It's All About Jily

Selection!AU - Redhead Cinderella


Redhead Cinderella

O príncipe James Potter, de Illéa, não gostava de se imaginar como um príncipe. Claro, tinha toda a vantagem de uma vida luxuosa, sem se preocupar se ficaria sem dinheiro amanhã. Mas tinha coisas que ele realmente não suportava, como amizades falsas, pessoas interesseiras e, claro, ter cuidado com tudo o que fazia. Um único tropeço e as pessoas poderiam ficar furiosas com ele.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Seu pai estava começando a ficar estressado. O povo estava começando a ficar estressado. Ninguém estava satisfeito com o sistema de castas. Isso sem contar os rebeldes, que aumentaram o número de ataques ao castelo. Por esse motivo, Fleumont Potter achou que seria uma ideia incrível usar o seu filho como solução para esse problema e organizar uma Seleção para ele.

James estava aborrecido desde o inicio dessa palhaçada toda. Ele gostava da ideia de ter trinta (ou menos. Ele não tinha certeza, não prestou atenção no falatório de seu pai) garotas bonitas e jovens no castelo, de forma que ele pudesse sair com qual ele quisesse sem se preocupar se a outra ficaria com ciúmes. O que o aborrecia era saber que, no final de tudo, ele estaria com um anel no dedo anelar.

Seu pai não compreendia o por que de James não querer se casar, porém, era algo simplesmente óbvio. Ele era jovem, ainda tinha muito o que viver, diversas experiências cujo queria passar, lugares diversos no mundo para visitar. Se casar significava assumir o lugar de rei, e isso era a última coisa que ele queria em toda a sua vida. Desde pequeno, ele tinha como objetivo retardar aquele acontecimento o máximo o possível. Mas, a vida não foi gentil com ele, de forma que seria rei, provavelmente, em exatas três semanas.

Logo no inicio da competição, ele eliminou dez participantes. Sentiu uma tremenda dor no coração quando uma das garotas (Mary, ele acha que era o seu nome) desabou em lágrimas. Mesmo ela tendo partido com um sorriso leve no rosto, James não deixou de sentir o remorso e a culpa caindo sob os seus ombros. Uma semana depois, ele eliminou mais dez, e assim foi prosseguindo até que restassem apenas quatro participantes.

Ele estava em seu quarto, franzindo a testa enquanto escutava seu melhor amigo, Sirius Black, falar sem parar sobre algum assunto aleatório. Estava refletindo sobre as garotas que restaram na competição, suas qualidades, seus defeitos, suas castas, como se sairiam como rainhas e como governariam Illéa.

Marlene McKinnon foi a primeira que veio a sua mente. Ela era uma jogadora de vôlei da casta dois, filha de um par de políticos influentes e famosos. Muito bonita, bronzeada, com longos cabelos castanhos e olhos da mesma cor. Lembrava do seu primeiro encontro com ela. Um pouco peculiar, porém, interessante: um jogo de vôlei, um contra o outro. James detesta admitir que perdeu feio para ela naquele dia. Embora ele gostasse muito dela, Marlene seria uma péssima opção para rainha. Ela era explosiva e impaciente. A mídia estaria sempre caindo em cima de Marlene por sua personalidade.

Dorcas Meadowes era o seu segundo pensamento. Era de uma casta mais baixa do que a de Marlene, sendo ela de casta três, filha de um psicólogo e uma advogada e possuindo o sonho de se tornar uma famosa cineasta. Dorcas era a única loira na competição, com longos e lisos cabelos dourados como o sol e olhos azuis. Seu primeiro encontro com Dorcas foi ao ver um filme. Ele não entendeu o filme muito bem, mas, Dorcas falou o tempo inteiro de como era um tremendo clássico. Era peculiar a forma como ela ria em piadas próprias de cineastas, que os telespectadores comuns nunca entenderiam. Dorcas era doce e gentil, porém, James não gostava ela como uma namorada. Ela era quase como uma irmã menor.

