Mais um dia amanhecia na casa dos Dicksen.

— Bom dia gente, - dizia Ehtan já terminando de preparar o café da manhã de todos. -Leonny era o mais surpreso entre todos ali. Já que ele não acreditava nenhum pouco na mudança do rapaz. - Estava pensando em uma coisa.

— O que seria meu filho? - Carlos perguntou enquanto se servia de café.

— O aniversário de quinze anos da Elisa não foi comemorado. Eu, aposto que com tudo o que aconteceu vocês devem ter esquecido.

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Todos se entreolharam, menos a menina que estava de cabeça baixa arrumando alguns pratos sobre a mesa.

— Não tem problema. - ela disse por fim.

— Tem sim! Precisamos comemorar. - Lenny completou cheio de atitude.

— Então está decidido? – Ehtan disse olhando para a irmã que timidamente sorria.

Os outros dois homens fizeram que sim com a cabeça.

— Vamos comemorar hoje o seu aniversário de quinze anos. - e ele sorriu indo em direção a irmã e lhe dando um forte abraço.

Elisa não estava acostumada com aquela demonstração de afeto não dirigida. Era como se ele nem ligasse para ela. Aos poucos ela começou a acreditar firmemente que ele estivesse mudando e que logo estaria bem melhor. Carlos pensava o mesmo. Então naquela manhã todos saíram de casa, exceto Ehtan que queria cozinhar e arrumar a casa para a pequena festa privada de Elisa.

Assim que todos cruzaram a porta, ele correu para se quarto. Ficou parado um tempo pensando em como mudar aquele ambiente. Precisava parecer natural. Ao mesmo tempo percebeu que não mexeram em nada. Tudo estava no seu devido lugar. Assim sendo ele tratou de fazer as mudanças necessárias. Começou pelas fotos. Reuniu todas e as queimou, depois disso foi para a pequena cômoda que ele usava como esconderijo para a sua mutilação. Por fim, foi à vez do quarto. Sem que os outros soubessem ele comprou tinta para modificar o cômodo. Sabia que não conseguiria terminar a tempo da hora do almoço, mas ao menos tentou. Enquanto a comida cozinhava ele fazia os preparativos. Logo a manhã minguou e o relógio acusou meio dia. Elisa estava chegando. Ao adentrar a casa sentiu o cheiro da comida.

— Elisa, é você? - ele gritou de onde estava.

— Sim, sou sim.

— Fecha pra mim o fogo do cozido? - ele disse mais alto ainda.

E assim ela o fez. Mas antes olhou o conteúdo da panela viu que estava realmente cozido e pronto pra consumo. Assim com o arroz, uma salada de batata e de sobremesa um pudim de leite que ela achou na geladeira quando foi beber água.

— Parece tudo delicioso. - ela disse subindo as escadas.

Para sua surpresa, ele estava pintando o quarto. A cômoda havia sumido e sua velha cama, estava no centro do cômodo, enquanto ele fazia o serviço. Estava sem blusa e um pouco suado. A menina correu os olhos pelo corpo do irmão. Notando que ele havia emagrecido um pouco. Espantou a ideia e baixou a cabeça.

— Que cor você vai por? - ela perguntou vendo-o passar uma segunda demanda de cal nas paredes.

— Vai ser azul claro. Gosto dessa cor e fica parecendo um céu durante o dia.

— Com certeza vai ficar lindo. Vou tomar um banho. Depois almoçamos juntos. Leonny não vem comer. Ele vai dar aula até umas dezesseis horas.

— Certo.

Enquanto isso acontecia, no bar Carlos terminava o serviço que tinha pela manhã.

— Ei amigo. Vamos? - Elvis pediu. Eles iriam comprar um presente para Elisa em um shopping que ficava próximo dali.

— Vamos sim. Já acabei o que tinha por fazer. - o dono do local deixou algumas instruções com o outro funcionário e partiram.

— Como meu filho está se saindo? - Elvis perguntou enquanto dirigia.

— Está se saindo bem. É super-respeitoso e atencioso. Creio que minha filha nunca poderia ter arrumado um namorado melhor. Sou eternamente grato Elvis.

— O que é isso rapaz? Você não se lembra de quando sustentou-o e a mim naquela época? Quando nos não tínhamos o que comer, vocês eram quem nos alimentávamos.

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— Foi muito pouco tempo, esqueça isso.

— Quase um ano não é pouco tempo meu amigo. Não seja modesto. Nunca vou me esquecer disso.

Os dois riram. Logo chegaram ao local. Passava um pouco das doze e meia.

— Tem alguma ideia do que comprar? - Elvis perguntou.

— Eu vou comprar um jeans pra ela. Aquela mocinha está emagrecendo. Você vai ver como ela vai ficar feliz quando ganhar isso. Já que as suas roupas estão começando a ficar frouxas.

— Certo, então vou dar alguma pelúcia a ela. Alias é uma garota e eu acho que elas gostam disso.

— Ah ela vai gostar. Elisa ama essas coisas. Ali tem uma loja, vamos ver? - Carlos sugeriu se encaminhando a uma loja a esmo.

Lá chegando eles olharam os jeans e as blusas. O homem optou por uma calça preta jeans, mas com laicra. Indicação da vendedora.

