366 Rabiscos

Capítulo 10 - Cobranças


15 de Fevereiro de 2016 – 14h11min

Não me perguntem como, nem o porquê, muito menos quando eu abandonei meu lugar nas arquibancadas e saí correndo na direção dos dois imbecis que rolavam no chão como dois cachorros raivosos.

— PAREM VOCÊS DOIS! – Gritei desesperada tentando encontrar alguma maneira de separá-los. Eu sequer tinha tentado me enfiar entre os dois, não queria ficar com um olho roxo. – FAÇAM ALGUMA COISA! SASUKE, PARA! – Coloquei as mãos em minha cabeça e olhei para os lados a procura de qualquer coisa que fizesse os dois pararem.

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Os garotos já estavam tentando separá-los, mas parecia impossível. Cogitei a idéia de estapeá-los, mas isso talvez fizesse com que eles voltassem suas fúrias contra mim e cá entre nós, eu não suportaria nem metade do que os dois estavam agüentando.

Naruto e Neji puxaram Sasuke de cima de Sasori, enquanto Gaara e Lee seguravam um Sasori que após se levantar tentava voltar a se atracar com Sasuke novamente.

— Hey cara, calma! – Gritava Naruto enquanto tentava controlar Sasuke. – Sasuke seu idiota, se controle! PORRA!

— Dá pra você parar?! – Gritei me colocando entre Sasuke e Sasori (que estava à uma distancia considerável). – O que deu em você? – Perguntei atraindo a atenção de Sasuke para mim. Ele revezou seu olhar entre mim e Sasori, sua expressão irritada foi se suavizando aos poucos e eu notei que seu lábio estava um pouco inchado e sangrando.

— Me soltem. – Ordenou o Uchiha debatendo-se para tentar se livrar do aperto de Neji e Naruto. – Eu não vou fazer nada! – Disse ele alterado e eu vi quando os outros dois trocaram um olhar cauteloso e mantiveram Sasuke imóvel da maneira que podiam.

— Você disse isso há cinco minutos, cara. – Neji falou sem se intimidar pelo olhar raivoso de Sasuke. – E logo em seguida estava rolando no chão com o Akasuna, se controle. Você sabe que é isso o que ele quer.

— Estou controlado. – A maneira com que Sasuke falou foi tão agressiva que eu recuei um passo e olhei para ele com irritação. – Não vou fazer mais nada.

— O que ele fez pra te deixar tão irritado assim?

— Nada. – Sasuke respondeu-me com uma seriedade assustadora. – Nada que você precise saber.

— Isso é ridículo. – Bradei no momento em que Sasuke se desvencilhou de Naruto e Neji. – Por que não quer me contar?

Sasuke passou a língua pelo lábio inferior e desviou o olhar. O rosto dele ainda estava vermelho, havia um arranhão em sua bochecha esquerda, mas fora isso, Sasuke parecia bem. Respirei fundo e olhei para Sasori, que tentava estancar o sangue que estava escorrendo de seu nariz com as mãos.

— Você não vai me contar, não é? - A pergunta retórica não teve uma resposta, como eu esperava. Coloquei as mãos em minha cintura e tentei manter minha expressão neutra enquanto meu cérebro cogitava uma atitude provavelmente suicida. – Ótimo, saiba que vou descobrir de qualquer jeito. – Anunciei começando a caminhar para longe dele.

Ino e Karin trocaram olhares confusos, mas não me seguiram. Temari falava com o irmão em um canto, na verdade, parecia interrogá-lo porque mantinha seus braços cruzados e batia o pé direito no chão de maneira compulsiva enquanto Gaara respondia suas perguntas.

Olhei para Sasori e me surpreendi ao ver que ele já estava me observando. Não fez menção de desviar os olhos dos meus, muito pelo contrário, os estreitou como se estivesse me dando um aviso.

— O que é? – Rosnou ele visivelmente incomodado.

— Você vai precisar ir até a enfermaria.

— Não me lembro de ter pedido sua opinião, Haruno. Cuide da sua vida. – Rebateu Sasori mal humorado e foi minha vez de estreitar os olhos. – Me larguem. – Acrescentou tirando a própria camiseta e passou a pressioná-la em seu nariz antes de seguir para a saída da quadra.

