Damaged Memories

Capítulo 13 - Reprisal


No meio de todo aquele inferno que sua vida tinha se tornado, Lily só queria espairecer um pouco. Naquela mesma noite, Dumbledore faria uma reunião com os progressos sobre James, mas ela não estava nada empolgada para aquilo. Já podia escutar a todos dizendo-a que o melhor que poderia fazer era colaborar, descer ao porão, mas ninguém parava para pensar no quanto aquilo a afetava. Ninguém se importava.

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Então, quando recebeu a carta de Mary, foi como uma luz no fim do túnel.

Na escuridão que estava, naquele momento, a luz no fim do túnel estava cada vez mais próxima de acontecer.

Estavam conversando dentro da casa, Edgar fazendo vigia do lado de fora, quando, de repente, uma das paredes foi destruída por fumaças negras. Lily bateu a cabeça na mesa de vidro e, quando abriu os olhos, estava deitada no chão, Mary do outro lado da sala, e botas de seres encapuzados passeavam pela sala.

— E essa garota? — um deles puxou Mary pelo cabelo.

— Deixe-a aí! — Lily pôde identificar a voz áspera de Bellatrix — Vamos fazer as coisas exatamente como o lorde das trevas ordenou.

— Estupefaça!

Ela não sentiu o baque.

Quando abriu os olhos novamente, estava em um local escuro, e cheio de pedras. Inclusive, ela estava deitada em cima de pedras. Só conseguia enxergar o que estava ao seu redor por uma frágil luz que saía do portão de ferro.

Uma masmorra.

Lily passou a mão por suas roupas, e confirmou que sua varinha tinha sido tirada dela. Seria pedir demais tê-la consigo, mas já era um alívio não estar presa à uma cadeira, como acontecia com James.

— Que diferença de ambiente — ela murmurou para si mesma — A pedra pré-histórica e a madeira polida. Quem é o mais evoluído, afinal?

Escutou passos apressados, e tentou esconder-se, embora soubesse que seria inútil. Estava arrastando-se para um canto da grande masmorra, quando a porta abriu-se, e um deles foi em sua direção, puxando-a pelo braço. Negou-se a se levantar, fazendo com que o homem impaciente decidisse arrastá-la, mas não seria nem metade do que fariam a ela, disso tinha certeza.

— Potter, levante-se! — Narcisa estava à porta, os olhos focados na parede ao seu lado, para não observar como seu marido a tirava à força.

— Já chega! — disse Lucius, cansado.

Lily abafou um grito, assim que o loiro levantou-a, apoiando-a por cima do ombro.

— Solte-me! — ela gritou, tentando debater-se.

— Fique quieta, e tornará tudo mais fácil! — disse Narcisa, indo à frente.

Como apenas ela era prisioneira da masmorra, eles não incomodaram-se em fechar as portas, já que ela voltaria muito em breve. Viva ou morta, nos pensamentos de Lily.

— Deveria sentir-se honrada — disse Lucius, veneno pingado em sua voz — Eu não tocaria em uma sangue ruim se milorde não pedisse.

Assim que ela foi deixada no salão, virou-se e deu um tapa estalado no rosto do bruxo, que deixou a sua pele tingida de vermelho.

— Ora, sua...! — Lucius deu um passo para a frente.

— Obrigado, Lucius.

Lily paralisou, assim como os outros presentes.

Voldemort observava curioso a cena à sua frente, de frente para uma lareira, antes estava de costas para eles, ficando invisível para Lily, à primeira vista. Nagini, a sua cobra, deslizava pelo chão, próximo aos pés de seu amo, sibilando em uma língua que apenas eles compreendiam.

— Podem se retirar — disse Voldemort.

— Milorde... — Lucius começou a dizer, mas calou-se repentinamente, curvando-se rapidamente, antes de sair, a mão pousada exatamente onde estava a marca dos dedos de Lily.

De certa forma, ficar sozinha com Voldemort tornava a situação bem pior do que se estivesse sob o foco dos Death Eaters, e Lily sentiu medo.

— Uma mansão muito bonita, não é mesmo? — ele perguntou, olhando para a decoração da sala onde se encontravam — Ah! Que indelicadeza a minha! Sente-se!

