Admirador secreto?

Honestidade e complicações.


Dylan sentia-se alegre. Como não estar? “Seu” – ou quase isso – Tyler havia, finalmente, após tempo demais na incerteza, decidido que queria estar com ele, de verdade. A ideia de que eram quase um casal enchia seu peito de felicidade. Mal podia esperar pelo momento em que oficializariam de vez aquilo...

Contudo, ainda tinha algo que precisava fazer, antes de se jogar de cabeça naquilo. Embora Ty ainda precisasse de um tempo para saber o que faria em relação à Lydia, ele não conseguia fazer o mesmo. Não estava mais conseguindo lidar com o seu relacionamento com Elliot. Toda vez que o beijava, sua mente o traía e seus pensamentos desviavam para Tyler. Sempre que estava com ele, só conseguia pensar no outro rapaz. Isso o fazia sentir certa culpa, ou algo bem próximo disso...

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Começara a se envolver com o amigo por achar que não teria chances de fazer dar certo com Tyler. Então, não fazia sentido insistir no namoro agora que as coisas com o de olhos claros pareciam estar se ajeitando.

Apesar disso, a ideia de ter que partir o coração do asiático, somada ao fato de que este era o seu admirador secreto, aquele que escrevera cartas tão lindas para ele... Ficava realmente chateado em não conseguir amá-lo como amava o – até o momento – namorado de Lydia.

Suspirou ao avistar Elliot no corredor, conversando com Maritza. A garota parecia dar-lhe uma bronca e isso, admitia, o deixou um tanto quanto curioso, mas não tinha tempo para isso. Precisava fazer aquilo logo.

— Elliot. – o chamou. O amigo pareceu assustar-se, quase como se temesse que ele tivesse ouvido sua conversa com Maritza. – Podemos conversar?

— Sim, hm, claro. – o asiático respondeu-lhe, nervosamente. – Você quer... Falar em particular? – olhou para Maritza, preocupado.

— Isso. – assentiu. Quando viu os olhos negros se arregalarem e Elliot engolir em seco, franziu o cenho. – Você ‘tá me escondendo alguma coisa? Por que está agindo estranho assim?

— E-Eu? N-Não! – gaguejou. – Eu só... Hm...

— Tanto faz. – Dylan acabou o interrompendo. Não fazia diferença do que se tratava, iriam terminar mesmo... – Podemos ou não conversar?

Elliot murmurou um “claro que podemos” quase inaudível e Maritza, que até o momento mantivera-se calada, anunciou que daria privacidade a eles, antes de ir andando em direção à Camilla que se encontrava do outro lado do corredor, assistindo tudo com muita atenção.

Dylan fechou os olhos por um segundo e contou mentalmente de zero à dez. Então, disse:

— Olha, não tem maneira fácil de te falar isso, então serei direto: eu quero terminar.

Elliot olhou-o incrédulo.

— O quê?! – ele exclamou, interrogativo. – Como assim? O que eu fiz? Dyl... A Camilla te falou alguma coisa? Porque se for o que eu ‘tô pensando, é menti...

— Não. Ela não me disse nada. – cortou-o, mais uma vez, entretanto, sendo um pouco mais delicado que das demais. – E mesmo se o tivesse feito, você é meu melhor amigo e a sua palavra vale mais ‘pra mim que a dela. Por mais que você esteja agindo meio estranho. Enfim, eu não quero saber o que aconteceu para você estar tão preocupado, okay? Acho que vai ser melhor ‘pra nossa amizade se fizermos assim.

— Mas... Se não tem nada a ver com isso, por que está terminando comigo? – dessa vez, os olhos do asiático marejaram. E não demorou para que a primeira de muitas lágrimas fosse derramada.

Dylan sentiu um aperto no coração ao vê-lo chorar. Era seu melhor amigo, afinal de contas... Se sentia um grande idiota e sabia que, o que diria a seguir, o machucaria ainda mais, mas não tinha outra opção:

— Eu e o Tyler resolvemos dar uma chance um ao outro. E... Ele ainda não está pronto para deixar a Lydia ir, mas... Eu simplesmente não consigo te enganar dessa maneira. – fez uma pausa. – Sabe, eu realmente amo você, Elliot... Sinto muito que não seja da mesma maneira que você me ama.

