— Meu Deus! – Maria levou a mão ao rosto. Ficou chocada ao ver Ollie naquele estado.

Cair não foi o maior problema. O peso que recaiu sobre suas costas foi prejudicial. Vários homens se reuniram para tentar levantar aquela caixa.

Adrian não podia ficar parado vendo os outros tentarem ajudar o colega. Ele correu para aproximar-se dos voluntários, pronto para ajudar também. Num rápido impulso ele afastou os que atrapalhavam e levantou a caixa usando parte de sua força. Sabia que se usasse toda ela os outros teriam desconfiança. Usou apenas o necessário, e conseguiu fazer isso sozinho. Por sorte os homens não notaram, pois estavam concentrados demais noutro assunto.

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— Afastem-se todos, deixem este homem respirar! – gritou a caçadora, correndo para Ollie. Num primeiro momento os homens não puseram muita fé no dizer de Maria, mas logo ela foi apoiada por Loren, que intensificou o dizer.

— Ollie, ei, acorde, por favor! – disse a senhora, ajoelhando-se ao seu lado e segurando sua mão.

Maria não esperou e tomou a iniciativa, pegando um saco contendo algumas verduras para colocar atrás da cabeça do homem. Muitos dos trabalhadores ainda estavam atordoados por causa do momento, perguntando uns aos outros sobre o que poderia ter causado aquilo.

Loren e Adrian ergueram o tronco do homem para que Maria pusesse o apoio sobre ele. Em seguida pôs a mão em seu pescoço para sentir o pulso e na mesma hora percebeu sua pele quente, quase pegando fogo. Quando tocou em sua testa, confirmou a febre que apresentava.

— Céus... – ela sussurrou – ele está ardendo em febre. – terminou olhando para Adrian.

— Febre? – Loren disse confusa – Mas ele estava bem... ou ao menos aparentava estar!

O meio-vampiro olhou para o homem caído e depois para sua noiva. Os dois já tinham um pensamento em comum, que foi motivo de preocupação para ambos.

— Permita-me? – Alucard falou à Loren, que assentiu. Logo, ele pegou o braço dele para verificar seu pulso. Primeiro viu o braço esquerdo, mais próximo e verificou se havia ou não qualquer marca peculiar. – Ah... como imaginei.

— Não vai me dizer que... – a mulher disse, nem precisando terminar.

— Veja com seus próprios olhos. – Adrian chamou-a para ver.

— Ah, Deus...!

E lá estava a marca destacada em seu pulso. Da mesma cor, a marca parecia ser um pouco maior que a que aparecia nas crianças.

— Por Deus, o que é isso?! – Loren ergueu as sobrancelhas, pegando no braço do companheiro para analisar a forma.

— É complicado em dizer... não sabemos ao certo... – Maria respondeu, sem realmente querer dizer à ela.

— Então sabiam disso e não contaram nada?!

Dava para ver nos olhos da mulher o desespero e a angústia presentes. De uma hora para outra tudo havia mudado. Tudo parecia soar tão comumente, e, de repente, aquele acontecimento inesperado surge.

— O importante agora é levá-lo a um lugar onde possa descansar. – Adrian tomou a palavra, impedindo qualquer discussão que pudesse se iniciar.

— Há uma enfermaria no centro, – Maria disse, apontando para o sul – podemos levá-lo até lá para ser tratado.

— Está bem. – seu noivo assentiu – Mas antes, ele precisa retomar a consciência.

Loren, que prestava atenção à conversa, voltou-se a Ollie, dessa vez deu-lhe alguns tapinhas no rosto:

— Oliver, acorde, por favor. Ollie!

Alguns segundos se passaram. Todos os olhares estavam voltados àquele homem; homens e mulheres amigos de Oliver e que eram e seu grupo de viagem, Adrian, Maria e principalmente Loren, que aparentava ter algum sentimento a mais por ele.

Estavam em silêncio. Esperavam por alguma reação dele, e na pior das hipóteses, nenhuma.

Loren sussurrou algumas palavras inelegíveis, diretamente a ele. Fechou seus olhos e respirou fundo.

— Oh... céus...

Aquela voz restaurou o alívio entre aquela gente. Era Ollie, abrindo lentamente seus olhos e resmungando como fazia antes.

— Graças a Deus. – Maria esfregou a mão em sua testa.

— Que droga, Ollie, quer matar todos nós?! – a senhora bateu sem muita força e, seu braço.

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— Fui eu quem quase morreu por aqui! – ele respondeu ainda range do os dentes, gemendo logo depois – Ah, que dor!

— Senhor Oliver, precisas ir até um médico. – disse Adrian, levantando de sua posição.

— Mal consigo me mover. – disse o homem caído.

— Podemos levá-lo na carroça, seu tolo. – respondeu Loren, apertando sua mão firmemente, levantando-se logo em seguida.

— Está decidido. Levem-no para o hospital para cuidarem dele. – Maria disse.

— Esperem. Vocês não explicaram o que está havendo! – a mulher de idade esticou seu braço para chamar a atenção de Maria, que se afastava.

— Senhora Loren. Como disse antes, é complicado para lhe dizer. Ainda estamos investigando e mal sabemos ao certo o que está havendo.

Loren falou um comando para os homens levarem Ollie até a carroça e depois se aproximou dela com um semblante preocupado. Então a levou para um lugar um pouco mais distante:

— Aquelas crianças... o que me disse antes era mentira, não é? – Loren falou num tom decepcionado.

— Bem... em parte, sim.

— Eu já adivinhava... – ela balançou a cabeça decepcionada.

