Para Sempre

Capítulo 9 — De volta ao Vilarejo dos Sonhos.


Isabela Junqueira.

A Manuela e o Joaquim chegaram a mesa um pouco afobados, e sentara-se um na frente do outro. Eu estava ao lado do tio Raul, ele conversava sobre toda a situação que envolvia eu e a Manuela, até que larguei os talheres na mesa e disse:

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— Tio Raul, eu sei que você está revoltado com toda a situação, e envergonhado por não ter percebido antes... Mas agora está tudo bem, amanhã a Rebeca irá finalmente me conhecer, e descobrir que teve gêmeas, a Regina destruiu não só a minha vida, a da Rebeca também. Eu estou cansada, acho que a Manuela também... — Ela balançou a cabeça positivamente. — Não vamos mais falar disso, pelo menos por essa noite...

— Tudo bem, Isa. — Tio Raul sorriu.

Terminei de jantar e me levantei da mesa, me despedi de todos e fui para o quarto. Fechei a porta e fui para a varanda — Tio Raul e Otávio haviam tirado a grade. — Fiquei pensando em todos os momentos que eu estava naquele quarto, quando o meu pai Orlando ainda estava vivo, quando eu imaginava a minha vida um inferno, enquanto aquilo era o paraíso em relação ao que aconteceu dias depois da morte dele.

— Ai pai... — Apoiei meus braços no corrimão de vidro da varanda. — Você faz tanta falta... Se você estivesse aqui, teria orgulho de mim! Eu consegui vencer a Regina pai, eu salvei a minha irmã... — Meus olhos estavam cheios de lágrimas. — Quem diria eu tendo uma irmã gêmea e não sabia. Só coisa de novela mesmo! — Ri e limpei as lágrimas, saindo da sacada e fechando a janela.

Fui até o closet e peguei uma toalha, roupão e um pijama. Antes de entrar no banheiro, ouvi meu celular tocar e o atendi.

— Alô? — Atendi tão rapidamente que nem vi quem era. — Mãe?

Oi Manu! Você disse que ia dormir na casa de uma amiga, né... Eu queria saber como você está.

— Estou bem, mãezinha. Melhor agora que você ligou! — Sorri.

Ah que bom, não vai dormir muito tarde, está bem? Quero você aqui amanhã cedinho! — Ela deu uma leve risada. — Te amo, viu? Bons sonhos, filha!

— Pode deixar, mãezinha... Boa noite para você também. — Parei de falar, e a ligação ficou silenciosa por longos segundos. — Te amo... Também... Tchau mãe, tenho que desligar.

Desliguei e fiquei encarando a foto dela, que saiu depois de alguns segundos, e de repente um sentimento de raiva invadiu meu corpo, fazendo com que atirasse o celular no chão.

A sua mãe te abandonou quando você nasceu e eu... Bom, eu peguei você para criar como filha. — A voz da Regina ecoava pelos meus pensamentos.

Eu sentia que eram duas meninas. Todo mundo olhava para a minha barriga e diziam que seriam gêmeas! Eu estava muito feliz! Só que na hora de nascer, só veio ela. — Dessa vez, a voz de Rebeca.

— QUE DROGA! Porque eu sempre me sinto assim quando eu falo...Ou vejo a Rebeca? Por que as coisas ruins sempre acontecem comigo?!

— Falando sozinha, Isa? — Manuela entrou no quarto e fechou a porta.

— NÃO ME ENCHE MANUELA!

— Ei... O que aconteceu? Só pra te dizer, eu não tenho culpa...

— Ai tá, desculpa... Eu to nervosa... Ah quer saber, eu vou tomar um banho.

Manuela Agnes.

Isabela entrou no banheiro muito irritada. Desci para a cozinha — Joaquim e Otávio já tinha ido embora e Raul foi para o quarto de hóspedes, aluzes estavam desligadas, mas havia uma claridade do lado de fora iluminando a sala — Acendi as luzes, peguei a caixinha de remédio, e procurei o mesmo que eu tomava para dormir. Abri uma gaveta e peguei uma bandeja. Em seguida, busquei um copo em um armário, e abri a geladeira e peguei uma jarra com água e despejei no copo, colocando-o na bandeja, ao lado do remédio, e fui para o quarto novamente.

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Entrei no quarto e a Isabela estava em frente ao espelho, penteando seus cabelos após secá-lo.

— O que é isso, Manuela? — Ela observou a bandeja pelo espelho, e em seguida virou-se.

— É um remédio! Toma, vai te fazer bem.

Isabela tomou um pouco desconfiada, mas não disse nada. Deitou-se na cama, e aos poucos, o sono foi chegando. Vesti um dos pijamas e fechei as cortinas e desliguei as luzes, deixando apenas a do abajur ligado e deitei na cama, velando o sono da Isa.

— Agora vai ficar tudo bem, Isa... — Fiz cafuné em sua cabeça e me cobri, e fechei os olhos.

Acordei com o sol batendo em meu rosto. Virei-me e vi que Isabela já não estava mais na cama, sentei-me na cama e olhei para os lados e peguei o celular que estava em baixo do travesseiro. Já era mais de nove e meia da manhã.

— A Isa já deve ter descido... — Disse. Levantei da cama e fui para o banheiro.

Meia hora depois eu desci também, já pronta. O Raul estava sentado em uma poltrona da sala, mexendo em seu tablet. Assim que ele me viu, levantou-se e deixou o aparelho na poltrona.