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Lily permaneceu olhando-o, mas decidiu obedecer, já que, apesar de sua serenidade, sabia que aquele homem perdia a paciência facilmente, e ela não podia se dar ao luxo de ser torturada. Não sabia quanto tempo suportaria sob a maldição Cruciatus no estado em que estava.

— Memórias nada mais são do que a nossa essência, não é mesmo? — Voldemort começou a divagar, ainda de pé, e Lily sentiu o seu coração bater fortemente em seu peito — Se eu modificasse as suas, você acreditaria ser uma sangue pura, agiria como uma e convenceria a todos. O seu sangue permaneceria sujo, mas ninguém se importaria.

— Do... Do que você está falando? — perguntou Lily, a voz tremida.

— Severus é um grande seguidor, — ele disse, os olhos fixos em sua varinha — um exímio preparador de poções. Em tempos de guerra, precisamos muito de um. Contudo, ele não me é completamente fiel.

— Se essa é a sua preocupação, Snape e eu não somos mais amigos — ela frisou o nome do Death Eater.

— É claro que não — disse Voldemort, um espasmo em seu tronco, que poderia ser facilmente confundido com uma risada, demonstrando que ele sabia bem mais do que falava — Sabe por que está aqui?

— Moeda de troca — disse Lily — Você me capturou para que a Ordem entregue James novamente a você.

— Sim — ele concordou — Mas não precisa ser assim.

— O que você quer dizer com isso?

Voldemort caminhou um pouco mais pela sala, deixando com que o silêncio perdurasse, Nagini acompanhando os seus passos de perto. Lily subiu os pés à cadeira, agradecendo por estar usando calças, quando a cobra passou perto demais.

— Não tente resolver as coisas sozinha. Não conseguirá. Apenas eu sei como modificar o feitiço — disse Voldemort, tranquilamente.

— Eu não estou sozinha — disse Lily, sustentando o seu olhar.

Voldemort apenas ergueu uma de suas sobrancelhas, olhando ao redor, como se estivesse procurando por alguém, e Lily sentiu suas bochechas corarem de raiva.

— Não seja tola, menina! — ele disse — Eu a entregarei de volta, e nunca mais verá o seu marido novamente. Podem sequestrá-lo quantas vezes quiserem...

— Nós não...! — Lily disse, ofendida.

— ...mas isso jamais mudará os fatos — Voldemort completou, fingindo não ter escutado a interrupção — É a hora em que não podemos ser egoístas, você precisa pensar em seu filho.

Lily sentiu como parava de respirar.

Ele era legilimente, é claro, mas evitara tanto pensar naquilo que não acreditou que ele poderia ter capturado aquele pensamento vago sem utilizar o feitiço.

— Eu não sou de aceitar impuros em meu grupo — disse Voldemort, satisfeito por tê-la impressionado — Contudo, és poderosa, Lily Potter. Eu posso fazer uma exceção. Permita-me fazê-la minha seguidora, e eu modificarei as memórias de seu marido. Ele lembrará de ti, tal como é, e poderão seguir-me juntos.

A proposta era tão absurda que ela não poderia acreditar que ele tinha mesmo dito aquilo. Um homem que se acreditava mais inteligente e poderoso que o próprio Dumbledore, traía as suas próprias crenças naquele simples momento.

— Sei como é uma decisão difícil, portanto darei-lhe tempo para pensar — ele continuou — Porém, não demore. Lorde Voldemort não tem muito tempo.

— Quantos já receberam essa proposta? — Lily conseguiu perguntar — Quantos nascidos trouxas você poupou?

— Não deveria fazer uma pergunta a qual já sabe a resposta.

Suas próximas palavras foram ditas exclusivamente para Nagini, que seguiu-o para perto da lareira novamente.

Sem precisar de mais palavras, como se o seu tempo ali tivesse sido cronometrado, as portas abriram-se novamente, e Lucius agarrou pelo braço, puxando-a com brusquidão para fora da sala.

— Sua sujeitinha de sangue ruim — ele sussurrou, furiosamente — Não pense que a proposta do lorde das trevas apagará o que me fez. Você pagará por isso!

