Devaneios

Quando as memórias são demais


Não era muito tarde. Duas da manhã no máximo. Eu tinha dezoito anos e ouvia algumas musicas aleatórias dos anos sessenta, enquanto encarava o teto e tentava fazer com que minha mente não seguisse as linhas de raciocínio erradas.

Nove meses haviam se passado desde o funeral de Chloe. Exatamente nove meses.

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No momento em que um dos álbuns acabou, o telefone no criado mudo ao lado da minha cama começou a tocar.

— Em! - Lila estava falando alto. - Em, vamos sair? Tomar um café ou qualquer coisa?

Se ela falasse em um tom normal, em poucos segundos estaria se afogando em lágrimas.

— Passo aí em alguns minutos. - respondi rapidamente.

Assim que parei na frente da casa dos Archer, Lila rapidamente veio correndo até o carro. Tinha olhos inchados e o cabelo bagunçado.

— Café? - ela sorriu rapidamente.

— Não precisa disfarçar, Lila. - eu disse, fitando a rua.

— Quem foi que saiu no meio do funeral porque não queria chorar na frente de pessoas, Emma?

— Estava guardando essa já quanto tempo? - Lila abriu as janelas e a brisa leve ajudava a aliviar o calor daquela noite.

— Muito. - ela sorriu um pouco também. - Em, seus pais...

— Não sabem que saí. - dei de ombros. Ela revirou os olhos.

— Não, Emma. Eles sabem que você não está dormindo direito?

— Não.

— Emma!

— Hanna não está em um momento bom, Lila! - a interrompi. - Eles não podem lidar com duas filhas doentes. E além disso, eu estou bem.

— Você está se entupindo de energético. - a loira maneou a cabeça e eu estacionei na frente de uma lanchonete aberta. - Você não está bem, Emma.

Ela não me deu a chance de argumentar, apenas bateu a porta e entrou no estabelecimento.

Era sobre esse dia que nos falávamos, anos depois.

Eu andava até o elevador, sem tirar os olhos da tela, mas com cautela para não tropeçar, bater em algo ou alguém. Atropelar algum agente federal não era uma boa ideia.

Assim que entrei no elevador, recebi uma imagem de Lila quando pulei de susto ao ver uma pasta no meio das duas portas. Imediatamente apertei o botão para as portas se abrirem.

Reid sorriu ofegante e entrou no elevador.

— Obrigado. - ele afastou o cabelo do rosto. - Ah, olá, Em!

— Bom dia, Spencer. - eu ri e bloqueei a tela do celular, guardando no bolso da minha calça. Arrumei meus óculos involuntariamente, empurrando-o para trás. - Por que corria desse jeito?

— Estou atrasado. - disse como se fosse óbvio.

— Hm... Tinha que chegar mais cedo hoje? - ele fez que não, franzindo as sobrancelhas. Apontei para o horário indicado no elevador. - Acho que não está atrasado.

A feição de Spencer era impagável. Revirou os olhos, passou a mão pelos cabelos, mas acabou sorrindo um pouco.

— Bom... - falou sem graça.

— O encontro foi bom pelo visto. - o olhei com expectativa.

— Hm, na verdade, Maeve teve um problema com o trabalho. - Reid olhou para baixo rapidamente. - Não pôde ir.

— Ah. - fiquei sem reação por um tempo. Era possível saber que mentia, mas eu não falei nada. As portas se abriram e ele esperou eu sair para fazer o mesmo. - Me desculpe, Reid.

— Não é sua culpa. - ele sorriu e descemos as escadas juntos. - Ainda nos falamos, sabe.

— Sabe quando vão marcar de se encontrar? - perguntei para Spencer, que colocou sua pasta em cima de sua mesa e andou até a minha.

— Não. É um pouco mais complicado, Em. - ele colocou as mãos no bolso. - Hm... Maeve tem um...

— Boy Wonder! - Spencer foi interrompido quando Morgan passou pelas portas de vidro junto com Penelope e Prentiss. - KitKat! Falando sobre o que?

— Nada. - Reid se sentou em sua cadeira, virando-a, para não ficar de costas para os colegas de trabalho.

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— Derek me falou que você roubou a pretendente dele. - Prentiss riu e esticou a mão fechada para mim e cumprimentei também, batendo nossos punhos levemente.

— Não é minha culpa que ela tem bom gosto. - ri também.

— Vou lembrar disso, Katzen. - Derek apontou o dedo para mim, brincando.

Garcia andou até mim e pegou minha mão. Usava um vestido azul, óculos da mesma cor. Seus saltos eram pretos e roxos.

— Está tudo certo? - sussurrou. - Com sua irmã, eu digo.

— Sim, obrigada! - respondi realmente agradecida.

