Cross The Line

Capítulo 3 - Duas mosquinhas na teia da aranha


Quinta feira, 3 de setembro,

Aula de Feitiços.

Fala sério, a gente percebe que poderia ter tido um pouquinho mais de férias quando ainda é o segundo dia de aula e você já está atrasada nas lições.

Tudo bem que estamos no ano dos N.I.E.M.s, mas seria de se esperar que tivéssemos pelo menos um pouco de descanso na primeira semana. Quer dizer, a Profa. McGonagall quase ocupou toda a minha agenda só com as tarefas dela, e ela sabe (bem, ela é a minha professora, ela tem que saber não é?) que eu sou péssima em transfiguração e preciso de mais de uma semana para praticar qualquer coisa que ela peça. E o Prof. Slughorn? Eu realmente achei que ele gostasse de mim. Mas se ele realmente o fizesse, não pediria uma redação de dois rolos de pergaminho sobre os usos da Pedra de Gwynteh. Quer dizer, eu acho que nem pra falar dois pergaminhos sobre a Pedra de Gwynteh. É só uma pedra idiota que cura uma febre mais idiota ainda – que você só pega se nadar com algas venenosas por mais de duas horas, mas sério, QUEM vai fazer isso?

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Mas tudo bem, hoje vou para a biblioteca depois do jantar e juro que só saio de lá quando tiver terminado tudo. Mesmo porque, posso copiar a redação do Prof. Slughorn de um livro, porque tenho quase certeza que ele não as lê. E eu copio as coisas bem rápido, então eu já terei uma tarefa a menos para fazer.

Eu ainda tenho que organizar as coisas para a primeira reunião de monitores do ano. A Profa. McGonagall falou que tem que acontecer obrigatoriamente em algum momento nessa semana, o mais rápido possível. Acho que tenho que montar o calendário de rondas do mês e etc. Parecia tão fácil ser monitora quando não era eu que precisava organizar tudo!

Mas tudo bem, vou dar um jeito de fazer tudo se encaixar. Vou conseguir estudar e ser uma boa monitora chefe.

E agora...Ah não, Prof. Flitwick! Por favor, não passe lição você também!

Droga.

Parece que eu vou ter que ficar mais um pouquinho na biblioteca. O que, se você pensar bem, não é tão ruim. A sala comunal fica muito barulhenta durante a noite (por causa de um certo grupo aí) e não consigo me concentrar. Eu sei que não gosto muito de estudar sozinha, mas pelo visto vai ser o jeito. Quer dizer, não vou estar completamente sozinha. Terei a companhia da minha querida Madame Pince. Mesmo que às vezes eu faça um pouco de barulho (tudo bem, foi só uma vez, e foi porque Emmeline estava contando uma história muito engraçada) e ela xingue tanto que eu não consiga entender – quer dizer, ela começa a misturar inglês e francês, é meio impossível de se compreender . Mas agora que estarei sem ninguém, vou ficar quietinha e vou ser o modelo perfeito de como uma estudante de Hogwarts deve ser.

— James falou para você onde iria hoje? – Lene sussurrou enquanto Flitwick escrevia alguma coisa na lousa em cima de seu banquinho (sério, é tão engraçadinho ele usar esse banquinho pra lá e pra cá).

Eu a encarei com uma expressão completamente nula e levantei a mão com a palma virada para cima. Eu não tinha nem reparado que Potter não estava na sala de aula. O que, olhando em volta rapidamente, percebi que era verdade. Black e Pettigrew estavam praticamente dormindo na última fileira, e Remus bocejava muito, mas estava acordado o suficiente para anotar algumas coisas.

— Marlene, porque raios James Potter ia falar para mim onde ele iria? Nós não somos amigos, esqueceu?

— Não sei, ué. Achei que tinha falado alguma coisa durante a reunião de monitores. – ela deu os ombros, mordendo a ponta da pena.

