A Criação da Luz
A voz
Uma mão de veludo passou pelos meus cabelos. Não me acalmou, pelo contrário. Colocou-me pronta para atacar, a farejar o doce perfume do sangue que satisfaria o instinto alvoroçado.
— Quem és tu? – perguntei num grito.
O eco repetiu mil vezes a minha pergunta.
Estava suspensa no vazio, flutuando sem consistência e sem um corpo físico. Um limbo onde a minha alma solitária vagueava ao sabor de um vento inexistente, onde não existia cor, temperatura, matéria, apenas energia morta e espirais de vácuo infinito.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Sou a tua voz.
— Não… tenho uma voz. Como quando pensamos e julgamos que falamos dentro da cabeça? Que voz?!
Rugi para me soltar daquele aperto amorfo.
— Quero sair daqui e regressar – exigi.
A mesma mão macia cobriu-me aquilo que eu julgava ser o meu rosto, abafou-me a respiração. Mas como conseguia respirar se não era um ser físico? Como podia sentir-me afogar se não havia ar para respirar? As contradições entonteceram-me.
— Chegou a hora da decisão – disse a voz.
Sacudi a cabeça e a mão desapareceu.
— Não tenho nada para escolher!
— Recuperaste as tuas memórias. Sabes por que razão existes e essa é só uma. Deves destruir o cavaleiro Jedi!
— E se eu não o fizer?
— Perdes a razão da tua existência.
— Sou destruída?
Soltei uma gargalhada de desafio.
— Serei destruída! – afirmei excitada. – Pois bem, serei destruída!
A explosão de uma supernova encheu-me de luz.
— Eu não pertenço a ninguém! Nem a O’Sen Kram, nem ao feiticeiro de Ekatha, nem aos Pickot, nem tão-pouco ao cavaleiro Jedi. Tenho uma escolha e seguirei o que a minha vontade ditar, consoante as variáveis que me forem apresentadas. Eu posso escolher! E escolho a liberdade.
A voz sussurrou-me pesarosa:
— Nunca serás livre.
Respondi determinada:
— Lutarei.
Comecei a ganhar peso, a gravidade puxava-me para baixo, para um planeta escuro coberto por uma extensa floresta onde brilhavam pequenos olhos vermelhos e selvagens. As bestas aguardavam-me, de mandíbulas escancaradas.
— Nunca mais te vou abandonar – disse a voz. – Vou estar muda, mas irei aconselhar-te quando chamares por mim. Estarei ao teu lado, até ao último dia, até ao último suspiro.
— Vem comigo, então… E assiste à minha liberdade!
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