X-X-X

07 de Março de 2016 – 09h11min

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Naruto bocejou e sua cabeça foi baixando lentamente até que sua testa encostou de maneira barulhenta no tampo da mesa. O barulho atraiu a atenção de Karin que olhou para ele por um breve momento, antes de voltar a lixar suas unhas enquanto conversava com Neji e Temari.

Sasuke estava com fones de ouvido e jogava um RPG no celular, já tinha me dito duas vezes que eu não deveria atrapalhá-lo.

Tenten estava sentada sobre a mesa de Ino e as duas conversavam animadas, mas eu tinha certeza de que os olhos da Yamanaka maldita estavam na minha testa. Sempre estavam, para falar a verdade, mas hoje ela tinha um motivo peculiar.

— Essa espinha está imensa, testuda. – Ino nem ao menos se afetou ao ver meu olhar irritado. – Se você pedir com jeitinho eu te ajudo a escondê-la. – Disse a víbora apoiando o queixo em uma das mãos.

— Você poderia fazer isso por boa vontade. – Ralhei e ela ergueu os ombros com descaso. – Porca maldita. – resmunguei pressionando meu dedo indicador contra a maldita invasora em minha testa.

— Isso só vai deixá-la pior. – Tenten disse apreensiva. – Ino, pare de ser ruim!

— Parem de perturbar a pobre da Sakura. – Hinata falou erguendo os olhos do livro que estava lendo. – É só uma espinha.

— É uma azeitona com caroço, mas não é só uma espinha. – Ino rebateu de maneira cética e eu fiquei tentada em jogar uma cadeira nela. – Venha até aqui testuda, vou te ajudar com isso. – Chamou-me como quem chama uma criança e deu três tapinhas no espaço vago ao seu lado. – Pelo visto, a Kurenai não virá hoje. – Murmurou ela olhando para a porta e em seguida se levantou para pegar a necessaire roxa dentro da mochila.

Levantei-me contrariada e logo estava sentada no local indicado por Ino. Ela sorriu vitoriosa e eu revirei meus olhos, enquanto ela começava a fazer sua mágica em meu rosto.

— Ela estava mal na sexta feira. – Comentei fechando meus olhos. – Kurenai. – Expliquei ao ouvir o “quem?!” que as três produziram em uníssono. – Ela estava pálida e o professor Asuma parecia preocupado.

— Palidez é a cor natural dela. – Ino rebateu desdenhosa. – Principalmente porque ela vive com aquele batom vermelho, um blush não faria mal.

— Que horror. – Hinata disse descrente. – Espero que esteja tudo bem com ela.

— Vai ver ela está grávida. – Tenten soltou de repente fazendo com que nós olhássemos para ela. – Não se lembram do ano passado? Quando nós soubemos pela fofoqueira da Shizune de que ela estava com suspeita de gravidez? – Shizune era a assistente da diretora e ora ou outra nós a pegávamos fofocando com alguém sobre o que acontecia no colégio.

— De novo? – Ino falou e eu me afastei antes que as unhas dela entrassem no meu olho. – Foi mal testuda.

— É pra cobrir a espinha, não me deixar cega! – Reclamei e ela aquiesceu antes de revirar os olhos. – Se bem que ela tem usado umas roupas folgadas, não?

— Verdade. – Ino concordou afastando-se de mim e guardou seus produtos milagrosos dentro da bolsinha antes de estender um espelho para mim. – O que acha?

— Não está perfeito, mas dá pro gasto. – Falei girando meu rosto de um lado para o outro para analisar a maquiagem que Ino tinha feito. A espinha estava imperceptível, mas ela não precisava saber disso para aumentar seu ego.

— De qualquer forma nós saberemos logo se ela está grávida ou não. – Tenten continuou o assunto antes que Ino decidisse me estapear. – Não dá pra esconder uma barriga de nove meses, não é? – Questionou ela incerta.

— Certamente ela não quer que os alunos fiquem especulando sobre a vida dela. – Hinata rebateu erguendo o livro novamente. – Vocês estão parecendo a Shizune.

