Guerra dos Lobos

Capítulo 15


Estávamos ao redor da mesa de reunião na Toca, Kedon já tinha explicado como estava a situação da aldeia e a preparação para a guerra. Aparentemente, o número de pessoas na aldeia dobrou depois da minha chegada, se continuássemos nesse ritmo logo teríamos um exército de mil soldados.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Infelizmente há dias não recebemos nenhuma notícia do nosso informante no Castelo – Informou Kedon.

— Provavelmente ele deve está sendo cuidadoso – Comentou Karol – Agora que eles descobriram que Naila está viva, eles devem estar em alerta – Que Khosmos protegesse Nana, ele não merecia estar nessa situação por mim.

— Provavelmente – Kedon repetiu em uma voz baixa.

— Eu gostaria de comentar algo – Falei em voz audível, todos voltaram a atenção pra mim – Gostaria que determinassemos quem vai para guerra e quem não vai – As pessoas me olharam confusas – Outro dia, eu tive que ensinar arco e flecha para um menino, que afirmou que ia pra guerra, não acho que as crianças devem ir para um lugar tão sangrento – completei.

— É verdade, sempre aparecem crianças no campo de treinamento querendo aprender – Comentou Karol.

— Eu entendo seu ponto, Aika – Falou Kedon – Mas não podemos impedir as pessoas de irem para guerra, todos tem seus motivos e querem defendê-los.

— Também não acho que devemos mandar nossas crianças para guerra – Falou Thiberius – Se elas morrerem, pra quem ficará o reino depois? – Todos refletiram sobre isso, se todos nós morrêssemos, as crianças seriam nosso futuro – O que você acha, Brókus? – O velho conselheiro que até agora estava em silêncio, pensou por um longo momento.

— Nunca levamos crianças para batalhas, mas também nunca tivemos nosso reino tomado – Ele respondeu – Mas concordo com a Princesa, uma guerra não é local para crianças – Meu queixo caiu, o velho Brókus concordando comigo? Que dia interessante.

— Então está decidido, crianças não irão para a guerra. – Kedon finalizou – Outro ponto importante, tenho percebido que todos estão com os ânimos exaltados por conta da guerra que se aproxima, então Aika sugeriu que fizemos uma pequena festa, para diminuir o estresse que está sobrecarregando toda a aldeia.

— Isso é ridículo – Brókus falou em uma gargalhada – Temos que nos preparar para a guerra e não comemorar antes da vitória – Ele voltou ao normal, estava bom demais pra ser verdade.

— Eu gosto da ideia – Comentou Karol – As pessoas estão realmente exaltas e assustadas – Ela olhou para o ferimento na minha testa, graças às ervas fedorentas de Dinah já estava curando – Vai ser bom pra diminuir o medo que elas estão sentindo – Inúmeras pessoas concordaram com ela, o que fez Kedon ceder.

— Pedirei para as pessoas organizarem uma grande fogueira, também acredito que isso aliviará, nem que seja por pouco tempo, a tensão que todos estão sentindo – Todos concordaram, menos o Brókus – Finalizamos nossa reunião por hoje – Começamos a sair da toca, encontrei Zandor deitado do lado de fora, parecia um rei sentado no trono.

— Você vai ter que fazer um discurso – Kedon falou atrás de mim.

— O quê? – Perguntei.

— As pessoas vão gostar de ouvir você, então prepare algumas palavras para a festa – Ele explicou, um sentimento de vergonha me tomou, mas concordei.

***

Encontrei Luke e Agatha conversando perto da área de treinamento, ela parecia muito interessada nele, mas ele não dava muito importância.

— Como foi a reunião? –Luke perguntou quando me aproximei.

— Definimos alguns pontos importantes – Respondi.

— Ela parece o próprio Rei falando assim – Agatha comentou diretamente para Luke.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— A cada dia ela parece mais da realeza – Ele completou, como se eu não estivesse escutando.

— E teremos uma festa... – Falei querendo mudar de assunto.

— Uma festa?! – Os dois perguntaram ao mesmo tempo. Assenti com um sorriso, eu sabia que isso os deixaria animados.

— Oh! A quanto tempo não temos uma festa! – Agatha falou animada.

— Isso foi ideia sua? – Luke perguntou curioso.

