Defenceless

Capítulo Vinte e Seis


Anna desligou o celular aos risos.

— Daria tudo pra ver a cara da Natalie quando eu disse que o Hunter deveria dormir lá...

— Acha que isso vai ser seguro? – Luke também riu, encarando-a. – Pode acontecer um crime essa noite.

OU podem acontecer muitas outras coisas. – ela deu um sorrisinho sacana, dando uma piscadela em seguida. – Vamos torcer pelas muitas outras coisas, sim?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Luke se aproximou lentamente, os olhos brilhando. Olhou-a de cima abaixo.

— Gosto dessa história de muitas outras coisas. Aliás... Estávamos fazendo muitas outras coisas, não estávamos?

Anna mordeu o próprio lábio.

— Eram algumas outras coisas. – ela olhou para cima inocentemente. – Mas eu bem que pensei em muitas em vez de algumas.

Luke pendeu o pescoço para trás, soltando um riso fraco e sexy, com a voz rouca. Estavam perto da bancada que dividia a sala e a cozinha. Lentamente a encostou ali.

— Então deixa eu ver se eu entendi... Algumas outras coisas seria assim... – então ele a beijou lenta e apaixonadamente, segurando-a pela lateral da cabeça. – E muitas outras coisas seria... – molhou os próprios lábios com a língua e em um movimento rápido, levantou-a pela cintura e a colocou sobre a bancada, ficando entre as pernas dela. Tudo isso sem perder o contato visual. – Assim?

Antes que Anna pudesse responder, Luke beijou-a com mais fervor, se apossando dos lábios dela com mais intensidade. A morena, apesar de surpresa, não deixou de corresponder ao ato dele no mesmo ritmo. Suas mãos se perderam nos cabelos dele automaticamente, e ela os puxava de maneira provocadora, puxando-o mais para perto, como se aquilo fosse realmente possível.

Anna traçou um caminho com seus lábios até o pescoço dele, mordiscando-o em algumas regiões. O ato fez com que ele arfasse e lhe acariciasse a coxa, apertando-a em seguida. (GIF)

Voltaram a se beijar quando Anna enganchou suas pernas na cintura de Luke. Este a puxou para si, carregando-a no colo enquanto se beijavam ardentemente.

Apesar de já conhecer o caminho de cor, Luke andou com cuidado com ela presa ao seu corpo em direção das escadas. Vez ou outra parava no caminho para beijá-la ou acariciá-la. Segurou-a pelas coxas quando já estava ao final da escada, seguindo pelo corredor que dava para o seu quarto.

**

Depois de algum tempo, Hunter percebeu que Natalie estava demorando no banheiro. Se aproximou da porta e percebeu que ela havia entrado no banho. Mesmo assim, já havia passado bastante tempo e ele começou a se irritar por ficar sozinho.

Natalie estava tomando um banho mais demorado do que o normal porque queria se acalmar, e até que a ideia não havia lhe falhado. Ouviu alguém bater na porta e presumiu que era Hunter, já que só havia eles dois no apartamento. (GIF)

Ei!— Ouviu-o. – Vai gastar a água do mundo todo?

Rolou os olhos e respirou fundo. “Nem com toda a água do mundo eu conseguiria me desestressar com você aqui”, ela pensou.

O banho não havia servido apenas para desestressar. A verdade é que Natalie não havia conseguido parar de pensar nos beijos que haviam dado momentos antes e havia morrido de vergonha por ter ficado tão na cara que tivesse gostado. Não que fosse um problema, mas quando se tratava de Hunter Saxton e sua inconveniência, nada era simples.

Estava confusa. Uma onda de sentimentos havia lhe invadido e ela simplesmente não estava sabendo como lidar com aquilo. Sentia-se acuada e cheia de insegurança perto dele. Embora conseguisse disfarçar com a sua postura imponente, Natalie se sentia vulnerável, algo que não sentia desde o seu relacionamento com Izaac, e aquilo realmente a assustava. Sempre chamara a atenção dos garotos com facilidade, e era ela quem costumava deixá-los nervosos, não o contrário. Decididamente não aceitava a maneira como as coisas estavam acontecendo e como ela estava reagindo diante delas. Aquele banho havia servido para algumas coisas que ela havia enumerado em sua cabeça:

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

1. Embora Hunter fosse um idiota 23 horas por dia, pelo menos uma hora ele era um cara que valia a pena; ele realmente estava se esforçando e ela sabia que não estava dando descanso a ele. Sabia que estava pegando pesado e Hunter era intenso o suficiente para não se deixar abater, por isso acabava sendo tão inconveniente algumas vezes.

