Cavaleiros do Zodíaco: A Saga dos Herdeiros

Segunda Fase - Capítulo Onze. A Escuridão Eterna


Era impossível responder se aquilo era uma cegueira ou simples escuridão. Não importava o quanto Atena tentasse abrir os olhos, ela era incapaz de enxergar ou sentir alguma coisa.

— Olá – sussurrou a deusa.

Sua voz não teve eco, o que a fez chegar à conclusão de que estava em um lugar no mínimo muito amplo. Ela tateou o chão e encontrou um solo firme, gelado, rochoso e repleto de imperfeições perigosas como um coral de rochas. Pôs-se de pé lentamente. Sentiu seu corpo. Estava um pouco dolorida. Era como se tivesse sido jogada ali. Notou que ainda estava com a sua armadura.

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Atena então começou a caminhar em círculos, tateando o ar e procurando algo por onde começar a procurar. Logo ela encontrou Nike, seu báculo, e em seguida o seu escudo. Feliz, ela sentiu um alívio momentâneo ao segurar suas armas sagradas.

Ela se perfilou e tentou manter a calma. Por um momento, voltou a fechar os olhos e respirou fundo. Bastou um pouco de concentração para seu cosmo divino fluir do seu corpo com facilidade. Começou a queimá-lo da maneira mais intensa possível. Quando abriu os olhos, imaginando que seu cosmo estaria iluminando o seu caminho, nada havia mudado. Ela ainda estava mergulhada na escuridão.

O pavor tomou conta dela por alguns instantes. Em uma segunda tentativa, seu cosmo explodiu poderosamente. Mas fora tudo em vão. Mesmo seu cosmo divino era incapaz de iluminar aquela escuridão.

De repente, Atena escutou um movimento.

– Olá? – Perguntou ela. Dessa vez mais alto, mas não teve resposta.

Ela tentou caminhar em direção ao som usando o seu cetro como uma vareta.

— Por favor, tem alguém ai?

Nada.

Logo ouviu outro estalito vindo de outro lugar próximo. Um arrepio subiu pela sua espinha. Ela segurou o cetro mais próximo da ponta, tentando cobrir uma distância maior, até que empurrou algo macio. Esticou a mão. Tentou alcançar e sentiu: era uma pessoa.

Atena se afastou.

— Quem é você?

Sua pergunta ficou no ar e nenhuma resposta veio. Ela estendeu sua mão novamente, tentando alcançar a pessoa a sua frente. Mas quando tocou o ser diante dela, seu susto foi tão grande que caiu para trás. O pavor tomou conta do seu coração. Ela então correu entre as rochas perigosas. Tinha certeza que a pessoa na qual tocara não estava viva. O toque fora frio, úmido e a pele parecia ter se desprendido.

De tempos em tempos, Atena caia, se recompunha e voltava a correr, mas logo ela esbarrou em outro morto. Ela berrou tão alto quanto pode e mudou de direção. De nada adiantou, pois logo se encontrou com outros dois. Ela esbarrava em mortos a cada sequência de passos, tirando-os do caminho com o cetro o quanto podia. Ela continuou correndo e chorando, até que percebeu que seu desespero era em vão.

Atena, uma vez sábia e poderosa deusa, sentiu-se uma criança perdida em um mundo gigante e desconhecido. Cercada de gemidos e ocasionais sons de pedras rolando, Atena se via tomada pelo pavor. Era como se tivesse esquecido como manter a calma, incapaz de manter sua razão, era como se aquele lugar tivesse lhe roubado suas faculdades, retirando até mesmo sua divindade. Seria isso? Teriam os deuses retirado meu poder?, pensou.

— Atena – disse uma voz sussurrada que parecia vir de todas as direções. Era uma voz andrógena, que transmitia certo prazer, como se um assassino estivesse falando ao pé do ouvido de sua vítima.

— Quem é você?! Por favor, eu imploro, me tire daqui! – Clamou a deusa.

A voz então disparou um gemido alto, fazendo Atena se encolher no chão mais uma vez.

— Fraca – disse a voz sibilante. – Muito fraca.

— Por favor... – implorou Atena em prantos.

— Imaginei mais força – disse a voz. – Imaginei resistência.

Num momento de lucidez, Atena lembrou que a voz estava certa: ela podia ser mais forte que aquilo.

— Quem é você? – Perguntou ela limpando o rosto. Tinha agora uma voz mais segura, mas ainda trêmula.

— Deus – Disse a voz, a única coisa capaz de ecoar naquele lugar. – Um verdadeiro deus.

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Atena apoiou-se em Nike e se levantou.

— Foi... Foi você quem me jogou aqui? – Perguntou a deusa, esforçando-se para não gaguejar.

— Sim – respondeu a voz. – Não.

Atena tentou pensar no que significaria aquela resposta, mas não chegou à conclusão alguma. Ao menos estava pensando em algo.

— Como assim, o que significa isso?

— Eu abro portas – respondeu a voz lentamente.

— Mas não é quem faz atravessar – concluiu Atena, recuperando um pouco de sua confiança. – Você pode me tirar daqui? Abrir a porta mais uma vez?

— Muitas perguntas. Nenhuma resposta. Poucas soluções.

Atena, recuperando seu ânimo e sua força, se manteve firme.

— Isso significa que pode, – constatou a deusa – mas não quer.

— Não é significado o que deve buscar. Não é a mim que deve perguntar.

— Última pergunta – disse Atena. – Que lugar é esse?

Subitamente, um vento forte empurrou a deusa.

— Sou eu – disse a voz ainda mais forte, mas ainda lenta e ofegante. – Mais distante que o Inferno. Mais próximo que seu coração. Casa dos deuses depostos. Esse lugar é a escuridão. Esse lugar, eu sou. Eu sou...

... o Tártaro!