Enfim cessa a tempestade, e encontro-me refletindo a deriva numa terra ainda desconhecida. Estou deitado na areia quente, sentindo no rosto o vento salgado e e nos olhos as lágrimas de um sobrevivente.

"Eu venci o mar. Posso ter perdido a mercadoria. Posso ter perdido meus companheiros, mas venci.“ - pensei comigo mesmo naquele momento.

Levanto-me a procura de civilização, tendo em mente o plano de recomeçar. Fazer uma nova vida ali, talvez. Ou apenas procurar o perdão na terra desconhecida.

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A cada passo sentia como se estivesse sendo triturado. Consequências da aventura. "Do meu passado só restou a mim mesmo. Ninguém deve ter sobrevivido depois daquilo. Foi realmente sorte ter chegado até aqui com vida, ou minha maldição carregar este fardo.” - e continuei a pensar - “Perder o meu navio, os meus pertences, a minha mercadoria ou a minha casa não estaria machucando-me como agora.” - caminhava cautelosamente dentro da floresta.

“Mesmo que alguém sobreviva, mesmo que eu volte para casa, este aperto no peito não cessará. Ohh céus, já não adiantastes passar frio, sede e fome em alto mar? Já não bastasse a traição de Rogers e ter nos deixado em alto mar, com vários feridos e a premissa da tempestade? Sei que pequei por trair a minha nação, de ter mentido a Olívia que trabalharia honesto dali pra frente. Matei e roubei inocentes pra sustentar a minha sede por sucesso, dinheiro e boa vida, mas já havia me redimido durante aqueles dias penosos.” - parei junto a uma rocha, debaixo de uma árvore, retomando as energias - “Faz quatro anos desde a minha partida, e muita coisa mudou. E tanta coisa ainda pode mudar. Se os céus permitirem, nesta terra começarei vida nova: honesta e simples. Uma vida para pagar uma morte tranquila e sem pesar”.

Caminho mais algumas milhas, já exausto, até que perco a consciência. Quando retorno a mim mesmo, ouço uma gritaria fora da casa que tinha sido levado, e volto a dormir.