— Reid disse que você não parecia nada bem no celular. - olhei de relance para ele, que rapidamente voltou a encarar o livro que segurava, desviando o olhar de mim e Penelope. - Eu não sou uma profiler igual eles todos, mas eu sei dizer quando alguém não está bem e...

— Katzen. - Hotch me chamou, à frente da porta de seu escritório. - Nós precisamos conversar.

Oh. Já fiz merda...?

— Uuuh...! - Morgan bateu de leve nas minhas costas e fez uma careta.

JJ passou pelas portas de vidro e começou a falar antes que eu andasse até Hotch.

— Fomos chamados... - ela olhou para um papel. - Crimes sexuais e homicídios no Texas.

— Sala de reunião em cinco minutos. - Hotch disse para todos nós e Penelope seguiu ele e JJ.

— Hm, Senhor? - o chamei. - Sobre o que seria...?

— Luke Hewitch. - ele respondeu apenas, com a típica feição séria.

Não. Não. Não.

Eu praticamente gritava em meus pensamentos. Meu rosto provavelmente mostrava meu desconforto e confusão. Por que Hotch queria falar sobre Luke? E por que... Por que ele me ainda me assombrava?

— Em? - Spencer me chamou, mas eu ouvia sua voz de longe. - Em?

Engoli em seco e disfarcei as emoções que meu rosto queria mostrar. Reid tinha deixado seu livro de lado e estava parado à frente de sua mesa, com as mãos no bolso. Suas sobrancelhas estavam franzidas, mas ele sorriu um pouco quando eu o fiz, e passei as mãos no cabelo, o imitando involuntariamente.

— Tudo bem? - perguntou. Fiz que sim e vi a tela do meu celular piscas rapidamente. 19 mensagens de Lila.

— KitKat, se ferrou? - Morgan brincou e Emily deu um tapa de leve nele.

— Quem é Luke Hewitch? - Reid perguntou.

— Um ex-namorado. - respondi tentando fingir que não era grande coisa. Dei de ombros e fiz contato visual, mas eles eram bons no que faziam.

~*~

— Kate Johnson foi achada morta atrás da loja de roupas em que trabalhava depois da escola. - Garcia apertou seu controle e a foto de uma garota sorridente apareceu na tela. Ao lado da imagem de Johnson sorrindo, havia uma dela de olhos abertos, assim como sua boca. Suas pernas estavam separadas, com os joelhos dobrados. Usava apenas roupas íntimas beges e brancas. - Foi abusada antes de ser esfaqueada. Há sinais de luta.

Levantei as sobrancelhas levemente e acabei percebendo que Reid fizera o mesmo. Quando notou que eu o olhava, curvou sua boca, sorrindo um pouco. Morgan tossiu e começou a falar.

— Kate era a garota perfeita. - observou.

— Lindsay Herch também. - Penelope mudou a tela, mostrando uma garota morena de olhos verdes, sorridente. Ao lado, a mesma garota estava deitada, morta, à frente de um prédio, da mesma maneira que Kate Johnson. - Lindsay foi abusada, também... Duas vezes. Antes e depois de sua morte.

— Terceira vítima igualmente inteligente, família perfeita e com boa condição financeira? - Reid questionou, colocando parte de seu cabelo para trás da orelha.

— Exatamente, Sherlock. - Garcia mostrou a imagem de Katherine Smith.

— Os hematomas e cortes pelo corpo são exatamente iguais nas três vítimas... - comentei um pouco chocada.

— Ele tem TOC. - Reid exclamou, encolhendo os ombros.

— Conseguiu fazer isso com precisão tão perfeita com menos de dois dias de diferença entre as mortes. - Hotch disse. - Temos que ser rápidos. Saímos em 30 minutos.

~*~

Rossi estava ao meu lado no sofá bege do avião, apoiava o cotovelo na mesa onde um tablet estava. Há poucos minutos Garcia nos dera mais informações sobre as vítimas e suas famílias.

— Minha mãe não era tão rígida quanto esses pais... - Reid murmurou.

— É claro, garoto. Você estudava para se divertir. - Morgan riu levemente.

— Essas garotas também pareciam fazer isso. - encolhi os ombros.

— Até alguma coisa mudar há três meses. - Hotch analisou novamente os papéis em sua mão. - Algo começou a fazer essas garotas saírem de casa à noite, pararem de estudar e ficar horas na internet.

— Alguém. - supus.

— Um namorado? - JJ levantou o olhar.

— Essas garotas podem ser muito influenciada sem perceberem. - Prentiss concordou. - Por mais que achem que não, muitas ideias são colocadas em suas cabeças...

