My Impossible Girl

Connected by a feeling/ Oooh, In our very souls


P.O.V Clara

Depois de meu desabafo, Matt me dá um selinho, o que me acalma um pouco. Ele já deve ter criado um milhão de teorias para o meu comportamento. Deixe ele achar que é um medo que tenho de me relacionar, será melhor assim. A verdade é que não estou preparada para dizer ao meu pai que estou namorando.

Na visão dele o namoro é o primeiro passo que indica que está chegando a hora de sairmos do ninho. E com a perda da minha mãe, não sei estou preparada para dar a ele essa notícia.

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Sei que desde pequena sempre fui muito independente e ainda sou, se eu quiser sair de casa ninguém vai me parar, mas eu não posso magoá-lo dessa maneira. Amy tem que crescer um pouco, talvez mais uns três anos até que tenha condições de cuidar dele do mesmo modo que eu e Jack fazemos. Não posso desapontá-lo e larga-lo desta maneira.

Mas por enquanto vou focar em ser feliz ao lado do menino que prometeu cuidar o melhor que puder do meu coração, ainda falta um ano e sete meses até que eu me forme, muita coisa pode acontecer e ele tem que aceitar o fato de que cresci, afinal já tenho 17 anos, já está na hora de começar a me preparar para sair de casa.

Balanço a cabeça me livrando dos pensamentos filosóficos e me concentro no moreno a minha frente que já está circulando pelo meu quarto. A única explicação para toda essa agitação e afobação é a hiperatividade, mas na escola ele é o mais quieto, o que muda o diagnóstico para ansiedade.

Garoto complicado esse que escolhi para chamar de meu, mas acontece não é mesmo? Nunca vamos encontrar alguém que não tenha nenhum defeito, então foquemos em suas qualidades. Pode até ser agitado e ansioso, mas é uma ótima pessoa e extremamente inteligente.

Seguro sua mão e descemos juntos até a sala de TV, ainda não estamos namorando, mas até onde eu saiba não existe um manual que só permite contato físico entre casais já formados.

Nos sentamos no sofá e Jack já está sozinho novamente, como disse alguns meses atrás cada dia ele está com uma mulher, o que me faz acreditar que ele é bissexual e tende ainda mais para um lado homossexual.

— Onde está a Gwen? – indago com certa curiosidade.

— Ela já foi embora, estava constrangida demais de te ver depois do que ocorreu, afinal ela já frequenta a nossa casa há alguns anos. – fala com um tom de ironia na voz.

— Desculpa, foi tudo culpa minha. – Matt fingi estar extremamente arrependido.

— Vocês são patéticos. – bufo em sinal de irritação. — Jack você está bravo com o Matt e não comigo, Matt você não está nem aí para o que meu irmão disse. Está feliz por tê-lo feito, senão não teríamos ficado tão cedo. – vou para a cozinha.

Eles me olham e começam a discutir, se isso for dar certo preciso que ambos sejam sinceros. Quero que Jack possa ser como um irmão para Matt e vice-versa, por isso tomei essa atitude “radical” de mostrar os defeitos deles.

Faço uma pipoca porque hoje é dia de Doctor Who e não podemos perder, é um dos episódios mais importantes da série. Se eu ficar sem uma comida na mão, vou acabar com todas as unhas dos meus dez dedos e isso vai ser ruim, muito ruim. Faz anos que já parei com essa mania de roer a unha, mas não quero voltar.

Coloco o balde de pipoca entre nós e ligamos a TV bem a tempo de ver as cenas inicias e os primeiros diálogos da noite. Quando a abertura começa a tocar, todos nós fazemos o baralho característico da TARDIS.

— É menor por fora do que por dentro. – digo minha frase típica.

O episódio de hoje se trata de uma espécie que faz parte de uma ordem e eles são conhecidos por “Silêncio”. O poder psíquico deles é altamente poderoso, ao olhar para eles e desviar os olhos já não se lembra mais do que viu.

O Doutor resolveu implantar mini gravadores nos braços de seus amigos e a cada vez que eles olham para um desses membros da ordem gravam a quantidade, quando desviam o olhar o braço fica vermelho indicando que uma nova gravação foi feita.