Emmeline Vance era estranha, porém, de um modo bom. Ela era filha de um engenheiro e uma cineasta (James ainda ri quando lembra a reação de Dorcas quando a loira descobriu que estava em frente a filha da lenda que era Marlee Vance), sendo da casta três e uma (provável) futura veterinária. Emmeline tinha algo curioso que atraía James, e não era os seu curto e sedoso cabelo loiro ou os seus misteriosos olhos cinzentos: ela fazia de tudo para vencer. Claro que ela não esnobava as outras participantes (aliás, ela tinha uma ótima relação com Dorcas e Marlene), mas Emmeline era ambiciosa e tinha classe. James adorou o primeiro encontro com ela nos estábulos, porém, Emmeline já estava riscada da lista de possibilidades. Ele tinha medo dela tentar matá-lo enquanto ele dormia.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

E havia Lily Evans. A sarcástica, estressada e independente ruiva que, até aquele momento, fez com que ele passasse noites acordado pensando nela. Lily era simples. Não viveu no luxo que Emmeline, Dorcas e Marlene viveram, afinal, ela era uma simples secretaria da casta seis. Lily não gentil calma como Dorcas, esportista como Marlene ou ambiciosa como Emmeline. Lily era tudo isso junto e muito mais, de uma forma cinco vezes encantadora. Seu primeiro encontro com Lily foi repleto de indiretas, insultos e sarcasmo. “Não se iluda.”, ela havia afirmado. “Estou aqui apenas pela comida.” Lily tinha um jeito próprio de ser que qualquer um eliminaria a garota na primeira semana. Porém, James não era qualquer pessoa.

Ele tinha quatro ótimas opções, todas com os seus defeitos. Marlene era bruta, Dorcas não sabia a hora certa de escutar, Emmeline era excessivamente ambiciosa e Lily era extremamente desconfiada. Por outro lado, Marlene saberia facilmente como organizar Illéa. Dorcas era carismática de um modo que todos a amavam. Emmeline tinha uma ótima lábia. E Lily? Lily era apenas… Lily. Ela não era a favorita da Seleção, mas, ainda assim, era a que conseguia hipnotizar James de uma forma que nem ele mesmo conseguia acreditar.

Em mais uma das noites pensando sobre aquele assunto, James suspirou, cansado, passando a mão pelo cabelo negro já bagunçado. “Maldita seja a seleção.” ele pensou, mal-humorado.

***

James suspirou enquanto escutava Sirius falar. Seu pensamento ainda estava distante, pensando em quem seria a escolhida para ser a sua rainha e governar ao seu lado. Há dois dias atrás, Dorcas foi mandada embora. Ela fez bico e lhe deu um beijo na bochecha. O desejou boa sorte e disse que quando ela lançasse o seu primeiro filme, ela queria ele na estreia. James riu e acenou, observando a loira se afastar.

— Cara, você está me escutando? – perguntou Sirius, arqueando uma das sobrancelhas e encarando o melhor amigo.

— O que você disse? – James franziu a testa.

— Essa Seleção está arruinando a sua mente. – Sirius revirou os olhos. – Você não responde mais o que eu falo! Estou vendo a hora de seu cérebro entrar no piloto automático.

— Pela primeira vez em toda a história da humanidade, você está certo. – James revirou os olhos, o deboche claro em sua voz. – Eu não sei qual escolher! Marlene é bruta, porém, gosta das mesmas coisas que eu. Emmeline tem uma ótima lábia, mas aquela garota me dá medo. E Lily… Eu teria escolhido Lily desde a primeira semana, mas ela parece me considerar apenas um amigo!

— Você não parou para pensar que ela pode agir dessa maneira apenas por que você é o príncipe? – Sirius arqueou uma das sobrancelhas, encarando James como se aquilo fosse uma coisa óbvia. – Se você fosse apenas “James”, ela talvez gostasse de você. Talvez ela esteja apenas com medo de toda a responsabilidade de ser rainha e ter toda a mídia cuidando de sua vida.

— Mas eu não posso mudar isso! – James jogou os braços para cima, exasperado. – Se eu tivesse um irmão, poderia renunciar o trono, porém, não é esse o caso!

— Você é um idiota completo. – resmungou Sirius, revirando os olhos. – Por que você não faz um baile de máscaras? Você usa uma peruca, roupas diferentes e finge ser só uma pessoa comum. Diga no anúncio que todas as atuais selecionadas tem como obrigação comparecer. Com o disfarce, você tentará fingir ser alguém normal e conquistar a Evans. E com isso, você ainda irá aproveitar para ver se as outras meninas gostam de você por ser você mesmo ou se gostam de voce por ser o príncipe.

