Florescer

Capítulo Único


O vaso é da mesma cor que a terra.

O quintal não é espaçoso o suficiente para sequer uma bicicleta. Entretanto, cavou até achar terra boa e domesticou-a, depositando no vaso. Colocou num canto, onde a luz do Sol nunca aparece. Seguro dos olhos curiosos. Seguro da chuva. Seguro do vento. Só não seguro das sombras de suas incertezas.

E então a plantou. A semente era de esperança, mas floresceu como Alegria. Regava com o suor das mãos e as lágrimas dos olhos. Sua Alegria então se tornou planta. Planta que poderia ser levada mesmo por um espirro forte demais.

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Mas, mesmo escondida, cresceu. Seus ramos trepavam-se em suas muralhas. Suas folhas preenchiam as falhas na construção. Seus frutos traziam cor a um céu sempre acinzentado.

Temia ainda. E, por isso, às vezes escondia o seu quintal.

Aqui dentro.

Dentro do peito.

Um dia olhou para baixo. E viu que a sua Alegria não era domesticável. Viu que crescia para além de suas sombras, e alcançava a luz solar.

Um dia olhou para baixo.

E viu que o vaso já não existia mais.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.