2. Eles passariam uma noite juntos e aquilo era inegavelmente um fato. Se continuassem a discutir durante todo o tempo, com certeza um deles não sairia vivo. Prometeu a si mesma que pegaria leve se ele deixasse de lhe lançar indiretas e provocações.

3. E é claro que Natalie não seria Natalie se não quisesse tornar as coisas mais justas. Se Hunter Saxton queria brincar, Natalie Kalkmann sabia como, e ela o faria.

Desligou o chuveiro e puxou a toalha do box para se enrolar. Estava na hora de devolver as provocações na mesma moeda.

Penteou os cabelos com as mãos e se certificou de que a toalha estava bem presa.

E aí, angel? Vai me ignorar? Vai me deixar aqui sozin... – Hunter parou de falar quando Natalie abriu a porta só de toalha. Continuou a passar as mãos nos cabelos, dando um sorriso discreto enquanto Hunter parecia hipnotizado, olhando-a de cima abaixo. Ela inclinou a cabeça para o lado minimamente e arqueou as sobrancelhas de uma maneira... Provocante? Sim. (GIF)

Geez, não se pode mais tomar um banho sem ser incomodada? – Natalie lançou um olhar sugestivo a Hunter enquanto passava por ele. O perfume do sabonete de baunilha que ela usava inebriou o ambiente e deixou Hunter entorpecido por alguns segundos. Ela se direcionou para o quarto ao final do corredor enquanto ele finalmente se recompunha da surpresa. – Volto já, vou me vestir.

Assim que Natalie fechou a porta, se conteve para não gargalhar ao se lembrar da feição de Hunter ao vê-la sair enrolada na toalha. Ao mesmo tempo, sentia seu coração acelerar como uma adolescente que acabava de flertar pela primeira vez. Mordeu o lábio inferior, contendo o sorriso.

Na sala, Hunter jogou o cabelo para trás com a mão, dando um sorriso bobo logo em seguida. Os beijos e a cena da toalha eram acontecimentos demais para ele, considerando que se tratava de Natalie. (GIF)

A verdade é que ele havia agradecido mentalmente à castanha quando esta decidiu tomar banho, pois ele mesmo ainda não havia se recomposto dos beijos. Momentos antes, quando estava sentado no sofá, ele havia pendido a cabeça no encosto, se sentindo um completo idiota por estar maravilhado apenas com os beijos dela. “E que beijo.”

Nunca um beijo o havia deixado daquela maneira e aquilo o havia surpreendido de todas as maneiras possíveis. Sentira-se leve, sentira-se cheio e nada mais importava naquele momento além deles. Respirou fundo e voltou a se sentar no sofá de dois lugares. Passou as mãos na calça repetidas vezes, sentindo as palmas esquentarem com o movimento.

Não demorou muito para que ouvisse o estalo da porta do quarto de Natalie se abrir. Viu-a aparecer já vestida e com os cabelos já secos. Ela se sentou no sofá, um pouco mais afastada dele. A castanha tomou fôlego antes de começar a falar:

— Olha... Embora você tenha reclamando sobre a minha demora no banho...

— Se você sempre sair do banho daquela forma, pode demorar o tempo que for. – ele soltou, interrompendo-a, mas se arrependeu logo em seguida. Esperou um tapa, um grito, uma ofensa. Mas o que aconteceu foi bem o oposto.

Ela o encarou por alguns segundos em silêncio, depois acabou rindo e ignorando, o que o surpreendeu.

— Certo... Anotado. – ela respirou fundo novamente. – O banho me ajudou a pensar e... Não tem feito bem pra mim ficar me estressando o tempo todo e levando tudo isso a ferro e fogo. Você foi idiota comigo no começo, depois tentou se redimir e eu continuei a ser idiota com você daquele momento em diante. – ela encarou as tatuagens dele por um breve momento antes de finalmente olhá-lo nos olhos.