— Que bom te ver bem, Manuela! A sua irmã já tomou café, ela está no escritório. Coma alguma coisa e nós iremos para o Vilarejo.

— Está bem...

Uma hora depois, nós saímos da mansão no carro do Raul. Eu e a Manuela fomos atrás sozinhas. Antes de ligar o carro, ele pediu que colocássemos o cinto, e assim fizemos. Escorei minha cabeça na janela e fiquei observando a paisagem, quando Raul parou em uma sinaleira, e vejo um banner grande da banda Cúmplices de Um Resgate.

Fechei os olhos por alguns minutos, e quando abri reconheci o Vilarejo dos Sonhos. Finalmente eu cheguei!

Paramos na frente da casa da minha mãe. A Isa já tinha me explicado o plano, e como tudo ia funcionar. Como era Domingo, todos estavam em suas casas descansando e almoçando, mas a tarde haveria ensaio com a banda do Vilarejo.

Nós saímos do carro. Isabela entrou dentro de casa e eu sentei no banco que havia ao lado dela, esperando o grande momento!

Isabela Junqueira.

— Mãe! Mãe! Mãaaae! — Entrei chamando Rebeca. Pus a minha mochila no sofá, e apoiei meus braços nele.

— Filha! — Ela saiu de seu quarto e me abraçou. — Já é quase meio dia, por que demorou tanto

— Por que... por... que... — Não sabia o que responder. — Por... que eu tenho uma surpresa pra você! — Sorri e peguei em sua mão.

— Surpresa?! — A puxei para fora de casa. — Manuela, me explica! Que surpresa é essa? — Estávamos descendo a escadinha que tinha, Manuela já estava de pé.

— Essa... — Rebeca então olhou para a Manuela, muito surpresa.

Manuela não esperou nem Rebeca falar alguma coisa, e logo correu para o seu abraço. Dona Nina e Helena estavam voltando para casa quando nos viram, elas até deixaram as comprar caírem no chão de tanta surpresa.

— Essa é a Manuela. — Otávio apontou para ela. — E essa é a sua filha Isabela. — Dessa vez, para mim. — Você teve gêmeas!

— Eu tive gêmeas?! — Ela estendeu seu outro braço e me envolveu em seu abraço, junto com a Manuela. — Mas como?! Eu não estou acreditando!

Eu me preparei para falar alguma coisa, mas o Otávio fez sinal com a mão, Rebeca olhou para ele e em seguida para mim, com água nos olhos.

— A Isabela foi separada de você antes de nascer.

— Quanta maldade, meu Senhor! — Ela disse com uma expressão de revoltada.

— A Manuela estava sequestrada todo esse tempo. — Eu disse com uma voz fraca.

— Então quer dizer que, quando eu achei que a Manuela tinha voltado, era você, Isabela?! — Ela me perguntou.

— Aham.

— E porque escondeu isso de mim, filha?! — Quando ela disse a última palavra, meu coração acelerou e ao mesmo tempo, fiquei aliviada. — Eu podia ajudar...

— A Regina, a mulher que me roubou de você, disse que você tinha me abandonado, então eu vim para o Vilarejo com o objetivo de me vingar por todo esse sofrimento. Quando eu voltei, eu achava que se você não tivesse me abandonado, nada disso teria acontecido.

— Mas eu não sabia, filha... Eu juro! E se eu soubesse, eu jamais faria uma barbaridade dessas! — Seus olhos estavam cheios de lágrimas, e mesmo passando a mão por eles, as lágrimas não paravam de descer. — Minhas filhas! — Ela mostrou um grande sorriso, e depois, beijou a cabeça da Manuela e a minha. — Eu amo vocês!

— Eu sei mãe. Eu também te amo... — Eu ia dizer outra coisa, mas desisti e mostrei um sorriso.

Não queria estragar aquele momento. Eu estava MUITO feliz! Pela primeira vez ouvi a Rebeca dizer que me ama. Na verdade, ela falou de mim e da Manuela, mas não fazia diferença.

— Ai ai... Dormi pensando que eu tinha só uma filha e acordo com duas!

Ouvimos o som de buzina. Então, vi o ônibus da C1R entrar pelo Vilarejo a dentro. A Rebeca olhou assustada, mas logo sorriu. O ônibus parou em frente a nossa casa... E é claro que a imprensa veio atrás, mas devia estar escondida, como sempre.

André e os Irmãos Vaz desceram deles. O Joaquim sorriu para a Manuela, e os outros ficaram sorrindo para a Rebeca.

— Quem são essas crianças lindas?!

— Meu nome é Felipe! — Felipe mexeu no cabelo, tirando gargalhadas de todos.

— AI Felipe, agradeça a tia pelo elogio, não seja mau educado.

— Obrigado tia Rebeca! — Felipe estendeu a mão. — Sua filha é muito linda, ela ficou escondida na minha casa, sabia?! — A Isabela é minha deusa angelical...

— Não liga para ele não tia.

— Tudo bem! — Ela riu. — Qual tal nós entrar? O Otávio vai buscar umas comidinhas...

— COMIDA?! Tô dentro!

— Felipe! — Júlia chamou a sua atenção.

— Não tem problema não! Vamos?

Então Otávio entrou no carro e saiu, e nós entramos em casa.