James franziu a testa, encarando o melhor amigo por alguns momentos. Era realmente uma boa ideia, aquela. Afinal, se Lily não queria ficar com ele apenas por que ele era o príncipe, aquele era o momento de lhe mostrar que James e o príncipe Potter não era diferentes pessoas, porém, sim as mesmas.

— Quem diria. – disse James com um sorriso de lado. – Você conseguiu ter uma boa ideia, afinal.

— Zombe o quanto quiser, pateta. – rosnou Sirius, cruzando os braços orgulhosamente. – Eu dei essa ideia, quero créditos no final dessa loucura.

— Isso não importa agora. – James deu de ombros, sorrindo. – Eu tenho um baile para organizar até o final da semana.

***

Lily, incrédula, encarava Marlene. A menina mais baixa havia se tornado uma ótima amiga desde que elas chegaram no castelo, sendo que, embora levemente violenta e de temperamento forte, Marlene era uma ótima pessoa, sempre ao lado de Lily. E isso incluía naqueles momentos, em que noticias chocantes eram contadas.

— Recapitulando. – Lily tirou uma mecha ruiva do rosto. – O maluco disse que ia fazer o quê nesse Sábado?

— Um baile de máscaras. – repetiu Marlene, olhando para as unhas. – E todas as atuais selecionadas deverão comparecer.

— Isso é uma tremenda estupidez! – Lily exclamou, exasperada, jogando os braços para cima em sinal de aborrecimento. – Aquele irresponsável não tem mais nada para fazer?!

— Disso eu não sei, mas tenho a certeza de que esse baile tem algum objetivo. – A mulher menor franziu a testa, se inclinando para a frente. – Pense comigo, Lily, use essa sua cabeça de vento! Por que o príncipe gostaria de fazer isso, sendo que em nenhuma outra seleção um baile de máscaras foi feito.

— O que você acha que ele quer com isso? – Lily arqueou uma das sobrancelhas, confusa.

— É óbvio que ele irá querer selecionar alguma garota, sua imbecil! – exclamou Marlene, incrédula, batendo levemente na cabeça da ruiva. – Alô, tem alguém aí?! Terra chamando Evans! Acho eu que isso é praticamente transparente!

— Você é tão delicada que me dá arrepios. – A ruiva suspirou, passando a mão pelo cabelo que caía em seu rosto repleto de sardas.

— Eu sei disso. E é por esse motivo que eu sei que James não irá me escolher. Não sou a favorita da mídia, pois todos gostam de princesas delicadas, doces e sem nada no cérebro. Porém, Narcisa saiu da Seleção há muito tempo, então, a mídia vai ter que se contentar conosco. Será você, Dorcas ou Emmeline, com certeza. De preferência, você, é claro.

— Eu?! – Lily então começou a gargalhar. – Potter nunca iria me escolher. Sejamos realistas, Lene, a rainha de casta mais baixa foi uma Cinco. Eu sou uma Seis. Acha mesmo que eu serei escolhida? E acima de tudo, eu estou em último lugar em questão de popularidade. A mídia e o povo não gostam de mim.

— Porém, James gosta. Você já observou como ele olha para você? Quando ele te olha, parece que ele está vendo um elefante dançando frevo em um desfile de Natal em plena Ação de Graças.

— Frevo? O que é isso?

— Não faço a mínima ideia. Apenas achei essa palavra em um dos livros de história do meu pai. Acho que era uma espécie de dança. Mas enfim, esse não é o ponto! O ponto da conversa é que ele provavelmente é apaixonado por você.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Sim, claro, e eu sou jogadora de basquete, inclusive. Ele não está apaixonado por mim. Ele iria preferir Dorcas ou Emmeline, ambas de famílias ricas.

— Mas Lily…

— Lene, pare de ficar me empurrando para o príncipe! Ele provavelmente não gosta de mim, e se for para ser assim, eu também não irei gostar dele. Seremos apenas amigos e a história irá acabar aí! Eu posso até ser obrigada a ir ao baile, porém, eu vou usar um disfarce. Não sou obrigada a sair com o porco-espinho.

