6º Capítulo – “O que é que você está fazendo aqui?”

Já faz um tempo que estamos parados na frente da casa.

— Qual é cara, você não tá indo pra forca. __ ele falou baixo, chamando minha atenção.

— Não é tão simples Felipe, já faz tanto tempo que estive aqui... __não consigo tirar meus olhos da casa. Respiro fundo e me armo de toda coragem que posso. — Tudo bem, vamos.

Entrar na casa que deixei para trás a tanto tempo, trouxe uma mistura de saudade e tristeza. Tudo parece tão igual: a pintura tem a mesma cor azul de antes, os móveis continuam dispostos da mesma forma e estão conservados como sempre – com exceção de eletrodomésticos modernos. A escada de madeira para o andar de cima também continua igual e os quadros com fotos de todos na infância continuam lá, espalhadas pela sala e penduradas na parede.

— Vou chamar as meninas. __ mal consegui escutar o Felipe.

Toda a minha atenção está na casa. Ouvi enquanto o Felipe subiu os degraus da escada e não consegui evitar, fui até os porta-retratos. Cada foto me traz lembranças diferentes. Desde antes da chegada das meninas, até depois que fui embora. Não sei quanto tempo passou desde que o Felipe subiu, mas me dô conta de que eles estão descendo.

— Gustavo?

A voz de Paloma me fez despertar, eu mal tive tempo de virar para olhá-la quando senti o corpo dela se chocando com meu.

— Oi pirralha. __ respondi, enquanto a abraçava. Não demorou muito para que eu me percebesse que a Alice nos observava, parada ao pé da escada.

— Onde você estava? Para onde foi? Por que demorou tanto para voltar? Vai morar aqui agora, não é? __ ela me enche de perguntas.

Mas minha atenção está voltada inteiramente para a Alice. O rosto da minha gatinha não mudou quase nada, mas o corpo sim e como. Ela continua baixinha, mas o corpo criou curvas deliciosas. Com cochas grossas e seios fartos e é quase impossível não imagina-la na minha cama.

— Vai com calma Paloma, o cara acabou de chagar. __ Felipe respondeu, se adiantando.

— Tudo bem, mas eu vou querer saber de tudo! __ ela solta, deixando claro que não iria desistir.

— Oi Alice. __ falo firme.

— O que é que você está fazendo aqui? __ ela continua a mesma gatinha arisca de antes.

— Calma Alice, foi eu que convidei ele. __ o Felipe respondeu por mim.

— Isso só pode ser coisa sua, Felipe!

— Você não precisa se irritar Alice, se quiser eu vou embora. __ digo, deixando claro que não vou ficar contra a vontade dela. — O Felipe só me ligou, eu vim por que estou de férias e estava com saudades de vocês.

Ela gargalhou alto, como se eu tivesse contado uma piada.

— Você estava com saudades? __ o deboche é claro na voz dela. — Você é ridículo, vocês três são ridículos. Esse cara foi embora anos atrás e não se importou nem em dizer um até logo para nenhum de nós, muito menos para você Paloma. E vocês agem como se ele tivesse viajado por uma semana!

— Não é bem assim, prima. __ Respondeu Paloma, depois de minutos de silêncio.

— Há não? Então como é? Por que é exatamente assim que eu lembro. Mas vocês querem saber? Não me importo! E não vou ficar aqui servindo de plateia para esse circo.

Ela saiu, subindo a escada, deixando claro toda a raiva que sente por mim.