O amanhã sempre chega
Abandono
Um filho, uma responsabilidade. Será que eu conseguiria? Será que eu teria forças o suficiente para ser uma boa mãe, uma boa esposa? Meus traumas não atrapalhariam e se eu tivesse o mesmo fim dos meus pais? Se separarem por falta de força e de amor. Eu sei bem como Ehtan e eu ficamos, senti na pele a agonia que foi suportar a mente de uma garoto deturbado e inconsequente, sem freios, sem carinho, sem amor e muito menos sanidade. Eu não queria ser assim, não queria parar assim.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Elisa, Elisa. - Kevin me chamava. Estávamos em seu carro, eu e ele atrás e seus pais na frente. Em direção a casa de meu pai. Iriamos abrir o jogo com ele.
— Desculpem eu...
— Tudo bem querida. - a mãe de Kevin tomou a palavra. - É normal se preocupar, inda mais tendo que expor muitas coisas. Difíceis até.
— Eu acredito, meu erro foi grande. - eu baixei a cabeça, estava envergonhada demais para encarar eles ainda mais o meu pai. - Ainda mais depois de tudo que o Lenny fez para mim. - Kevin apertou a minha mão e me lançou um sorriso.
— Tudo bem, não foi apenas seu o erro. Foi nosso erro. Então temos de lidar com isso de maneira adulta. Vamos assumir e encarar as consequências. - ele me tranquilizou.
— Isso mesmo filho, seja homem. - o pai dele completou.
Apesar de tudo eles não pareciam irritados com o loiro, apenas tensos e não sabiam bem como agir assim como nós dois. Segundo Kevin eles cometeram um erro parecido e acabaram fugindo disso e as consequências foram tensas. Então eu acredito que no fim eles não queriam que a história se repetisse.
Chegamos a casa do meu pai no horário que eu sabia que ele estava. Ehtan abriu a porta e nos deixou entrar, os cumprimentos foram iniciados e meu pai estranhou logo de cara tanta gente assim. Sentamos, ele logo foi direto ao assunto.
— O que você fez Elisa? - ele vociferou.
— Bem, senhor Dicksen, não foi apenas ela quem fez. Nosso filho também tem culpa...
Meu pai logo entendeu do que se tratava ele não era nenhuma criança.
— Não diga que, não Elisa, logo você. Droga garota. - ele se levantou e andou de um lado para o outro na sala. Não era hora de chorar, não agora. Não podia ser fraca naquele momento. Eu fiz a besteira eu tinha de lidar com isso. - De quem é? Desse moleque aqui? O que ele fez por você além de te...
— Meça as palavras senhor. - a mãe de Kevin interviu. - Ele não é nenhum moleque. Se fosse teria ido embora deixando a sua filha da maneira como está e não trazendo os pais para tentar ter uma conversa amigável.
— Amigável? Chama isso de amigável? - meu pai ria descrente. - Você sabe que ela namora? Ou namorava. - ele parou do nada e foi como se o questionamento que queríamos saber viesse a tona. - Lenny! Onde ele está de verdade.
Ele avançou em mim e me pegou pelos braços me balançando com força.
— Solta ela pai. - Ehtan se meteu, mas dessa vez ele teve ajuda de Kevin e do seu pai que seguraram o meu.
Não, eu não vou chorar.
— Eu não sei onde ele está pai.
— Você é uma puta. Isso sim que você é. Uma puta que não sabe sossegar e vai saindo com qualquer infeliz que aparece pela frente.
Você tinha um homem Elisa, um homem e não um menino mijão que não sabe o que merda quer da vida. E você troca.
— Cala a boca pai. - Ehtan gritou. E meu pai parou e olhou para nós e deu uma risada sarcástica.
— Não quero mais nenhum dos dois aqui. Vão embora, vão. - ele começou empurrando meu irmão que se livrou do seu enlace. Os pais de Kevin já estavam se dirigindo a porta e eu fiquei no meio da sala na esperança que ele mudasse de ideia.
— Não mandei você ir embora? Está surda? - Senti Ehtan tocar meu braço.
— Vem Elisa. - ele me chamou gentilmente.
— Olha bem Elisa, não volte mais aqui. Viva sua vidinha de merda e aguente as consequências de seus atos. E quando tudo cair e esse ser que está ao seu lado não for homem para te sustentar não venha choramingar atrás de um de verdade. Por que você foi idiota o suficiente por trocar uma vida por uma noite. - e ele fechou a porta nos deixando daquela maneira.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Eu não tive forças e me sentei no chão. Respirei fundo e quis chorar, mas prometi a mim mesma que não o faria. Olhei para os pais de Kevin que estavam agachados perto de mim, assim como ele.