— Como alguém se aproximaria das três? - Reid olhou para todos. - Ia nos lugares onde elas frequentavam mais ou... Elas mal saiam de casa.

— Internet. - dei de ombros. - Facebook, Twitter... Mas o tempo delas nas redes sociais era muito limitado.

— O suspeito sabia seus horários. - Hotch assentiu. - Ele as vigiava e provavelmente tinha contato com as famílias da vítima.

~*~

Eu estava a caminho da casa dos Johnson. Rossi dirigia enquanto Reid tagarelava no banco da frente.

— Quando esses portais na internet surgiram, não demorou muito para crianças, adolescentes e até adultos serem colocados em período. É fácil perceber quando alguém tem outras intenções nessas redes sociais. - Rossi apenas sorriu para mim pelo retrovisor e levantou as sobrancelhas, enquanto Reid continuava falando. - Há um padrão, sabe...

— Já cruzou com um desses? - questionei, e Reid negou.

— Não uso muito a internet.

— Não tem Twitter, Spencer? - ele fez que não, sem entender o motivo das minhas perguntas. Eu apenas sorri e me apoiei no banco, cruzando os braços.

— O Doutor não tem email. - Rossi contou.

— Imagino como seria seu Facebook, Reid. - comentei.

— Eu não vejo o ponto dessas coisas. - ele me olhou pelo retrovisor e sorriu um pouco. Deu de ombros e respirou. - Não é nada seguro, além disso.

— Seus filho terão. - ele levantou as sobrancelhas e concordou.

— Isso eu não conseguirei evitar. - desviei o olhar quando me toquei que analisava demais o rosto dele. Percebi que eles também notaram.

Antes que alguém falasse algo, paramos na frente da casa dos Johnson. Rossi me lançou um olhar antes que eu saísse do carro. Não sei o que ele quis dizer, só sei que moveu a cabeça como se me desse permissão para algo.

Não tivemos que bater na porta, já que no momento em que caminhávamos até a entrada, um garoto de no máximo nove anos saiu correndo, segurando uma bola de basquete.

A criança fechou o sorriso no momento em que nos viu.

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— Hey, cara! - Rossi exclamou. - Seus pais estão em casa?

— Quem são vocês? - ele perguntou, sério.

— Vamos ajudar a achar quem...

— Matou minha irmã? - o garoto interrompeu o agente. Rossi confirmou, sem saber o que falar.

— Caleb! - o garoto se virou no mesmo segundo em que a mulher que eu supus ser sua mãe gritou. - Para dentro, Caleb!

Era óbvio o cansaço dela. Suas olheiras e olhos inchados não enganavam ninguém.

— Posso ajudar? - Sra. Johnson andou até Caleb quando percebeu que o filho não se movia. Nos analisou e não nos deu tempo para responder. Perguntou novamente, dessa vez com raiva. - Posso ajudar?

- Nós precisamos conversar sobre Kate. - Rossi mostrou seu distintivo.

— Já falei tudo o que podia para os policiais. - ela deu de ombros e passou o braço ao redor do pescoço de seu filho, que me encarava sem nunca disfarçar.

— Mas você conhece sua filha, não, Sra. Johnson? - Reid perguntou, um pouco sem graça. - Nós podemos ajudar se nos passar exatamente as mesmas informações. Nós somos da UAC e analisando os comportamentos...

— Eu sei de onde você são. - ela interrompeu o Doutor. - Haviam me avisado.

— Eu conversava bastante com Katie... - a criança murmurou e me olhou rapidamente antes de voltar a encarar o chão.

— Acha que podemos conversar um pouco, Caleb? - perguntei e coloquei meu cabelo para trás da orelha. - Você poderá ajudar muito...!

Ele assentiu e olhou para a mãe, como se pedisse permissão para entrarmos na casa. Ela fez que sim e passou a mão pelos cabelos do filho antes de se virar para os outros agentes. Eu segui Caleb e sorri levemente para sua mãe.

A criança me levou até a sala de estar. Eu conseguia ter uma vista direta da mesa de jantar no outro cômodo, onde Spencer conversava com os pais de Caleb e Kate.

Me sentei em uma poltrona preta, enquanto o garoto estava à minha frente em um sofá bege.

— Talvez seja difícil falar sobre isso, mas... - comecei mas ele me interrompeu.

— Não precisa enrolar como os outros policiais, ok? - Caleb falou rapidamente. - Só pergunta o que quer de uma vez...

Respirei fundo e assenti, olhando para a sala de jantar rapidamente.

— Sua irmã começou a agir diferente de uns tempos pra cá. - olhei para Caleb e ele concordou com a cabeça. - Você sabe porque?

— Não.

— Caleb. - procurei seu olhar e, quando o achei, a criança não conseguiu mais disfarçar a tristeza que sentia.