— Tudo bem, já que você quer assim. – Marlene suspirou. – Mas saiba que está perdendo uma grande chance. Você não sabe se James realmente gosta de você, e poderá perder o resto de uma vida de luxo por causa dessa sua teimosia. Sinceramente, Lily, você parece mais um…

— Não me chame desse apelido.

— Poste congelado.

— Eu te odeio!

— Eu sei disso. – Marlene sorriu largamente, cruzando os braços. – Eu sei disso.

***

A música era possível ser escutada de todos os cantos do enorme salão de bailes. As diversas pessoas ali eram muito importantes e conhecidas, sem contar que eram ricas, é claro. Ali também estavam reis, rainhas, príncipes e princesas de diversos outros países distantes, cujo você não conseguiria nem pronunciar os nomes.

Diversas pessoas da realeza se perguntavam onde estava o príncipe. Afinal, ele havia organizado o baile, sendo que ele não havia sido visto no salão em momento algum. Porém, eles não faziam a mínima ideia de que o príncipe estava ali, contudo, conversando apenas com três especificas garotas.

Ele vestia uma máscara escura e que lembrava uma caveira, semelhante às que você encontrava nos antigos livros de história, máscaras essas que diziam ser usadas em um feriado antigo chamado “Dia dos Mortos”. Seu terno era igualmente escuro, com detalhes dourados e brancos. No baile, existiam diversas máscaras e fantasias, algumas muito criativas e outras comuns. Porém, nenhuma conseguia se comparar a sua, cujo todos os que olhavam paravam para admirar.

Ele, entediado, olhava ansioso para os lados, fingindo estar prestando atenção no que uma moça ao seu lado falava. Ele não prestava atenção em nenhuma daquelas que tentavam se aproximar dele, apaixonadas, apenas esperava a hora em que ela colocaria os pés naquele salão. Ela não poderia faltar, afinal, todas as selecionadas deveriam ir.

James suspirou, falando uma desculpa esfarrapada para a garota e se afastando, a deixando levemente magoada. Ele caminhou até os jardins do castelo, o lugar que era, atualmente, considerado o mais bonito de toda propriedade. Ele então sentou em um banco, que ficava de frente para as rosas brancas, suspirando logo em seguida. O que havia de tão errado nele para que Lily não quisesse nem lhe dar uma chance?

— Você está bem? – ele ouviu alguém perguntar.

Ele olhou para o seu lado, franzindo a testa. Ao seu lado, se encontrava uma mulher de, aproximadamente, a sua idade. Seu rosto era pálido e repleto de sardas, e a sua máscara era branca com detalhes verdes, detalhes esses que conseguiam realçar os seus olhos verdes como esmeraldas. Seu cabelo era longo, cacheado e negro, preso em um rabo de cavalo. E seu vestido branco com detalhes dourados faziam com que ela lembrasse uma duquesa. Ele suspirou.

— Não exatamente. – James resmungou, encarando os seus sapatos. – A garota que eu gosto não parece gostar de mim. Na realidade, tem algumas vezes em que ela parece apenas me odiar.

— Acho que eu passo por algo parecido. – A garota sorriu fracamente, se sentando ao seu lado no banco. – Eu até gosto de um garoto, mas… Acho que ele é muita areia para o meu caminhão.

— Ele deve ser um grande idiota. – ele riu. – Você é muito bonita.

Ela riu, porém, corou fortemente. James ouviu atentamente a música que tocava no salão, que estava metros longe deles. Ele então se levantou do banco e estendeu a mão para ela, que o encarou, confusa.

— Será que você gostaria de me conceder uma dança? – James perguntou, sorrindo levemente.

— Por que não? – ela respondeu, rindo.

Ela então segurou a sua mão, de forma que os dois dançaram pelo jardim, as estrelas brilhando naquele céu escuro. A música, mesmo longe e baixa, poderia ser escutada em bom som pelos dois. James não conseguiu tirar os seus olhos dos dela, tão bonitos quanto uma esmeralda.

Com o tempo, a música pareceu mais envolvente. Foi como se o ambiente estivesse começando a desaparecer. Era quase como se apenas existisse os dois, naquele momento. E, talvez, existia. Lentamente, os seus rostos se aproximaram. Os lábios dela tocaram os dele, o envolvendo em um beijo apaixonado.