— Não estamos especulando! – Falei defensiva e a Hyuga me olhou entediada.

— Estamos debatendo sobre uma assunto importante. – Ino falou após guardar sua necessaire na bolsa. – Se Kurenai estiver grávida, quem assume as aulas dela?

— Essa é uma questão importante. – Tenten falou cruzando os braços. – Quem assume as aulas dela?

— Que seja um professor gostoso, amém. – Ino ergueu as mãos para o alto em prece e eu e Tenten dissemos “aleluia irmãos”. – Para fins totalmente acadêmicos, Hinata. – Acrescentou cinicamente ao ver o olhar de Hinata.

— Vocês não prestam.

— Hinatinha, se fosse pra sermos pacificas nós seriamos o oceano. – Falei gesticulando de maneira exagerada. – Nós estamos aqui pra causar mesmo! – Tenten bateu sua mão na minha e eu sorri vitoriosa.

— Não somos só nós que estamos aqui para causar. – Ino falou desviando o olhar de nós para a porta. – Aquele ruivinho realmente nasceu pra atrair o caos. Pena que é tão gostoso é difícil odiar alguém assim. – Virei a cabeça achando que ela estava falando de Gaara e meus olhos quase saltaram do meu rosto ao ver Sasori próximo da porta. Ele estava com o cenho franzido e parecia estar procurando alguém.

— O que será que ele quer? – Perguntei confusa e olhei para trás. Sasuke já tinha deixado de prestar atenção em seu celular e olhava seriamente para Sasori. – Ai Deus...

— Não o que ele quer, mas quem. – Ino falou e em seguida me deu um cutucão na costela. – Olá Sasori. – Cumprimentou ela acenando com uma das mãos para o Akasuna.

— Bom dia. – Sasori disse de maneira cordial e sorriu para Ino, que eu jurei ter visto reprimir um suspiro. – Eu sei que isso é estranho, mas eu posso conversar com você, Sakura? – Repassei mentalmente a ultima vez que tinha o encontrado e conclui que era realmente muito estranho.

— Você não foi muito gentil da ultima vez que conversamos. – Falei tendo consciência de que pelo menos todos os meus amigos estavam prestando atenção no que eu dizia. – Eu não sei se quero conversar com você. – Ao contrário do que pensei, Sasori riu.

— Prometo que vai ser rápido. – Ele ergueu a mão direita. – Palavra de escoteiro.

Aquiesci e ele indicou que iria me esperar do lado de fora da sala.

— Não se esqueça de me contar tudo depois. – Disse Ino assim que eu olhei para ela em busca de ajuda. – Anda logo.

Não ousei olhar para trás. Cruzei meus braços abaixo dos meus seios e saí da sala, fazendo questão de fechar a porta para garantir que nenhum dos meus amigos iria bisbilhotar a conversa que eu teria com Sasori, pelo menos não na cara de pau.

O Akasuna estava encostado na parede, os braços cruzados e ele ainda sorria da mesma maneira que tinha sorrido para Ino. Cruzei meus braços novamente e o encarei esperando que ele começasse a falar.

— Estou aqui para me livrar da minha consciência. – Disse Sasori tranquilamente. – Eu não fui muito legal das ultimas vezes em que nós nos encontramos.

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— Você foi um babaca. – Senti minhas bochechas corarem e eu coloquei minhas mãos sobre minha boca. Aquele pensamento não era pra ter sido verbalizado, não para que Sasori pudesse ouvir. – Desculpe, estou sem filtro. – Sorri amarela e ele riu, balançando a cabeça negativamente.

— Tudo bem, eu mereço ouvir isso. – Reprimi o impulso de concordar e ele continuou a falar. Vou tentar ser o mais educado que puder da próxima vez que nos encontrarmos.

- Espero não derrubar nada em você. – Repliquei com um sorriso amarelo. – Nem que você esteja rolando no chão com o meu melhor amigo. – Sasori franziu o nariz ao notar minha menção à Sasuke.

— Isso é bem complicado.

— Tenho certeza de que nós vamos nos esforçar. – Conclui e ele ergueu os ombros com descaso.

— Estamos... – Sasori parou de falar no momento em que a porta da sala foi aberta.