Hunter a olhou ainda mais surpreso.

— O que aconteceu? Entrou uma Natalie no banheiro e saiu outra? – ele riu da própria piada, o que a fez rir também. – Eu sei que se você me trata assim... É porque eu mereci, desde o começo. Fui mesmo um idiota. Aliás, sou assim com todas. Mas é importante ressaltar que se eu o faço é porque sempre me permitem e continuam na minha. Todas permitiram...

— Menos eu. – ela completou baixinho.

— Menos você. – ele afirmou com a cabeça logo em seguida, dando um breve meio-sorriso. – E embora pareça, eu não sou só isso.

— Eu sei. É por isso que resolvi dar uma trégua hoje. – Natalie colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Vamos tentar esquecer tudo o que já aconteceu, ok? Pelo menos por essa noite.

Hunter apoiou o braço na parte de trás do encosto do sofá e inclinou o rosto para perto dela, falando baixo como se eles não estivessem a sós.

— Até os beijos?

Natalie sentiu seu coração acelerar e uma mistura de sentimentos que envolvia empurrá-lo com força e xingá-lo... Ou beijá-lo de uma vez. Se conteve e não fez nenhum dos dois. Em vez disso, aproximou-se, diminuindo ainda mais o espaço entre eles.

— Até os beijos.

Ele olhou para a boca dela instintivamente, e em seguida, para os olhos cor de mel que estavam mais próximos do que em qualquer outro momento.

— Não sei se consigo.

Quando Natalie percebeu que Hunter diminuía ainda mais o espaço e quase a beijara, conteve-o, depositando a sua mão no tórax dele. Então voltou a falar no tom normal.

— Mas vai ter que se esforçar.

Hunter soltou o ar, voltando a si. Voltou a fitá-la, olhando-a insistentemente. Sua linha de expressão entre as sobrancelhas renascera.

— Queria saber por que você é tão difícil.

— Porque você é muito fácil. – ela respondeu com um sorriso sincero e misterioso.

— Uuh. – ele fez uma expressão de dor, brincando. – Essa doeu.

— Aww, eu machuquei seus sentimentos. – Aquela era a primeira vez que ela realmente brincava com ele (a não ser quando estavam bêbados).

Ele sorriu divertidamente e lhe mostrou a língua. (GIF)

No mesmo momento, o celular de Natalie vibrou sobre a mesa de vidro. Ela levantou-se para alcançá-lo e logo voltou ao sofá olhando a tela.

— Tá tudo bem? – ele a olhou.

— Tá sim. É só a minha mãe. Ela viu as notícias na televisão e ficou preocupada. – ela respondeu enquanto digitava uma mensagem de volta.

— Às vezes esqueço que você é brasileira. – Hunter cruzou as pernas.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Eu também. – ela respondeu divertidamente. – Parece que a minha vida no Brasil é um borrão enorme, não sei explicar. – a castanha colocou os pés sobre o sofá.

— Você não sente falta?

— Sinto mais das pessoas. – jogou o cabelo para trás. – Mas é uma falta diferente, não é algo que me corroi por dentro. Não sei se consigo explicar... No Brasil temos uma palavra pra isso. Uma palavra que não possui tradução.

— E qual é?

Saudade.

Saudade. – ele repetiu com um sotaque britânico meio enrolado, fazendo-a rir. – Consegue explicar?

— Hmm... Tem uma frase que eu gosto muito de uma escritora chamada Clarice Lispector. – ela se esticou no sofá em direção da estante abaixo da televisão. Abriu a porta de vidro e puxou um livro dali. Foi diretamente para uma página já marcada com um post-it rosa. – Aqui... “Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.”

Quando levantou os olhos, flagrou Hunter fitando-a seriamente, como se refletisse sobre cada palavra que ela havia lido a ele. Se não conseguisse ver o peito dele subindo e descendo, acharia que ele havia sido petrificado, pois sequer mudava a expressão.

— Que foi? Por que você ficou quieto assim? Eu fiz algo errado? – Natalie se aproximou minimamente dele, despertando-o.