— Hunrum, teremos uma grande fogueira – Respondi.

— Não vejo a hora de usar um vestido! – Agatha continuou falando animada – Você vai dançar comigo, não é Luke? – Ela perguntou com os olhos brilhando. Ele deu uma leve revirada de olhos e a ignorou.

— Eu não posso perder a Aika dançando – Ele comentou com uma risada.

— Eu não vou dançar – Respondi com os olhos arregalados.

— Claro que você vai, você é da realeza – Ele fez um movimento com a mão para ressaltar sua última fala.

— Não vou, não – Falei relutante. Luke gargalhou com a minha cara de espanto.

— Onde está Kaio? – Agatha perguntou com uma cara de chateação, eu já tinha percebido que ela sentia certo ciúme da minha amizade com o Luke, eu compreendia, mas isso me dava nos nervos.

— Provavelmente está arrancando a cabeça de alguém por aí – Luke respondeu. Minha mão foi sobre a ferimento de Max, desde o ocorrido eu ainda não havia esbarrado com ele e também não estava muito ansiosa por esse encontro. Lembrei-me do Dedo-da-Guardiã, eu estava evitando comer aquilo, mas sabia que um dia ia ter que tomar coragem e experimentar.

— Talvez a Aika dance com ele – Agatha falou com um sorriso malicioso, revirei os olhos e comecei andar em direção da aldeia.

— Aika! – Luke me chamou.

— Eu vou comer algo – Menti. Zandor me acompanhou animado, ele não aguentava mais ficar sentado. A notícia da festa se espalhou como fogo na floresta, todos já estavam comentando sobre, era visível que o clima na aldeia tinha mudado. Notei uma menina que brincava pela aldeia, ela devia ter no mínimo uns três anos, seus bracinhos balançavam com o vento. Seus olhos se acenderam quando ela viu Zandor.

Ela se aproximou insegura de mim com os olhos completamente hipnotizados pelo lobo. Peguei sua mãozinha para chamar sua atenção.

— Como é seu nome? – Perguntei com um sorriso.

— Ava – Ela respondeu, notei sua mãe estava ali próximo, seu rosto estava tenso por conta do lobo, lancei um sorriso pra ela na tentativa de tranquilizá-la.

— Você quer tocar nele? – Perguntei, ela afirmou ainda com os olhos arregalados, levei sua mãozinha até o pescoço de Zandor. Ela passou levemente os dedos sobre o pelo do lobo.

Maxio! – Ela sussurrou. Sorri com sua inocência, ela não fazia ideia do momento importante que passávamos. Zandor não se importou com gesto, sua mãe logo ficou com rosto relaxado quando viu a indiferença do lobo. A pequena Ava se virou pra mim e agarrou uma mecha do meu cabelo, ela admirou e disse por fim:

Prinxesa bonita! – Eu sorri mais ainda.

— Você também é linda! – Ela sorriu acanhada. Zandor que estava impassível até agora, deu um giro e se colocou na minha frente, até que vi o motivo da sua mudança de humor repentina: Max. Ele vinha caminhando na nossa direção relaxadamente, beijei o rosto da pequena Ava e indiquei que ela fosse pra sua mãe.

— Tchau, pequena Ava! – Falei com um sorriso.

— Tchau, Prinxesa— Ela falou e correu para os braços das mães. A cada passo que Max dava na nossa direção, Zandor ficava mais exaltado.

— Acalme-se Zandor – Ele não iria me atacar no meio da aldeia.

— Princesa, podemos conversar? – Ele perguntou de uma distância segura.

— Sim – Respondi séria, me aproximei de Max e Zandor me acompanhou, mas não saiu da posição defensiva.

—Bom, eu queria me desculpar pelo meu comportamento no outro dia – Ele falou, seu rosto estava imparcial, mas ele não parecia muito arrependido – Eu não devia ter feito aquilo... isso com a senhorita – Ele indicou o ferimento, eu continuei encarando ele séria, não conseguia engolir aquelas palavras, eu podia sentir o cheiro da mentira – Bom, é isso... – Passamos um bom momento em silêncio, ele não ousava me olha nos olhos.

