Up to no good

Sonhando acordado


POV Tiago Potter
​Assim que acordei no sábado de manhã, tomei um banho demorado, coloquei o uniforme e tentei pentear o cabelo. Tudo isso enquanto os garotos ainda estavam dormindo.
​- Olha ele, todo arrumado! – Sirius ri enquanto tenta ajeitar a gravata. – Vai falar com a Lily, hoje?
​- Vou. – Respondo olhando para Remo que parecia prestes a vomitar. – Cara, você está bem?
​- Meu dia favorito no mês está chegando. – Ele diz com a voz falhando e os cabelos bagunçados caindo em seus olhos.
​- Achei que você odiasse a lua cheia. – Pedro diz.
​- Ironia, Pedro, ironia... – Falo rindo.
​Saímos do quarto juntos conversando até o salão principal, onde vi Lily junto as amigas, mas tentei ignora-la.
​O dia passou tão devagar que já estava cansado de sequer piscar os olhos, quando as aulas acabaram, corri para o dormitório, onde peguei a capa de invisibilidade, o mapa dos marotos e um livro de runas antigas e corro para a biblioteca.
​Como havia previsto antes, Lily estava sentada sozinha de frente para uma mesa tomada por livros, penas e tinteiros e pergaminhos. Não pude evitar sorrir.
​- E aí, ruivinha? – A cumprimento puxando o livro de sua mão. – Estudando muito poções? Eu posso te ajudar, sou o mestre em poções.
​- Em que você não é mestre, não é mesmo Potter? – Ela pergunta irônica e tentando recuperar o livro de minhas mãos. – Eu preciso estudar, por favor me entregue o livro.
​- “Para fazer uma poção do amor, você vai precisar de duas asas de morcego, um pedaço de seu amado”... – Paro de recitar a poção de livro e sorriu para ela. – Pensando em me enfeitiçar, Evans?
​Ela ri.
​- Se prestasse atenção nas aulas saberia que teremos que fazer essa poção corretamente na próxima aula do professor Slughorn. – Se defende a ruiva desviando os olhares de mim. – E o meu nome é Lilian, não ruivinha, nem qualquer outro que você invente.
​- Tudo bem, tudo bem, me desculpe.
​Ela me escuta e toma um susto, me olha com os olhos arregalados e com as bochechas coradas. Sorriu para ela.
​- Você acabou de me pedir desculpas? – Ela pergunta surpresa. – O que você quer, Potter?
​- Lily, por favor, saia comigo.
​- Estou saindo com o Finn, você sabe disso. – Ela responde com um suspiro. É impressão minha ou ela não parece tão feliz com isso.
​- Não, não, saia comigo, sem segundas intenções, eu prometo!
​Ela me olha desconfiada novamente e se levanta da cadeira onde estava sentada. Fecha o livro e vem para perto de mim de braços cruzados e meu Deus ela é a pessoa mais bonita que eu já vi na vida.
​- Tudo bem, você tem até a hora do toque de recolher. – Ela diz com um sorriso divertido no rosto. – E eu exijo o melhor encontro sem segundas intenções que os bruxos já viram!
​É isso. Minha primeira, e provavelmente única, chance de impressiona-la. Eu coloco essa garota no pedestal dês de que temos onze anos, preciso dela.
​Seguro a mão de Lily e a puxo para fora da biblioteca. Corremos juntos até um lugar mais vazio próximo ao lago. Com um aceno de varinha, arrumo uma toalha para forrar na grama e uma cesta de piquenique aparece em nossa frente.
​- Tudo bem, o que você prefere, Manteiga de amendoim ou geleia?
​- Manteiga de amendoim COM geleia, sem dúvida alguma.
​Abro um sorriso e a entrego o sanduiche.
​- Meu Deus, isso está maravilhoso! – Ela diz enquanto morde um pedaço, - Não sabia dos seus dotes culinários, Tiago.
​- Nem eu sabia que você conseguia ser tão fofa comendo. – Comento a deixando completamente vermelha. – Desculpe, sem segundas intenções.
​Passamos durante um bom tempo naquele jardim, conversando besteiras e percebi que em todos aqueles anos eu nunca tinha tido uma conversa inteira sem xingamentos com a Lily, e ali, naquele dia, ela tinha os olhos ainda mais verdes, cabelos ainda mais sedosos e vermelhos, o rosto ainda mais corado e sorridente, ela era ainda mais bela.
​Ainda estávamos ali no jardim quando o sinal soou mais alto que nossas vozes e os alunos começaram a se dirigir para dentro do castelo.
​- Logo hoje que eu estava gostando de conversar... – Lily fala se levantando para organizar as coisas. – O tempo passou voan...
