A Estranha Vida de Carmenny Edmond

Um pouco de café no seu açúcar


Carmenny Edmond

A última semana havia passado mais rápido que a minha felicidade e isso me deixou assustada, já que o tempo na sala de espera de um hospital não costuma passar tão depressa.

Sim, eu estive quase a semana inteira em um hospital com Daniel. Fomos lá para visitar a garota, Yael, e dar apoio a ela. Não fomos nós que contamos sobre o que (não) aconteceu, mas sei que ela chorou bastante quando soube. No fim, ela recebeu alta e foi para casa, que ficava em uma cidade vizinha.

Daniel ficou um tanto perturbado (e eu também) com o ocorrido, mas não nos deixamos ficar tristes por isso, embora eu pegue Daniel fitando o nada de vez em quando.

Como agora, que estávamos na mesa de jantar tomando o café requentado de dois dias atrás de noite.

— Dan - chamo.

Ele levanta o olhar e murmura "Huh?".

— Sabe a Isabelle? - tento não revirar os olhos. Daniel assente e se inclina levemente - Ela vai pra praia amanhã e quer uma carona com Adam. E... Pediu para irmos junto!

Abro os braços e um sorriso como se estivesse super animada.

Ele arqueia a sobrancelha e sorri de canto.

— Sei - ele dá um gole no café e levanta.

— Vai ser - não tenho certeza - legal...!

Me levanto e vou até Daniel, que estava na cozinha escorado na bancada.

— Só se você deixar eu me afogar no mar.

— Quê? - falo incrédula - Sem mim?

Ele sorri, balança a cabeça e se afasta em direção à sala.

Daniel é, de fato, um garoto reservado e isso dificulta para nós ( eu e Adam) sabermos o que ele sente. Adam garante que ele está bem. Eu tento acreditar nele mesmo percebendo que não é verdade.

A semana terminou nessa noite fria e tediosa.

**
O dia amanheceu da mesma forma. Levanto e chuto a porta e desço as escadas até a cozinha.

Quase caio no chão quando me deparo com duaspessoas na bancada: Adam e, suspiro, Isabelle.

Resmungo e passo reto por eles. "Ela é sempre assim" risadinhas. Viro-me e sorrio.

— Bom dia - falo pausadamente e ergo a caneca de café - Querem?

Eles assentem e se aproximam como galinhas.

— Não tá pronto, cacete!

Eles recuam para a bancada.

— Como foi a noite, Annie? - Isabelle pergunta com uma voz fofa. Sinto vontade de matá-la.

Coloco a água para ferver e viro para ela.

— Não foi tão boa, mas se eu soubesse que você tava aqui, seguiria dormindo.

E volto-me para o café.

Isabelle dá uma risada.

— Você é sempre gentil assim de manhã, Edmond?

Daniel fala atrás de mim e passa o braço na minha frente para pegar uma xícara.

— Não só de manhã como o dia inteiro - abro um sorriso.

— Como eu poderia duvidar? - ele fala e se junta aos amiguinhos.

Termino de fazer o café e sirvo todos. Até Isabelle. Pena que não tive tempo de colocar veneno no dela.

— Se quiserem pó doce, tem lá no armário - indico com o ombro para que eu não precisasse gastar muita energia.

Isabelle vai correndo até lá, pega o pote e joga quase metade na sua caneca. Eu, Daniel e Adam olhamos boquiabertos.

— Você precisa de mais? - Adam aponta para a caneca - Tem um pacote de um quilo na despensa.

Ela ri.

— Sempre gostei de coisas doces.

— Você não tem medo de pegar uma doença? - pergunto.

— É que... - ela começa a falar e até gesticula com as mãos.

— Ah - levanto o dedo indicador - Não me importo.

Ela sorri sem graça e segue tomando o café.

— Vamos para praia então? - Adam fala, animado.

Daniel afunda um pouco na cadeira e eu escondo o rosto olhando para o lado.

— Ah, vamos! - Isabelle fala - Não vai ser a mesma coisa sem vocês.

Ela fala olhando para Daniel.

Eu reviro os olhos.

— Eu vou - nem termino de falar e Isabelle dá uns pulinhos - Só se eu tiver um quarto só pra mim.

Ela assente histericamente.

— Danny? - ela pergunta para Daniel.

Ele pensa um pouco e faz que sim com a cabeça. Eu pensei que Isabelle fosse morrer de alegria, mas ela só abraçou Daniel e "foi buscar algumas coisas em casa".

Quando ela voltou, todos estávamos de malas prontas e esperando Adam dar partida no carro.

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