Proibida Pra Mim

81º – “Pingente negro”


Acionei o Alex.

Disse para ele que a localização do Barão já é definida e que podemos, e devemos, ir até ele o quanto antes. A satisfação e o brilho doentio em seus olhos me fizeram entender, de uma vez por todas, o quanto fui cego todos esses anos e só agora consigo que ver que minha lealdade cega a Citros só me levou ainda mais fundo no poço em que me encontro. E agora mais do que nunca tenho certeza de que quero me livrar dar correntes imundas que me prendem a ele e a Citros.

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Ele mal conseguiu esconder a euforia patologia com a possibilidade ter o Barão em suas mãos. Sem hesitar, decidiu que iremos hoje. E devo confessar que isso era tudo o que eu precisava ouvir. Já que infelizmente preciso dele e dos equipamentos físicos e humanos da Citros. Além de não suportar a ideia de passar mais um dia sequer sem saber como duas estão. Preciso vê-las e mais ainda, preciso ter certeza que estão bem.

Assim que sai da sala do Alex, mandei uma mensagem para o Felipe. Pedi que ele avisasse ao David e que preparassem tudo para hoje à noite. E que quando fosse a hora certa, eu os avisaria.

Agora, estou na frente da equipe que o Alex me designou. Lembro, por um momento, da Pilar. Cogito rapidamente a possibilidade de ligar para ela e pedir sua ajuda. Mas sei que ela irá se recusar. Ela passou os últimos dias tentando me convencer a não fazer isso. A não ir me arriscar por elas.

Mas essa não é um e nem nunca foi uma possibilidade.

Minha mente vaguei e lembro de quase não conseguir me conter quando o David disse que sabia de onde a ligação tinha partido. Minha única vontade foi, de imediato, pegar o primeiro carro e só parar quando chegasse ao destino final. Até elas.

Mas não posso. Não assim.

Vagueio ainda mais e me pego pensando que essa será a primeira missão em que não sei como agir. Por que não posso ser quem sempre fui em campo. O que eu sempre fui.

Essa missão envolve muito mais. Envolve a vida das pessoas que mais amo e eu não, e não vou, me dar ao luxo de arriscar tudo como sempre fiz. Preciso agir com toda cautela necessária para evitar que o Barão escorregue por entre meus dedos e as leve junto. Porquê se isso acontecer, sei que não teremos outra chance e jamais chegaremos tão perto dele novamente.

Trago meu pensamento para a sala, e me concentro nas palavras que estou prestes a dizer. Observo a euforia crescente no rosto de todos eles e tenho certeza que vou trazê-las de volta. Organizo cada palavra e enfatizo, a cada frase dita, que o nosso alvo é o Barão. E sem o Alex saber, instruo a todos que qualquer outra pessoa fora da equipe do Barão, deve ser ignorada.

ALICE

— Olá, filha.

Não o respondo.

A postura relaxada dele esconde uma frieza dura, que agora conheço. Ele se aproxima e sua expressão serena me deixa, gradativamente, mais nervosa. Ele se posiciona do outro lado da cama, e olha para a Paloma rapidamente.

— Devo supor que você aprendeu a última lição que te ensinei.

A lembrança dos tapas que ele me deu relampeiam na minha mente. Toda raiva que senti dele durante os últimos dias dão lugar a uma mágoa e tristeza que não consigo expressar. Meu peito aperta e sinto vontade de chorar pela morte do pai que achei ter conhecido. Mas que jamais sequer viveu.

Ele da um passo a frente, para acariciar o rosto da Paloma, e instintivamente eu faço o mesmo. Ele para e me olha. Estamos separados pela cama de casal. Ele sustenta seu olhar sobre mim e decido que não irei desviar o contato. Mas nesse momento uma tontura repentina me domina. Me agarro a lateral da cama e um cansaço abrupto domina meus músculos. Fecho os olhos com força e me concentro em manter-me consciente. Dona de mim.

Ouço sua risada baixinha.

Elevo meu foco de visão até ele e mesmo desfocada, vejo um sorriso contido no rosto dele. A medida que minha visão vai melhorando, vejo ele erguer em frente ao seu rosto uma seringa contendo um líquido que não consigo reconhecer. Ele o olha como se fosse um objeto precioso.

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— Alice, minha filhinha querida. __ ele me olha, mas não abaixa a seringa. — Passei muito tempo tentando chegar até vocês. Por vocês. Mas, também, por que preciso que você me ajude a encontrar um objeto valioso demais para mim.

Tento falar, para perguntar o que ele quer. Mas me sinto ainda mais fraca.

Ele circunda a cama e se aproxima lentamente de mim e o medo me domina. Quero me afastar. Fugir para o mais que posso dele, mas não consigo. Minhas pernas não respondem e meu corpo implora para que eu pare de tentar me esforçar.

Preciso sentar.

Quando do por mim ele já está ao meu lado.

— Preciso do meu cordão, Alice. __ ele sussurra ao pé do meu ouvido. — Você lembra dele, não lembra?

Me arrepio inteira. Fecho meus olhos e a imagem do Gustavo, sem camisa, com o pingente negro pendendo do seu pescoço me invade.

— Onde ele está?

— Eu não sei. __ minto. E minha voz arrastada é quase ruído inaudível.

— Você está mentindo, filha. __ ele arrasta a agulha da seringa pela pele da minha bochecha e meu coração dispara. — Onde está, Alice?

Não posso dizer.

Não sei o que ele quer com o colar. Mas sei que se eu disser que está com o Gustavo ele irá atrás dele. E isso eu não posso permitir. Nunca.

As lágrimas quentes escorrem pelo meu rosto.

— Eu não...

— Para de mentir! __ ele grita bem ao lado meu ouvido e segura forte com uma única mão no meu pescoço. — Eu vou te perguntar uma última vez, Alice.

— Por favor... __ minha voz é um sussurro rouco e soluços baixam escampam de mim.

— Onde está? __ a voz dele se tornou gélida como um caco de vidro cortando minha pele.

— Eu juro que...

Grito ao sentir a agulha da seringa penetrar forte o meu pescoço. Sinto o líquido ser injetado lentamente e a astenia volta a me dominar. Minhas pernas falham e ele, o Barão, me segura sem muita dificuldade. Luto para manter os olhos abertos, mas mal percebo quando sou tirada do chão e levada até a cama.

— Você poderia ter facilitado as coisas, Alice. __ ouço a voz dele e sei que está perto de mim, mas não consigo vê-lo. — Vou ter que tirar essa informação da Paloma. E lembre-se, você me obrigou a isso.

Não.

Quero gritar e implorar que ele pare. Mas não posso. Não consigo. Meus sentidos estão me deixando e sinto que estou indo junto com eles. Quero olhar para minha prima, mas meu corpo sequer me responde.

— Quando a outra acordar, me avisem.

Ouço a porta bater e todo o resto é engolido pela escuridão.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.