— Estou indo ao banheiro. – Naruto falou com uma postura tensa, enquanto deixava a porta entreaberta. Ele olhou para Sasori e rapidamente para mim, mantendo o queixo erguido e agindo com o maior descaso que conseguia. – Não achem que eu estou ouvindo a conversa de vocês, porque eu claramente não estou. – Enfatizou o loiro antes de seguir na direção oposta à nossa.

— Você acreditou nisso? - Sasori me questionou desconfiado.

— De jeito nenhum. – Resmunguei franzindo meu nariz enquanto tentava descobrir se Naruto ainda estava no corredor. – Então você veio se desculpar por peso na consciência? – Questionei voltando a olhar Sasori. Os olhos acinzentados dele ficavam sempre fixos nos meus e isso me deixava constrangida.

— Pode chamar minha consciência de Deidara. – O Akasuna disse antes de colocar as mãos nos bolsos do jeans. - Você não precisa dos detalhes, mas ele tem uma grande influencia em tudo isso. – Revirou os olhos e suspirou. – De qualquer forma, sinto muito por ter sido um babaca. As duas vezes.

— Você não parece estar muito arrependido. – Murmurei erguendo minhas sobrancelhas e Sasori ergueu os ombros mais uma vez e deu um sorriso amarelo. – Mas tudo bem. – Estendi a mão e ele a apertou como se nós selássemos um acordo.

— Ótimo, agora preciso te pedir um favor. – Devia ter alguma coisa alarmante em minha expressão, porque Sasori ergueu ambas as mãos como se pedisse para que eu me acalmasse. – Não é nada demais. Só preciso que você entregue algo para sua amiga ruiva.

— Karin? – Tentei disfarçar meu tom de voz incrédulo e não tive muito sucesso. – A prima do Naruto?

— Ela usa óculos? – Sasori perguntou parecendo um pouco confuso. Assenti e ele fez uma expressão pensativa. – É, ela mesma.

— O que você quer com ela? – Me afastei da parede e olhei para o final do corredor procurando algum sinal de Naruto. – Olha cara...

— Eu não quero nada. – Sasori respondeu-me rapidamente. – Suigetsu ficou interessado nela. Aqui esta o telefone do imbecil. – Ele enfiou a mão no bolso e me estendeu um papel branco com o telefone de Suigetsu. – Só sou o responsável por entregar isso para você.

— Por que pra mim? – Minha voz ficou levemente aguda e eu pigarreei. – Você poderia ter entregado isso pessoalmente para ela.

— Não dá pra chegar perto de vocês, principalmente quando estão rodeadas por seus guarda-costas.

— Eu não tenho guarda-costas.

— Tem um namorado que não sai da sua cola. – Sasori rebateu usando um tom debochado. – É só entregar isso para sua amiga ou jogar no lixo, não me interessa.

- Eu não namoro com o Sasuke. – Afirmei e peguei o papel que ele estendia. – E não respondeu minha pergunta, Akasuna.

— Deidara disse que eu tinha um motivo pra vir conversar com você. – Respondeu ele após um suspiro. – Bem, já que estamos resolvidos, vou indo antes que seus amigos pensem que eu te seqüestrei.

— Exagerado. – Resmunguei inconformada e ele riu.

— Tchau, Sakura.

Apertei o telefone de Suigetsu em minha mão enquanto observava Sasori se afastando. Ele tinha piscado e após um aceno de mão, começou a rumar para sua sala – ou onde quer que ele estivesse indo. O Akasuna já estava quase dobrando o corredor quando eu o chamei.

— Por que você e o Sasuke brigaram? – Minha pergunta tinha soado mais baixa do que eu esperava e eu cogitei a possibilidade de repetir para que ele me ouvisse.

— Ele não te contou? - O Akasuna me questionou sério. – Não é a amiga dele?

— Sou.

Sasori não precisava saber que Sasuke ignorava toda e qualquer tentativa minha de descobrir o motivo da briga dos dois. Eu não entendia o porque do voto de silencio que os garotos tinham feito sobre o assunto e nem mesmo Ino (rainha da fofoca em pessoa –que ela não saiba que eu disse isso, amém-), soube de algo.