Doeu, claro que doeu. Sabia que terminariam em algum momento, no fundo, mas não esperava que seria antes de Dylan descobrir sua mentira. Era tão patético! Tyler o tinha vencido, mesmo com ele tomando a identidade de “A.S” para si.

Porém, ao olhar para o lado e ver Camilla com um sorrisinho de lado e sobrancelha arqueada, pôs-se a encenar sua melhor pose de bom amigo. Não permitiria que ela o visse naquele estado humilhante...

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— Quer saber? – forçou um sorriso. – Se é o que te faz feliz, eu fico feliz.

— Está falando sério? – os olhos de Dylan brilharam em expectativa.

— Estou sim. – mentiu. – Eu só... Gostaria de ter um último beijo. Posso?

Dyl assentiu. Era justo, de certa forma... Sentiu Elliot apoiar as mãos em seus ombros e a leve pressão dos lábios do amigo contra os seus. Não passou de um selinho, mas foi o suficiente para que o asiático se sentisse um pouco mais conformado. Dessa vez, de verdade. Dylan era seu amigo e, como Maritza vivia dizendo, se o amava mesmo, a felicidade dele importava mais que seus sentimentos egoístas.

***

Lydia estava começando a se tornar uma especialista em desaparecer pelos corredores daquela escola. Allison já havia procurado por ela em todos os lugares possíveis e ainda assim, nada. Sabia que ela tinha vindo, pois a avistara sair do carro de Tyler horas atrás, no começo das aulas. Porém, toda vez que se viam, a ruiva dava um jeito de evitá-la e sumir na multidão.

Foi quando, em desespero, resolveu checar o vestiário masculino. E não é que a amiga estava lá? Quando abriu a porta, viu os olhos verdes se arregalarem levemente e a ruiva abaixou a cabeça, em rendição. Não havia mais como fugir...

— Será que podemos ter a nossa conversa agora? – Alli indagou, séria.

— E eu tenho escolha? – um sorriso surgiu nos lábios da loira com aquela resposta e fez que não com a cabeça. – O que quer que eu diga, Allison? Eu sinto muito, okay? Sei que não deveria ter feito aquilo...

Allison não teve escolha, senão rir. Lydia olhou-a, confusa.

— Sério que está me dizendo isso, Lyds? Por Deus! Você sabe que eu correspondi àquele maldito beijo...

— Achei que o tivesse feito por pena, ou sei lá. – a declaração de Lydia a surpreendeu.

— Caramba, o que houve com a sua autoestima? – riu, nervosa. Sinceramente, não sabia o que dizer. – Certo, vamos lá... Hm, ‘pra começar: eu menti sobre nunca ter beijado uma garota antes. E foi uma mentira maior ainda dizer que te vejo apenas como uma melhor amiga, uma irmã e essas besteiras. Eu queria sim te beijar. Sempre quis. Porque eu sou apaixonada por você. Feliz?

— Isso é sério? – um sorriso enorme tomou conta da expressão da ruiva, que caminhou em direção à amiga, olhando-a nos olhos, em busca de qualquer sinal de que aquilo pudesse ser uma piada.

Allison não respondeu com palavras: beijou-lhe os lábios com delicadeza e paixão, querendo passar tudo que sentia naquele simples beijo. Lydia, obviamente, a correspondeu, sentindo lágrimas de alegria escorrerem por suas bochechas e o coração acelerar de uma forma até então desconhecida.

Contudo, a alegria durou pouco. Logo a imagem de Tyler invadiu-lhe a mente fazendo-a se afastar da loira, abrupta.

— E-Eu não posso! – exclamou. – Não posso fazer isso com o Ty.

— Você está certa. – Alli sorriu, tranquila. Passando-lhe tanta segurança que o desespero que surgira com a ideia de trair seu namorado aos poucos foi se apagando. – E eu posso esperar até que vocês dois se resolvam.

— M-Mas... – Lydia fechou os olhos com força, não querendo ver a expressão da amiga ao dizer aquilo. – E se... E se eu não quiser terminar com ele?

Oh... – Allison murmurou, sentindo a decepção apossar-se de si. – Eu... Entendo. É mais fácil ‘pra você estar com um garoto. É menos arriscado, ninguém irá querer questioná-la sobre isso. Está tudo bem.

E saiu, deixando Lydia sozinha mais uma vez.

