Escarlate
Capítulo 12
- Aqui – Scar colocou algo em cima da mesa do café da manhã – esse é o cartão daqui, acho que a gente pode dar mais uma olhada, talvez tenha algo que eu não tenha visto.
- Onde você conseguiu isso? – Arthur o pegou em cima da mesa.
- Eu trouxe todos os cartões comigo – Scar assumiu uma postura imponente.
- Treta, treta, treta – Bernardo cantarolou enquanto Liv rolava os olhos.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Não... eu quero dizer... espera aqui – Arthur saiu da mesa e começou a mexer em sua bolsa voltando alguns segundos depois com outro cartão na mão.
- Eu achei isso na sua casa, foi assim que eu descobri que você estava aqui.
- Arthur me passa isso aqui – Liv pegou os dois cartões e os comparou – como eu pensei, o do Arthur é mais grosso. Espera.
Liv pegou a faca de pão e passou por dentro do cartão o abrindo em duas partes e Scar o tomou de sua mão.
- “Nada aqui” – sussurrou ela – e na letra da minha mãe, acho que devemos ir embora. Eu vou para Bastão.
- Eu te dou carona – Bernardo ergueu a mão.
- Achei que já tínhamos combinado ontem – Liv interviu – eu vou também.
- Se a Scar pensa que eu vou deixar ela sozinha está muito enganada.
- Isso está parecendo a sociedade do anel, já avisando que eu sou o Legolas – a sentença de Bernardo fez Liv rolar os olhos mais uma vez.
- Então – Scar respirou fundo – se todos vão estejam prontos em uma hora.
Uma hora e meia depois todos estavam acomodados no caso de Bernardo, a caminho da próxima cidade.
Scar analisava os dois cartões, como existiam dois? Por que um deles selado com uma mensagem da sua mãe estava dentro e ambos? Não fazia o menor sentido...
- Há um mundo bem melhor – Bernardo começou a cantarolar do nada - todo feito para você... é um mundo pequenino de ternura e amor! TODOS COMIGO! HÁ UM MUNDO BEM MELHOR... Poxa gente eu aqui tentando começar uma cantoria na moral e vocês nem me acompanham.
- Bennie você bebeu? – Liv perguntou parecendo totalmente irritada.
- Você sabe muito bem que não Ruivinha – lançou uma piscadela a Liv que adquiriu a cor de seus cabelos – eu só estou tentando animar isso aqui, caramba, parece que estamos indo para um enterro.
- Sobre o que você quer falar? – Scar abaixou os cartões, talvez algumas piadas do garoto iriam aumentar seu ânimo.
- Sei lá, que tal sobre quando você vai dizer “mutants no more” e matar todo mundo?
- Você sabe que ser uma Escarlate é totalmente diferente de ser a Feiticeira Escarlate não é mesmo?
- Mas você não é só uma Escarlate, você é uma Escarlate Pura, pelo que não sabemos você pode muito bem criar realidades alternativas e coisa e tal.
- Será? – Scar fechou os olhos e concentrou-se fazendo uma luzinha vermelha acender-se em sua palma, nada tão grandioso quanto as luzes dançantes de Marina mas ainda sim era bonito.
- Vermelhinha apaga isso! – Arthur gritou preocupado do banco da frente – você sabe que pode desmaiar!
- E você sabe que não tem nada a ver com isso – Scar lançou-lhe um olhar desafiador e continuou brincando com a bolinha de luz até seus lábios adquirirem um tom esbranquiçado.
- Scar – Liv segurou sua mão – apaga isso.
E a bolinha de luz desapareceu entre os dedos da garota.
- Toma, bebe um pouco de água – a amiga lhe entregou uma garrafinha térmica que continha o líquido gelado.
- Scar você está bem? – Arthur olhou para ela preocupado, a garota acenou levemente com a cabeça.
- Sem realidades alternativas... – Bernardo disse em um muxoxo.
- Espere só até eu ter total controle dos meus poderes, vou mandar todos vocês para a Dinastia E.
- Dinastia E?
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- Faz sentido.
- Scar deita no meu ombro um pouco até se recuperar – Liv ofereceu tomando Scar em um abraço.
A garota se encolheu no ombro da amiga acabando por cochilar ali mesmo.
