Believe

I Believe in fairies, I believe I believe...


Era apenas mais uma noite fria em Londres e Wendy Darling, como em todas as noites, encontrava-se sentada diante a uma grande janela, sua mão esquerda continha um livro, o qual ela mantinha uma grande concentração em lê-lo. Era uma história de amor, até aquele momento Wendy lera o trágico relato de vida uma camponesa, que se apaixonou por alguém que ela nunca teria, não por esse amor não a correspondê-la, mas sim por esse amor ser proibido. A sensação que a história causava na senhora Darling era de nostalgia, pois ela facilmente se via no conto, e exatamente por isso seu coração apertava à medida que lia mais capítulos, pois de alguma forma já sentia o trágico final.

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Mesmo toda a concentração não foi capaz de escutar um pequeno gemido, seu primeiro instinto foi fitar a janela, pois algo em seu interior ainda tinha esperanças de ver o menino de cabelos claros e olhos verdes novamente, ao fita-la e notar que nada havia ali, virou o rosto e viu sua pequena cópia com um urso em sua mão direita e coçando os olhos com a mão livre.

— Não consigo dormir. – A voz doce da criança de apenas cinco anos fez a mulher sorrir.

— Venha cá. – Wendy chamou-a.

A garotinha caminhou com suas perninhas gordinhas de criança a passos lentos e vagarosos em direção a sua mãe.

— Sente aqui comigo. – Wendy murmurou depositando o livro que ainda estava em suas mãos em cima a uma mesinha ao seu lado, enquanto a pequena criança, espremia-se ao lado da mãe na cadeira. – Por que não consegue dormir? – A mulher perguntou.

— Não sei. – A menina admitiu.

— Pesadelos? – Wendy questionou.

— Não. – A garota respondeu.

— Medo do escuro? – Wendy tentou outra vez.

— Hum... – A criança fitou o teto e fingiu pensar – Não. – Respondeu.

— Insônia? – Wendy tentou uma última.

— O que é insônia? – A garotinha questionou fitando sua mãe com seus pequeninos olhos azuis.

— É quando não conseguimos dormir de maneira alguma. – Wendy respondeu a filha.

— Ah sim, bom então acho que sim. Estou com insônia. – A garota falou, como se estivesse relevando um grande achado.

Wendy riu da doce inocência de sua filha.

— Mamãe, me conta uma história? – A menina pediu.

— Qual você quer ouvir?

— Do Peter Pan. – A garotinha pediu entusiasmada.

— De novo? – Wendy riu da animação da filha. – Você não cansa de ouvir sobre o Peter Pan? – Indagou a sua filha.

— Não, nunquinha. – A pequena respondeu sincera.

— Pois bem, hoje eu vou lhe contar a verdadeira história de Peter Pan. – Wendy falou.

— A verdadeira história? – A menina questionou curiosa.

— Sim, sabe querida, Peter Pan, um dia foi uma criança assim como você, ele já foi um bebê e teve papai e mamãe. – Wendy começou.

— Teve? – A menina interrompeu.

— Sim teve. – Wendy respondeu sorrindo.

— Então como ele foi parar em Neverland? E onde estão os pais dele? – A garotinha quis saber.

— Um dia, quando Peter era um pouco maior que você é hoje, ele perdeu-se de seus pais, Peter por ser bem pequeno, não sabia para onde ir, então ele caminhou e caminhou, cada vez mais afastando-se de seus pais, até que em meio a suas caminhadas ele encontrou Sininho....

— Eba, Sininho. – A menina comemorou.

— Sim, Sininho ajudou Peter a achar seus pais, e o levou para casa e depois daquele dia Sininho sempre o visitou. Porém, ao retornar para casa, a vida de Peter não foi mais a mesma, seu pai vivia cada vez mais preocupado com problemas de adulto e sua mãe, bem, ela não era um exemplo de mãe, em uma das visitas de Sininho à Peter ele lhe contou sobre os problemas que seus pais estavam enfrentando, e lhe contou que ouviu uma conversa de seus pais sobre crescer. Peter ficou bastante assustado com os planos que seus pais tinham para quando ele crescesse....

— Por que? Crescer é ruim? – A menina questionou docemente interrompendo a mãe.

— Meu amor, se ficar me interrompendo a todo momento, não conseguirei terminar a história. – Wendy murmurou suavemente.