— Eu não sei. - deu de ombros e olhou para qualquer lugar menos pra mim, ainda mentindo.

— Ok. - então eu precisaria ganhar a confiança dele. - Como ela era na escola?

— Perfeita. - ele deu de ombros. - Eu que sou a ovelha negra da família.

— Como assim, Caleb?

— A escola é uma merda. - ele deu de ombros. - Katie era tão boa em tudo! E eu... Eu mal consigo entender como uma célula funciona! - ele murmurou e franziu as sobrancelhas, limpando uma lágrima que caiu em sua bochecha. - Eu não consigo... Não adianta tentar!

— Eu sei como você se sente... - comecei mas ele me interrompeu, fazendo que não. Limpou as lágrimas que caiam de seus olhos. Era uma criança madura para sua idade, então eu sabia que poderia falar. Lembrei do histórico de Caleb e sabia como fazer ele confiar em mim. - Sabia que notas baixas também são um sintoma do medo de ser abandonado? Afeta muito no desenvolvimento de uma criança.

— O que você quer dizer...?

— Existem dois tipos de pessoas nessa situação: as que estudam até ficarem um pouco loucas - fiz uma careta, fazendo ele sorrir -, e as que desistem, já que tantas outras pessoas já desistiram dela. Eu nunca fui nenhuma delas, não estava na escola quando meus traumas começaram. - usei um tom brincalhão, o que fez ele rir um pouco e limpar as lágrimas rapidamente. - Mas já lidei com pessoas assim. Minha irmã é uma delas, sabe? Ela estudava muito. Mas muito, mesmo. Começou a desenvolver transtorno de ansiedade, TDAH e acabou com depressão. Ela não pediu ajuda e isso piorou. O que eu estou querendo dizer é... Não é sua culpa. É apenas de seu cérebro, ele tem uma pequena falha, mas nada que algumas conversas com alguém e alguns remédios não ajudem.

Ele fez uma cara assustada por alguns segundos.

— Não se preocupe! - sorri. - Não são ruins, você mal irá senti-los.

— E com quem eu deveria conversar? - ele resmungou.

— Está vendo aquele homem? - apontei para Spence e a criança fez que sim. - Ele é muito inteligente e irá falar com a sua mãe. Ela vai procurar alguém com quem você irá conversar.

— Minha mãe não vai escutar...

— É impossível alguém não ouvi-lo.

— Por que?

— Ele fala tão, mas tão rápido, que as palavras entram na sua mente. - a criança sorriu. - Sua mãe não é imune. E ela te ama, eu tenho certeza. Fará de tudo para você se sentir melhor.

Foi quando ela descruzou os braços que eu soube que poderia perguntar.

— O que pode falar sobre sua irmã? - meu tom era baixo. Pelo canto dos meus olhos, percebi Spencer me analisando, e analisando o garoto.

— Ela estava meio estranha nos últimos meses. - falou finalmente. Ouvi passos e olhei para o lado, vendo um par de Converse se aproximando. Spencer sorriu para o garoto e levantou a mão rapidamente, o cumprimentando. Caleb não olhou para o Doutor, apenas continuou falando. - Passava muito tempo no quarto, e mal almoçava ou jantava com a gente. Isso até era bom, minha mãe me deixou comer no quarto. Nós não conversávamos muito... Na verdade, teve um dia! Teve um dia em que eu estava chorando muito, Katie disse que eu estava tendo um ataque de ansiedade. Nós conversamos a madrugada inteira. Ela disse que estava gostando de alguém, mas foi só isso.

— Ela não te disse mais nada, Caleb? - Spencer perguntou com a voz baixa.

— Não. - ele respondeu com a voz baixa, olhando para mim. - Por que eu disse que estava... Eu acho esse garoto da minha escola... - ele olhou para os lados e falou baixo quando percebeu que a família não estava perto. - Bonito. E depois passamos o resto da noite falando sobre isso. Ela me disse que estava tudo bem...

Reid me olhou e moveu a cabeça levemente.

— E está mesmo. Obrigada, Caleb. - eu sorri para a criança. - Vamos achar quem fez isso com a sua irmã, ok?

— Prometem? - o garoto olhou para Spencer. Ele sorriu minimamente, mas os olhos do doutor brilharam. Algum dia ele seria pai.

— Prometemos. - Reid respondeu, e antes que eu pudesse me despedir de Caleb e andar até a sala onde a Sra. Johnson estava, o celular de Spencer começou a tocar. Ele ficou alguns segundos apenas concordando e passou algumas informações sobre a família.

Quando desligou, respirou fundo e se virou para mim, contraindo os lábios.

— Ela conversava com um homem de 40 anos pela internet.