Do acaso à superação
Melissa
POV - Melissa
— Mel... Não sei em qual lugar está o caderno.
— Prim, não chore vamos achá-lo, mas precisa ter mais cuidado com suas coisas. Pensa só um pouquinho em que parte da casa ele pode estar.
— Acho que ela, o deixou no escritório do vovô.
— Por que não falou antes, Amber. Tem certeza?
— Estávamos desenhando lá quando aquele homem estranho chegou, a Enobaria nos enxotou e disse para virmos brincar aqui no jardim.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— As duas fiquem quietinhas perto das orquídeas, não saíam daqui tudo bem? Irei buscá-lo e já volto... Só espero não encontrar alguém por lá.
Receosa, segui em direção ao interior da mansão, nunca entendi o porquê de minhas irmãs gostarem tanto de brincar no gabinete, eu morria de medo daquele lugar sombrio. Assim que cheguei frente à porta e a abri, meu coração acelerou. Na parede defronte havia três cabeças de veados empalhadas. Um dia Snow disse para eu e minhas irmãs que era aquilo que acontecia com seus adversários políticos, ou quem entrasse em seu caminho atrapalhando alguns de seus planos, depois sorriu e disse que estava só brincando conosco.
“ Prim, sua danadinha, onde o colocou...”
Comecei a buscar o caderno, avistando-o sobre a cadeira de couro localizada atrás da mesa. Ao colocar as mãos nele preparei-me ligeiro para sair do espaço, porém vozes vindas da saleta anexada vieram ao meu encontro, por reflexo entrei debaixo da mesa.
— Não deveria ter vindo Samuel, sabe que minha casa não é segura para termos esse tipo de conversa. As meninas moram aqui.
— E qual outro lugar seria apropriado para discutirmos tais assuntos maninha?
— Em qualquer outro, menos neste.
— Sei o que estão querendo fazer... Enobaria não tente me passar à perna. Sou mais esperto, pode ter certeza que se eu cair você e seu maridinho aí caem juntinhos comigo.
— Está nos ameaçando Samuel? Foi você que fez a burrada, não eu. Sabe que gente como nós não pode se dar ao luxo de se envolver emocionalmente com ninguém. Já é a segunda vez na sua vida que comete este erro. Pelo menos com a Mason, se recuperou a tempo de não sair no prejuízo.
— Meu envolvimento com a Loren nada tem a ver com o caso.
— Ah não? Estragou tudo, quando resolveu brincar de casinha numa choupana no interior do Distrito.
— Brincar de casinha? Querida irmã, esqueceu-se de que é a renda do Riviera que tem financiado todos os negócios sujos, seus e de seu marido até aqui? Somos sócios, quer queira, ou não. O cerco está se fechando. Foi uma péssima ideia minha conversinha com a Johanna há alguns meses. Fora que só fomentou a curiosidade daquela prima idiota dela e o do noivinho delegado. Praticamente eles já sabem minha verdadeira identidade. Acham mesmo que se chegarem até mim, demorarão chegar a vocês?
— Os dois calem a boca! O que precisamos agora é manter a calma. Pelo o que nos revelou pode ter sido apenas uma coincidência a visita de sua ex e a hospedagem da irmã dela no seu resort. Afinal o seu estabelecimento está ficando famoso, coisa que se fosse um pouco mais inteligente teria evitado. Avisei-te sobre isso.
— Essas malditas Everdeen me perseguem, nossos destinos sempre dão um jeito de se cruzar de forma ou de outra.
— O mais sensato seria você sumir novamente, ao menos por um período indeterminado. Pelo menos até a poeira assentar.
— Está me dispensando Enobaria? Acha mesmo que após ter corrido tantos riscos, como sujar minhas mãos de sangue na esperança de botar a mão na fortuna do Cartwright, vou simplesmente sumir? Não mesmo. Você e o Snow me disseram que 35% desse dinheiro são meus.
— Eu sei o que eu e o Coriolanus dissemos, e sei tudo que fizemos para conseguir a guarda das meninas e posteriormente administrar os bens delas, mas seria burrice sua continuar no Distrito.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Sua irmã tem razão Golding, se a tal Rue e o noivo confirmar sua identidade. O resto virá em cascata. O desaparecimento de Darius, o acidente do Thompson. Dessa vez nem toda a influência do secre...