— Já estou pagando — cuspiu Lily, sem paciência.

— Deixe que eu a levarei — sugeriu Narcisa, tão inexpressiva que poderia estar sendo comandada por uma maldição Imperius, exceto por sua altivez.

— Essa é a missão que o Lorde das Trevas me incumbiu — disse Lucius, sem olhá-la.

— O Lorde das Trevas quer que ela esteja inteira e viva até o desfecho dessa situação — retrucou sua esposa — E você está irritado.

Por fim, o homem largou o braço de Lily, quase empurrando-a em direção à parede.

— Lavarei as minhas mãos — disse Lucius, dando um sorriso debochado.

Assim que ele sumiu no corredor, Narcisa pegou o braço de Lily no exato local onde ela estava sendo levada antes, mais delicada. Naquele meio tempo, Lily poderia ter tentado fugir, mas sabia que era inútil. Assim como sabia que, de qualquer forma, estaria de volta à sua casa, fosse qual fosse a decisão da Ordem. Ela não tomaria nenhuma.

— Tenho previsão para Junho. E você? — perguntou Narcisa, enquanto elas desciam as escadas de pedra.

Demorou para que Lily entendesse que a pergunta referia-se à sua gravidez, e surpreendeu-se ao constatar que a mulher também estava, já que sua barriga era invisível por trás do bordado do vestido.

— Eu não sei — respondeu a ruiva — Final de Julho, talvez.

— Isso é bom — disse Narcisa, olhando diretamente para o chão.

Como a porta estava aberta, Lily soltou-se, e foi para dentro da masmorra, procurando um local mais alto para sentar-se. Narcisa puxou o portão sujo com a varinha, antes de trancar a passagem.

Não apressou os seus passos em momento algum, durante a subida de escadas.

Lily respirou fundo, fechando os olhos, e apoiando a testa em seus joelhos.

— Essas pessoas mataram Marlene, mataram os seus pais — ela sussurrou para si mesma — E agora querem que você as siga? Mataram os pais do James! E estão o manipulando agora.

Abriu os olhos, já que não conseguia mais mantê-los fechados sem pensar em todos os mortos pelos Death Eaters, todas as pessoas prejudicadas nessa guerra.

— Quem é essa? — perguntou Lily, vendo como Dorcas reunia vários fotos em um montinho, enquanto Sirius estava com James no porão.

Dorcas olhou rapidamente para a foto que Lily segurava, mas antes de puxá-la para si.

— É só uma criança — ela mentiu.

E Lily conseguia ver claramente que ela estava mentindo, mas acreditar que James era capaz de fazer mal para uma criança...

Ela estava grávida!

Aquela menina poderia ser o seu filho!

James estava sendo manipulado, e ela sabia disso, mas o seu coração se negava a escutar a razão. Mesmo sendo manipulado, ele não deveria ser capaz de cometer uma atrocidade como essa. Matar uma criança, como fez naquela foto.

Imaginou o que Marlene falaria, se estivesse em seu lugar. Ou melhor, ali, ao seu lado.

— Ele não tem culpa, Lily — ela diria, e sua voz veio tão facilmente à sua mente, que ela ofegou, dolorida — Quem tem culpa disso tudo é Voldemort.

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Lily levou as mãos ao seu rosto, molhado por lágrimas que ela não conseguiu evitar. Engoliu em seco, enquanto secava o seu rosto como podia.

A partir do momento em que receberam o patrono da Srª McKinnon, Lily já sabia que nada de bom estava acontecendo.

— Eu quero ir junto! — ela gritou.

— Você não está em condições! — disse Remus, tentando tranquilizá-la, enquanto a abraçava — Sirius, nos dê notícias.

O bruxo aparatou antes mesmo que Lily pudesse reclamar. Ela bateu nas costas de Remus, que a soltou.

— Você não tinha o direito! — Lily reclamou.

— Eu poderia tê-la visto — ela disse, sentindo como voltava a chorar — Eu poderia tê-la visto pela última vez.

Desistindo de controlar-se, Lily colocou a culpa nos hormônios da gravidez, apoiando a testa novamente em seus joelhos.

— O que aconteceu? O que aconteceu? — Lily gritou, puxando e empurrando Sirius seguidas vezes.

