Os sentimentos da Princesa Guerreira

Capítulo 16 — Reunião de super-amigas


A notícia da reunião com a Mulher Maravilha se espalhou não somente pelo bairro, mas por toda a cidade, chamando a atenção também de outros estados. Jasmine, a organizadora, temeu que a sede dos moradores do Bairro ficasse pequena para todas aquelas que queriam participar.

Então, para poder conseguir recepcionar pelo menos uma parte das interessadas, já que não havia condições de cadastrar tantos nomes, Jasmine conseguiu realocar a reunião para a quadra da escola onde sua filha Malila estuda. Como a procura foi grande, Diana prometeu que faria outras reuniões e, assim, poderiam ficar despreocupados.

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Diana estava acostumada a falar para um grande número de pessoas, principalmente para mulheres. Ver todos aqueles rostos impacientes e excitados para o início da reunião, deixou-a animada. Por outro lado, do lado de fora da escola, havia uma concentração de pessoas contrárias aquela reunião, carregando alguns cartazes dizendo que não precisavam de sua ajuda ou pedidos para ficar longe da educação das meninas. De um modo geral, aquela manifestação não a abalou.

Ela não estava sozinha, ou melhor, a Mulher Maravilha trouxe reforços, é claro que não pensava que os manifestantes sairiam do controle, longe disso. Diana via ali uma oportunidade de mostrar para todos que suas preocupações iam além de derrotar vilões alienígenas, mas, também, problemas cotidianos.

— Com licença, super-amiga passando. — Shayera abriu espaço entre as mulheres e conseguiu chegar até onde a Mulher Maravilha estava. — Está uma loucura lá fora, parece que toda a Associação de Conservadores dos Estados Unidos descobriu o Brooklyn da noite para o dia. — Ela deu uma risada para quebrar o clima tenso que se instaurou. — Não se preocupem, temos um reforço para dar conta de tantas pessoas.

— Onde elas estão? O que aconteceu? — Diana perguntou.

— Você quer saber o que aconteceu? Estelar aconteceu, é tudo o que tenho a dizer. — Shayera virou-se e apontou em direção a porta.

Antes que Diana fosse em busca de suas convidadas, Estelar entrou no ginásio. Ela era uma mulher alta e de incrível beleza não somente para os padrões thanagarianos, seus cabelos eram muito longos e a pele em um tom bronzeado. Naquela tarde, ela optou por usar um vestido branco de tecido leve e que deixava as pernas a mostra, além de um decote generoso.

Estelar não era a única a entrar no ginásio. Zatanna e Canário Negro também compareceram. E, para a surpresa de Diana, Supergirl e Vixen também vieram. Como estavam em missão fora do país, não tinham confirmado ainda a presença, pegando-a de surpresa.

As crianças presentes no ginásio correram na direção da jovem heroína, que vestia um uniforme mais formal com uma saia vermelha e a camisa azul, com o símbolo da casa El estampada no peito.

— Eu soube que tenho grandes fãs no Brooklyn. — Supergirl acenou para Diana, impossibilitada de se mover naquele momento.

— Espero que tenha mais uma vaga para mim. — Vixen cumprimentou as heroínas com um sorriso e pousando para uma selfie com algumas meninas.

— Sempre temos uma vaga para as amigas. — Diana estendeu a mão para Vixen, após ela tirar todas as fotografias com as crianças.

Vixen estava afastada do grupo nas últimas semanas devido ao trabalho em um campo de refugiados. Ela explicou que retornou por pouco tempo, apenas para resolver algumas pendências a pedido do Caçador de Marte, e logo retornaria.

— Como vai, Shayera. — Vixen era uma mulher elegante, usava um vestido longo e colorido, com pulseiras douradas em ambos os braços.

— Estou ótima. — Shayera respondeu.

Diana estava entre as duas mulheres que trocavam sorrisos no mínimo suspeitos. Preferiu mudar de assunto e apresentar Jasmine, que se aproximava do grupo.

— Tem uma quantidade considerável de jornalistas lá fora, eu não sei o que fazer. Se deseja que eles entrem e participem.

— Não vejo porque impedi-los de fazer seu trabalho. — Diana respondeu, mas Vixen e Shayera soltaram um longo suspiro, finalmente concordando em algo. — Podemos pedir para alguns entrarem.

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— Acho que a cota de repórteres foi completamente preenchida, querida. — Shayera moveu a cabeça, apontando para Lois Lane que conversava com a Supergirl, logo em seguida, a repórter caminhou na direção do grupo.

Diana deu um passo a frente.

— Eu não sabia que viria. Está um pouco longe de casa, não? — A amazona estendeu a mão e apertou a mão da repórter de maneira gentil, sem muita força, diferente de Lois. — Mas é sempre bom vê-la, Senhorita Lane.