— Nem marcamos a primeira reunião ainda. Como é que você não percebeu isso? Eu moro literalmente no seu quarto – falei, enquanto copiava o que o professor Flitwick escrevia. Lene deixou a cabeça tombar, fazendo uma cara exagerada de tédio. Ignorei. – Enfim. Estou pensando em marcá-la sábado de manhã, o que acha? O pessoal vai querer me matar?

Ela se virou para mim de supetão.

Eu vou te matar! Sábado é o teste para o time de quadribol! Você sabe que eu preciso que esteja na arquibancada para me acalmar!

Eu permaneci com a mesma expressão, mas por dentro revirei os olhos. Quadribol era emocionante e tals, mas os testes e treinos eram um porre. Marlene exigia minha presença em quase todos eles, mas eu não acredito que eu realmente faça alguma diferença.

Mesmo assim, tentei explicar que podia ser difícil arranjar outra data para a reunião, já que estava atrasadíssima em todas as tarefas (o que eu não tenho certeza se ela entenderia, porque ela também não tinha começado a fazer nenhuma). Fora isso, ainda precisava começar a escrever a redação de Poções para amanhã. E se você quer saber, Marlene já estava no time com absoluta certeza. Potter só fazia esses testes por mera formalidade.

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Quando falei isso pra ela, ela balançou a cabeça.

— Não é não. Hannigan se formou ano passado, lembra-se? Precisamos encontrar outro batedor. Jam- digo, Potter me disse que talvez aquele aluno do quinto ano, o Cleant, se daria bem. Mas não sei, ele me parece muito fraco para ser um batedor. Não parece, Lils? – ela perguntou, me olhando com as sobrancelhas arqueadas. Eu concordei com a cabeça, mesmo não fazendo ideia de quem era Cleant e/ou de como o físico de um batedor deveria ser.

Não que isso significasse alguma coisa. Marlene era magrinha e (aparentemente) mirradinha, mas ela tinha uma força tremenda e um soco extremamente dolorido. Sei disso porque uma vez me recusei a levantar da cama e ela apelou à força bruta para me tirar de lá. Nunca mais faço isso.

— Escuta, eu te ajudo a estudar hoje, você faz a reunião amanhã à noite e sábado você vai comigo no teste, ok? - ela continuou. Confesso que me fez considerar, Lene era muito boa em Transfiguração, e ela poderia me ensinar. Em Poções, nem tanto. Era capaz de eu ter que ajudá-la. Mas não concordei de imediato, não queria que ela pensasse que eu era assim tão fácil. – Que que custa, Evans...?

Balancei a cabeça, pensativa. Tsc, menina tola, utilizando chantagem emocional, me chamando pelo sobrenome. Ela sabe que eu não gosto.

Mas acabei concordando. Eu até poderia usar esse tempo livre na arquibancada para fazer os exercícios de Herbologia.

Viu só? Eu FALEI que já estava me estressando logo na primeira semana de aula.

Olha, preciso ser sincera que de todas as minhas atividades, assistir os treinos de quadribol é a mais desnecessária no momento. A não ser que Potter escolha alguém bem bonitinho para ser o outro batedor. Porque aí eu vou ter muita motivação para ir assistir os jogos.

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Mais tarde,

Aula de História da Magia.

Alguém deveria dar um toque ao Prof. Binns.

Tipo, nada demais, só um “Ei parceiro, não está na hora de se aposentar e curtir o restinho dos anos dourados?”. Não é por nada, eu só me preocupo com a saúde e a idade avançada dele. Quer dizer, hoje ele começou a tossir tanto que achei que iríamos presenciar uma cena trágica ali mesmo.

Não que a sua quase-morte tivesse algum efeito na aula, porque ele simplesmente parou de tossir e continuou a falar da rebelião dos centauros de 1422.

Sério, chocante.

Enfim. Potter acabou de chegar super atrasado na aula e se sentou ao lado de Marlene. Ela o encarou como se esperasse uma resposta exata, mas ele balançou a cabeça negativamente. Então ambos aproximaram o rosto e começaram a sussurrar.