Ela então arregalou os olhos, finalmente percebendo o que ela estava fazendo. Ela então se afastou rapidamente, engolindo em seco. Oh, céus, ela pensou. O que eu acabei de fazer? Olhando para o relógio, ela exclamou:

— Parece que está tarde!

— O quê? – James franziu a testa, confuso. – Mas… Não faz nem trinta minutos que você está aqui. Por favor, fique apenas mais um pouco.

— Eu não posso. – ela murmurou. – Eu realmente tenho que ir.

E dizendo isso, ela se virou, se preparando para começar a correr na direção oposta. Porém, ele segurou a sua mão, fazendo com que ela olhasse para trás, confusa.

— Eu poderia ter a honra de saber qual o seu nome? – James perguntou.

Ela hesitou, o encarando. Com um sorriso leve, ela sussurrou:

— Talvez algum dia.

E dizendo isso, ela começou a correr em outra dimensão, deixando James com a sensação de como tivesse acabado de vivenciar um sonho, que acabou por terminar antes dele conseguir saber o final. Ele ficou congelado, olhando para o local de onde a mulher havia desaparecido, como se esperasse que ela voltasse a qualquer momento. Porém, sua atenção foi desviada para o chão, onde se encontrava um sapato de salto alto.

James franziu a testa, se ajoelhando e pegando o sapato, para que conseguisse o olhar melhor. Parecia que a mulher, ao fugir, acabou deixando o sapato. Ele era muito bonito e, provavelmente, caro, sendo preto com alguns detalhes dourados. James arregalou os olhos ao perceber a marca daquele sapato: Gryffindor. E dentro dele, havia escrito: “modelo único”. Aquela marca era de propriedade da rainha Euphemia, que a criou apenas para uso próprio e para presentes para outras pessoas da realeza. E aquele modelo foi um dos usados para os sapatos e roupas das selecionadas.

Um sorriso leve e esperançoso se formou no rosto do príncipe, agora, futuro rei. Aquele sapato pertencia a uma das selecionadas. Ele não sabia se ficava assustado ou animado com a perspectiva de que, em breve, teria um anel de ouro em um de seus dedos.

***

James tentava ignorar a gargalhada de Sirius, que parecia se divertir com a situação. Em uma tentativa de fingir que o seu melhor amigo não estava zombando dele, ele observava atentamente o sapato em suas mãos, como se fosse um objeto verdadeiramente valioso. E, talvez, ele era.

— Espere, explique isso novamente. – Sirius exclamou, limpando as lágrimas nos cantos dos olhos. – Você quer dizer que ela fugiu?!

— É, Sirius. – James revirou os olhos, suspirando. – Ela fugiu. E deixou o sapato.

— Isso é como em Cinderela. – Remus franziu a testa, tirando os olhos do livro que estava lendo por um momento.

— É, e James é a fada madrinha. – zombou Sirius, começando a gargalhar novamente.

— Sirius, eu estou falando sério. – James o encarou severamente. – O que vocês acham que eu tenho que fazer?

— Veja qual é a selecionada dona do sapato. – Remus respondeu como se aquilo fosse uma coisa óbvia. – Quero dizer, a rainha mandou fazer os sapatos de tamanhos específicos, sob medida. Nem um milímetro maior ou menor. Aquela em quem o sapato encaixar perfeitamente será a dona do sapato.

— Posso fazer uma piada antes do James ir procurar o amor de sua vida? – Sirius sorriu de lado.

— Não pegue pesado, por favor. – James suspirou.

— Sabe por que ela fugiu? – O moreno cruzou os braços, segurando a risada. – Ela te achou tão feio com a máscara que ficou com medo de saber como você seria sem a máscara.

— Por que eu ainda ando com você? – resmungou James, que logo ficou incrédulo ao ver Remus tentando segurar a risada. – Até tu, Remus?!

— Desculpe-me, mas essa foi muito boa. – ele disse, ainda rindo. – Enfim, acho melhor você ir logo. Quanto mais rápido essa Seleção terminar, melhor será para todos nós.

