Astronaut: ReFlying

Capítulo 18


Astronaut: ReFlying

Kaline Bogard

Capítulo 18

Peter gostou de ouvir aquilo, de saber que fazia parte de algo especial e que podia retribuir à altura. Mas e Wade? Será que ele também compreendia? Virou-se no banco para sondar a expressão de Wade, todavia o fez justamente quando o outro inclinava-se para cheirar os seus cabelos, os olhos de um azul muito claro semi-cerrados pelo prazer de sentir o aroma que instigava seus instintos.

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E os lábios se esbarraram...

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Três segundos. Três longos segundos que comprovaram a infalibilidade da Teoria de Albert Einstein. Esse foi o tempo que Peter demorou para registrar o que estava acontecendo ali. E antes que Wade completasse o ato de segurá-lo pela nuca, o garoto saltou do banquinho e grudou na bancada, como uma aranha grudaria na teia.

— WADE!!! — sabia que o roçar de lábios (nunca chamaria aquilo de beijo, nunca) não fora proposital, mas não evitou recriminar o outro, assim como não pôde evitar o rosto de esquentar enquanto corava.

Para Wade, foi a conquista do Super Bowl. Por pouco os três não tiveram a impressão de que sairiam fogos-de-artificio da cabeça dele. Ao invés disso, ele esticou os braços e uniu as mãos no alto para sair dando uns passos bailarinescos pela sala.

— Baby boy beijou a gente! Lero, lero, lero! Baby boy beijou a gente!!

Peter ficou tão indignado, que não conseguiu responder. Tony e Bruce acompanhavam a cena com interesse.

— Alguma teoria, Bruce?

— Não me arrisco, Tony.

— Se nosso projeto fosse de Humanas a gente podia expor esses dois. Seria um sucesso.

— Tenho certeza que a ONU fez leis contra isso.

— É provável.

— Melhor não.

— Bruce, o que Wade está fazendo?

— Enfiando o celular dentro da calça.

— Ele está tirando uma foto do...

— Acredito que sim, Tony.

— E agora está... enviando...?

— É o que parece...

Então o celular de Peter Parker soou o alerta de mensagem. E ele nem precisava ser um gênio pra deduzir o que recebera, coisa que os quatro eram (até Wade, pois todo louco tem sua dose de genialidade). Furioso, o garoto soltou-se da bancada, agarrou a alça da mochila e saiu da sala pisando duro.

— Ele usa essas fotos pra bater uma pensando em mim. Só é tímido demais pra admitir — Wade falou pros dois, e não demorou mais nem um segundo para ir atrás de Peter, nem um pouco preocupado com o estado de humor dele.

— Sobre o Fertilizante... — Bruce começou a falar tão logo ficaram sozinhos.

— Pelo amor de Deus, Robert. Já disse que não faremos isso!

Aquela disputa estava longe de chegar a um acordo.

—--

Peter crescera com a sensação de que não tinha controle nenhum sobre as coisas que aconteciam em sua vida. E a sensação acabara se ampliar para um nível dantesco, com a chegada de Wade em sua vida. O cara assumira a missão de bagunçar tudo o que conseguisse.

E o limite transpassado hoje...

Não podia aceitar!!

Era um alívio não ter mais nenhuma aula naquele dia. Ia guardar o material extra no armário e retornar para a segurança do seu lar, sem Wade nem ninguém para irritá-lo.

Mas ele era Peter Parker, AKA o maior azarado do universo, e acabou encontrando-se com seu grande desafeto. Bem, a cena não foi exatamente um “encontro” casual. Flash conseguiu trombar contra Peter, apesar do corredor estar vazio aquela hora. Evidentemente aproveitando-se da distração de Peter.

Flash era um dos melhores novatos do time de Futebol Americano. Tinha pratica em barrar o avanço de jogadores com um físico muito mais avantajado do que o de Peter Parker. Foi um impacto tão forte, somado ao fator inesperado, que Peter só se deu conta do que acontecera quando sentiu as costas batendo contra o chão, até o par de óculos escapou-lhe do rosto.

— Owt! — gemeu de dor e susto.

— Olha por onde anda, idiota — Flash debochou — Da próxima vez...

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Peter nunca soube o que aconteceria “da próxima vez”, pois escutou barulho de algo batendo contra o aço do armário e um grito de dor seguido de uma queda. Em dois segundos os óculos estavam sendo cuidadosamente colocados em seu rosto de novo.

— Baby boy, você não abriu a foto ainda!

