I Miss The Misery

2ª Temporada -Preciso de um nome!


"Ela procura as flores sem saber que a Primavera mora dentro dela"

—Machine Gun Kelly

Ninguém me quer responder. Ninguém me quer contar o que se passa. Ninguém me quer contar a verdade. Parece que ao contarem-me, vais-lhe doer muito mais a eles do que a mim que as vou ouvir e sentir. Estão todos cabisbaixos, até o médico espanhol que não me conhece de lado nenhum parece não se querer meter no assunto.

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—Alguém me pode dizer o que se passa?!

Quase que grito com as pessoas diante de mim. Castiel, no fim da cama, baixa a cabeça e Rosalya reconforta-o gentilmente dando um pouco de apoio de irmã mais nova. Angel senta-se na beira da cama ao meu lado e morde o lábio.

—Meu amor… -começa, pegando na minha mão com calma. Ela tem os olhos embaciados e o nariz rosado_ enquanto estavas inconsciente realizamos uma ecografia para sabermos como o bebé estava… e ele está bem -ela para, depois de fungar.

—Angel, tu já disseste isso. Para de enrolar e continua -exijo séria. Ela engole em seco.

—O teu útero sofreu fortes pancadas… -ela começa levantando a minha camisa de dormir do hospital, mostrando a mim e a todas as pessoas presentes na sala a minha barriga com nódoas negras_ as paredes do útero estão doridas e frágeis.

—Onde é que queres chegar? -choro. Ela suspira, quase chorando também.

—Querida desculpa… -ela desaba em lágrimas_ mas se continuares com a gravidez, o teu útero não vai conseguir acompanhar o crescimento do bebé e vai acabar por se rasgar, o que te vai causar uma hemorragia interna gravíssima… e podes morrer.

Os meus olhos arregalam-se assim que ela termina de falar. Tento engolir o máximo de choro que posso, mas as lágrimas caem sem a minha permissão. Abano a cabeça quase que freneticamente, dizendo que não.

—Isso não vai acontecer… -sussurro_ eu já perdi um Angel! Eu não vou perder outro!

—Amor… -Castiel chama-me e eu fito-o_ pensa melhor… reconsidera.

—Nós ainda estamos a recuperar de um! Queres perder outro?! -grito.

—Eu não quero perder outro! Mas também não quero perder-te a ti! -ele devolve do mesmo jeito, emocionado.

Mergulho a cara nas mãos, com o rosto encharcado de lágrimas.

—É uma gravidez de alto risco Lake… -oiço Rosalya sussurrar_ eu preciso de ti viva…

—Não há nada que eu possa tomar? -pergunto para Angel e ela dá um olhar no médico.

—A única coisa que há são para as dores terríveis e insuportáveis que vais sentir quando a tua barriga começar a crescer -responde.

—Então… eu -começo, mas ela corta-me.

—Lake é uma droga! Só te vai reduzir as dores, não as vai fazer desaparecer e como podes imaginar não o vais poder tomar todos os dias! -ela ralha comigo, como se eu fosse uma criança.

—Eu já percebi… -sussurro_ mas eu não vou mudar de ideias…

Oiço toda a gente reclamar.

—Não me obrigues a tirar-to á força…. -rebate Angel. Eu sinto-me ameaçada pela minha própria prima.

Eu olho para Angel com um olhar terrível. Ela olha uma última vez para mim antes de sair do quarto.

—Vou buscar algo para comeres. Tens até á 10ª semana…

Ela sai junto com o médico e fecha a porta logo de seguida.

—Eu vou deixar-vos sozinhos… -Rosalya sai também.

Um longo silêncio perturbador abate sobre o pequeno quarto de hospital. Eu mantenho a minha cabeça baixa, sem conseguir olhar para Castiel por um segundo que seja. Percebo que ele se aproxima, pegando nas minhas mãos com gentileza e carinho.

—Eu não tenho coragem… -choro baixinho. Oiço-o suspirar.

—Por favor… não faças como se tivéssemos vivido tudo isto em vão -ele suplica.