James apenas revirou os olhos, observando seus dois melhores amigos ainda rindo. Aquele definitivamente seria um longo dia.

***

O príncipe encarava a porta de madeira, suando frio, o sapato em suas mãos. Em exatas duas horas, ele havia perguntado a Emmeline, Marlene e Dorcas se aquele sapato era de uma delas. Marlene revirou os olhos e disse que nunca iria usar um salto alto. Dorcas disse que todos os seus sapatos eram de cores brilhantes e vivas. Emmeline arqueou uma das sobrancelhas e disse que ficou doente naquele dia, de forma que conseguisse autorização para não ir até o baile de máscaras.

Sendo que ele havia questionado todas as selecionadas, havia restado apenas uma: Lily Evans. Ele estava nervoso e ansioso, quase desmaiando na perspectiva de que poderia ter beijado Lily na noite anterior. Ele então respirou fundo e bateu na porta do quarto, engolindo em seco, sentindo quase o coração sair pela boca. Alguns poucos minutos se passaram até que Lily abrisse a porta.

James a encarou por um momento, sem saber o que dizer. Ela arqueou uma das sobrancelhas e cruzou os braços, claramente demonstrando o seu questionamento sobre o por quê dele estar ali. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e ela vestia um vestido simples, quase como se ela estivesse se preparando para sair.

— O que está fazendo aqui? – ela o questionou.

— Eu queria te devolver isso. – ele murmurou, lhe entregando o sapato, de forma que ela o olhasse de forma chocada. – Acho que você esqueceu ele ontem de noite.

Lily encarou o sapato, chocada, as palavras engasgadas em sua garganta. Ela realmente não sabia o que dizer naquele momento. Seus olhos verdes iam do sapato até o rosto de James, que tinha um leve e nervoso sorriso presente no rosto.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Você era ele? – ela sussurrou, chocada, o encarando. – Foi você que dançou comigo ontem a noite?

— E, aparentemente, foi você que me abandonou. – ele disse, rindo.

— Oh, Merlin, eu sinto muito! – ela exclamou, corando fortemente. – Eu fiquei com medo. Você sabe, é uma regra. Nenhuma selecionada pode se relacionar com outro homem que não seja o príncipe, enquanto ela estiver participando da Seleção.

— Bem, vossa alteza, eu lhe dou o meu perdão. – James debochou, fazendo com que Lily gargalhasse, porém, parando um momento, refletindo as palavras dele.

— Espere um momento! – ela falou, franzindo a testa. – “Vossa alteza”? Esse é um cumprimento utilizado apenas com príncipes e princesas.

— Exatamente. – James sorriu para ela. – Eu sei que levou um bom tempo, porém, eu finalmente cheguei a um resultado. Eu quero que você seja a minha princesa e esposa, Lily.

— Mas eu nem sou de uma casta alta! – Lily jogou os braços para cima, exasperada, fazendo com que o sapato parasse do outro lado do quarto. – Eu não irei saber como governar esse país! Nós vamos acabar entrando em crise, falência! E os seus pais, eles provavelmente não irão aprovar a sua escolha!

— Lily, está tudo bem. – ele murmurou, se aproximando dela. – Eu te amo. Podem cair meteoros na Terra, mas eu apenas quero ficar ao seu lado. E se você não quiser se tornar a minha esposa, tudo bem, eu irei respeitar a sua opinião.

A ruiva o encarou por um momento, incrédula. Eram poucas as vezes em que Lily não sabia o que dizer, e uma daquelas vezes era aquela. Ela não tinha a certeza de como poderia reagir, não sabia como poderia agir naquele momento. Um leve e fraco sorriso se formou no seu rosto quando ela, hesitante, disse:

— Tudo bem, porco-espinho. Eu aceito.

E dizendo isso, ela o beijou, de forma que ele ficasse em choque por um momento, porém, logo em seguida, retribuindo o beijo. O casamento dos dois ficou marcado como sendo um dos maiores da história da humanidade. Diversas pessoas importantes foram convidadas, assim como pessoas cujo ninguém sequer sabiam da existência também ali estiveram. Marlene, Dorcas e Emmeline também estiveram lá. E no lugar de uma chuva de arroz, choveram lírios, em homenagem a pessoa que mudou a vida do príncipe James Potter para sempre.