— Não me leve a mal, mas se seu amigo não te contou eu não vejo motivos para fazer isso. – Sasori respondeu minha pergunta após me analisar com cuidado. Ele estava com a postura relaxada e seu tom de voz indicava que ele não iria mais prolongar nossa conversa. – Tchau Sakura.

E foi embora.

O bilhete com o numero de Suigetsu estava dobrando em minha mão e após erguer minhas defesas, voltei para a sala.

Fui arrastada por Ino e antes de me sentar no meio da rodinha que as garotas tinham feito, pude ver de relance que Sasuke me observava e parecia mal humorado (toda e qualquer visão que eu tinha dele foi tampada quando Temari puxou a cadeira para o meu lado).

— Conte tudo e não ouse esconder nada. – Ino ergueu o dedo indicador e o apontou de maneira ameaçadora para mim. – Detalhe por detalhe, Testuda.

— Me deixe respirar um pouco. – Retruquei me sentindo coagida por ter todas elas ao meu redor. – Até você, Hinata?

— O livro não estava tão interessante assim. – Disse a Hyuga sacudindo a mão com um gesto displicente antes de prender o cabelo em um coque. – Pare de enrolar e diga logo.

Depois dessa ordem e de um olhar bem ameaçador de Temari, eu contei tudo. Tudinho, não ousando esconder nenhum detalhe como Ino tinha pedido. A expressão delas variava entre descrença e extremo choque ao descobrirem que o motivo de Sasori ter vindo falar comigo era justamente para que Karin ganhasse o bilhete com o número de Suigetsu.

A Uzumaki arregalou os olhos e pegou o papel com o número de telefone com receio.

— Eu?

— Você. – Afirmei e ela franziu o cenho e olhou para o telefone. – O que pretende fazer?

— Você eu não sei, mas vamos conferir se esse número é dele mesmo. – Ino bocuda falou pegando o papel da mão de Karin e em seguida puxou o celular.

— Vai ligar pra ele? – Tenten se inclinou na direção dela para ver o que a Yamanaka digitava no celular. – Ino!

— Pare de ser escandalosa, Pucca. – Ino retrucou afastando o telefone de Tenten. – Vou só conferir se ele passou o número correto. – Disse enquanto terminava de digitar algo e por fim mostrou o contato de Suigetsu no whatsapp. – Quem liga para alguém quando existe whatsapp?

— Até que você é esperta quando quer. – Temari comentou puxando o celular da mão dela. – E até que o Hozuki não é de se jogar fora. – Murmurou após olhar sobre o ombro e garantir que os ouvidos de Shikamaru não captariam o que ela tinha dito.

— Me deixa ver isso! – Karin catou o telefone da mão de Temari como a loira tinha feito com Ino e não escondeu a expressão surpresa. – Mamma Mia! – Virou a tela do celular para mim, deixando que eu visse a foto de perfil de Suigetsu. Ele estava sem camiseta e tinha um sorriso sacana nos lábios, junto de um piercing que eu não me lembrava de te-lo visto usando.

— O que você vai fazer? – Perguntou Hinata ao ver que a Uzumaki tinha pego o telefone da mão de Ino e feito questão de salvar o número do garoto no celular. – Vai falar com ele?

— Vou. – Karin respondeu admirando a foto de Suigestu e só tornou a falar depois de um suspiro. – Não agora. – Garantiu determinada.

— Por que não?

— Tenho que me fazer de dificil. – Karin respondeu jogando os cabelos ruivos de cima dos ombros. – Tenho não, eu sou uma garota dificil. – Afirmou ela no mesmo instante em que Naruto retornou para a sala.

X-X-X

— Eu não quero que você converse com esse cara. - Era a quinta vez que Sasuke repetia essa frase, parecia ser uma das favoritas dele. – Ele é um imbecil! – Já tinha perdido as contas de quantas repetições a palavra imbecil tinha sido usada por ele também.

— Já disse o que aconteceu. –Falei soltando um suspiro frustrado. O carro de Sasuke estava tão quente que eu sentia como se estivesse recebendo uma amostra grátis do inferno e como castigo, ele tinha feito questão de travar todas as portas para continuar me ji mantendo dentro de seu campo de visão. – Pode abrir as janelas, por favor?