Ele levanta o meu rosto com o indicador, o que faz olhá-lo nos olhos. Ele deposita um beijo nos meus lábios e acaricia a minha bochecha antes de sair.

(…2 semanas depois…)

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Finalmente hoje vou sair do hospital com alta. Depois de 2 semanas deitada numa cama de hospital a única coisa que quero ver é o sol, respirar ar puro e ver pessoas de um lado para o outro. Já vamos a meio de Setembro, mas o tempo continua quente, apesar de ás vezes, á noite, já se sentir uma leve brisa de Outono prematuro.

A minha barriga cresceu um pouco e com isso vieram certas dores, mas nada ainda que não se aguente firme e de cabeça levantada. As minhas feridas e nódoas negras desapareceram, mais ainda me sinto desequilibrada mentalmente. Tenho pesadelos todas as noites, o que faz com que ás vezes não durma como deve ser. Rosalya sugeriu uma consulta com um psiquiatra, mas eu recusei.

Castiel e Angel gostaram da ideia. Eles argumentaram e disseram que podia me fazer bem, que iria me ajudar a ultrapassar os traumas do rapto e que tinham medo que eu tivesse uma recaída mental.

Por falar em traumas e rapto, Dylan está morto. O meu coração caiu-me ao chão assim que Angel me deu a notícia no dia seguinte, quando dei entrada no hospital. Entristeceu-me, apesar de tudo, e sinto-me culpada por não me ter apercebido que ele não estava bem á anos, desde a morte da mãe dele. Sinto que muita coisa podia ter sido evitada se eu tivesse sido uma melhor namorada na altura, mas eu só tinha 15 anos.

Lágrimas escorreram nessa noite. Ele pode-me ter feito muito mal, ameaçado as pessoas que amo e me manter em cativeiro durante longos dias, mas eu sei que aquele amoroso e gentil Dylan ainda estava dentro dele algures. Só precisava de um pouco de amor, carinho e atenção, e em vez disso, afastei-me, mudando de cidade.

Foi Derek que disparou o tiro. Angel descobriu que ele está preso numa cadeia no centro de Barcelona e eu pedi para que ela me levasse lá. Ela não achou muita piada, mas eu insisti, dizendo que era importante.

—Trouxe-te umas roupas minhas, espero que te sirvam -Angel entra com uma mala com roupa emprestada.

Com a ajuda de Castiel, levanto-me e retiro a bata de hospital feia e troco por um lindo macacão de verão preto e uns ténis Nike brancos. Demoro 15 minutos para me preparar, pois ainda me doem alguns lugares do corpo, como costas, ombros e braços.

—Acho que estou pronta -digo para Castiel.

Saímos do pequeno quarto individual e caminhamos até á saída do hospital. Á nossa espera, já estava um táxi pronto para nos levar até ao aeroporto. Não demorou mais do que 1 hora para chegarmos a Lisboa, e, á saída do mesmo, tive uma grande surpresa.

—Olha quem se manifestou para nos dar boleia -aponta Rosalya sorridente. Os meus olhos começam a querer chorar.

—Kentin…? -sussurro caminhando rápido até ao moreno com as esmeraldas mais lindas que eu conheço á face da terra. Ele nunca deixou de ser o meu melhor amigo…

Eu sou recebida pelos seus braços fortes. Ele aperta-me de tal forma que sinto o seu corpo quente e musculado por baixo da camisa branca de verão que veste.

—Pregaste-me um susto daqueles… -funga. Eu desfaço o abraço.

—Estás a chorar? -brinco e ele limpa as pequenas lágrimas no canto do olho.

—Não… eu estou apenas feliz por estares bem -soluça. Eu dou um sorriso derretido.

—Okay pinga-amor, chega de sentimentos fofinhos -Castiel cruza os braços_ leva-nos para casa.

(…)

Como eu estava à espera, a nossa casa em Vila Doce estava preparada para me receber. Todos os nossos amigos estavam lá, prontinhos para me dar um abraço e me receber com beijos e lágrimas no rosto de alívio por eu estar finalmente bem. Gwen até preparou um almoço digno de reis e fomos todos comer para o jardim. Dragon acabou por me roubar uma perna de frango do prato, mas eu deixei para lá. Ele também merece uma guloseima de vez em quando.

