria era notória e deliciava a todos os espectadores.

-Bell. –Narcisa choramingou ali perto.

-Vá em frente, criança, mate-a. –Ela ouviu Voldemort mandar. –Mate-a, é isso que você quer, não é? Quer ser livrar de Bella, então vá em frente e diga as palavras. Diga o Feitiço e mate-a.

Belinda percebeu o que fizera, sua mão tremeu, ela não deveria ter agido por raiva e no impulso, não devia mostrar que não usava somente a Varinha. Dorian estava lhe ensinando como lutar com os próprios punhos e não depender exclusivamente da magia, dizia que isso poderia vir a surpreender os inimigos e pela expressão de Bellatrix, ela via que ele estava certo.

-Mate. –Ouviu vozes reproduzirem o que Voldemort disse.

Belinda a empurrou e recuou instintivamente, a mão trêmula e garganta seca. Não devia ter se mostrado, deveria ter baixo a cabeça e ficado quieta, mas o fato de Bellatrix a tocar, principalmente a machucando, a deixava irada e enojada.

-VOU ACABAR COM VOCÊ, SUA INSOLENTE! –Bellatrix gritou, mas Rodolphus se pôs na frente da mulher.

Belinda só viu as costas do homem.

-Vamos parar por aqui, Bella. –Ele disse. –Você tem que aceitar a derrota.

Belinda percebeu que Voldemort a estudava silenciosamente, com olhos famintos e maldosos. E isso a assustava. O olhar era tão firme que fez a pele por baixo da faixa negra formigar.

-EU VOU MATAR ESSA PIRRALHA DESGRAÇADA!

-Se você fosse matá-la, teria feito isso de forma mais eficiente e não deixado que ela revidasse como fez. Se a Belinda te quisesse morta, você estaria nesse momento. –Rabastan provocou. –Acho que você tá ficando velha, Bella.

O que deixava Bell surpresa era o fato de Voldemort não estar dizendo nada diante a confusão, somente observando.

-Deixe a menina ir por hora. –Ele decidiu, a voz rouca e estranha alcançando os ouvidos de Belinda e fazendo seu sangue gelar. –Acabou que Rabastan falou a verdade, se ela quisesse você morta, Bella, você estaria.

O comentário fez Bellatrix ficar furiosa e encarar Belinda, que soube que em seu próximo encontro seria bom estar preparada.

-Espere lá fora, Belinda. Já estou indo. –Rabastan mandou.

Belinda não disse nada, somente seguiu para a porta, puxando o sobretudo dentro do armário e seguindo o mais rápido que podia para fora das proteções da Mansão, correndo para se esconder atrás de uma árvore. Bell levou ao mão ao peito e respirou fundo, seu corpo inteiro tremia.

-Idiota. Idiota. Idiota. Idiota. –Se xingou em voz baixa.

-Bell? –Ouviu Draco chamando-a, respirou fundo e saiu de trás da árvore. –Hey, você tá bem? –Ele quis saber.

-Ela vai me matar. –Belinda parecia em choque. –Puta merda, a Vadiatrix vai me matar!

Draco a viu segurar os próprios cabelos e respirar fundo, ele se aproximou da amiga e a abraçou. Belinda tremia por inteiro.

-Ferinha? –Rabastan a chamou.

Belinda recuperou a compostura e o encarou, mas ela estava mais pálida que o comum.

-Eu...

-Apesar de eu achar que você não devia ter feito, foi bom. –Ele esclareceu.

-Que? –Ela pareceu confusa.

-Vamos sair daqui e eu explico.

Rabastan não os deixara na Mansão Malfoy, sim em um beco de Wiltshire que Belinda conhecia bem, o que a fez encarar o homem, que retirou uma chave do bolso do paletó e a entregou para a menina.

-Não seria inteligente pra você voltar hoje e como você e Draco precisam conversar, acho que um tempo longe de tudo fará bem.

-Ela vai querer minha cabeça, não é? –Bell questionou e Rabastan a encarou seriamente.

-Vou tentar aliviar as coisas, mas você sabe...

Rabastan viu a dúvida sumir dos olhos dela e ser tomada por raiva.

-Aquela vadia desgraçada não tem o direito de me tocar! –Ela estava irada. –E muito menos como fez!

-Nós sabemos disso, mas o que você fez foi burrice.

-Eu sei! –Ela disse mais alto que o normal e Rabastan riu.

-Contudo todos se surpreenderam. –Ele sorriu. –E isso é bom, assim ninguém te verá como alvo fácil e isso te deixará mais livro das provocações deles.

-Entretanto chamará mais atenção também.

-Não vamos pensar nisso agora, Ferinha. –Ele sorriu. –Tentarei desviar o foco. –Prometeu.

-Como?

-Eu disse que irei manter nosso trato, Ferinha.

-Que seja. –Ela bufou.

-Vá descansar, Ferinha. –Ele mandou. –Bella jamais irá imaginar onde você está. –Ela assentiu. –Amanhã à noite virei para levar o Draco embora e você poderá voltar aos seus treinos.

-Que seja. –Repetiu.

-Tome cuidado com seus impulsos. –Ele alertou seriamente, de repente. –O Mestre ficou bem interessado em você, Ferinha.

-Eu notei. –Ela disse entredentes.

-Sabe que isso é perigoso, não é?

-Sim. –Assentiu de mal humor.

-Bem, estou indo e como falei mais cedo, seria bom você conversar com o Draco. –Ele riu. –Acho que vocês tem muito a falar.

Belinda assentiu sem dizer nada e saiu do beco, sendo seguida pelo amigo.

Draco a imaginou como um animal feroz caçando, mas com passos e postura tão elegante e sútil que surpreendia a qualquer um. Belinda de fato havia se tornado em um predador de elegância extrema e assustadora.