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— Ah, tudo bem. – A garotinha desculpou-se sentindo as bochechas queimarem.

— Tudo bem, continuando. Peter ficou horrorizado com tal conversa, seu pai falava que ele deveria casar com uma mulher bem rica para garantir o sustento da família. A verdade, era que seus pais só pensavam em dinheiro, com medo desse futuro sem amor Peter pediu a Sininho para leva-lo consigo para Neverland, onde ele nunca cresceria....

— E Sini... – A menina calou-se bruscamente ao receber um olhar repreendedor de sua mãe. – Desculpe interromper. – Ela sussurrou constrangida.

Wendy balançou a cabeça sorrindo e continuou. – Sininho fez o que ele lhe pediu e o levou consigo para Neverland, lugar ao qual, Peter nunca mais saiu. – Wendy concluiu. Ou quase nunca, ela pensou consigo mesma.

— Mamãe, Peter não sente falta de seus pais? – A menininha questionou curiosa.

— Bom, no começo sim, porém, o tempo em Neverland passa de uma forma diferente do que nos outros lugares, pouco a pouco a memória de Peter sobre a sua vida antes de Neverlandfora se dissipando tão gentilmente quando uma brisa da manhã. – Wendy explicou a filha.

— Mamãe, por que nunca me contou essa história? – A garotinha perguntou.

— Por que não é uma história minha, é a história de Peter Pan, e bem, eu não sabia se tinha autorização para contar, e ainda nem sei se tenho. – Wendy respondeu a filha.

— Ah... – O sussurro foi seguido de um longo bocejo.

— Creio que alguém está com sono. – Wendy sorriu.

— Me coloca na cama? – A pequena pediu.

— Claro meu amor. – Wendy murmura sorridente.

A garotinha sorri e pula no chão, Wendy levanta-se de sua cadeira, pega a mãozinha de sua filha e caminha com ela até o quarto da pequena.

A garotinha é posta da cama e enrolada, no fim recebe um beijo de sua mãe na têmpora.

— Mamãe. – O sussurro da menina faz Wendy, que já estava fechando a porta do quarto da menor, virar-se e adentrar ao cômodo novamente.

— Sim, Jane. – Wendy murmura.

— Não precisa se preocupar com o Peter. – Jane sorri.

— Como assim? – Wendy questiona sem entender.

— Sobre a senhora não saber se podia me contar a verdadeira história do Peter, não precisa se preocupar, pois o Peter não está triste com a senhora. – Jane respondeu abrindo a boca em um bocejo involuntário.

— Como sabe disso? – Wendy questionou acreditando tratar-se apenas da imaginação de sua pequena.

— Pois…– E menina bocejou novamente. – Por que ele estava lá. – Jane começou.

— Estava onde Jane? – Wendy insistiu.

— Ora onde mais, ele estava na Janela. – Foi a última coisa que Jane Darling disse naquela noite.

Wendy encontrava-se petrificada, sua filha acabara de lhe dizer que Peter estivera ali, tão perto, e ela não o virá.

Quase que instantaneamente Wendy forçou seus pés a andarem, quando retornou a pequena sala, seus olhos lacrimejaram ao ver, sentado em sua janela, o garoto de cabelos claros e olhos verdes, quem ela sempre esperou, aquele o qual pertencia seu beijo, aquele ele sempre amou, Peter Pan.

— Muito parecida com você sua filha. – O garoto sorriu.

— Peter. – O sussurro saiu quase que impercebível.

— Olá Wendy. – Peter falou sorridente.

— Você voltou. – Wendy murmurou emocionada.

— Ora mais é claro, eu gosto de ouvir suas histórias. – O garoto respondeu. – O que me deixa curioso, como soube de minha verdadeira história? – Peter questionou curioso.

— Bem, em um de suas visitas enquanto eu era pequena, Sininho me contou. – Wendy respondeu observando a pequena fadinha, que estivera sentada todo o tempo em cima de uma caixinha.

— Ah, Sininho. – Peter riu. – Isso é bem à cara dela. – Ele disse.

— Peter, o que você realmente veio fazer aqui? – Wendy questionou sentando em sua cadeira, de frente ao menino que ainda fazia seu coração balançar.