Castiel aproveitou a reunião de todos nós para dar a notícia oficial que eu estava novamente grávida. A surpresa na cara de todos era evidente. Alexy quase que explodiu de alegria ao saber que ia ter dois sobrinhos de uma só vez, visto que Rosalya também está grávida.

—Eu acho que nós engravidámos na mesma noite -ela ri contando a nossa noite em Nova Iorque_ os rapazes estavam inspirados nesse dia para fazer filhos.

Todos riram, mas a “festa” acabou cedo. Eu tenho ordens do médico para não fazer grandes esforços ainda e descansar o máximo que poder, mas dentro do limite. Eu não posso simplesmente perder o hábito de andar e de me mexer.

Oiço a água correr no banheiro e ajeito-me na cama. Castiel aparece uns segundos depois secando as mãos a uma toalha.

—A água já está boa -diz dando um leve sorriso para mim. Eu devolvo do mesmo jeito.

Ele aproxima-se e senta-se na cama ao pé de mim, acariciando os meus cabelos com ternura. Eu fecho os olhos para desfrutar o momento. A sensação é boa demais então, assim que ele afasta a sua mão, eu procuro de novo o seu contacto.

—Estás bem? -pergunta, num tom meigo, continuando as caricias.

—Sim… -assento com a cabeça_ apenas um pouco cansada.

Ao aperceber-se da minha preguiça, Castiel carrega-me nos seus braços até ao banheiro e coloca-me sobre a sanita. Eu começo a despir-me, mas a minha mente para por uns segundos. Um flashback de Dylan comigo no banheiro arrepia-me dos pés á cabeça.

—Há algum problema? -pergunta segurando o meu rosto. Eu apenas nego e dou um beijo calmo para o reconfortar antes de entrar na banheira.

(…)

A noite já caia lá fora á um par de horas. Olho no relógio digital na mesinha de cabeceira e o mesmo marca quase 23:30. Oiço Castiel conversar no corredor com alguém pelo telefone de casa, mas não consigo perceber do que falam. Curiosa como sou, tento ouvir e decifrar, mas o som da sua voz é demasiado abafado. Pego no meu celular assim que ele vibra. É uma mensagem de Sarah!

—Espero que estejas bem ♥ O Max manda-te um grande beijo minha linda! Um dia destes a gente vê-se —Sarah

Não demoro para responder. Assim que envio a mensagem para Sarah, logo outra cai, mas não é a sua resposta.

—Adorava ver-te. Por favor responde-me, eu vou-te buscar seja onde for… —Machine Gun Kelly

Abro a sms, mas não respondo. A minha mente apenas fica a ler e a reler a mensagem vezes e vezes sem conta como se estivesse na dúvida do que fazer. A porto do quarto abre-se e eu desligo o a tela do smartphone.

—Com quem estavas a falar? -pergunta Castiel de brincadeira.

—Com a Sarah, ela mandou cumprimentos, as melhoras…. Essas coisas todas -respondo sentando-me na cama_ e tu? Com quem é que estavas a falar ao telefone?

Ele faz uma cara séria e baixa um pouco o olhar pegando nas minhas mãos.

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—Castiel quem era? -volto a perguntar nervosa.

—Era o diretor de um produtora -ele faz carinho na minha mão_ ele está interessado em mim e no Lysandre e quer fazer parceria.

—Isso é uma ótima noticia! -empolgo-me_ porquê essa cara de enterro?

—Porque eu tenho que partir para Las Vegas daqui a 1 semana… mas eu não te quero deixar, não agora! -resmunga.

Ele está bastante frustrado e isso nota-se perfeitamente. Tento tranquiliza-lo encostando a minha cabeça na dele.

—Ele paga bem…? -sussurro. Ela assenta.

—Ele paga mesmo muito bem…, mas só voltamos daqui a 1 mês -termina.

Eu faço um olhar triste. Nós acabámos de nos encontrar, eu não quero larga-lo de mim agora, mas é o futuro dele que está em jogo.