— Não. – Retrucou o Uchiha irritado e eu mordi minha lingua para não xingá-lo. – Sakura...

— Ele só me pediu pra entregar um bilhete para Karin. – Expliquei pela milésima vez e dessa vez Naruto, que estava distraido com um jogo no celular acomodado confortavelmente no banco do passageiro virou-se para mim. – O que foi?

— Um bilhete pra MINHA prima?

— Você não tava ouvindo? – Retruquei irritada.

— Cale a boca, Naruto. – Sasuke fez com que o loiro se calasse antes que o loiro falasse novamente. – Por que você? – O Uchiha virou-se o máximo que pode e me fitou com desconfiança. – Ele tinha como opções: Ino, Tenten, Temari... Ir falar com a própria Karin... – A cada nome ele erguia um dedo.

— Ele queria me pedir desculpas. – Me explicar para Sasuke era mais dificil do que para minha mãe. – O interrogatório já acabou? Pode abrir a maldita janela? – Questionei mal humorada.

— Te pedir desculpas exatamente pelo quê?

Sasuke relutou, mas acabou abrindo as janelas do carro e eu considerei o gesto como um incentivo para que eu contasse o que tinha acontecido. Dessa vez com mais detalhes, incluindo o fato de que eu tinha derrubado bebida na camisa de Sasori na festa de inicio de ano e da nossa pequena inteiração no banheiro.

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A expressão dele ia ficando pior a cada minuto e eu comecei a me questionar se tinha sido realmente uma boa ideia contar tudo o que tinha acontecido com tantos detalhes. O Uchiha realmente não ia com a cara de Sasori.

Disso eu não duvidaria nunca mais.

— Que desculpa ridicula! – Sasuke bradou indignado. – Não me diga que você caiu em uma dessas! Naruto, diga a ela o quão ridiculo é isso!

— Extremamente ridiculo. – Naruto concordou no mesmo instante. – Ele só quis te usar pra chegar na Karin.

— Esse cara não presta, fique longe dele. – Sasuke afirmou novamente e sua fala foi repetida por Naruto. – É uma opinião universal!

— É, não somos só eu e o Sasuke que achamos isso não. – O Uzumaki fez questão de enfatizar e depois murmurou um “to certo!”.

— Não vão me contar o porquê de tanta antipatia com o Sasori?

— Tudo o que precisa saber é: Ele é um idiota. – Sasuke respondeu-me com seriedade. – E tudo o que precisa fazer é permanecer longe dele.

Dito isso, ele encerrou o assunto, destravou as portas do carro e saiu como se nada tivesse acontecido. Naruto agarrou a mochila e saiu também, entrando na casa do Uchihas enquanto Sasuke me esperava.

Tinhamos chegado há mais de vinte minutos e por conta do interrogatório feito por Debi e Loíde, permanecemos como idiotas dentro do carro até que eles, vulgo Sasuke, se dessem por satisfeitos.

Tia Mikoto nos recepcionou com um almoço magnifico e ficou satisfeita em saber que eu e Naruto passariamos à tarde resolvendo exercícios de matemática com Sasuke (não preciso dizer que o quê motivou Naruto a dar o seu melhor para que nós terminassemos rápido, foi a promessa de um bolo de cenoura com cobertura de chocolate).

Depois de quase três horas, meu cérebro estava fritando. Os números pareciam saltar das páginas e a voz de Sasuke enquanto explicava de maneira paciente cada um dos exercícios tornou-se uma tortura.

— Podemos fazer uma pausa? – Naruto resmungou antes de abandonar a lapiseira sobre a mesa de centro da sala dos Uchihas. – Não to entendendo mais nada. – Admitiu antes de passar as mãos pelos fios loiros os bagunçando.

Sasuke olhou para o caderno e passou uma das páginas antes de erguer os olhos para Naruto.

— Faltam duas questões.

E com isso ele tinha decretado, mesmo que de maneira subliminar, que nós continuaríamos firmes – mas talvez não fortes – até o fim.