— Se acalme querida, isso tudo pode não fazer bem para o nosso neto. - ela sorria e acariciava os meus cabelos.
— Vem Elisa. - Ehtan me ajudou a levantar.
— Desculpa Ehtan. Você foi expulso de casa por minha culpa.
— Não diga isso. Vai dar tudo certo. - ele olhou para os presentes. - Vocês querem ir falar com a nossa mãe agora?
— É a próxima parada. - o pai de Kevin disse passando as mãos pelo rosto.
— Então vamos.
Ehtan passou a morar conosco. Ele dividia espaço comigo e estava sendo essencial naquele momento da minha vida. Ele me dava atenção e cuidava de mim quando Renan não estava. Kevin estava sendo ótimo. E isso eu tinha de admitir. Mas eu sentia que faltava aquele apoio e no fundo eu me sentia ruindo.
Não tive sequer uma noticia de Lenny e até pensei que o senhor Elvis ligou pra mim ou não disse nada. O silencio em muitos casos era o mais assustador. Meu irmão tem uma cópia da chave da casa do meu pai e ele trouxe suas roupas e pertences de volta. Ele parecia bem feliz com tudo aquilo apesar de ser expulso e ter de parar a escola e o trabalho.
Leonardo arrumou um emprego pra ele em uma lanchonete e parecia que ele estava se saindo bem. Os dias iam passando e passando.
E minha barriga ia crescendo ao mesmo passo do que a de Tayla também. Ficamos juntas várias vezes ao dia e estávamos indo até bem.
Mas eu ainda achava que nada estava nos eixos e queria demais pelo menos saber alguma coisa sobre Lenny. Eu tentei ligar para ele várias e várias vezes e não era atendida. Não tinha coragem de encarar o meu pai de novo e da maneira como tudo aconteceu naquele dia a cinco meses atrás eu sabia que ele não seria receptivo a mim. Minha mãe foi quem me mostrou ser uma coisa diferente. Ela estava sempre presente e dando conselhos e atenção pra mim. Assim como sua namorada que estava animada em ser vó pela primeira vez na vida. Aquilo era estranho de toda forma, de se ouvir, ver e presenciar. Mas elas estavam lá. Enquanto em algum lugar meu pai se revoltava com tudo.
Eu sabia que nada seria fácil e tinha de encarar de frente o peso do meu pecado. Encarava bem os enjoou, os mal estares que sentia assim como os exames incômodos ou todo o procedimento que viria. Eu estava preparada para receber essa criança e ama-la, estar ao lado dela para o desse e viesse. Para o meu atual noivo tudo parecia ser muito bom, seus pais estavam ao seu lado e sempre que eu precisava um deles, os dois ou o filho deles ia comigo a um médico ou algo parecido. Não me faltava alimentos bons assim como qualquer assistência. E o momento mais lindo de todos foi quando eu descobri que seria um menino.
— É um menino. - todos os nossos amigos comemoravam e eu estava animada também.
— Precisa ser um nome lindo. - Laís disse me abraçando. - Já pensaram em algum?
— Ainda não. - eu disse. Estava desanimada. A gravidez e os problemas me consumiam, mas eu iria aguentar.
— Gosto de Pedro. - sugeriu Renan.
— Pedro lembra pedra. - Leonardo rebateu. - Escolham outro.
— Ricardo. - Daniel sugeriu
— Não. É nome de amante. - Leonardo de novo. - Outro.
— Samuel? - Hirome sugeriu.
— Não, não. Muito comum.- Leonardo rebateu.
— Espera, espera. O filho é meu Leonardo, não é seu não. Já parou para escolher o nome dos seus gêmeos antes de escolher o nome dos filhos dos outros? - Kevin rebateu e todos nós rimos.
— Sim, Aira e Allen. - todos aplaudiram. Sabíamos que vindo do Leonardo deveria ter sido algo pensado por tempos.
Aquele momento estava bem alegre e descontraído e no fim ainda não decidimos o nome do bebe. Combinei depois com Kevin que ele escolheria e no dia do nascimento da criança.
Alguns reprovaram e outros não. Mas eu estava apreensiva, como se sentisse que algo muito ruim viesse a acontecer.
Por Elisa Ann Dicksen.
Fale com o autor