— O que foi Coriolanus, por que se calou de repente?
— Xiu... Cale-se Enobaria! Não estamos sozinhos.
(...)
— Melissa, meu amor você ainda esta acordada?
Como eu poderia dormir após escutar todas aquelas coisas. Não foi minha intensão, só havia entrado no cômodo para reaver o caderno de desenho de Primrose na hora errada, no entanto fiquei paralisada sob a mesa. Devia ter ficado quieta, mas não consegui, não depois de entender que aquele homem cometeu várias maldades para que meu avô conseguisse a nossa guarda.
— Sim, tia Magda. – eles me obrigavam a fingir que estava tudo bem. Há dias a voz da bruxa invadia meus pensamentos, seus olhares de canto direcionados a mim, seus gestos. Sempre que ela podia me demonstrava quem comandava a situação.
“Garotinha insolente, tu não és especial como seu pai te a fez acreditar todo esse tempo. Se contar para alguém o que ouviu aqui hoje, pode ter certeza que seu pai e suas irmãzinhas sofrerão as consequências dos seus atos. Sabe bem do que meu irmão é capaz, não sabe? Se não fosse uma criança tão enxerida, não precisaríamos estar tendo esta conversinha.”
— Céus, princesa! Está queimando em febre, por isso não saiu deste quarto a tarde inteira. Vou chamar o seu avô, temos que levá-la ao médico.
— Não, por favor! Não o chame.
— Meu anjo, o que está acontecendo com você? Há tempos está amuada, e agora essa febre sem sentido – o fim de semana de ficar com meu pai logo chegaria, e eu teria que fazer tudo que me foi ordenado, mas eu sabia que Katniss não merecia. Ela estava fazendo o papai feliz.
— O que está acontecendo aqui? – me encolhi na cama. O som da voz de meu avô era aterrorizante, e ver que ele não estava sozinho me deixava mais apavorada.
— Ela está febril, senhor.
– Já lhe disse para não vir no quarto dessa menina durante a noite Magda, desse jeito ela jamais irá se acostumar com o quarto novo – Enobaria havia me alocado no quarto que era da vovó Marta, porque ficava ao lado do seu, e com a desculpa de que eu precisava me acostumar a ser independente por já ser uma mocinha, diferente de minhas irmãs. Na verdade, era um meio de me manter debaixo de sua vista.
— Minha querida esposa, vá para o quarto e me espere. Senhora Torres, vá buscar um antitérmico para a minha neta, enquanto isso eu lhe farei companhia – as duas mulheres saíram e um silêncio pavoroso tomou conta do ambiente. Não tirei os olhos dele, mesmo com medo.
– Olho para ti e, é como se estivesse diante daquele maldito novamente...
— Meu pai não é um maldito, você que é...
— A mesma empáfia... – riu, sem humor. – Daqui a uma semana irá mais uma vez para a casa da Everdeen, sabe o que tem que fazer, não é? Eu estou fazendo uma pergunta. – segurou meu braço com força excessiva quando não o respondi. – Sabe o que terá que fazer não é Melissa?
As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto, lembrei-me de quando Amber, eu e mamãe ao fim das tardes sentávamos na varanda de nossa casinha nos fundos da mansão do tio Cinna. Minha mãe fazia barras de crochê nas fraudas de Prim, enquanto eu e minha irmã acariciávamos sua barriga. Esse era nosso ritual à medida que aguardávamos papai e vovó Greasy completarem o trabalho na casa maior.
Mamãe era tão linda. Ela sempre nos dizia por que tinha deixado sua vida de riqueza no passado. Contava-nos que dinheiro não comprava a felicidade, e que pessoas ruins, faziam coisas ainda mais terríveis por causa dele. E que daria a vida para que eu e minhas irmãs jamais passássemos pelo que ela passou por causa dele. Eu sinto tanta falta dela. Queria tanto que o tempo voltasse. Mas sei que nada mais será como antes, e eu terei que fazer tudo para manter meu pai e minhas irmãs seguros.
— Sei.— afirmei num sussurro.
— Boa menina.
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