Remus, novamente, foi ao socorro do amigo, puxando-a pelos antebraços.

— O que aconteceu? — Lily gritou, mais uma vez, sentindo as lágrimas escorrerem — Por favor! O que aconteceu?

— Ela está morta, Lily — foi Dorcas quem respondeu, enquanto que Sirius seguia para outro lado da sede, mudo — Bellatrix soltou-se dos aurores, e atacou-a em nossa frente.

Lily levantou a cabeça, quando escutou barulhos vindos do andar de cima, mas o silêncio reinou novamente depois de um tempo. Ela fungou, a cabeça em cima de seus braços cruzados.

— Recuperamos James — foi o que Dumbledore disse naquela reunião.

— Como assim? — perguntou Lily, que não sabia o que estava acontecendo.

— Ele estava lá com Bellatrix e os McKinnon.

— Ele viu tudo acontecendo — murmurou para si mesma, sem conseguir evitar.

— Ele tentou salvá-la — Remus disse, parecendo prever que ela estava culpando James por estar ali — Quando Bellatrix soltou-se, ninguém prestou a atenção, e ele alertou-a. Sirius jogou-a ao chão, mas já era tarde demais.

Marlene tinha conseguido fazê-lo se lembrar de algo, já que ele tentou salvá-la, do seu modo. Enquanto que ela só tinha despertado uma fúria contra si. Que tipo de esposa era?

— Você não deveria ter vindo aqui. Eu te avisei...

Avisou?

Em que momento?

Ele nunca chamou-a de sangue ruim, e era a primeira coisa que os Death Eaters gostavam de fazer, ao encontrar alguém como ela.

O que isso significava?

Ele tinha reconhecido-a, já que falou “Eu te avisei”.

Barulhos voltaram a ecoar na masmorra, vindos do andar de cima, e Lily encolheu-se, esperando pelo desfecho. Saltos altos desceram as escadas apressados, e Narcisa abriu o portão de ferro novamente.

— Venha comigo! — ela fez um gesto com sua mão.

Lily perguntou-se se deveria segui-la ou permanecer ali, mas não tinha outra escolha.

— Está na hora do jantar — disse Narcisa, aparentando nervosismo.

— Eu não jantarei na cela? — perguntou Lily, confusa.

— O Lorde das Trevas está certo de que você irá responder positivamente à sua proposta.

— Sinto dizer, mas o seu lorde está enganado.

Narcisa não respondeu, olhando ao redor, enquanto passeavam apressadas pelo corredor, cada vez mais dentro da mansão.

— O que está acontecendo? — perguntou Lily, olhando para trás, sendo guiada por Narcisa.

— Não se preocupe com isso — disse Narcisa — A mansão é bem protegida.

“Esse é o meu medo” pensou Lily.

Seguiram por mais algumas escadas, e Lily perguntou-se qual era o tamanho real daquela mansão.

— Não precisa ficar nervosa — disse Narcisa — Essa é uma guerra. A Ordem não é a única organização revoltosa.

“Ministério da Magia” concluiu Lily.

Foi guiada para uma das cadeiras, a qual sentou-se, enquanto Narcisa batia as suas palmas, uma contra a outra.

— Maithres, — a dona da casa disse, vendo como um dos elfos aproximava-se da mesa principal do salão — traga o jantar.

O elfo curvou-se, antes de seguir por uma portinhola oculta à parede.

Quando o olhar de Lily voltou-se para Narcisa, surpreendeu-a olhando-a ansiosamente.

— Eu vou ao banheiro — disse Narcisa, por fim.

Estava caminhando em direção à porta, mas precisou apoiar-se à parede quando um estrondo balançou a casa. Ela não olhou para trás, antes de seguir para o corredor.

Lily levantou-se imediatamente, jogando o guardanapo de pano à mesa, antes de seguir para a portinhola. Olhou ao redor, preocupada, mas não viu qualquer pessoa ou elfo por perto, estavam todos preocupados no lado de fora ou cozinhando.

Ajoelhou-se ao chão, e passou engatinhando pelo caminho, fechando a porta logo atrás de si.