— Fiquei sabendo que a Mulher Maravilha havia se mudado. E eu não poderia perder essa nova fase. Parece que você já conhece bem a vizinhança. — Lois abriu a bolsa pendurada em seu ombro e tirou o celular de lá de dentro. — Se importa em me conceder uma entrevista?

— De forma alguma. — Diana suspirou, foi uma surpresa encontrar Lois Lane cobrindo uma reunião de uma associação de moradores. Não era bem o que ela costumava fazer, já que, segundo Clark, ela era sempre designada para cobrir eventos de grande porte.

Lois segurava o celular, onde o aplicativo de gravação estava ligado. Foram poucas as vezes em que Diana concedeu uma entrevista a repórter do Planeta Diário. Entretanto, quando essas poucas oportunidades surgiam, Lois sempre tinha alguma carta na manga e Diana nunca sabia o que a repórter poderia perguntar, ou trazer a tona assuntos que nem ela conhecia ainda.

— Desde que deixou a Ilha de Themyscira para morar entre nós, você viveu em diversos endereços interessantes como a Casa Branca, o Consulado da Grécia, alguns castelos na Europa e Ásia. Mas de cinco anos para cá, você decidiu compartilhar o apartamento com colegas de quarto e em lugares mais discretos. É algum laboratório experimental essa mudança, ou apenas uma crise temporária?

Os olhos castanho de Lois encaravam os azuis de Diana. Ela era uma mulher séria e bastante firme em suas palavras. Segurava o celular com a mão direita, enquanto a outra mão estava apoiada na cintura. Lois vestia uma saia lápis cinza escuro e camisa de seda creme. O salto alto permitia que ela chegasse quase a altura da amazona, mas não tanto. O grupo de super-heroínas, atrás da Mulher Maravilha, de maneira alguma incomodava ou intimidava a repórter. Era justo, ela já havia sido testemunha chave das maiores vilanias em sua cidade natal. Então estava acostumada a encarar pessoas muito fortes.

Diana a admirava por isso.

— Logo que retornei da primeira guerra, o presidente Woodrow Wilson entregou-me uma medalha de honra e um convite para conhecer mais a civilização moderna. Eu morei na Casa Branca por quatro semanas, até que o Consulado Grego reconheceu Themyscira como sendo parte de seu território. Como deve saber, até então estávamos completamente invisíveis do mundo.

— Sim, eu li a biografia da Mulher Maravilha. — Lois mostrava-se paciente e interessada na conversa. Enquanto Diana aguardava o pulo do gato, pois já estava acostumava com as perguntas diretas e picantes que a repórter costumava fazer.

— Aquele livro não falou metade da minha história, Senhorita Lane. Além do mais, ele foi publicado sem a minha autorização.

— Mas você não o processou, interessante.

— Eu não o processei pois acredito que não tenho esse direito. O de calar uma pessoa.

— Entendo. — Lois olhou para trás, onde Jasmine estava parada em pé. — Peço desculpas se estou tomando muito do seu tempo, Mulher Maravilha. Podemos continuar nossa entrevista depois.

— É claro que podemos, mas eu gostaria de terminar de responder sua pergunta. Você tem razão sobre eu ter morado em diversos lugares, fui muito bem recebida e agradeço a cada pessoa que me abrigou em suas residências. De onde venho, nós priorizamos a amizade e recepcionamos muito bem nossas irmãs.

— Desde que não sejam homens. — Lois ressaltou.

— Exatamente, é proibida a presença de homens na ilha. — Diana complementou.

— Mas Steve Trevor, o Batman e também o Superman já estiveram na Ilha. O que esses três homens têm em comum, além de serem amigos da princesa das amazonas?

— Eles foram agraciados pela misericórdia da Rainha Hipólita. Assim como eu, minha mãe aprendeu muito sobre a cultura fora da Ilha. Estar na Liga da Justiça acabou me afastando um pouco da rotina, foi por isso que eu decidi que estava na hora de viver uma nova fase. Não é apenas uma experiência, é a minha vida que estamos falando.

— Não era meu objetivo diminuir sua vida como uma mera experiência. Mas os meus leitores são curiosos, eles querem conhecer um pouco mais da mulher mais famosa do mundo. — Lois guardou o celular na bolsa.

— Caso os seus leitores precisem de algumas dicas sobre mudanças, eu posso colaborar. — Diana agradeceu o tempo com Lois e acompanhou Jasmine.

A arquibancada do ginásio estava completamente cheia e ainda havia algumas pessoas em pé pelas laterais. Diana recebeu um microfone e aguardou os aplausos cessarem.

— Bom dia, primeiramente eu quero agradecer a presença de vocês. Estou me sentindo honrada com a presença de todas, até mesmo com as pessoas lá fora. Podem não concordar com tudo o que eu digo e realizo, mas é o direito deles e eu respeito isso. — Um burburinho fugiu um pouco do controle e se tornou uma grande discussão cheia de perguntas que foi controlada por Jasmine.