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Esses aliens me dão calafrios e tenho certeza que eles também se sentem assim, ninguém gosta de ver esses episódios, mas ao mesmo tempo todos necessitam vê-lo, Moffat sabe como mexer com nossas mentes.

Matt me abraça durante o episódio e eu apoio minha cabeça em seu ombro, é claro que essa posição já é conhecida por nós, afinal ele sempre me abraça quando estamos sentados, mas desta vez é diferente. Parece que tem um significado maior, sinto que estou sendo mais compreendida. É confuso, mas é verdadeiro.

Meu pai chega em casa com meus irmãos e eles se sentam ao meu lado, desde pequenos Amy é apaixonada pela série, Rory aprendeu a gostar por insistência da ruiva. Meu pai gosta desde pequeno e nos mostrou esse mundo incrível, temos todas as temporadas do new doctor em casa.

— Matt e Clara se beijando. – Amy provoca ao nos ver abraçados.

Meu pai solta um riso, Jack revira os olhos e o Rory a repreende com o olhar. Eu sorrio para ela e bagunço seu cabelo. Há alguns dias atrás eu faria um discurso onde negasse o que Amy disse, mas dessa vez faço a primeira coisa que me vem à mente. Dou um selinho no moreno.

— Ganhei! Podem me dar as 20 libras. – meu pai grita.

— Como? – estou indignada e ao mesmo tempo brava.

— Nós fizemos uma aposta. Eu disse que vocês dois iriam ficar depois de cinco meses de convívio, Jack achou que seriam três. Amy disse quatro e Rory disse seis. – meu pai diz com tranquilidade.

— Então quer dizer que minha vida pessoal virou motivo de apostas? – finjo estar brava. — Bom nesse caso vocês estão me devendo 20 libras também. Jack trouxe Gwen hoje e eles estavam no maior amor. – completo.

— Ei! Desde quando minha vida virou motivo de bolão? – Jack reclama. — Quero minhas 20 libras, Amy não admitiu sua paixão platônica pelo Doutor. – meu irmão fala.

— Eu? Amar o Doutor? Nunca. – se faz de cínica, muito tempo convivendo com o Jack. — Cadê minhas 20 libras? Rory declarou seu amor pela nova companheira do Doutor hoje na escola. – Amy lhe lança seu melhor olhar vingativo, provavelmente por ele ter nos contado que ela é apaixonada pelo Doutor.

— Se é assim eu também quero cobrar minhas 15 libras. – Rory começou dizendo. — O papai conseguiu chegar no horário certo hoje. – termina.

Nossa família tem um histórico de fazer apostas sobre as vidas dos membros que a compõem. Meu pai tem um histórico de atrasos, ele nunca chega no horário certo. Apostamos com Rory que se ele chegasse um dia no tempo estimado, nós daríamos a ele 15 libras. Meu irmão caçula recebeu menos, porque meu pai não fazia ideia da aposta e ele não pode apostar consigo mesmo.

Jack sempre confortou Gwem, apostamos que seria só uma questão de tempo até que eles ficassem juntos. O mesmo vale para Amy, apostamos que até esse mês ela falaria que é apaixonada pelo Doutor. Rory entrou no mesmo pacote que Amy, só que ao invés de se declarar para o Doutor, assumiria sua paixão secreta pela nova companheira.

E eu já imaginava que estavam apostando sobre meu relacionamento com o Matt, mas não sabia em que ponto estavam. Se era só especulações ou se já tinham chegado em alguma conclusão.

— Então no final das contas, ninguém ganhou. – Matt declara.

— Claro que ganhamos. – Amy retruca.

— Não ruiva, você ganhou 20 libras, mas vai ter que dar 5 para cada um. E todo o resto da família terá que fazer o mesmo. – Jack explica para ela. — Por isso criamos o “banco da família” todo o dinheiro apostado vai para um cofre que temos juntos. Assim ninguém perde. – se volta para Matt e o encara.

Sinto uma leve tensão no ar e cutuco Matt, ele olha para mim e eu aponto para a TV. Melhor prevenir do que remediar, nesse caso, do que começar uma briga entre dois garotos que acabaria envolvendo uma família inteira.