Os Cinco Selos

Suspenção



O dragão subia aos céus. Kleist segurava em sua cauda com força para não cair. Quando a criatura começou a voar em uma posição plana perto das nuvens, o Selo foi subindo até as costas dele. Com dificuldades, ele conseguiu ficar de pé. O vento forte que soprava fez seu capuz abaixar, assim seu cabelo ondulado castanho ficou remexendo violentamente. Passo por passo, Guerra tentava andar sobre o dragão, mas o vento forte quase o lançava para trás. Depois de muito esforço, enfim chegou na parte nas costas do dragão onde ele havia feito o corte anteriormente. O rasgo não era grande, mas profundo o suficiente para deixar a carne exposta. Após firmar-se, Kleist segurou o cabo da espada com as duas mãos com a ponta da lâmina para baixo.

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— Cuspa este... — Ele ergueu a espada o mais alto que pode. — Retardado!

As chamas amarelas arderam na espada, cravando-se fundo na ferida aberta. O dragão soltou um rugido alto de dor, estremecendo-se. Kleist quase caiu, mas segurou-se firme na espada, que por estar cravada fundo não se desprendeu.

— Acredite... é para seu próprio bem.

Kleist descravou a espada — mais um rugido ecoou — e preparou-se para dar um segundo golpe, mas, subitamente, o dragão começou a subir. Com a inclinação, o Selo da Guerra perdeu o total equilíbrio e começou a cair, tentando se agarrar em qualquer lugar, porém não conseguiu. Enquanto caia em queda livre, Kleist pode ver o dragão dar meia volta e começar a descer em sua direção. Guerra começou a se remexer no ar. O dragão abriu a boca e o engoliu também.

Edward observou Bahamut pousar no chão alguns metros de si, e o Morte daquela linha temporal cercava-o do outro lado também um pouco distante.

Postando-se de lado, Edward deixou suas pernas entreabertas, levou sua foice para trás na direção ao Morte e ergueu sua mão esquerda na direção do Bahamut, mantendo sempre olhar sobre o rei dos demônios.

Seus olhos azuis não piscavam.

A tensão entre os três era tão tensa que os demônios e humanos se afastavam deles em um grande raio.

Então ele piscou.

O punho de Bahamut se projetou a centímetros de seu rosto. Com um excepcional reflexo, Edward jogou sua cabeça para lado, e o punho passou muito próximo de seu rosto — Bahamut fez uma expressão de surpresa, enquanto a pressão do soco fazia o solo fragmentar. Usufruindo de suas asas de energia negra, Edward se impulsionou para frente, e a foice do Morte se cravou no lugar que ele estava. Ele rolou pelo chão e logo se pós de pé, voltando para posição de antes, com uma expressão séria.

Bahamut e Morte se entreolharam, preparando-se para atacar ao mesmo tempo, entretanto os dois olharam para o lado e viram o machado vermelho envolto em chamas verdes indo em sua direção. Morte voou, Bahamut saltou e o machado brandiu pesadamente contra o chão, abrindo uma rasa cratera com o impacto. Pietra trocou de lugar com o seu machado. Seu braço ardeu em chamas verdes e ela disparou no Bahamut que estava no ar. Ele gingou seu corpo para o lado, e o pilar de chamas verdes emergiu até os céus.

— Que mulher presunçosa... — ele disse, sorrindo.

— Não é o primeiro a dizer-me isso. — Os olhos verdes da Pietra brilhavam intensamente.

— Talvez eu seja o último.

Sobre a palma direita de Bahamut, uma esfera roxa de energia cresceu.

Edward voou em direção a Pietra e pegou-a.

A esfera se chocou contra o solo, a explosão ocorreu aprofundando em muito a cratera e causando tremor.

— Isso foi imprudente — advertiu Edward, com Pietra em seus braços.

— Você não vai ficar com a toda a diversão, capitão. — Ela sorriu, quase sadicamente.

Mikaela apareceu no ar perto deles. Asas semitransparentes de contorno colorido se projetavam em suas costas e um círculo mágico vermelho em sua mão esquerda, que estava apontado para Bahamut e Morte.

— Ora, admiro a coragem de vocês estarem assim comigo aqui — ela disse para os dois, mas manteve seu olhar fixo em Bahamut.

— Ele que me agarrou, você viu! — Pietra deslizou, apoiou as mãos no chão e levantou-se em um salto. Esticou o braço esquerdo para o lado e seu machado parou em sua mão. — Obrigada, Aiken.

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Aiken chegou até eles caminhando tranquilamente. Suas chamas prateadas envolviam seu corpo e suas katanas. Ele ficou ao lado de Pietra.

Bahamut moveu seus olhos da Mikaela até Aiken, observando-os tentando compreender o que acontecia. Ele olhou para o Morte, mas viu que ele estava tão confuso quanto ele. Um largo sorriso começou a se fazer em seu rosto, junto com baixas gargalhadas.

— Magnifico... de fato, magnifico. — Bahamut coçou a barba em silêncio. — Vamos recuar.

— Nem fodendo! — vociferou Pietra.

Edward colocou a foice na frente de Pietra para impedi-la de fazer algo, e ela ficou quieta ao ver a expressão séria no rosto de seu capitão.