​A interrompo jogando a capa de invisibilidade sobre nos. Nunca estivemos tão perto, sentia as batidas de seu coração próximo ao meu, seus cabelos ruivos balançavam batendo contra meu rosto.
​- O que é isso? – Ela pergunta assustada.
​- Uma capa da invisibilidade. – Digo rapidamente. – Ainda não estava pronto para deixar esse encontro terminar.
​- Como assim, Potter?
​- Você não vai dormir até eu te levar para uma volta na vassoura. E se eu fosse você nem começava com as reclamações, sou o melhor piloto de vassouras dessa escola, até mesmo melhor que aquele tal de Finch.
​- Finn. E você sabe muito bem disso. – Ela corrige rindo. – Foi muito legal, mas eu tenho que ir.
​Ela começa a andar, mas novamente a puxo para perto de mim.
​- Accio vassoura! – Falo alto e em bom som. Segundos depois a vassoura pousa ao meu lado. – Vamos lá, ruivinha.
​- Não posso fazer isso. – Ela sussurra ainda embaixo da capa. – Eu tenho medo de altura e de voar em uma vassoura.
​- Lily, confie em mim. – Subo na vassoura e estendo a mão para a garota. – Você não vai cair.
​Ela me olha amedrontada, os olhos verdes me encarando. Pisco e estico a mão mais uma vez para ela. Por fim, Lily segura minha mão e sobe na vassoura atrás de mim. Ela envolve minha cintura com os braços e sinto seu rosto pressionado em minhas costas.
​Jogo a capa por cima dela, caso alguém visse, só eu levaria a culpa. O que eu posso dizer, sou um tremendo de um cavalheiro.
​Nos impulsiono com os pés e a vassoura começa a voar baixo. Lily se aperta mais contra mim e fecha os olhos com os cabelos balançando pelo vento.
​Voou ainda mais alto. Rondo o castelo acelerando cada vez mais. Lilian atrás de mim, continuava abraçada contra mim e com os olhos fechados.
​- Lily, abra os olhos, você não sabe o que está perdendo. – Falo baixo. – Você não vai cair, eu não deixaria isso acontecer.
​Ela abre os olhos devagar e quando olha em sua volta, solta uma gargalhada. Ela me abraça mais forte e faz algo que eu nunca em toda a minha vida imaginei a verdadeira (a que não está nos meus sonhos) Lily fazendo: beija minha bochecha.
​- Essa vista é incrível, não é? – Pergunto para ela desacelerando a vassoura para conseguir olhar em seus olhos na frente do salão da Grifinória. – Essa vista é uma das razões para eu amar tanto quadribol.
​- Essa vista me dá náuseas! Estamos a quantos metros do chão? – Ela pergunta ainda rindo. – Não, não vou pensar na altura, vou pensar em como isso é lindo.
​Deixo ela aproveitar a vista durante o tempo que ela quer, até pararmos na frente da janela do dormitório de Lily, onde todas as suas amigas já estavam dormindo.
​- Está entregue.
​- Você conseguiu. – Diz a garota sorrindo para mim. – Foi o meu melhor encontro sem segundas intenções, que os bruxo já viram.
​Ela se inclina um pouco para abrir a janela, mas mais uma vez a puxo a fazendo olhar para mim.
​- Estou me sentindo um pouco culpado. – Digo acariciando seu rosto. – Disse que não tinha segundas intenções, mas eu tenho.
​Tiro os fios ruivos de cabelo do rosto de Lily e me aproximo dela devagar. Seus olhos verdes se fecham e sinto suas mãos passeando pelo meu cabelo preto e arrepiado. Envolvo sua cintura com os braços e colo meus lábios no dela.
​Lilian Evans é a pessoa mais doce, delicada que já vi, e estar ali, a beijando era um sonho. Quando nos separamos, aliso seus cabelos e a beijo mais uma vez. E outra, e mais umas vinte vezes.
​- Tiago, eu tenho que ir. – Lily fala encostada em meu peito, com as pernas balançando para fora da vassoura estabilizada no ar.
​- Você já falou isso mil vezes nos últimos dois minutos. – Respondo a beijando de novo.
​- Tá, mas dessa vez é sério! – Ela fala. Sorri para mim e beija minha boca. – Seja bonzinho e aproxime a vassoura da janela o máximo possível.
​Faço o que ela pede e Lily pula da vassoura para dentro do quarto pela janela aberta. A beijo uma última vez e espero ela fechar a janela para sair de lá.
​Vou direto para o meu quarto, pulo em minha cama, jogo a vassoura para um lado e sorrio antes de dormir pensando na melhor noite da minha vida.

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