De Outro Mundo

Na Caverna


Justin e Arck ficaram chocados ao ver o caminho que a garota abriu sem querer.

— Você deve ser MESMO muito poderosa, hein? - Comentou o mais velho. O outro por sua vez, foi correndo em direção à trilha. Não tinham tempo a perder. Alex, igualmente surpresa, foi seguindo eles mais para trás, cautelosamente, com um pouco de medo de si mesma.

Quando os três chegaram na beira da gruta encrustrada ao pé da montanha, tudo o que viam à frente era penumbra. Tentaram acender a ponta de suas varinhas, mas ninguém teve êxito. Justin experimentou um outro feitiço com suas próprias mãos, mas não aconteceu nada. Tremendo um pouco pelo frio que soprava lá de dentro, ele constatou:

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— O lugar deve realmente ser esse. Parece que o poder da pedra é tão forte que anula qualquer outra magia ao redor…

— Tirando a Alex. - Arck comentou olhando direto para a garota, sem disfarçar.

— Hey, mas os meus poderes também não estão funcionando agora! - protestou ela agitando a varinha, nervosa.

— Bem, digam o que quiserem, mas eu acho que está provado que vocês dois são os que devem ir na frente. Eu fico aqui mais perto da entrada, de olho no caminho de volta para que não se feche.

Justin e a garota trocaram olhares desconfiados pela decisão evasiva de Arck. Mas não tinham tempo para questionar. Naquele momento era tudo ou nada. De qualquer forma ele ajudou-lhes a chegar ali, não ajudou? Então, respirando fundo, eles entraram.

Deram uns dez passos devagar sem enxergar nada. Até que, no que Justin se adiantou um pouco para tatear as paredes, dezenas de fogos fátuos se acenderam no alto da fenda rochosa, iluminando todo o espaço.

— É, acho que foi melhor você ter vindo do que o Arck. - Alex comentou com um riso fraco. Justin também riu de leve enquanto continuava avançando, procurando manter o foco.

O espaço continuava adentrando a montanha em caminhos turvos e falhos. Eles precisavam de bastante cuidado para caminhar, mas a preocupação com a existência de muitos feiticeiros pelo mundo (e com a própria) era maior do que o clima sinistro do lugar. Sendo tomada por uma sensação de culpa e ansiedade avassaladora, de repente Alex falou:

— Justin, me desculpa…

— Alex, eu sei que você não teve real intenção de aniquilar nada. Eu briguei com você porque fiquei muito nervoso e…também… - Nisso ele foi interrompido.

— Sim, a gente brigou demais! Eu sempre brigo demais com você! Desculpa por agir assim. Eu sou uma hipócrita porque, embora odeie admitir… - ela baixou os olhos antes de completar - eu gosto de você.

Justin parou brevemente de caminhar.

— Como é? Foi mal, acho que não entendi bem.

— Eu não queria admitir mas disse que.. gosto de você e… - Nisso Justin deu uma risada acalentadora.

— Relaxa, eu entendi sim. Só queria ouvir de novo.

Continuaram indo em frente, ficando em silêncio de novo. Alex lançava um olhar de incredulidade para a nuca do colega que ia à sua frente, se perguntando se tinha sido uma boa ideia se abrir ali, quando o rapaz respirou fundo. Com a voz um pouco incerta, ele tentou começar:

— Bem… Eu também… te irritei bastante… quero dizer, eu fiz por onde… Argh! O que estou tentando dizer é que.. - Nisso ele se concentrou e mandou rápido - eu também gosto de você, muito mais do que devia, já que a gente compete entre si, mas o fato é que eu fico tentando fugir disso e disfarçar as coisas e…. acabo sempre te irritando. - Era tão difícil para Justin se abrir que ele deu até um suspiro quando terminou de falar.

— Como é? Acho que eu não ouvi? Pode repetir? - Alex comentou rindo.

— Nem morto!

Nesse momento, os dois, que continuaram seguindo adiante enquanto conversavam, tiveram que parar, pois a frente havia uma descida acentuada, pedregosa e bastante instável. Ao fundo, era possível ver um forte brilho violeta.

— Acho que encontramos ela. - Alex constatou. Ela ia seguir rápido na direção do objeto chamativo, mas Justin segurou-a junto dele.

— Cuidado!

No lugar onde ela tinha pisado, o solo simplesmente desmoronou. Preocupado, Justin declarou que ele devia ir lá, sozinho.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Você tá maluco?! Essa caverna vai soterrar você!

— Eu já li sobre cavernas mágicas. Se eu for pelos cantos, por baixo dos fogos fátuos, o risco é menor. Principalmente se for só um.

Novamente angustiada, Alex perguntou se ele tinha certeza, no que respondeu baixinho, já se adiantando para frente:

— Eu espero.

Assim, pé ante pé, devagar, ele foi se apoiando pelas paredes úmidas tomando muito cuidado para não sair da trilha dos fogos. O garoto suava, mas seguia em frente. Alex, nervosíssima, deu um grito quando ele teve que se abaixar para se esquivar por pouco de alguns pedregulhos que rolaram bem na direção de sua cabeça. Com a respiração pesada, ele continuou abaixado, pois sabia que quanto mais se aproximasse da pedra fundamental, mais hostil a caverna devia ficar. Quando estava alcançando a pedra, colocando os dedos nela, praticamente, algumas estalactites desmoronaram do alto da gruta, acertando-lhe de raspão e empurrando a pedra mágica para a outra direção. Mais perto de onde Alex estava.

Machucado e preocupado Justin gritou para que Alex esperasse ele voltar, mas ela já estava com os nervos à flor da pele por só assistir, e praticamente pulou para o vão onde a delicado e poderoso objeto tinha caído. No fundo, ela sabia que a responsabilidade era só dela. Ela se arranhou um pouco ao cair ali, e teve de se segurar firme num pico na parede, para não se estabacar. Ao se recompor, percebeu a pedra ao alcance da mão. Mas precisaria se esticar. Fechando os olhos, então ela alongou o braço, segurando o objeto e esperando pela queda iminente.

Mas não aconteceu.

Quando deu por si, estava sendo puxada para cima pelos braços retesados de um arfante Justin. Vendo de perto os cortes que ficaram na pele dele, ela exclamou preocupada, depois de erguida.

— Seu doido, você podia ter morrido pra voltar correndo aqui!

Ele, apesar de tudo, deu um sorriso genuíno de triunfo, olhando da pedra para os olhos grandes de Alex, tão próximos.

— Eu não podia deixar você cair.

Inebriado de adrenalina, puxou o rosto dela para mais junto do seu, no que a garota cedeu seus lábios de encontro aos dele, num beijo apaixonado.

O objeto mágico estava seguro entre as mãos juntas dos dois, incrementando a cena a cena com seus raios violeta.