Morte e Bahamut começaram a voar, dando as costas para todos.

— Cadê meu dragão...?

O dragão apareceu em meio as nuvens indo em sua direção, mas explodiu espalhando chamas vermelhas e amarelas pelo céu. Pedaços de dragão, entranhas e várias lâminas criadas por Kleist começaram a cair do céu como chuva. Os dois Selos — cobertos por uma gosma nojenta — saíram rolando pelo chão até ficar com a cara voltado para o mesmo e foram deslizando até o restante dos Selos. Lentamente, os dois ergueram os punhos do chão e tocaram, levantando a cabeça e abrindo um sorriso sem mostrar os dentes em seguida.

— Do caralho — disseram, e voltaram com a cara virada para o chão.

Dando de ombros, o rei dos demônios continuou seguido em frente. Demônios feridos começaram ao seguir. Bahamut esticou o braço em direção a eles.

— Inúteis até mesmo para morrer em batalha.

O feixe de energia roxo obliterou com o grupo e causou uma explosão alta com o impacto contra o solo — o vento resultante da explosão fora intenso.

Todos só saíram da posição defensiva e relaxaram ao ver Bahamut e Morte desaparecerem no horizonte.

A chuva fria começou a recair sobre eles.

Desta vez, não houve comemoração por partes dos sobreviventes.


Ainda do lado de fora do reino, a movimentação era intensa. Todos focados em ajudar aqueles que estavam feridos. Os corpos mortos dos demônios e humanos começaram a ser recolhidos — os demônios eram empilhados, enquanto os humanos eram enfileirados.

Mikaela estava um pouco afastada dos outros, ainda olhando para onde Bahamut sumiu. Edward se aproximou dela, cobrindo-a com seu sobretudo para protegê-la da chuva e ficou parado ao seu lado. Depois de um curto silêncio, ela disse:

— Não esperava vê-lo... Nunca mais.

— Não importa quantas vezes ele apareça, nós sempre daremos um jeito de matá-lo — simplesmente disse.

— Eu sei. — Ela pendeu a cabeça para o lado repousando-a na dele.

E, desta vez, você não irá morrer, pensou Ed, passando seu braço pela cintura dela.

Os dois começaram a ir onde os Selos e os Guerreiros Sagrados de Arcádia estavam reunidos, mas Mikaela parou ao perceber que Edward estava ficando para trás. Olhando para trás, ela o viu com os olhos arregalados.

— O quê?! — ela perguntou, ficando meio assustada.

— Me-me-me...— Engoliu seco. — Meu sobretudo!

— O que tem ele? — Mikaela o tirou e ergueu. Em seu meio estava o rasgo que Sombra adquiriu quando lutava. — Ah. Um furinho. — Do buraco, ela viu os olhos de Edward começarem a brilhar. — Não, não, não, não, não chore!

— Mas... mas...

— Eu costuro! Eu costuro, ok?!

— Costura...?

— Sim, sim, eu costuro! Não chore. Vai ficar novinho!

— Certo... ok — ele sorriu.

Mikaela suspirou.

Os dois se juntaram aos outros quando os Selos terminaram de explicar a situação por parte deles. A rainha Camille ficou em silêncio por um instante, absorvendo tudo que fora dito, e ninguém tirou silêncio. Por fim, disse:

— Entendo. Agora, temos muita coisa a se fazer, e a falar também. — Ela olhou para os gêmeos. — Isso começa por vocês dois, não há como iniciar de outra forma. O restante, vem comigo.

Camille tomou o cigarro da boca de Deckard quando ia embora e começou a tragar, e os Guerreiros Sagrados a seguiram, exceto os gêmeos.

Os Selos ficaram olhando para eles, enquanto Deckard e Miana ficavam desviando o olhar.

— Como podemos dizer...? — começou Miana, coçando a bochecha.

— Nós somos filhos de Mikaela e Edward desta linha temporal — concluiu Deckard imediatamente.

Os Selos olharam para Edward e Mikaela.

Edward arregalou os olhos e sua boca ficou entreaberta, e olhou para Mikaela, que apenas coçou a bochecha e deu uma risadinha.

— Como posso dizer...? Já venho me sentindo estranha há um tempo... — Mika disse.

— Quê? — Edward arregalou ainda mais os olhos e abriu totalmente a boca. – Você... vo-você está grávida?!

— Est-

Edward colocou as mãos na cintura dela e ergueu-a o mais alto que seus braços deixavam.

— Por que não me contou antes?!

— Porque sabia que você não me deixaria participar se algo acontecesse — ela disse, emburrada.

— Mas é claro que não ia! — Ele a trouxe para si e abraçou-a. — Você está grávida, oras!

Mikaela passou suas pernas pela cintura de Edward e abraçou-o passando os braços pelo pescoço dele e aninhando sua cabeça a dele.

Enquanto os Selos olhavam para Edward e Mikaela, Kleist ficou observando os gêmeos. Os dois esboçaram um curto e rápido sorriso, mudando sua expressão para angustiada logo após.

— Mas não é só isso, é? — questionou Kleist para eles.

Os gêmeos negaram com a cabeça.

— Nossa mãe foi morta por nosso pai — disseram em uníssono.

Continua ♥ :p