A resolução da última penúltima questão não foi nem de longe tão demorada quanto a ultima e quando enfim terminamos, Naruto soltou um grito de comemoração, eu larguei minhas coisas sobre a mesa e me deitei sobre o tapete, enquanto Sasuke se limitou a fechar os seus cadernos e perguntar se Naruto ainda estava disposto a jogar vídeo-game.

— Sakura Haruno. – Foi impossível não me sentar quando ouvi Mikoto dizendo meu nome. Naruto e Sasuke que estavam concentrados num jogo de luta também olharam para a matriarca Uchiha que estava parada em frente às escadas com o telefone grudado ao ouvido. – Acredite no que estou dizendo, é a mais pura verdade. – Disse ela começando a caminhar para a cozinha, parou por um momento ao ver que nossa atenção estava voltada para ela. – Não é com você, querida.

— Por que sua mãe estava falando de mim? – Perguntei olhando para Sasuke que parecia tão confuso quanto eu.

— Não pergunte pra mim. – Respondeu ele dando ombros antes de pegar o controle do vídeo-game novamente. – Naruto maldito, eu estava desconcentrado!

— Pare de ser chorão, Sasuke! – Naruto rebateu sacudindo o controle, os olhos azuis vidrados na televisão com medo de perder qualquer coisa que Sasuke pudesse fazer. – SEM APELAR! SEM APELAR SASUKE! HEY, ISSO NÃO É JUSTO! – Gritou ele repentinamente e eu só tive tempo de ver o personagem de Sasuke atacando o de Naruto diversas vezes antes do Game Over.

— Pare de gritar, idiota.

— Eu NÃO SOU IDIOTA!

— Tem razão. – Sasuke concordou dando um sorriso de canto e eu olhei dele para Naruto repetidas vezes. – Só é um perdedor.

Eu até tentei jogar algumas vezes, mas de acordo com os dois, durante a competição eu era café com leite. Naruto perdeu muito mais vezes do que ganhou e Sasuke perdeu mais vezes do que gostaria, de qualquer maneira.

Estavam discutindo sobre um possível empate quando Mikoto retornou à sala trazendo consigo o bolo que tinha prometido. Naruto quase chorou de emoção e eu não preciso dizer que quase fiz isso também.

— Você é a melhor tia Mikoto! - Naruto falou antes de dar uma mordida generosa no primeiro pedaço de bolo. - É como provar um pedacinho do céu. - Disse maravilhado.

— Verdades sejam ditas. - Concordei no mesmo tom que Naruto. Era realmente como comer um pedacinho do céu. - Eu poderia comer isso pelo resto da minha vida! - Acrescentei antes de pegar o segundo pedaço de bolo.

— Obrigada queridos. - Mikoto falou sorrindo aparentemente satisfeita com nossa reação. - Você e seu irmão podiam elogiar minha comida desse jeito. - Ralhou com Sasuke.

— Nós elogiamos sua comida. - Sasuke disse ofendido. - São pedacinhos de céu... Ai! - A frase debochada dele foi interrompida por um beliscão que ele tinha ganhado de Mikoto.

— Sasuke, venha comigo ate a cozinha para buscar o suco. - A senhora Uchiha disse de maneira autoritária olhando seriamente para o filho que colocou o restante do bolo que estava comendo na boca.

— Está é alguma maneira de me coagir? - O Uchiha mais novo perguntou enquanto levantava-se contragosto e seguia a mãe que já havia retornado para a cozinha. - Deixe bolo para mim, seus sacos sem fundo. - Avisou ele apontando para Naruto e eu acusadoramente.

— A única saco sem fundo aqui é a Sakura. - Estreitei meus olhos para Naruto e ele ergueu os ombros enquanto catava o que devia ser seu terceiro pedaço de bolo. - Eu só estou em fase de crescimento.

— Para os lados, seu cabeça oca. - Rebati cutucando Naruto com meu pé. - Você já deve ter comido uns vinte pedaços de bolo, deixe para o Sasuke também!

— Eu só cobi' unzinho. - Disse o Uzumaki indignado. - Nem foram tantos assim. - Balancei a cabeça negativamente e ele abriu a boca para protestar, mas sua expressão tornou-se séria repentinamente. - Sakura, posso te perguntar uma coisa?