A portinhola dava para um corredor estreito, mas que ela conseguiu ficar de pé com facilidade, já que o teto era alto. As costas encostadas à parede de pedra, Lily caminhou de lado para a esquerda, já que uma luz e barulhos de cozinha vinham do lado direito.

— Ai, meu Deus! — ela murmurou para si mesma, escutando mais um estrondo — Ai, meu Deus!

Para uma bruxa que tinha leves tendências claustrofóbicas, era o tipo de situação que nunca pensou ter de enfrentar, mas que não tinha outra opção. Respirando fundo, ela seguiu pelo caminho, o mais rápido que podia.

— Malditas mansões — ela voltou a dizer, ofegante — Malditas mansões de sangues puros, que não tem um mapa.

Mesmo assim, ela não podia fazer nada mais do que agradecer a Narcisa, pois ela tinha certeza de que não tinha entendido errado os sinais que a mulher deu a ela.

Talvez o fato de estar grávida fez com que ela quisesse ajudá-la, sem importar-se com o seu sangue. Muito provavelmente, devia a sua vida àquela mulher.

Outro estrondo empurrou-a para a parede à frente, e ela jogou os seus braços para a frente, evitando que as pedras atingissem a sua barriga. Esperou por mais algum tempo, decidindo manter as mãos à sua frente, em vez de aos lados de seu corpo.

Devia ter seguido por aquele caminho desconhecido por bastante tempo, até que viu um clarão surgir, e sumir na mesma velocidade. Com cuidado, esgueirou-se até encontrar outra portinhola, sentindo o chão de pedra mudar para um chão com grama.

Olhou para o seu lado direito, de onde veio, antes de abaixar-se como pôde.

— Estamos indo embora, Harry — ela sussurrou, apoiando a sua mão à barriga, antes de tomar impulso para sair.

Os jardins da mansão Malfoy eram espetaculares, mas Lily tremia pelas luzes de feitiços sendo lançados. Fechou os olhos, tentando aparatar, mas a proteção ao redor da mansão permanecia, mesmo com a invasão.

Queria ter sua varinha consigo.

Caminhou cegamente, apoiada à parede de pedra, tentando manter-se de pé diante dos estrondos e balanços que a região sofria pelo impacto dos feitiços.

Fosse Ordem da Fênix ou Ministério da Magia, Lily só precisava conseguir chegar até eles.

— Lily!

Fechou os olhos, quase chorando de alívio.

— Ruivinha! — Sirius abraçou-a com força — Vamos! Vamos!

— Estou feliz que esteja aqui, Sirius — ela sorriu.

Ele sorriu também, agarrando a sua varinha com mais força, ainda abraçado a ela, caminhando rapidamente para o lado para onde o seu grupo estava.

— Mas me diga, como que isso aconteceu? — perguntou Sirius.

— Eu estava conversando com Mary, nem lembro do quê, e de repente eles vieram — respondeu Lily, dando uma fungada — Destruíram a casa dela. Se duvidar, as plantações também.

— Eles estão bem, temos um grupo por lá também.

Somente quando passaram pela barreira de proteção que Sirius apontou a varinha para o céu, disparando algumas faíscas vermelhas. Agarrou o braço de Lily fortemente, e aparataram, ela pôde escutar sons de aparatação de todos os lados.

— Protego totallum! Salvio hexia! — Lily viu Dorcas Meadowes erguendo a sua varinha ao redor da casa, pela janela, onde estavam, assim que abriu os seus olhos — Cave inimicum! Protego horribilis!

— Dumbledore ainda não fez um Fidelius por aqui — comentou Sirius, e Lily notou que era uma casa diferente das usuais.

— De quem é? — ela perguntou.

— Minha — Dorcas respondeu, virando-se novamente para eles — Enviarei um patrono e uma chave de portal para Arabella Figg, você precisa ser verificada. Onde está sua varinha?

— Eu... Foi retirada de mim — disse Lily, engolindo em seco.

Dorcas trocou um olhar com Sirius, antes de afastar-se.

— É ela — disse Sirius, revirando os olhos.

— Façam uma pergunta — disse Lily, sentando-se em uma das poltronas.

— Moody virá logo — disse Dorcas, tranquilamente — E Veritaserum é uma poção prejudicial para a sua condição.

