My Impossible Girl

Brigas e vizinhos pt.2


P.O.V Alice

Me levanto assim que sinto os olhares sobre mim, mesmo sabendo que eles não vão entender um terço do que vou dizer, prefiro conversar com Caio em um local mais tranquilo e confortável odeio ser o centro das atenções.

— Alô? – digo me sentando na cama.

— Lice eu preciso falar com você. Está sozinha? – indaga e eu faço que sim com a cabeça esquecendo por um momento que ele não está me vendo.

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— Sim. – respondo engolindo em seco e sentindo o suor em minhas mãos.

— Eu não sei como te dizer isso, mas quero dar um tempo. Quando comecei a namorar tinha certeza de que era isso que queria, mas agora já não tenho mais tanta certeza assim.

— Como? – estou incrédula, solto o ar pelo nariz, sorrio, contorço o nariz e reviro os olhos. — Só pode estar louco. Como assim um tempo? É pegar ou largar. Não vou ficar sentada esperando você se decidir se me quer ou não. Eu sei o que sinto por você e sei que quando concordei em te namorar sabia os riscos que estava correndo, achei que também soubesse. – grito e tenho a certeza de que todos no andar de baixo estão me ouvindo.

— Eu não sei se tem tanta certeza assim, nunca me manda mensagem de boa noite, demora anos para me responder, prioriza seus amigos a mim, nunca me fez uma surpresa sequer e quando te convido para passar o fim de semana comigo diz que está ocupada. Estou começando a achar que no final das contas a única pessoa que tenta fazer isso dá certo sou eu. Sim eu te amo, mas preciso de um tempo para pensar se isso é o que realmente quero para mim. – posso ouvir a sua voz mudar e isso é sinal de que vai chorar.

— Posso não ser a pessoa mais atenciosa do mundo, é verdade, mas talvez eu tenha construído muros à minha volta com medo de me machucar. Começar esse namoro é meu maior desafio, estou colocando meu coração na mão de outra pessoa, estou me abrindo cada vez mais e eu juro que estou tentando melhorar a cada dia, estou largando a minha armadura pouco a pouco. Talvez eu não seja a namorada mais delicada do mundo e não faça a minha vida baseada na sua, é verdade, mas eu com certeza também faço meus sacrifícios por você. Posso não ser a garota mais fina e fofa, mas eu tenho certeza de uma coisa. Eu te amo. – falo e sinto as lágrimas rolarem por minha bochecha.

— Como? – o tom de surpresa em sua voz é quase palpável.

— Você ouviu, não me faça repetir.

— Eu também te amo. – diz e eu sorrio.

Quando desligamos respiro fundo e tento me controlar, só agora percebo o quão nervosa estava na hora. Meu coração está acelerado, meu corpo está tremendo, minha mão está suando e não preciso nem me olhar o espelho para saber que minhas bochechas estão vermelhas.

Só percebo agora que precisava mesmo colocar isso para fora, o alivio que toma conta de mim é maior do que o medo que estava instalado em meu ser, talvez falar a verdade e o que penso não doa tanto. Talvez guardar tudo para mim me machuque mais do que gritar aos quatro ventos sobre o que me incomoda.

Rio comigo mesma, pois esse é meu modo de aliviar a tensão. Devo estar parecendo uma criança boba que acabou de ver o brinquedo mais bonito na vitrine, mas não pode comprar no momento e o ganha no Natal. Viver minha vida tem lá suas emoções e eu tenho meus minis ataques cardíacos.

— Alice? – Clara diz abrindo levemente a porta.

— Podem entrar. – digo com um largo sorriso no rosto.

— Tá tudo bem? Ouvimos muitos gritos lá embaixo parecia até que estavam brigando. – Matt tomou a frente.

— E estávamos, mas já nos resolvemos e não é algo que queira falar nesse momento. Temos coisas melhores para fazer, como por exemplo ir a um bar beber. – falo rindo internamente.

— O que? Você bebe? Mas só tem 17 anos, é contra a lei. O que seus pais acham disso? O que seus amigos pensam? O Caio também bebe? Esse hábito começou antes ou depois do namoro de vocês? Isso é nojento, sério Alice nunca esperei nada assim de você. – John quase morre do coração.

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Assim que ele acabou o discurso eu comecei a rir, mas a rir de verdade senti minha barriga doer e perdi o ar, Clara também ria e os outros nos olhavam incrédulas, digamos que essa é nossa piada interna.

Quando ela foi para o Brasil, minha prima que tinha 17 anos na época tinha começado a beber e ela nos contava algumas histórias do que acontecia nas festas que frequentava. Um dia ela deixou um copo de cerveja ao lado do meu copo de guaraná, quando fui beber, acabei virando o copo inteiro que tinha a bebida dela.

Fiquei meio alterada pelo fato de ser muito nova e não estar preparada para beber, acabei passando o dia todo em cima da mesa cantando músicas da Disney e minha prima achou que seria uma ideia muito boa me filmar. Recentemente passou esse arquivo para o computador e mandou por e-mail para a Clara.

Desde então toda vez que ouvimos a palavra “bebida” ou brincamos que vemos beber começamos a rir descontroladamente por lembrar do que houve alguns anos atrás. Minha mãe nunca mais nos deixou sob a vigilância da minha prima e agradece até hoje por ter sido cerveja e não vodka. Diz ela que o estrago teria sido maior.

— Vocês acham isso engraçado? É desprezível. -John continua.

— Escute antes de julgar, está bem? É uma piada interna entre mim e a Clara. E fique tranquilo, eu não bebo. Não acho graça e não vejo porque. E não, meu namorado também não bebe, somos surfistas e esportistas. A única ressaca que gostamos, a do mar.

Sinto que John ainda nos olha, mas está mais calmo. Olho novamente para Clara e voltamos a rir de novo, dessa vez nosso grupo de amigos nos acompanha mesmo não fazendo do porque estão rindo. No final, ninguém mais sabe o real do motivo do riso, só que estamos todos no chão rolando e com lágrimas nos olhos.