Como que um menino que no mesmo dia faltou à primeira aula, perdeu metade da segunda e ainda por cima fica conversando com a colega (e atrapalhando nós, os outros alunos que querem aprender sobre o líder da revolta dos centauros) foi escolhido Monitor Chefe, hein?

E o que eles tem de tão importante para conversar que não pode esperar o intervalo?

Não que eu seja curiosa nem nada, mas talvez se eu me inclinar assim eu consiga ouvir o que eles estã-

Droga.

Fui descoberta.

Filipe Darkhour, o primeiro centauro a propor a unificação dos povos e a divisão das terras mágicas da Escócia, foi expulso do bando e morto por gigantes em 1431. Filipe não esperava mudanças imediat-

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Mais tarde,

Almoço.

Marlene me interrogou o caminho inteiro do primeiro andar até aqui sobre o porquê de eu estar parcialmente inclinada em cima dela durante a aula. Eu disse que era para ver a lousa melhor. Ela disse que não fazia sentido, porque o Prof. Binns não escreve nada na lousa há anos (com ênfase nos “anos”). Mas aí eu mostrei minhas brilhantes anotações sobre o centauro Filipe (feitas de última hora) para provar que minhas intenções eram puramente acadêmicas.

Não sei se colou, mas ela não me perguntou mais nada depois disso.

Mas também, nós já estávamos na porta do salão principal e ela nunca fala muito quando tem comida por perto.

Confesso que ainda estava um pouco curiosa para saber o que eles tinham conversado tanto, então tentei introduzir o assunto casualmente, tipo “interessante a aula hoje, não é? E aquela parte que o professor falou sobre a tomada de terras mágicas? Você não achou interessante, Lene? Não? Não ouviu? O que você estava fazendo para não ter ouvido essa parte tão importante da história?”; mas ela só engasgou com o seu arroz de tanto rir e disse que já era um milagre não ter dormido.

O que, tecnicamente, era verdade.

De qualquer maneira, eu não pude continuar o assunto, porque Emmeline e Dorcas Meadows, a monitora lufana que anda conosco às vezes, aproximaram-se de nós. Dorcas estava toda esbaforida e ligeiramente vermelha. Antes que eu perguntasse o que estava acontecendo, ela anunciou para quem quisesse ouvir:

— Sirius Black é um imbecil!

Marlene deu os ombros e começou a fazer montinhos de feijão por todo o prato. Eu balancei a cabeça e a olhei. Ofereci um bolinho de arroz para ela, que pegou e enfiou na boca de qualquer jeito.

— Isso já sabemos – falei, empurrando o prato do almoço e pegando uma tigela para me servir do sorvete de creme. – O que ele fez agora?

— Aquela anta— ela falou, tão irritada que nem se importou que estava voando arroz da sua boca para todo lado – falou para quase todos os alunos do primeiro ano que é muito agradável nadar no lago negro. No lago negro! Estão entendendo o que isso significa? Eu passei a última hora tentando impedir crianças de pular nos tentáculos da lula gigante!

Eu tentei não rir, para demonstrar minha solidariedade à Dorcas. Mas a imagem dela puxando crianças pela gola me fez engasgar com o sorvete.

— Arg, às vezes eu queria que os monitores pudessem deixar os alunos em detenção. – ela falou, cruzando os braços e batendo os pés furiosamente.

Eu estava prestes a fazer um comentário inteligente, dizendo que os monitores podiam sim deixar os alunos de detenção até 1921 (vide Hogwarts: Uma História) quando a porta do salão se abriu e por ela passaram Remus e Peter, rindo alto. Eu não sei qual era a piada, mas assim que viram que nós estávamos os encarando, eles pararam de sorrir. Na mesma hora.

— Oi meninas – Remus cumprimentou, passando por nós e sentando-se uns dois lugares para o lado. Ele evitou contato visual direto com Dorcas, que o olhou de uma maneira que eu tenho certeza que se tivesse algo mais em sua boca, ela teria cuspido.

— Remus – falou, com os olhos tão obscuros que eu encarei Lene e nós duas achamos melhor olhar para nossos próprios pratos – Onde é que você estava?

