Proibida Pra Mim

32º Capítulo – “Me tira daqui, Ogro.”


— Gustavo?

Ouvir a voz de Alice do outro lado da linha, mesmo fraca, trouxe todas as minhas forças de volta.

— Gatinha? __ A única coisa que consigo ouvir são seus soluços. — Onde você está? Me diz, onde você tá?

— Eu... eu não sei... __ Ela diz, entre soluços.

— Amor presta atenção. __ Tento soar o mais calmo possível. — Eu preciso que você me diga o que consegue ver, o que tem a sua volta.

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Preciso que ela me dê alguma pista, qualquer coisa que me ajude a chegar até ela.

Ouço ela respirar fundo algumas vezes.

— É um quarto... bem menor que o meu... __ Ela soluça algumas vezes. — Tem uma cadeira e.... uma janela com grades...

Ela não consegue se segurar e deixa o desespero assumir, caindo no choro. Fecho os meus olhos e seguro o ar. Eu preciso me manter frio para tirá-la de lá, mas ouvir ela chorando desse jeito e não poder abraça-la, faz eu me sentir completamente impotente.

— Gatinha, eu sei que você tá com medo. __ Digo um pouco mais baixo. — E eu prometo, prometo que vou te encontrar, te trazer pra casa e matar esses desgraçados. Mas agora, eu preciso que você me ajude a te encontrar. Você pode fazer isso?

— Me tira daqui, Ogro. __ Mais soluços escapam dela.

— Eu vou, acredita em mim. __ Pego papel e caneta. — Agora de novo Gatinha, me descreve tudo o que você consegue ver.

Ouço ela respirar fundo novamente.

— Um quarto, pequeno. __ Ela para um momento. — Tem uma cadeira, um colchão velho, a porta e uma janela com grades.

Enquanto ela fala eu desenho um esboço no papel.

— Qual o tamanho das barras?

— Não sei... Não são muito grossas...

— Certo, faz quanto tempo que eles deixaram você sozinha?

— Uns 10 minutos. __ Ela soluça de novo.

— Você deve ter uma média de 20 minutos até que eles voltem ai. __ Digo.

— Como você sabe?

— É uma estimativa. Vá até a janela e me diga o que tem do lado de fora.

Enquanto espero alguns minutos, para que ela vá até lá e me diga o que consegue ver, vejo o Felipe e a Paloma se aproximarem.

— Não tem nada Gustavo... __ A respiração dela acelera de novo. — Só mato por todo lado e uma estrada estreita.

— Nenhum carro?

— Tem furgão. __ Vai ter que servir.

— Vou precisar que você me ouça com muita atenção, Gatinha.

Respiro fundo e planejo mentalmente uma forma de tirá-la de lá. Não sei se o que vou tentar vai dá certo, mas preciso tentar.

— Agora escuta, eu preciso que você quebre uma perna da cadeira, pode fazer isso?

—O que? Mas pra que, eu vou...

— Alice, eu preciso que você faça exatamente tudo o que eu disser.

ALICE

Estou desesperada e ter conseguido falar com o Gustavo me deu esperanças. Eu não consigo entender por que ele quer que eu faça isso e em como isso vai me ajudar a sair daqui, mas vou fazer tudo o que ele disser. Respiro fundo mais algumas vezes e espero ele falar de novo.

— Você precisa rasgar um pedaço grande do forro desse colchonete.

— Rasgar o colchonete? Gustavo, eu não consigo entender onde isso...

— Alice __ Ele me interrompe. — Só vou poder te ajudar se você fizer tudo o que eu disser.

— Tudo bem, espera.

Coloco o telefone no chão e enfio o dedo em um buraco que já tem no forro. Puxo algumas vezes até que ele seda o suficiente e comece a rasgar. Demoro um pouco para conseguir e quando termino, sinto uma dor forte abaixo do peito. Me levanto e pego o celular no chão.

— Pronto... __ Digo, ofegante.

— Você vai precisar fazer xixi nesse pano.

— O que? __ Ele só pode tá brincando comigo.

— Esse colchão provavelmente é velho, você precisa aumentar a resistência do tecido se não ele não vai aguentar.

Fiquei em silêncio, tentando regular minha respiração.

— Gatinha, eu sei que parece estranho. Mas a gente precisa tentar, é o único jeito.

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— Espera.

Coloco o telefone no chão novamente e ando com dificuldade até o canto do quarto. Coloco o pedaço do forro embaixo de mim, baixo meu short e calcinha, e faço o que ele pediu.

— O que mais você precisa? __ Pergunto assim que pego o telefone novamente.

— Quebre uma perna da cadeira. __ Ele diz, frio.

— Eu não consigo. __ Digo, me encostando na parede. — Tá doendo muito.

— Eu sei. __ Ouço ele inspirar profundamente. — Sei que você tá machucada e sei também que tudo isso é minha culpa. Mas você precisa se esforçar mais um pouco, Gatinha.

— Eles querem te matar. __ Não consigo conter minhas lágrimas.

— Eu prometo que vai ficar tudo bem... Só mais um pouquinho tá?

— Tudo bem. __ Me afasto da parede e caminho devagar até a cadeira.

— Vai fazer barulho. __ Ele diz. — Então você precisa ser rápida.

Prendo o telefone no cós do meu short, seguro firme a cadeira e bato com ela no chão uma, duas vezes, até a perna soltar. Pego o telefone e levo ao ouvido de novo.

—Pronto.

— Agora, fique de frente pra janela.

— Já estou.

— Dobre o pano no meio, passe ele em duas barras diferente e dê um nó apertado, bem próximo a grade. __ Mantenho o telefone no ouvido com a ajuda do ombro e faço o que ele pediu.

— Pronto.

— Agora coloque a perna da cadeira entre o nó e a grade e torça, até as barras se afastarem das outras.

Coloquei o telefone no short de novo e fiz o que ele pediu. Torci uma, duas vezes e as grades não se moveram. A dor agora está insuportável, dificultando inclusive minha respiração. Descansei alguns segundos e torci mais uma vez, mais outra e outra, até que o pano não esticou mais e as grades se moverem. Então eu continue, torci mais algumas vezes e vi as grades se afastarem mais um pouco e então eu cai.