—Uau... – ele soltou o ar de uma vez, piscando repetidamente. - Eu... Eu nunca havia ouvido uma coisa tão profunda assim antes. Tão profunda e tão... Linda. – o cantor inclinou a cabeça minimamente, olhando-a nos olhos. – Existem tantas canções que falam coisas bonitas, sobre sentimentos fortes, mas acho que nada se compara ao que você acabou de ler. Saudade. – ele repetiu a palavra mais uma vez, fazendo-a sorrir com a sonoridade.

Os dois ficaram se olhando por alguns instantes. O barulho da chuva batendo contra a porta de vidro da sacada só tornava a sensação ainda mais única e arrebatadora. Ela percebeu que os olhos do rapaz brilhavam intensamente, o que a deixou completamente desnorteada. (GIF)

Lentamente, Hunter começou a diminuir o espaço entre os dois. Era uma aproximação diferente das que ele havia feito anteriormente. Existia uma certa cautela, como se pedisse permissão para fazê-lo. Seus olhos verdes corriam por todo o rosto da garota, como se ele não quisesse perder nenhum segundo da reação dela. Fitou, por fim, os lábios dela, que pareciam mais convidativos do que nunca. Sentiu-se irrevogavelmente atraído, uma vontade louca de beijá-la. Não fazia muito tempo que a havia beijado e já sentia saudades do toque dos lábios dela sobre os seus.

Quando sentiu o nariz de Hunter tocar-lhe perto da bochecha, Natalie acabou despertando daquele momento no qual estava tão envolvida e lentamente se desvencilhou. O ato fez com que os lábios dele roçassem a sua bochecha delicadamente, arrepiando-a. Natalie se afastou, respirando com um pouco de dificuldade, e percebeu que o mesmo acontecia com Hunter.

Antes que se arrependesse, levantou-se e foi em direção da pequena cozinha, deixando-o.

— Que tal fazermos alguma coisa pra comer?

Hunter acordou de seus devaneios completamente fora de si. Levantou-se rapidamente.

— Boa ideia. Alguma sugestão?

— Bom... Pra matar a saudade do meu país... Pensei em fazer um doce famoso... Simples e prático. Chama-se brigadeiro.

Brigadeiro. – Natalie não conseguia evitar as risadas toda vez que Hunter tentava pronunciar alguma palavra em português com o sotaque britânico. – E o que é?

— Tem duas maneiras de comer. – ela começou a explicar enquanto abria os armários em busca dos ingredientes. - Em formato de bolinhas de chocolate ou direto na panela. Como não tenho paciência... Vai ser de panela. E você vai comer e vai gostar.

— Com você falando de uma maneira tão... Amável, tenho certeza que vou gostar. – ele respondeu em um tom brincalhão, preparando-se para sentar nos banquinhos altos em frente à bancada.

— Nem se atreva. – ela girou os calcanhares para lhe encarar. - Acha que vai ficar olhando enquanto eu faço? Vai fazer comigo.

Ele bufou, se aproximando.

— Tá, me empresta alguma coisa pra prender o cabelo.

Ela segurou o riso enquanto arrancava o elástico do pulso e o entregava. Ela pegou um outro elástico sobre a bancada e rapidamente fez um rabo de cavalo. Em seguida, parou para observá-lo fazer um coque.

— Meu Deus... – ela o encarou. – Decididamente você fica melhor de cabelo solto. – ela comentou, puxando um pote do que parecia ser chocolate em pó e se aproximando do fogão com uma panela. (GIF)

Hunter soltou uma risada anasalada.

— As garotas me acham sexy de qualquer jeito, se quer saber.

— Bom, eu não acho, se quer saber. – ela levantou os ombros, provocando-o. Era mentira. Mas e daí? – De cabelo solto eu até que pegaria, mas preso...

— Ah é? – Hunter a puxou com força por trás, assustando-a o suficiente para que ela soltasse um gritinho e empurrasse o pote na bancada, quase o derrubando. Já que Natalie era consideravelmente mais baixa, o castanho inclinou um pouco a sua coluna para encaixar o queixo no ombro dela enquanto colava seu corpo no dela. – Você já me pegou com o cabelo solto. Quer experimentar assim?