—Vai -eu dou um sorriso_ eu fico bem. Eu já meio que me lancei no mundo da música…só faltas tu.

Eu abro um sorriso carinhoso e gentil. Eu sei o quão ele quer isto.

—Okay eu vou -ele sorri_ mas promete-me que falamos todos os dias á noite.

—Eu prometo.

Eu puxo-o pela t-shirt e selo os nossos lábios num beijo quente e apaixonado. Com cuidado, Castiel coloca-me sentada na sua cintura, com as pernas á sua volta. Ele para o beijo e me encara.

—Obrigado -quase que sussurra.

—Pelo quê? -pergunto segurando o seu rosto.

—Por nunca me teres virado as costas -responde.

Mordo o lábio, emocionada. Acabo por abraça-lo.

(…2 semanas depois…)

—Isto não é nada boa ideia Lake… -avisa Rosalya no banco de trás.

—Eu tenho que vê-lo! Ele salvou-me a vida! -respondo abrindo a porta do carro assim que ele para.

Eu tenho que ver Derek. Eu tenho que o ver. Castiel e Lysandre partiram á 1 semana. Eu tinha que vir quando Castiel se fosse embora porque de outra forma ele nunca me deixaria ver Derek á prisão. Rosalya e Kentin disponibilizaram-se para vir comigo, mas esperarão do lado de fora no carro. O guarda espanhol acompanha-me até a uma sala de convívio onde os presos recebem as visitas diárias. Ele convida-me a sentar numa mesa e assim faço.

Ele dá a indicação de que vai buscar Derek e eu assento com a cabeça. Espero pacientemente, mas nervosa. Estou a tremer como uma vara verde. Castiel vai matar-me quando souber…

Oiço a porta abrir-se e o meu olhar bate de frente com ele. Derek está cabisbaixo e caminha até mim sem grandes olhares. Assim que ele se senta, revelando o seu olho negro eu faço uma expressão triste e preocupada.

—Pensei que nunca mais me quisesses olhar na cara -diz sério olhando-me nos olhos. Eu engulo em seco com o que vou perguntar.

—Quantos anos? -a minha voz até falha. Ele desvia o olhar, olhando em volta.

—19… -sussurra_ Posse de arma e droga ilegal, rapto, lavagem de dinheiro e muitas outras coisas. Apanharei mais ainda por causa do estupro…

—Eu disse que tinha sido o Dylan -devolvo. Ele olha-me sem entender_ eu disse que tinha sido o Dylan quem me estuprou.

—Porque é que fizeste isso? -pergunta calmo_ Porque é que me ajudaste?

—Porque tu salvaste-me a vida, incluindo também as dos meus amigos -choro_ se não fosses tu, nós podíamos não estar aqui…

—”Nós”? -Derek franze o sobrolho.

Eu levanto-me da cadeira e subo a t-shirt um pouco. A sua boca abre um perfeito “0”.

—Quanto tempo? -pergunta incrédulo.

—8 semanas… -dou de ombros e solto um sorriso bobo.

—Oh meu Deus tu estavas…? -ele começa e eu assento_ Desculpa miúda… eu não sabia, eu juro que não sabia de nada!

—Não te martirizes por isso, estamos ambos bem -tranquilizo-o.

O guarda não tardou para nos avisar de que o tempo para visitas acabou. Levanto-me e pego na minha bolsa, pronto para ir para a saída. Derek é levado pelos guardas prisionais. Eu travo a caminhada e rodo os pés voltando para trás.

—Derek! -chamo-o. Ele olha para trás, travando os guardas_ Procura-me assim que saíres daqui!

—Para isso eu preciso de um nome! -ele ri gritando. Eu devolvo o riso.

—Ladylake Storm!

Ele desaparece na esquina e eu fico a rir sozinha. Eu sinto-me muito melhor comigo mesma, ainda bem que vim a Barcelona vê-lo. Ele precisava de saber que eu não mantinha rancor ou ódio dele e que eu estava bem. Vejo-te daqui a 19 anos Derek…

(...) Viver é como desenhar sem borracha (...)