Resolveu não fazer caso da desconfiança dos colegas da Ordem, sentindo a adrenalina escorrer de seu corpo, sentindo-se bem mais segura, ao estar com os seus amigos.

— Como saiu de lá? — perguntou Sirius, confuso, agachando-se para chegar à sua altura — Voldemort queria que fizéssemos uma troca com James, não?

— E vocês atacaram, em vez de fazer a troca — disse Lily, admirada.

— Não vamos perder James novamente — disse Sirius, sem olhá-la — E você disse que... Faria o que fosse preciso.

— E farei.

Pôde vislumbrar um leve sorriso no rosto de Dorcas, antes de ela largar a pena em um canto da mesa de madeira, dobrando um pergaminho. Apontou a varinha para a pena, depois de enrolar o pergaminho ao seu redor.

— Está feito! — disse Dorcas, tirando um casaco, que estava jogado em outra poltrona, e jogando-o sem cuidado ao chão — Vou fazer um chá para você.

— Obrigada — murmurou Lily.

Assim que ela sumiu no corredor, Sirius voltou-se com o rosto mais sério para Lily.

— O que aconteceu lá dentro? — ele perguntou.

— Como sabiam que eu estava na mansão Malfoy? — foi Lily quem perguntou, confusa.

Sirius suspirou, olhando para a parede, antes de começar a contar.

Horas antes...

O caos aconteceu quando Alice revelou sobre a gravidez de Lily, que apenas algumas pessoas naquela sala sabiam.

— Silêncio! — gritou Dumbledore, trazendo a calma novamente.

— Albus, não pode estar pensando mesmo em fazer esta troca! — disse Dorcas, irritada.

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— E o que sugere que façamos? — perguntou Alice, ofendida — Lily está grávida! Sabe-se lá o que podem fazer com ela!

— Podemos vasculhar as memórias dele — Moody apontou a varinha para James — Podemos descobrir onde podem tê-la levado. Voldemort não é o tipo de bruxo que vá para a casa de qualquer um de seus seguidores.

— Alastor, abaixe essa varinha! — disse Dumbledore, tranquilamente — Não faremos isso.

— Ele pode usar oclumência, mas nada que algumas horas possam... — Dorcas começou a defender a ideia de Moody.

— Algumas horas? Ela poderia estar morta! — gritou Sirius, enlouquecido.

Todos calaram-se, respirando fundo, James ainda sob a mira de Moody.

— Precisamos planejar com cautela — disse Remus, controlado — Quanto tempo eles deram de prazo?

— Até amanhã de manhã — respondeu Dumbledore.

— Então a recuperaremos esta noite.

Dorcas trocou um olhar com Caradoc, também erguendo a sua varinha para James.

— Por favor, abaixem as varinhas — Dumbledore disse, mais uma vez.

— Podemos resolver isso de outra forma! — apoiou Alice.

— Eu não verei isso — murmurou Peter, antes de sair da sala, apressado e furioso.

Sirius bebeu mais um gole do seu copo d’água, deixando algumas gotas escorrerem por seu queixo, pela tremedeira de sua mão.

— Sentem-se! — ele disse, finalmente.

Os que estavam levantados, aceitaram a sugestão, mas Dorcas e Moody permaneciam com James em sua mira.

— Apenas alguns membros são de confiança o suficiente de Voldemort — disse Sirius, pegando um pergaminho e uma pena — Minhas primas mais queridas: Bellatrix e Narcisa. Bellatrix casou-se com Rodolphus Lestrange, o seu soldado mais...

— Assassino — completou Frank.

— E Narcisa casou-se com Lucius Malfoy, um perfeito puxa saco.

Escutaram como James deu uma risada anasalada, mas ignoraram a sua atitude, embora estranhassem. Não era hora para discutirem, precisavam descobrir onde Lily estava.

— E se ele resolver ir para a casa de um Death Eater mais... Ou melhor, menos querido? — perguntou Frank, franzindo o cenho levemente.

— São os mais pobres, não têm grandes posses, não têm mansões protegidas e medievais — Sirius descartou a possibilidade — É uma dessas duas.

— Os Malfoy têm uma masmorra.