Diana havia ensaiando o discurso diversas vezes. Embora suas qualidades ressaltassem aos olhos de todos, ainda assim, a Mulher Maravilha possuía suas próprias inseguranças. Diante disso, ela não estava cem por cento convencida de que, naquele momento, o que ela tinha para falar era o mesmo que aquelas mulheres queriam ouvir.

Então ela deixou de lado tudo o que havia pensado em dizer. E decidiu ouvir.

— Por que vocês vieram aqui hoje? — Houve um silêncio inicial, enquanto as pessoas se entreolhavam. — Me digam, eu quero ouvi-las.

Os depoimentos vieram um após o outro, carregados de emoção ou revolta, às vezes, apenas um alívio por desabafar. Diana ouviu todos os depoimentos com igual emoção. Muitas coisas do que era pedido estava longe do seu alcance, e aquilo fazia ela pensar em como as pessoas tinham uma imagem muito distorcida do que a Mulher Maravilha deveria fazer com seus poderes, até onde ela poderia chegar com sua força e influência.

Foi dado uma pausa, onde um lanche comunitário seria servido. Diana aceitou um pedaço de bolo entregue por Malila, que confeitou sozinha. Após agradecer, Diana comeu o bolo dando uma nota dez para o trabalho da menina, que correu para contar a mãe.

— Que dia, hein, princesa. — Canário Negro encostou as costas na parede ao lado da janela. Seus cabelos estavam amarrados bem no alto, ela vestia uma calça jeans e camiseta branca amarrada em um nó acima da cintura. — Acho que não estava esperando por isso.

— Para falar a verdade, não mesmo. — Diana olhou pela janela, algumas pessoas ainda insistiam em erguer placas com informações negativas sobre a sua presença ali. — Mas foi a coisa certa a fazer.

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— Essas mulheres não precisam apenas de alguém que as escute, mas que escute e ajude.

— É o que eu pretendo fazer. — Diana levou a mão até o ombro da amiga. — Se estiver ao meu lado, será mais fácil.

— Não é como se eu deixasse uma festa pela metade, certo princesa?

— Certo. — Diana sorriu. — Vou ver se Jasmine precisa de alguma coisa.

— Espere, Mulher Maravilha. — Zatanna pediu que ela esperasse, enquanto finalizava uma ligação. — Batgirl acaba de me ligar, acho que sei porque a senhorita Lane está aqui.

Diana não compreendeu o que uma coisa poderia estar relacionada com a outra. E, após a reunião ser finalizada, o apartamento de Shayera e Diana se tornou o QG oficial das super-heroínas da Liga da Justiça, no Brooklyn.

— A minha ligação com a joalheria de Samantha Smith foi meramente profissional, eu apenas fiz um ensaio fotográfico com as peças. — Diana sentou no sofá, levando a mão até a cabeça, tentando entender o que estava acontecendo.

— Eu visitei o escritório do advogado da joalheria, eles possuem uma pasta com várias informações sobre você e Katherine Spencer. — Disse a Batgirl, na ligação. — Vocês aparecem no processo como beneficiárias de uma grande quantia em dinheiro e joias.

— Mas eu não fiquei com o dinheiro. Ele foi todo doado para a caridade. — Diana respirou fundo. — E as joias, eu as recusei.

— Pelo visto, alguém foi mais esperto que você, princesa. — Shayera falou, oferecendo um copo de chá para Diana.

— Enquanto ela não receber uma intimação, tudo isso não vai passar de uma suposição. — Canário Negro sentou ao lado de Diana.

— Ela tem razão. — A Batgirl concordou. — Posso falar com Kate Spencer, ela vai saber o que fazer, já resolveu muitos problemas jurídicos para nós.

— De qualquer forma, posso investigar mais alguma coisa, para ajudar. — Supergirl ofereceu um sorriso para confortar Diana. — Tudo o que supostamente nos levaria até a Lexcorp, foi muito bem esquematizado e as minas irregulares que você encontrou em Bogotá, não são o suficiente para incriminá-los. As pedras preciosas passaram antes por outras mãos até chegar a eles.

— Pode contar comigo. — Estelar falou. — Alguns amigos podem colaborar com as investigações.

— Obrigada a todas, eu preciso falar com Kendra sobre isso, talvez ela tenha alguma informação sobre o repasse do dinheiro e onde estão as joias supostamente dadas a mim. — Diana se levantou. — De qualquer forma, ainda não há intimação alguma, como a Canário Negro disse.

— Hey, Diana. — Shayera estava em pé, ao lado da janela. — Acha que já podemos nos preocupar agora?

Todas elas se amontoaram diante da janela, um carro com uma placa oficial de justiça estava parado em frente a calçada do prédio, onde um homem carregando uma maleta desceu e pediu informações para alguém que passava na rua.