She Will Be Loved

She always belonged to someone else


Dois meses e meio. Fazia exatamente dois meses e meio que Edward tinha me abandonado e levado uma parte minha consigo, deixando que minha rotina fosse resumida a tentar de todas as maneiras não pensar nele, ao mesmo tempo que evitava esquecê-lo. Meu pai me ameaçou com a mudança para Jacksonville, porém argumentei que poderia melhorar, por mais que nós dois soubéssemos que eu estava mentindo.

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Então, como contraproposta, ele ofereceu uma passagem de avião para Coldwater, Maine, onde minha mãe estava com o Phil. Meu padrasto viajava muito por conta de seu trabalho como jogador de beisebol em um baixo escalão. Parecia que a vida tinha dado uma volta, obrigando-me a retornar no ponto de partida: Privar minha mãe de seguir seu marido nos treinos, apenas para que eu não ficasse sozinha. Entretanto, ou era isso ou uma mudança permanente.

— Coldwater parece ser legal, por mais que seja pequena. — Reneé disse no carro. — Deve ter pessoas interessantes aqui. — apenas murmurei, concordando com s suas palavras. Ainda que a maioria delas despertasse uma chama em mim, enquanto continha indiretas sobre recomeços.

Encolhi-me, procurando por algo que me deixasse sozinha, ou pelo menos longe das pessoas que supostamente conheciam a minha dor. Vi a placa de um fliperama e pus a mão no antebraço de Reneé, chamando a sua atenção.

— Vou ficar por aqui, mãe. — avisei saindo do carro e me inclinando na janela em seguida. — Ligo quando quiser voltar.

Tentei sorrir, porém era como se o meu sorriso estivesse quebrado. Puxei o capuz de meu casaco por cima de meus cabelos escuros ao sentir as gotas de chuvas tocando minha pele e ignorei a preocupação na expressão de Reneé.

— Tudo bem. — ela respondeu com lentidão, como se analisasse a situação em que estava deixando sua filha. — Apenas me ligue.

Assenti, correndo para dentro do Fliperama do Bo - como dizia a placa - e desci as escadas, arrependendo-me automaticamente por ter pisado ali. A primeira coisa que reparei foi o cheiro de charutos e álcool, fazendo-me enrugar o nariz, além de estar cercada por homens com expressões pouco confortáveis.

Edward não iria gostar se me visse aqui. Meneei a cabeça, querendo tirá-lo da cabeça quando fui abordada por um cara. Meu peito se apertou ao reparar em seu cabelo acobreado e seu sorriso bonito. Parecia que quanto mais tentava me afastar, mais era puxada para as lembranças.

— Rainha da beleza, o que faz em um lugar desse? — questionou olhando-me de cima a baixo. — Deve ter apenas dezoito anos. — franziu o cenho. — Parece estar tendo problema consigo mesma e quer extravazar.

Antes que pudesse responder, o garoto foi interrompido.

— Rixon, deixe-a em paz. — outro garoto disse se aproximando. Diferente de seu amigo, tinha olhos e cabelos escuros, além de ser visivelmente musculoso. Lembrou-me de Emmett. Encarou-me frio. — Mas ele tem razão. Não deveria estar aqui, rainha da beleza.

— Bella — apresentei-me.

— Rixon e Patch — o loiro os apresentou.

Patch deu um passo na minha direção, gesticulando para a saída.

— Venha. Aproveite que estou de bom humor.

Assenti, querendo evitar qualquer tipo de confusão. Pensei que ele iria descer novamente depois de garantir que eu não cogitava retornar, porém ele começou a caminhar comigo pela rua com as mãos no bolso. Caminhamos por baixo dos telhados das lojas, evitando-nos molhar.

— Seu namorado está por perto?

O buraco em meu peito se alargou mais um centímetro.

— Ele foi embora. — respondi. — Ele nunca me deixaria entrar em um lugar daqueles. Na verdade, nunca me deixaria ficar desse jeito. Ele sempre esteve lá para me ajudar. — suspirei e novamente tentei compartilhar meu sorriso quebrado quando paramos na esquina. — Obrigada.

Patch pigarreou.

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— Quer ficar mais um pouco? Essa tentativa de sorriso foi horrível.

Surpreendi-me com seu comentário, pensando se estava convencendo a todos. Assenti, pensando que falar com um desconhecido fosse o melhor naquele momento. Afinal, nunca mais nos encontraríamos.

— Ele disse que não me amava. — revelei. — Uma parte de mim sabe que ele estava mentindo, mas outra se pergunta o motivo dele fazer uma coisa horrível dessas.

O olhar de Patch estava enigmático.

— Ás vezes somos obrigados a fazer coisas que não queremos.

Assenti, entendendo.

— Minha mãe quer que eu conheça outras pessoas, mas não entende que pertenço a outro.

— Olhe, nem tudo são arco-íris e borboletas — ele disse sincero. — Dói, eu sei. Mas e se ele não voltar? Sua mãe quer seu bem. Não parece, mas são concessões que nos impulsionam. Você vai ser amada. Senão por ele, por outro.

Abaixei-me no chão, querendo sentar - e encolher. Patch também se abaixou. Por mais que suas palavras fossem duras, eu sabia que ele estava dizendo a verdade. Automaticamente minha mente foi em Jacob. Ele poderia me amar.

— Tem dias que não aguento todos me pressionando a seguir em frente. — desabafei. — Escondo-me sozinha no carro, implorando para que alguém me segure toda vez que cair. Literal e figuradamente. Eu sei que tenho, mas para mim, dizer adeus não significa nada.

— Então não se force tanto a dizer adeus à ele. Quando for a hora certa, irá acontecer.

Encarei-o, querendo saber como tinha encontrado alguém que me ouvisse sem me julgar. Talvez Maine não fosse tão ruim.

— Você parece entender bem do assunto. — destaquei.

Desviou o olhar para a chuva.

— Vamos apenas dizer que já tive de abrir mão de uma coisa que amava, apenas para protegê-la. — esticou a mão, fazendo-me levantar. — Sei que é irônico dizer isso, mas quando vier à Maine novamente, procure-me. Minha porta sempre estará aberta. — apontou para o fliperama. — Tem uma janela ali, toque nela antes de entrar. Venha sempre que quiser. Pode não parecer agora, mas garanto que você será amada.

Sorri, agradecida. E pelo olhar satisfeito de Patch, esse sorriso não foi quebrado.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.