Sirius virou-se, ao escutar a voz de James, um sentimento estranho entalado em sua garganta.

Foi a única coisa que ele disse.

— E se for uma armadilha? — Dorcas perguntou, sem incomodar-se em diminuir o tom de voz, os olhos bem fixos nele — Você a quer morta.

James não respondeu, mas Sirius acreditava nele.

— Mansão Malfoy, então — ele decidiu, levantando-se.

— Enlouqueceu? — perguntou Moody, incrédulo.

— É, enlouqueci.

James levantou o olhar, os seus olhos em contato com os de Sirius, aparentando estar surpreso pela situação.

— Como faremos isso? — perguntou Remus aos outros.

— Tenho alguns planos que nunca tive a oportunidade de usar — declarou Dorcas, sorrindo malignamente — Esperem um momento!

Ela levantou-se rapidamente de seu lugar, indo buscar os pergaminhos aos quais se referia.

— Você sabe onde essa casa fica? — perguntou Frank, surpreso.

— Narcisa estava noiva de Lucius desde muito antes de eu fugir de casa — disse Sirius, coçando levemente a sua sobrancelha, e sabia que James prestava bastante atenção à conversa entre eles.

— Narcisa é como Bellatrix? — perguntou Alice, curiosa.

— Não exatamente... Ela acredita no que eles acreditam, mas ela nunca foi tão radical quanto Bellatrix. Ela não gosta de sujar as mãos. De certa forma, isso a torna um pouquinho mais aceitável que os outros.

Frank sorriu com essa frase.

— Acha que ela nos ajudaria? — ele perguntou.

Sirius ficou em silêncio, observando a sua expressão.

— Ela está grávida... — ele comentou, lentamente.

Alice sorriu levemente, as suas mãos quase que automaticamente aproximando-se de seu ventre. Sirius levantou o seu olhar para Dumbledore, que assentiu calmamente, fechando os olhos no processo.

— Eu já volto — ele disse, levantando-se e seguindo pelo mesmo caminho que Dorcas e Peter seguiram antes.

Dorcas voltou logo depois, enquanto que não viram mais Peter naquela noite.

— Certo, aqui está o que vamos fazer! — ela abriu os pergaminhos, enquanto que Caradoc a ajudava, tirando os copos e secando com a sua manga o círculo de água que ficou — Obrigada, Doc.

Ele sorriu, em resposta, a mão apoiada em seu queixo, enquanto ela ajeitava tudo ali.

— Precisamos esperar por Sirius, antes de arrumar um plano — pronunciou-se Dumbledore.

— Por quê? — perguntou Dorcas, passando o dedo pelo pergaminho.

— Talvez nós tenhamos alguma ajuda de dentro.

Ela levantou o olhar, surpresa, antes de concordar com a cabeça.

— Seria ótimo se tivéssemos um mapa da mansão — comentou Remus — O ministro não costuma ter? Para qualquer dificuldade?

— As mansões sempre mudam algum detalhe — Dorcas deu de ombros — Não é como se o ministro fizesse uma vistoria adequada, ou se importasse com isso. “Privacidade” eles dizem.

Sirius retornou.

— Nós precisamos criar uma distração — ele disse — Narcisa vai mostrar um caminho para Lily, vai ser com ela.

— Ela é inteligente — disse Dorcas, sem dar importância a esse detalhe.

— E aí é com a gente!

Horas depois...

Lily assentiu, depois que Sirius terminou de contar como tudo aconteceu.

— Então, todos sabem que estou grávida? — ela perguntou.

— Sim — respondeu Sirius.

Dorcas voltou, dando uma varinha para Lily, e colocando a xícara de chá em cima da mesa de vidro.

— Tenho algumas extras — ela deu de ombros, ao ver o olhar questionador de Lily — Fique com ela! Só até você arrumar outra, pelo menos.

Lily aceitou, colocando-a de volta ao bolso.

— Não precisa nos contar o que aconteceu — disse Dorcas — Só estou esperando o sinal de Dumbledore para voltarmos para a casa de Edgar. Precisamos conversar sobre o que aconteceu, e aí você poderá dizer tudo o que Voldemort lhe disse.