— Wade...? — Peter olhou ao redor. Viu Flash Thompson meio sentado, meio deitado no chão, atordoado e com o rosto sujo do sangue que minava de seu nariz. Nem ele parecia entender o que acontecera e ficou claro graças as manchinhas vermelhas na porta de um dos armários — Wade.

— Repita comigo: “serveur chat bâtiment, Wade”. — o rapaz disse enquanto ajudava Peter a ficar de pé.

— O-o quê?

— As vozes me mandaram dizer. Espero que seja “quero sexo selvagem com você, Wade”.

— Acho que o Flash precisa de ajuda — mal percebeu que Wade passou o braço por seus ombros, numa forma de apoio e o arrastou com ele.

— A gente não gosta que mexam com as nossas coisas.

Peter nem pensou em rebater a frase. Provavelmente tudo aquilo era culpa do carma. E carma não era algo fácil de se livrar. Respirou fundo, enchendo-se com partículas de coragem que talvez flutuassem pelo ar.

— Você sabe que aquilo não foi um beijo, não sabe?

A pergunta fez o outro rir abafado.

— Claro que sei disso, Petey. Quando a gente se beijar vai ficar muito óbvio.

— A gente não vai se beijar, cara. Se liga.

— Você sentiu nojo? É isso?

A pergunta simples e direta acelerou o coração de Peter Parker. Nojo? Se ele sentira nojo daquele contato? Ficou muito claro que não, e compreender tal fato fez com que metade do sangue do corpo fluísse para o rosto do garoto. Wade, que o observava atentamente, era perspicaz e riu baixinho.

— Cinquenta tons de vermelho. Acabei de criar o enredo da minha próxima fic — o rapaz estava eufórico — Você já pensou que pode ser o parafuso que me falta? A gente pensa nisso o tempo todo. E quando a gente pensa nisso, não pensa em coisas ruins.

Peter não respondeu. Não podia, ainda atordoado pela rápida sequencia dos acontecimentos. Há cinco minutos estava ouvindo uma ‘história de guerra’ de Tony Stark e Bruce Banner. Agora estava sendo arrastado pra fora da escola depois de ser derrubado por Flash, (não) vê-lo lamber o armário e ter um contato (inusitado e) intimo com Wade. Mundo louco.

Saíram no pátio externo do colégio, já não havia mais ninguém por ali, talvez um ou outro aluno; a exemplo de Stark e Banner, enrolados com o projeto da escola. E Flash, sabe-se lá Deus porque.

— Precisamos conversar, e muito a sério — Peter falou, libertando-se do abraço.

— Conversar complica demais, baby boy. Deixa a vida te levar... do jeito que leva eu. Hehe.

— Já está complicado, caso não tenha percebido. Tudo chegou longe demais! E eu nem sei como paramos nesse ponto.

— Se você quer conversar, então a gente vai conversar. Que tal hoje a noite, em um restaurante italiano? Aquele lance fudido de luz de velas e som de violinos... hã, hã, hã? Que me diz? Irrecusável, não?

A pergunta veio em um tom de voz pseudo-sedutor que acabou fazendo Peter rir de leve.

— Não vou em um encontro com você, Wade. Desista.

Ele deu de ombros, ajeitando um pouco o capuz.

— Ninguém morre por tentar, não é? E se vamos discutir nossa relação, quero que todos os trunfos estejam ao meu lado.

Peter até pensou em rebater o argumento, mas havia certa razão no que ouvira. Iam, de algum jeito, discutir a relação. Só não era uma relação nos moldes que Wade desejava.

— Ontem a gente já saiu pra comer pizza com o Harry. Não posso fazer isso todas as noites. Tenho dever de casa pra por em dia — Peter coçou o queixo pensando no que deveria fazer, chegavam ao portão do colégio.

— Tudo bem. A gente aparece na sua casa hoje a noite.

— Não sei... — o garoto não tinha muita certeza se era uma boa ideia passar seu endereço para o stalker esquizofrênico.

— O seu bairro não fica assim tão longe do meu. Rapidinho a gente chega lá.

— Você sabe onde eu moro?

— Claro, baby boy. Descobri quando me deu o número de seu celular — ele respondeu como se fosse óbvio.

Mais um golpe da realidade que deixou Peter sem ação. Contudo, já levara tantos desde que conhecera Wade... Nem devia se surpreender mais. Como era a frase mesmo...? Deixa a vida te levar...?

— Você venceu, Wade. Te espero as oito horas.

— Quer que a gente leve alguma coisa? Refrigerante? Tacos? Uma torta?

— Não precisa.

— Camisinhas?

— WADE!

— Ué... vai que cola?