A Criação da Luz

A inevitável consciência do fim


Queria ter tido mãos para as levar aos olhos, cobrindo-os, escondendo as lágrimas que já não podia derramar, tapando aquela imagem invulgar do cavaleiro Jedi a chorar por causa de mim.

Era eu que continuava a estar ali, mas já não me podia classificar como gente, como criatura, ciborgue ou outra coisa qualquer. Que tragédia. Em breve, tudo se iria dissolver…

Não pertencia àquela galáxia, sequer a qualquer universo, naquela ou noutra dimensão. Fora um objeto criado e, tal como todos os objetos, servira um propósito que uma vez findo determinava a sua inutilidade e, portanto, a sua eliminação.

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— Eu também te amo – respondi.

Mas Luke Skywalker já não me podia escutar.

Ninguém me podia escutar.

Palavras que ficaram por se encontrar na imensidão vazia onde jazia o antes da vida e o depois da morte, um limbo estéril onde ninguém estacionava, que ninguém reconhecia e onde eu iria conhecer o meu fim.

A voz acompanhava-me, cumprindo a promessa que me fizera, a de nunca me abandonar a partir do momento em que regressei a Luyta, finalmente completa, com todas as minhas memórias e todas as possibilidades de uma escolha consciente, razoável e responsável. E eu tinha escolhido aquele final… A destruição. Nem sempre me falara, mas tinha estado comigo, uma presença calada que testemunhou a liberdade da minha alma.

— Não queria que ele chorasse…

— Os humanos costumam chorar.

— Eu também chorei. Fui humana, alguma vez?

— Foste humana muitas vezes.

Os meus olhos já não viam. Tudo preto.

— Sou um Jedi!

— Sim. Escolheste ser poderosa e foste poderosa.

— Estou em paz… A Força está comigo.

Resignada, abandonei-me ao torpor.

— Nunca pensei… que fosse tão difícil…

— Morrer? – perguntou-me a voz com uma entoação de perplexidade.

Gostaria de lhe ter visto o rosto, de a ter conhecido para além do registo sonoro. Temia que estivesse a confiar na voz de uma versão menos malévola de O’Sen Kram. Fazia sentido… Ou seria a projeção de uma partícula menos mesquinha do feiticeiro de Ekatha?

Respondi serena, sem receio:

— Não… Nunca pensei que fosse tão difícil deixar o mundo. Esquecer.

No final, creio eu… dissolvi-me com um sorriso.

O fim de tudo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.