— Tecnicamente, você já fez uma pergunta. - Respondi estranhando a seriedade dele.

— Tá, então eu posso te fazer outra pergunta? - Arqueei as sobrancelhas e ele suspirou frustado. - Você ... Ficou chateada comigo e com o Sasuke por nós termos dito aquelas coisas? Lá no carro... Sobre não querermos que você ande com o Akasuna...

— Não fiquei. - Franzi o cenho e Naruto ergueu os ombros como se o gesto fosse uma resposta. - Eu só nao entendi o porquê de tanto alarme por uma simples conversa que eu tive com ele. - Confessei.

— Acredite em mim quando eu digo que nós só queremos o seu bem. - Naruto falou e eu fui surpreendida por um abraço dele. - Eu, você é o cabeça dura do Teme seremos melhores amigos pra sempre.

— Sempre é muito tempo pra aturar você. - Comentei debochada e ele me deu um cutucão. - Não faça isso que eu tenho cócegas. - Resmunguei me encolhendo e ele riu divertido.

— Só não te encho de cócegas porque tenho uma missão ultra importante.

— Qual?

— Comer todos os pedaços de bolo e não deixar nada para um certo alguém. - Respondeu-me o Uzumaki determinado.

Quando Sasuke retornou ainda havia bolo para ele, embora suas atitudes demonstrassem que ele estava alheio à conversa que nós tínhamos naquele momento. Ele estava monossilábico, ignorava a maioria das provocações de Naruto e passou algum tempo me observando, deixando-me constrangida.

Eu quis perguntar o que acontecia, mas não encontrei nenhuma brecha para isso.

Naruto e eu decidimos ir embora antes do jantar, Sasuke ofereceu-se para me acompanhar até em casa e fomos os três juntos até o fim da rua, onde Naruto correu até sua casa após um abraço triplamente ridículo.

Sasuke e eu caminhamos em silêncio. Era incômodo estar ao lado dele e permanecer quieta , porém, mesmo que eu quisesse, não haviam assuntos bons o suficiente.

— No que está pensando? - O Uchiha questionou no momento em que dobramos a esquina da minha casa.

— Em você. - Respondi baixo e ele me observou pelo canto dos olhos. - Na verdade, estou tentando decifrar o que está deixando você tão incomodado.

— Vou ter que fazer uma viagem com minha família e talvez essa seja uma das piores. - Disse contrariado e assim que chegamos em frente à minha casa, ele se sentou na calçada e eu fiz o mesmo. - Vamos para o interior, para a casa do meu avô exatamente.

— Achei que você gostasse de lá. - Comentei olhando para os cadarços do meu tênis. - Você e o Itachi viviam contando o que vocês aprontavam lá.

— E eu gosto. - Sasuke concordou comigo enquanto dava uma leve risada sem humor algum. - Mas meu avó está determinado a me fazer namorar uma garota que é filha de um conhecido dele. Diz que é bom pros negócios, a união de duas famílias poderosas. - Olhei para ele a tempo de vê-lo revirar os olhos.

— Que ridículo.

— Eu sei. - Suspirou e passou a mão pelo cabelo. - De qualquer forma, minha mãe me meteu em uma enrascada ainda mais complicada. - Sasuke murmurou revoltado e eu estranhei sua reação. - Ela estava tentando ajudar, de qualquer maneira, mas mesmo assim...

— O que ela fez? - Questionei apoiando virando meu corpo para poder encara-lo. Os olhos de Sasuke estavam sérios.

— Sakura, você se lembra daquela aposta que você perdeu? - Sasuke ignorou minha pergunta e colocou uma das mãos em meu ombro. Prendi minha respiração ao notar que seu rosto estava bem próximo do meu. - Aquele dia em que você foi correr comigo. Você disse que faria qualquer coisa que eu pedisse. - Enfatizou e o arrependimento de ter proposto aquela maldita corrida me acertou em cheio.

— Lembro. - Respondi com receio. O rosto de Sasuke continuava próximo do meu, seus olhos escuros pareciam atrair os meus como imãs e mesmo com a proximidade, ele não dava indícios de que iria me beijar. - Sim, eu...

— Preciso que você finja ser minha namorada.