— Ver você, como sempre. Tenho vindo ver você há muito tempo. Na maioria das vezes sou bastante cuidadoso, hoje, porém, sua filha me viu. – Peter respondeu sincero.

— E se Jane não tivesse lhe visto, teria aparecido para mim? – Wendy questionou com o coração apertado.

— Sinceramente? – Peter questionou e Wendy assentiu. – Não. – Quase que instantaneamente que Peter respondeu, o sorriso no rosto de Wendy se desfez. – Não que eu não quisesse que você me visse, eu queria, eu quero, mas, sim pelo fato, que é mais fácil apenas te observar, do que falar com você. – Peter murmurou tentando concertar o erro.

— Por que? – Wendy perguntou.

— Por que sempre que olho para você, toda vez que eu vejo como você cresceu, eu sinto dor, sinto dor por que eu queria estar com você, e ter vivido esse crescimento com você. Porém, não pude, pois eu não entendia isso antes, não entendia tal sentimento. – Peter revelou.

— Que sentimento?

— Amor. – Peter falou.

Wendy estava admirada, afinal, Peter nunca gostara de falar sobre tal sentimento. – E agora entende? – Ela quis saber.

— Melhor do que entendia antes. – Ele sorriu.

— Sinto sua falta Peter. – Wendy revelou.

— Também sinto a sua. – Peter falou. – Mas você está casada, certo? – Peter questionou. Wendy pode jurar ter sentido ciúmes no tom do garoto.

— Sim. – Ela respondeu.

— E você o ama? – Peter quis saber.

— Sinceramente? – Wendy questionou e Peter assentiu. – Sim. – Ela disse deixando o garoto triste. – Mas, você tem uma coisa, que meu marido nunca irá ter. – Wendy admitiu.

— O que? – Pan surpreendeu-se.

— Meu beijo. – Wendy respondeu sorrindo.

Peter sorriu com ela.

— Tenho que voltar a Neverland. – Peter informou.

— Mas já? – Wendy reclamou. E Peter sorriu.

— Sim, mas prometo que voltarei. – Peter disse.

— Obrigada por ter vindo. – Wendy agradeceu observando garoto levantar voo.

— Ah bem, isso é mais para meu bem próprio que para o seu. – Peter brincou e Wendy riu. – Ah e respondendo à pergunta de sua filha, diga a ela que crescer nem sempre é algo ruim. Diga que crescer faz parte da existência natural do ser humano, com o crescimento vem novas aventuras, e bem, quem não gosta de aventuras. – Peter falou.

— Direi sim. – Wendy prometeu.

— Ah e diga a ela para nunca esquecer de mim. – Peter pediu.

— Falarei. – Wendy riu.

Peter aproximou-se de Wendy e deu-lhe um beijo na bochecha.

— E você, promete não esquecer de mim? – Peter murmurou.

Wendy ficou aqueles pequenos olhos verdes, que ainda a faziam estremecer e sorriu. – Nunca esqueci e nunca esquecerei. – Wendy prometeu e retribuiu o ato de Pan, dando-lhe um beijo na bochecha também.

Pan sorriu e voo até Sininho, que o esperava fora da janela da Darling.

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— Diga a Miguel e João que sinto falta deles e de nossas aventuras. – Pan pediu e Wendy assentiu. – E diga a sua filha apenas uma coisa mais. – Pan falou.

— O que? – Wendy perguntou enquanto o garoto afastava-se.

— Para sempre acreditar em fadas. – Pan gritou afastando com Sininho em seu encalço.

— Bom, isso não será problema, pois ela já acredita. – Wendy sussurrou ao observar o garoto de cabelos claros e olhos verdes, distanciar-se com Sininho ao seu lado, rumo a estrela mais brilhante do céu.

Wendy sorriu, ao ter certeza de que tudo o que ela vivera era realidade.

Minutos se passaram quando Wendy que ainda permanecia observando a janela, fechou a mesma, arrumou as cortinas, apagou as luzes, e caminhou em direção ao seu quarto, onde seu marido dormia tranquilamente, a mulher deitou-se ao lado do marido, e antes de fechar os olhos, sussurrou para si mesma.

— Eu acredito em fadas...

Em algum cômodo da casa, podia se ouvir sussurros que vinham do quarto de Jane.

— Acredito, acredito…

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.