Scar desceu do carro na cidade de Bastão, e logo uma senhora parou na rua, a olhando assustada.
- Helena! – Apontou – Helena Bernardi! Achei que nunca mais voltaria a essa cidade!
O coração de Scar pulou uma batida, e ela se aproximou dois passos da mulher.
- Não, eu sou Scarlett, a filha dela, você conheceu minha mãe?
- O suficiente para saber que você não deveria estar aqui menina, e pela cor de cabelo da outra ali, nenhum de vocês devia.
- Dona, eu preciso saber, tem alguma coisa dos meus pais aqui que eu precise saber?
- Vá para o galpão no final da estrada, tudo o que você pode querer saber está lá.
- Olha escuta aqui dona, essa estrada que a senhora está falando, é asfaltada né? Por que eu não quero sujar essa belezinha de lama ou poeira.
- É só ignorar ele senhora é o que todos fazemos, muito obrigada – Scar empurrou Bernardo para dentro do carro.
A estrada realmente era de terra, o que rendeu reclamações o caminho inteiro – o que não foi curto, a estrada era realmente comprida.
Por fim chegaram, era um galpão antigo, feito de madeira escura que aparentava podridão. O cheiro de mofo era perceptível ainda que estivessem dentro do carro. Um vento forte derrubaria aquilo.
- Certeza que vamos ter que entrar aí? – Liv perguntou entortando o nariz.
- É a única pista que temos, eu vou entrar.
Scar saiu do carro, puxando sua mochila junto. Não percebera no entanto que ela estava aberta, o que fez vários papéis caírem no chão.
- Droga! – Praguejou se agachando para juntá-los.
- Scar – sussurrou Bernardo – onde você conseguiu essa foto?
Ele segurava a foto do garotinho que Scar havia achado nas coisas de sua mãe.
- Era da minha mãe, na verdade eu nem sei porque eu trouxe, acho que achei o menininho fofo, e olha que coincidência, ele é seu xará.
- Scar, esse garoto não é meu xará, esse garoto sou eu.
- Mas como é p...
- SCAR! OLÍVIA! DENTRO DO GALPÃO! AGORA! SE ESCONDAM! – Arthur gritou tirando a atenção de Scar da foto.
- O que está acontecendo? – Perguntou Liv confusa.
- NÃO DÁ TEMPO DE EXPLICAR CORRAM!
- Seja lá o que for eu não vou fugir! – Scar exclamou decidida.
- Desculpa Vermelhinha – Arthur a pegou no colo jogando-a por cima do ombro levando-a até o galpão a trancando lá dentro junto de Liv sob protestos das duas.
- ARTHUR ME SOLTA! – Scar se jogava na porta que surpreendentemente parecia reforçada.
As duas continuaram gritando lá dentro, tentando derrubar a porta, que não abria de jeito nenhum. O lugar parecia isolado de som, a única coisa que ambas escutavam eram as próprias vozes.
- Eu desisto – Liv sentou-se no chão – eles abandonaram a gente, não sei por que mas abandonaram, e não tem como sair desse lugar.
- Deve ter algum jeito, talvez com os meus poderes... se eu conseguir me concentrar...
- Scar não! Se você usar seus poderes desse jeito vai desmaiar e estamos no meio do nada sem um carro só vai piorar as coisas.
- Mas é o único jeito...
- Scar po...
A discussão das duas foi interrompida por barulhos na porta que logo foi destrancada revelando a figura de um Bernardo extremamente machucado.
- Bennie – Liv olhou para ele com preocupação mas ele não parara de falar.
- Sombrios atacaram.... o Arthur pode sentir não sei como.... eles pediam por vocês duas... pelo nome... mas de alguma forma ele sabia que vocês estavam seguras aí dentro... eram três deles... dois homens e uma mulher... ela parecia a líder, era extremamente poderosa.
- Bernardo cadê o Arthur?
- Scar... eu sinto muito...
Scar saiu correndo do galpão... ela precisava saber se algo tinha acontecido... não com o seu melhor amigo... não com seu Arthur...
Seu coração que segundos antes pulsava com força, ela sentiu parar, ao ver o corpo de Arthur estendido na terra vermelha.
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