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Ele pareceu um pouco desconfortável com a pergunta.

— Bem, eu... estava falando com Dumbledore sobre...um problema – respondeu, coçando a nuca com uma das mãos. – Por quê? Algum problema de monitoria? – perguntou, olhando dela para mim. Eu balancei a cabeça descontraidamente.

Todos os problemas!— Dorcas falou, obviamente controlando-se para não gritar – O imprestável do seu amigo fez crianças pularem no lago negro! É sério, Remus, se ele fizer mais alguma coisa assim, vou ser obrigada a contar para a McGonagall.

— Ah – Remus fez, servindo-se de batatas – É, Peter me disse algo assim. Não se preocupe Alice, eu vou ter uma conversa com ele mais tarde.

— Isso não vai servir pra nada. – E então ela contornou o meu lugar e parou bem na minha frente – Você não vai fazer nada sobre o assunto, Lils?

Nheu? – Perguntei, pega de surpresa quando tinha acabado de jogar uma colherona de sorvete na boca. Engoli rápido, subitamente me dando conta que eu tinha que tomar uma decisão responsável por ser a monitora chefe – Podemos discutir isso na próxima reunião. Que por sinal, será amanhã à noite ok? Se vocês puderem avisar os outros...eu seria muito grata. E aí decidimos o que fazer com Black.

O que, todos sabíamos, também não ia adiantar nada.

Mas se Dorcas concordava com isso ou não, nunca saberei, porque Emmeline suspirou um “vamos comer que estou com fome” e a arrastou para a mesa da Lufa Lufa.

— Achei que eles tinham parado com isso – falei, pra ninguém em particular, mas Marlene me respondeu depois de virar seu copo de suco de abóbora de uma só vez.

— Ah, eles pararam. Quer dizer, todo mundo tem uma recaída às vezes. Mas eles pararam

Eu fiz uma cara irônica e abri a boca para responder, mas ela me cortou:

— Ei Lils, olha ali nosso amigo, McLaggen – falou trocando seu prato por uma tigela de pudim, e apontando com a cabeça para a mesa da Lufa-Lufa. Eu me virei discretamente, olhando para uns lugares ao lado de onde as meninas tinham se sentado.

Caramba, aquilo era uma pessoa bonita. Ele tinha cortado o cabelo nas férias, e seus músculos pareciam ter crescido. Não sei por que Marlene o colocou em terceiro lugar. Eu o colocaria em primeiro. Mas de novo, eu não sei por que ela colocou Sirius em primeiro, então tudo não faz muito sentido mesmo.

— Estão olhando Tiberius? – Alice perguntou, chegando repentinamente e sentando-se no lugar vago ao meu lado. Ela espetou uma batata com o garfo e continuou: – Ah, ele é legal.

Você o conhece?— Marlene praticamente gritou, atraindo a atenção de uns terceiranistas que estavam concentrados em seus pratos do nosso outro lado. Joguei uma ervilha nela como punição.

— Merlin, Lene. Sim, eu o conheço. Ele é primo em sei lá qual grau de Frank – ela respondeu, indiferente. – Encontramos ele esse verão e conversamos um pouco. Ele é legalzinho.

— Ah, ele é tão lindo! – Marlene se derreteu sobre o pudim que comia. Eu revirei os olhos. A dramaticidade dela iria me matar um dia. Então ela olhou em sua direção e soltou um gritinho – Ai caramba, ele está olhando para cá! Rápido, finjam indiferença!

O que não foi tão difícil para mim e Alice, já que eu estava saboreando meu sorvete e ela estava lendo uma folha de pergaminho enquanto comia. Mas relevemos.

— Vai ver é por causa da Lily – ela disse, ainda distraída. Parei a colher no caminho da minha boca. Eu e Lene a encaramos curiosas. Quando percebeu nossas caras, ela nos olhou como se fosse óbvio o tempo todo e completou: – Ele me perguntou nas férias qual era a sua. Não sei, acho que está interessado.

