A Promessa

Capítulo 1 - Destroços


A tempestade nos guiará para casa. Mas não havia mais casa para retornar, não é mesmo? Por que ela mentiu? Será que não sou madura o suficiente para aceitar nosso destino? Meu destino. Ela se foi, mas aqui estou. Por que continuo aqui? Não tenho nada senão poeira, sangue e uma esperança oca, tão opaca quanto minha existência.

A promessa, no entanto, permanecia. Mesmo depois de tanto tempo, eu podia senti-la, quase toca-la. Minhas pernas fraquejaram por um momento e senti a lama indo de encontro à minha face. O conforto da escuridão me cercou por um momento e quase me deixei levar.

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Ergui-me com dificuldade e voltei a seguir meu caminho incerto para lugar nenhum. As nuvens dançavam, negras como a noite, disputando por seu espaço sobre o céu. Os rugidos dos trovões já começavam a ecoar pelas montanhas enquanto eu permanecia, impotente, sob tudo aquilo.

As gotas já eram despejadas com violência sobre a terra e eu me sentia somente como mais um obstáculo a ser eliminado diante da batalha. O Céu e a Terra, sempre tão furiosos, mas também tão serenos. Um não existiria sem o outro, mas jamais poderiam ficar juntos como um só, portanto, tentavam destruir-se para, talvez, esquecer do sofrimento que os cercava.

Fábulas. Fábulas inúteis. Silenciei meus pensamentos com desdém. Já escurecia e haviam coisas piores do que água imersas no crepúsculo e adiante.

Procurei por sinais, senti seu frio e sua raiva, mas não havia nada. As coisas são o que são e aquilo era somente o que aparentava ser, uma tempestade e não me guiaria para lugar nenhum que não fosse a completa perdição.

A luz dos relâmpagos partia os céus enquanto a silhueta das árvores e montanhas se faziam evidentes. Encontrei abrigo sobre uma caverna que tinha o interior quase-seco e estranhamente convidativo em meio à tempestade.

Logo notei que o temporal não seria breve, então, aconcheguei-me sobre uma das pedras e me permiti descansar.