— Vamos pra outra. - Elvis sugeriu.

Andaram um pouco mais por mais seis lojas e em uma delas Carlos comprou uma blusa pra filha. Enquanto Elvis não havia se decidido.

— Estou com fome, vamos almoçar? - o amigo convidou o pai de Elisa.

— Vamos sim. E espero que decida logo o que comprar. Alias estamos sem tempo. - ele riu se divertindo com a indecisão do amigo enquanto olhava o relógio de pulso.

Encaminharam-se a praça de alimentação. Carlos vasculhou o lugar com os olhos a fim de encontrar uma mesa vaga. Porém se arrependeu amargamente por ter feito isso. Já que avistou a diante, uma mesa que estava recostada na janela e nela sua esposa Sarah beijando e abraçando outra mulher.

— Vamos comer um churrasquinho Carlos. - o homem disse olhando na direção oposta, mas quando pousou o olhar no amigo ele se assustou com a cara de espanto do mesmo. - O que foi homem?

— Olhe naquela direção. - disse ele apontando discretamente.

— Onde? - o homem falou enquanto forçava a vista para enxergar mais longe. - Meu Deus! - ele levou à mão a boca tentando disfarçar o espanto. Puxou o amigo pelo braço. - Vamos embora Carlos. Não adianta nada fazer alguma coisa agora.

— Sim, por favor, não quero continuar vendo essa cena nem mais um minuto.

Assim ele se afastou enquanto via ao longe a mulher bem à vontade rindo e acariciando aquela pessoa que ele não conhecia.

Rapidamente saíram do local, mas antes Elvis entrou na primeira loja que avistou na saída do shopping e comprou uma coruja cor de rosa e branca. Estava com pressa e sem fôlego ou animo para escolher alguma coisa. Aquela cena não lhe saia da mente e ele perdeu seu apetite.

— Não vamos contar nada aos meninos ainda. - Elvis disse dando a partida no carro.

— Não. Não mesmo. Eu, eu nem sei o que fazer. - o homem disse apertando as sacolas contra o peito. - Como ela pode? Há quanto tempo ela estava me traindo assim? - ele sussurrava como para si mesmo. Estava transtornado.

— Eu não sei meu amigo, mas tenha a certeza que logo eu irei descobrir.

...

Todos se reuniram ao redor de uma mesa bem farta. Havia um bolo que fora comprado as pressas por Lenny, e os demais acompanhamento foram feitos pelos irmãos que passaram uma tarde tranquila cozinhando juntos.

Após cantarem o parabéns pra você, foi a vez da entrega de presentes.

— Espero que goste minha filha. - o homem disse tentando disfarçar o crescente incomoda que a cena de outrora lhe trouxera.

— Obrigada pai. - a menina abriu com cuidado o embrulho e gostou do que viu. - Eu amei. - disse ela em um terno sorriso.

Depois foi a vez de Elvis que ficou feliz ao saber que havia acertado no presente.

Ehtan dera a irmã dois livros. Justamente os que ela queria.

— Quando você comprou isso? - ela disse se surpreendendo. Os títulos eram Se eu ficar e Faça seu pedido.

— Pedi às enfermeiras que me fizessem esse favor. Alias era a primeira coisa que eu queria fazer quando voltasse. Comemorar com você. - ela abraçou o irmão e estava bem emocionada. Mas piscou na tentativa de conter as lágrimas que queriam sair.

— Parabéns meu amor. - Lenny disse lhe entregando mais um ursinho, que vinha acompanhado por um perfume novo.

— Obrigada, eu gostei muito. - ela disse retribuindo um casto celinho que lhe foi dado.

Ehtan por dentro era ódio. Cerrou o punho ao ver a cena e procurou sorrir da melhor maneira.

— Vamos comer? - ele sugeriu querendo interromper a cena - Estou faminto.

E todos se sentaram a mesa e desfrutaram do banquete que se seguia. A noite foi bem animada e tranquila. Elisa estava sorrindo a toa, para ela aquilo era um sonho no qual ela não queria acordar.

Logo o tempo correu e Elvis teve de ir embora. Ela recolheu os presentes e foi para seu quarto, já que o pai lhe prometera lavar a louça do jantar junto com o genro.

— Eu estou cansado, sinto muito, mas eu vou dormir. - o garoto disse forçando um bocejo.

— Pode ir meu filho. Eu cuido de tudo aqui com o Lenny. - o homem assentiu e deu um casto beijo na testa do filho. Que acenou se despedindo pra Lenny e subiu as escadas.

Há essa hora Elisa estava em seu quarto guardando seus presentes, quando foi surpreendida pelo irmão.

— Desculpa não ter sido melhor.

— Não diga isso. Parece um sonho e eu estou imensamente feliz com tudo. Obrigada. Amei os livros eram os que eu queria.

— Que bom. Então boa noite Elisa. Eu te amo.

— Eu também te amo Ehtan. Boa noite.

Assim o rapaz foi para se quarto. Trancou a porta e se sentou na cama no escuro mesmo. Chorou um pouco e depois refeito da dor ele sorriu. Sua mente estava trabalhando para transformar o sonho de Elisa em seu pior pesadelo.