— Eu entendo o motivo da sua raiva – Respondi – Mas não concordo com ela, se você quiser continuar me culpando, fique a vontade, mas da próxima vez que você me atacar eu irei revidar e um de nós cairá morto – Uma centelha brilhou nos seus olhos, o ódio dele continuava ali, ele disfarçou e abriu um sorriso de deboche.

— Não se preocupe aquilo não vai se repetir – Dei de ombros, só Khosmos sabe o que acontecerá até o fim dessa guerra – Bem, eu queria apenas me desculpar, Princesa Aika – Ele saboreou meu nome, deu as costas e saiu.

— Max – Chamei-o – Você pode achar que não, mas defenderei meu povo até meu último fio de vida – Ele se assustou com as minhas palavras, mas logo seu olhar de deboche voltou e ele seguiu seu caminho.

— O que ele queria? – Kaio perguntou.

— Por Khosmos! - Dei um salto com sua aparição súbita, seus olhos estavam cerrados na direção de Max – Você estava me vigiando? – Perguntei.

— Talvez – Ele respondeu – O que ele queria, Aika?

— Você não pode ficar me vigiando – Cruzei os braços – Eu sei me defender – Ele bufou.

— Eu sei que sabe, eu só estava de passagem...

— Sei – Comentei sem acreditar muito – Ele queria se desculpar – Respondi por fim.

— Você acreditou nele? – Ele perguntou desconfiado.

— Em nenhuma palavra – Ele me encarou – A raiva que ele sente por mim não vai passar nem depois de 40 anos glaciais – Kaio assentiu. Olhei além dele e vi a pequena Ava balançando nos braços da mãe que tentava de qualquer jeito acalmar ela. Sorri com a cena.

— Você será uma boa princesa – Kaio observou depois de perceber quem eu encarava.

— Você não tem como saber disso – Retorqui de brincadeira.

— Você podia ser menos teimosa, Aika...

— Assim eu não teria tanta graça, teria? – Perguntei com um sorriso, ele balançou a cabeça e sorriu. Começamos a andar calmamente pela aldeia.

— Eu soube que vamos ter uma festa e que a ideia foi sua – Ele comentou.

— As pessoas estão estressadas com a guerra, vai ser bom aliviar os ânimos com uma festa – Ele assentiu.

— Fico imaginando o que o Brókus falou disso tudo – Ele brincou.

— Ele deu uma gargalhada maléfica e disse que eu estava sendo ridícula.

— Típico do Brókus – Ele comentou.

— Típico – Repeti.

— Lá vem seu melhor soldado – Kaio falou, olhei na direção que ele indicava e vi Dinah correndo como uma louca acenando pra mim.

— Senhorita Aika! Finalmente a encontrei. – Ela falou aliviada.

— Algum problema, Dinah? – Perguntei preocupada.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Sim, senhorita Aika – Ela falou com o rosto sério.

— O que aconteceu, Dinah?

— Senhorita Aika, nós precisamos encontrar um vestido para a festa! – Ela respondeu preocupada. Dei uma gargalhada mais alto que o necessário, quando finalmente parei de rir notei que seu rosto ainda estava sério.

— Oh, não, você está falando sério...

— Claro que sim, Senhorita Aika – Ela falou – A senhorita não pode vestir qualquer coisa, você não concorda, senhor Kaio? – Kaio que até agora observava tudo com um sorriso de completo divertimento, arqueou uma sobrancelha e me encarou.

— Dinah! – Chamei sua atenção – Eu posso vestir qualquer coisa! – Tinha certeza que meu rosto estava começando a ficar vermelho.

— Claro que não! É uma ocasião especial! – Ela rebateu, ela não ia me deixar em paz enquanto eu não escolhesse um maldito vestido – Já imagino a senhorita em um magnífico vestido... – Seus olhos cintilavam de emoção.

— TUDO BEM! Eu vou escolher um vestido – Falei desesperada, eu tinha que parar ela, antes que me envergonhasse mais na frente do Kaio.

— Que maravilha! – Ela falou animada – Vamos escolher um lindo!

— Eu tenho certeza que sim – Retruquei – Agora vamos! – Comecei a arrastar ela pelo braço, mas Kaio não me deixou passar, antes que eu me afastasse ele falou:

— Escolha um na cor laranja, bem chamativo, aposto que vai combinar com você.

— Nos seus sonhos! – Retorqui e continuei arrastando Dinah pra longe dele.