Proibida Pra Mim
69º Capítulo – “Acabem com os dois.”
Não dá para explicar o que estou sentindo agora.
Passei anos sofrendo por ter perdido as pessoas que eu mais amava e apesar de ter gasto tanto tempo pensando em tudo o que aconteceu, nunca consegui sequer imaginar quem poderia ter feito aquilo. Fecho meus olhos com força e sinto a camisa dele molhada quando lembro daquele homem tatuado dizendo em alto e bom som que matou minha família.
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Barão.
Respiro fundo de novo e deixo o cheiro familiar do Gustavo me trazer de volta para o agora, junto com uma ingênua sensação de segurança. Não sei a quanto tempo estamos sozinhos e não sei porquê, mas se ainda conheço sequer um pouco meu pai, sei que ele vai voltar.
— Eu sei que vocês não querem conversar. __ ele aperta ainda mais os braços ao meu redor. — Mas a gente precisa sair daqui.
Não me movo.
— Ele não vai deixar a gente sair. __ minha voz sai abafada.
— E ainda tem aqueles homens e as armas. __ ouço a voz da minha prima.
— A gente vai dar um jeito.
Fecho meus olhos de novo e me lembro de tudo o que disseram sobre meu pai. E se que tudo o que falaram sobre ele for verdade, quer dizer que ele é um homem perigoso. Me afasto do Gustavo e quando o olho lembro dele caído ao lado do Felipe com aquela arma apontada para a cabeça. Meu peito dói.
— Não quero que vocês se arrisquem.
— Eu sei Gatinha, mas a gente precisa....
— Já chega. __ a voz do meu pai ecoa dentro do galpão. — Eu voltei pelas minhas filhas e está na hora de leva-las comigo.
Baixo meu rosto e respiro fundo. Luto contra meu medo e mesmo não querendo me desvencilho do Gustavo. Olho para ele e sua expressão me pede para que eu não me afaste, mas eu preciso. Ergo meu rosto e quando vejo o Barão cercado por homens e parado perto da porta, bem na nossa frente, sinto o que nunca senti por ele: medo.
Me coloco de pé e sei que o Gustavo faz o mesmo.
Observo atentamente a imagem do homem a minha frente e quase saio correndo na sua direção, como fazia quando era criança.
Ele está exatamente do mesmo jeito.
Não consigo segurar as lágrimas e a saudade que senti todo esse tempo machuca ainda mais quando lembro que esse homem não é o pai a quem eu amei e venerei a minha vida inteira. Uma sensação angustiante de traição se apodera de mim enquanto ele me olha duro, como se eu ainda fosse uma criança e tivesse acabado de fazer besteira.
Meu coração vacila quando as lembranças dele invadem minha mente e eu quase ouço com clareza a voz dele lendo para mim, sempre o mesmo livro. Sinto meus pés darem alguns passos em sua direção e sou possuída por uma vontade avassaladora de abraça-lo, mas sou impedida quando o Gustavo agarra meu pulso.
— Você morreu__ as palavras escapam de mim. — E eu senti tanto a sua falta.
Ele me olha e sua expressão se torna mais branda.
— Não era para ter sido daquele jeito. __ sua voz agora está suave. — Aquilo tudo foi um erro.
— Eu não consigo entender. __ a voz da Paloma o faz olhá-la.
— Eu vou explicar tudo para vocês, minhas meninas. __ ele me olha de novo. — Assim que a gente sair daqui conto tudo o que vocês quiserem saber.
— Elas não vão a lugar nenhum com você. __ o Gustavo diz e puxa meu corpo até o dele.
Sinto ele apertar firme meu pulso e a expressão do Barão muda de novo, dessa vez para uma que eu não conhecia. Seu maxilar rígido e sua postura ameaçadora traz de volta o medo que senti antes. Quando os homens ao redor dele empunham suas armas eu me coloco na frente do Gustavo.
— Acabem com os dois. __ a voz dele é dura. — E as tragam para mim.
Me desespero quando vejo os homens se aproximarem com as armas apontadas para nós. O Gustavo me puxa e sei que estamos perto do Felipe e da Paloma.
— Não. __ grito.
Eles se aproximam mais e enquanto dois deles puxam a mim e a Paloma os outros voltam as miras para a cabeça dos meninos. Me debato e sinto dois abraços se apertarem ao meu redor. Ouço minha prima gritar e chorar enquanto os dois estão parados, na nossa frente, com todas as armas voltadas para eles.
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