Estaria mentindo se eu dissesse que minha boca não se abriu automaticamente e que eu não tinha babado um pouco do sorvete na minha saia sem querer. Marlene estava com uma cara tão chocada quanto a minha, mas se recuperou mais rápido que eu e começou a rir.

— Esse definitivamente é o ano da Lily! – falou, apontando uma colher cheia de calda de caramelo para mim.

Ainda estava numa relação de amor e ódio com o ADL, então eu balancei a cabeça indecisa. Mas vamos concordar que esse era um fator que favorecia o ano da Lily, então, me permiti sorrir e balançar os cabelos.

Ficamos mais uns 10 minutos criando planos de como eu o chamaria para sair, mas nenhum me agradou. Elas iam começar o assunto de “pare de ser tão seletiva” de novo, mas tentei cortá-las rapidamente olhando para o relógio do meu pulso. Me levantei e falei que se Marlene não engolisse a droga do pudim dela logo iríamos nos atrasar para Runas.

Funcionou.

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Mais tarde,

Aula de Runas Antigas

Eles estão fazendo isso de novo.

Sério, o que eles têm tanto para conversar?

Eu nem sabia que ele estava fazendo essa aula!

Quer dizer, achei que ele ia preferir Trato de Criaturas Mágicas.

Não que eu esteja com ciúmes de Marlene, mas arg, Potter, pare de roubar minha amiga!

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3 motivos para deixar de ser amiga de Marlene McKinnon:

Ela diz que eu pareço um animal feliz quando tem sorvete de creme de sobremesa. Não tenho certeza se isso é bom.

Ela definitivamente não concorda com a minha intenção de deixar de ser ruiva, então não posso nem pedir emprestado o livro “1001 encantamentos de beleza para o cabelo rebelde” que ela ganhou da tia. O que é uma pena, porque andei folheando e tem um feitiço ótimo de coloração.

ELA CONVIDOU JAMES POTTER PRO NOSSO GRUPO DE TRADUÇÃO DE RUNAS!!

(indispensável dizer que ele aceitou)

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Ainda mais tarde,

Ainda na aula de Runas Antigas

bla bla bla ai Lily ele tá cheio de coisa pra fazer, ele é capitão de quadribol, monitor chefe, ainda tem os NIEMs... que quê custa a gente ajudar um pouco bla bla”

ME DIZ O QUE EU TENHO A VER COM ISSO, MARLENE MCKINNON

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Bem mais tarde,

Aula de Defesa Contra As Artes Das Trevas

Apesar de concordar que não posso ser tão egoísta assim, ainda não entendi como que fazer o trabalho de Runas com Potter vai ajudar. Em todo caso, achei melhor não entrar nessa briga com Lene e fiquei quieta.

Mas enfim.

Aproveitando que pelo jeito teria que trocar mais do que cinco palavras com ele esse semestre, também achei melhor avisá-lo da reunião que eu estava pensando em marcar para amanhã.

Tínhamos corrido para o banheiro depois do sinal porque Lene estava com a bexiga quase explodindo de tanto suco de abóbora que ela tomou no almoço. Por isso achei melhor chegarmos um pouquinho antes da próxima (e graças à Deus, última) aula e esperar ele para avisá-lo. Isso se ele entrasse né, porque ele tava matando aula praticamente o dia todo...

— ...E eu economizei o ano passado todo para comprar essa droga de vassoura e quando vou lá na loja buscar...a maldita tinha esgotado! – Lene divagava enquanto cruzávamos o corredor em direção à classe. – O vendedor disse que chegaria mais no mês seguinte, mas eu já estaria aqui então nem adi...

Então ela parou de andar e olhou para a frente. Eu não entendi direito o que aconteceu a principio, porque até que estava achando a saga dela interessante, então por um momento pensei que essa pausa fosse para dar dramaticidade à história (não seria a primeira vez). Mas quando eu a encarei confusa, ela apontou com a cabeça para o fim do corredor. Me virei rápido.

