Alguém Disse Poesia?

O Domador de Monstros


Eu não gosto dessa jaula que me fez de lar

É tão frio, apertado e sem graça por aqui

De que adianta chorar se nada ganho com isso

Houve um tempo há não muito tempo atrás

Em que liberdade era muito mais que uma palavra

Um tempo para sempre perdido, sejamos francos

Quando olho para o céu poluído não vejo as estrelas

Teriam me roubado até isso ou estariam elas afogadas em timidez?

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Lambendo as velhas e as novas feridas com essa saliva espessa

O que resta pra mim a não ser deitar-se sobre os jornais de ontem

Arrancaram minhas presas e lixaram minhas garras

Doparam-me com suas drogas esquisitas

Arrumaram-me até cadeado e corrente

Me ensinaram seus truques sujos e fizeram-me um palco bonito

Mudaram meu nome para A Besta Selvagem do Leste

Mas todas as noites de tristeza eu me pergunto

Quem é a besta nessa história? Quem é?

A única coisa que me resta agora é esperar

Pelo dia, pelo tão esperado dia

Em que o domador esqueça a porta aberta

Não tenho esperanças em voltar para casa

Sou um animal realista

Mas um passeio até o parque ou metrô não fará mal

Talvez eu encontre uma pessoa ou duas

Que ao invés de pancadas me deem uma bisteca

E quem sabe um pouco de carinho

Não sou um animal muito exigente.