A ruiva quis socar-se. Que idiota! Sério que deixaria seus medos a impedirem de ser feliz? Maldição! Sabia que sim. Era covarde demais para admitir a ideia de estar apaixonada por uma garota... Beijar é uma coisa. Poderia sempre afirmar estar “experimentando”, ou simplesmente jogar a culpa na bebida, agora namorar, estar junto... Isso a obrigaria a dar explicações. E ela não queria. Morria de medo disso. Podia se fazer pose de desafiadora, corajosa e forte, mas no fundo, tinha medo do julgamento.

Em seu coração, tinha plena noção de que era bi e de que estava, muito provavelmente, amando sua melhor amiga. Entretanto, sua mente insistia em lutar contra...

***

Dylan suspirou ofegante, se afastando dos lábios de Tyler, que deu uma gargalhada sedutora e perguntou:

— Com medo de sermos pegos?

— Sim. Embora não deveria ser eu quem teme que nos descubram, ‘né. Afinal, eu já me assumi e não tenho nenhuma namorada que possa arrancar minha cabeça se descobrir que eu a estou traindo. – Dyl disparou a falar, parando somente quando o ar passara a fazer realmente falta. – Se bem que, se pararmos para pensar, a fúria da Lydia também pode acabar sobrando ‘pra mim.

— Eu ia dizer isso agora, amor. – Tyler falou, ainda incapaz de tirar o sorriso bobo do rosto. Por Deus! Como estava apaixonado...

O coração de Dylan falhou uma batida ao ouvir o “amor” vindo da boca do quase namorado.

— Você me chamou de “amor”.

— É o que você é. – respondeu Tyler, trazendo-o para perto de si novamente. – O meu amor.

E beijaram-se mais uma vez.

— Eu estou tão feliz! – ele exclamou, ao afastarem-se. – Estamos finalmente juntos. Não sabe o quanto eu esperei por isso...

— Acho que eu tenho uma ideia, sim. – Dylan assegurou, rindo levemente. – Mas sabe... Ainda temos o “fator Lydia” para resolvermos.

De repente, a expressão alegre de Tyler foi substituída por completa seriedade e as mãos que antes envolviam seu corpo, soltaram-no. Dylan suspirou, antes de prosseguir:

— E nem adianta implicar, Ty. Você sabe que eu estou certo em achar essa coisa toda muito errada.

— Sim, eu sei... – Tyler admitiu, com a voz mais baixa. Ter que terminar com Lydia estava sendo uma tarefa muito mais difícil do que imaginara. A garota sempre fora uma ótima namorada e ele gostava muito dela. – Só que eu ainda preciso de um tempo, está bem? Estou meio confuso. Eu sei que te amo, mas não tenho ideia do que sinto por ela agora. E ela é uma ótima pessoa, que não merece isso que estou fazendo com ela...

— Ao menos você sabe que isso não é justo com ela! – Dylan respondeu irritado, dando ênfase na última palavra. – Realmente, Tyler. Está sendo muito injusto com ela. Apenas com ela!

E deu-lhe as costas.

— Sério que vamos brigar por isso? – Tyler questionou, pasmo.

Dylan revirou os olhos.

— Não é só isso. Eu quebrei o coração do meu melhor amigo por você. E estou aqui, pronto para me entregar completamente... Enquanto só te tenho pela metade. Me desculpa, Ty. Mas eu não posso estar com alguém “de mentirinha”. – fez aspas com os dedos. – Eu vou estar esperando, está bem? Mas até que termine com ela, não podemos ficar juntos.

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***

Camilla tinha um sorriso malicioso nos lábios. Havia conseguido com Maritza na noite anterior – que não achava justo Dylan ser iludido, acreditando que Elliot era seu admirador secreto – uma gravação de uma conversa entre a irmã e o ex-namorado de Churchill, sobre a “grande mentira” que este havia contado para conseguir ficar com Dyl.

Tinha prometido à irmã que usaria aquilo apenas para mostrar a Dylan, contudo, não via a graça naquilo. Queria ver Lydia Evans sofrer ao descobrir que seu namoradinho perfeito a estava traindo com um cara e, mais que isso, se vingar de Tyler por ousar rejeitá-la e preferir estar com outro garoto que com uma bela garota como ela...

Dava menos de um mês para ele se arrepender de suas escolhas. O rapaz não aguentaria sofrer com a homofobia dos colegas e, logo, voltaria atrás, ficando com ela de uma vez por todas.