Potter gesticulava um pouco sobressaltado com uma Georgia Shaw praticamente em prantos. Não sei dizer direito porque eu e Lene não nos viramos para trás e nos mandamos de lá rapidinho. Acho que era uma daquelas situações que você vê uma tragédia acontecendo e não consegue desviar os olhos.

Não sei, me senti estranha. Como se estivesse invadindo a privacidade de alguém. Georgia tentou segurar os braços dele, que a afastou. Então ela começou a soluçar audivelmente e ele se virou para ir embora.

E bem, foi aí que ele nos viu lá paradas feito duas idiotas.

O que vocês querem? — perguntou, rispidamente. Eu e Lene nos entreolhamos um pouco desconcertadas porque não estávamos esperando mesmo nada disso. Potter estava descontando em nós, era isso?

— Eu...você... – comecei, apontando para algum ponto atrás de mim sem saber porquê. – quer dizer, eu queria avisar da reunião de monitores de amanhã...

— Tá, depois eu vejo isso – ele bufou e praticamente nos atravessou com passos pesados e rápidos. Pra ser sincera, eu só percebi que ele estava andando quando trombou com Lene na pressa de sair. Ele nem se virou para ver se ela tinha caído ou não (não tinha, mas podia ter caído, né).

Nós ficamos paradas um pouco assustadas porque nenhuma de nós entendeu o que tinha acabado de acontecer. Eu vou ser sincera que fiquei com um pouco de dó da Georgia (arg, nem acredito que pensei isso) e me virei para perguntar se estava tudo bem. Ela praticamente rosnou em nossa direção e saiu correndo pelo mesmo lugar que James tinha passado há pouco.

— O que...acabou...de acontecer? – Lene perguntou, personificando o símbolo de interrogação.

— Não faço a menor ideia.

Esse com certeza não parecia o mesmo James Potter que veio todo sorrisos para discutirmos o trabalho da aula de Runas. Estou cogitando a teoria de possessão de corpo por um espírito maligno, como o Pirraça ou um outro sacana.

De qualquer maneira, acabamos ficando desconcertadíssimas com o ocorrido e resolvemos entrar na sala mais cedo e ficamos sentadas na nossa bancada para espairecer um pouco. Acho que estávamos bem sem graça pelo fato de ter presenciado aquela cena.

Discutimos todas as possibilidades daquela briga, mas nenhuma fazia muito sentido. Ou não explicava o fato dele ter se alterado tanto com a gente. Quer dizer, Potter ser grosso comigo beleza, não seria a primeira vez. Ouso dizer que estou até um pouco acostumada. Ele ficou tanto tempo respondendo curto e grosso pra tudo que eu dizia que a primeira vez que ele pediu “por favor” ano passado, eu quase pulei do lugar. Mas com Lene é uma surpresa. Eu já vi ele gritar com ela em campo, mas pareceu bem óbvio para mim que tudo era esquecido assim que eles descessem das vassouras. Pensando melhor agora, talvez ela tenha ficado mais chateada do que eu. Eu deveria me oferecer para ir buscar um chá na cozinha ou...

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Ah, esquece. Ela está roncando baixo com a cabeça tombada para trás, aqui mesmo, durante a aula. Deve estar bem.

Potter nem se dignou a aparecer a essa aula. Olhando para trás, vejo que Sirius também não está. Remus e Peter estão tentando anotar algo, mas não parecem muito concentrados.

Eu acho q...

Ah, que droga, Prof. Graham! Eu não estou podendo com mais dever de casa!

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LISTA DE DEVERES QUE PRECISAM SER FEITOS HOJE, SEM FALTA, IMPRESCINDIVELMENTE

— TRANSFIGURAÇÃO— Lista de exercícios + Ler capítulo 2 do livro

— POÇÕES — Dois rolos de pergaminho sobre a pedra de Gwynteh

— FEITIÇOS— Lista de Exercícios

— HISTÓRIA DA MAGIA— nada (amém senhor)

— RUNAS— primeira tradução em (arg) grupo do capítulo 1

(To achando que a morte é uma boa opção no momento).

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.