— Serei sincera. – Maria fez um gesto com as mãos tentando se defender – As crianças que vieram aqui são conhecidas minhas, vivem no orfanato. Mas agora estão lá, deitadas na cama, sofrendo de dores e carregando a mesma marca no braço como a de Ollie. Eu e meu noivo viemos aqui para investigar o que estava havendo, já que esse foi o único lugar que disseram vier.

Loren mostrou-se estar indignada. Ela franziu as sobrancelhas e abriu seus lábios, pronta para falar algo, mas ficou chocada em ouvir com detalhes a coincidência dos dois casos.

— Não vai me dizer que nos achou suspeitos? – Loren perguntou um pouco indignada.

— O que eu podia pensar? Antes de saírem estavam todos bem! Mas... – a caçadora olhou para Ollie e os homens carregando-o até a carroça – Pelo jeito estamos todos no mesmo barco.

— Coincidência, talvez?

— Não sei. Mas é estranho que Ollie e as crianças estejam assim. Todos estiveram por aqui... – ela baixou seus olhos – Por favor, não nos leve a mal, só estamos preocupados.

— Loren! Estamos prontos! – Disse uma voz masculina ao longe, chamando a atenção da mulher.

— Ah... – Loren suspirou – está bem. Ficarei torcendo por vocês encontrarem uma solução para isso. E agora, se me derem licença, preciso levá-lo ao médico. – terminou assentindo.

— Cuidem-se. – disse Maria.

A mulher de idade afastou-se da caçadora. Maria observou-a entrar na carroça junto de um homem e uma mulher. Sem perder tempo, o homem começou a conduzir os cavalos, e assim, partiram.

Alguns homens voltaram ao trabalho, mas a situação estava diferente, mais tensa. Era possível ainda ouvir algumas vozes discutindo e comentando os fatos que aconteceram recentemente. Todos estavam confusos, principalmente Maria, que não tinha ideia para onde prosseguir. A caçadora deixou-se levar pelos pensamentos, tentando arranjar algum plano, mas era difícil.

O vento chegou trazendo uma fria brisa, o que a fez tentar cobrir-se com as mãos. Depois que cruzou seus braços, ela olhou para cima e disse baixo:

— O que está acontecendo...? Por que isso está acontecendo?

— Maria.

Um toque foi sentido em seu ombro. Ela mal havia notado que seu noivo aproximara-se dela, por causa de sua distração com os problemas. Por isso levou um susto.

— Hã?! – ela disse, arqueando as sobrancelhas – desculpe, querido, eu fiquei distraída com algumas coisas...

Alucard observou seu semblante; já não estava mais sorrindo e ela não mostrava mais um brilho em seus olhos.

— Nós vamos resolver isso, meu amor. Não se preocupe. – disse ele, envolvendo-a num abraço.

— É difícil não ficar preocupada, Adrian. – deu de ombros – Nossa melhor pista foi embora! E aposto que você não conseguiu muita coisa com aqueles homens que acabou de conversar.

Ele balançou a cabeça, confirmando o palpite dela.

— Viu? O que faremos agora? – ela deu alguns passos para frente, afastando-se dele.

Adrian fez um gesto com a mão para que os dois pudessem caminhar.

— Vamos retornar ao orfanato para saber se as crianças já estão melhores. Assim, veremos se elas podem nos contar algo mais.

— Hum... talvez esse seja o melhor a fazer. Elas não puderam dizer muita coisa antes, pois estavam debilitadas demais. Quem sabe agora podem estar bem melhor.

— Bom. – ele assentiu – Se continuarmos assim, vamos resolver esse problema.

Maria deu um breve sorriso. Era confortante saber que havia alguém ao seu lado; principalmente ele, seu noivo, e no momento, a pessoa em que mais queria por perto.

Aos poucos ela agarrou-se ao seu braço esquerdo. Ao mesmo tempo em que Maria era a coluna de Adrian, ele era sua âncora, alguém que a mantinha estabilizada, calma.

— Obrigada, Adrian.

— Não tem que me agradecer. – o meio-vampiro respondeu, dando-lhe um beijo em sua cabeça.

O casal, enfim, tomava o caminho de volta para o orfanato. Quando pensavam que os feirantes eram os principais envolvidos, a dedução precipitada foi abaixo. Ollie, estranhamente passou mal e carregava a mesma marca que as crianças possuíam.

— Temos de relevar ainda. – Maria disse pensativa – as crianças e Ollie poderiam estar exatamente no mesmo local quando foram infectados.

— É uma possibilidade. – Alucard respondeu, fazendo um gesto com a mão.

— Talvez... mais gente pode estar correndo perigo? Quero dizer, mais pessoas além deles foram até aquela feira.

Os dois se entreolharam.

— Pior. Talvez mais pessoas podem estar infectadas e mal sabemos.

Maria se afastou. Não havia pensado nessa questão antes. Se o que Adrian falou for mesmo verdade, seria apenas uma questão de tempo que mais doentes aparecessem.

— Então nós- Ah!

Por pouco a caçadora não foi derrubada por um homem que passava correndo pelo caminho nas ruas do vilarejo. Adrian irritou-se com aquela cena, e só não buscou satisfações, pois preferiu acudir sua noiva.

— Você está bem, querida? – Adrian a apoiou em si próprio.

— S-sim... Mas, o que foi aquilo?

— Socorro, eu preciso de ajuda! – era a voz do homem que esbarrou em Maria gritando desesperadamente. Corria para todos os cantos, sem saber aonde ir e o que fazer. Aparentava ter trinta anos.

— Ei, o que foi? Por que está agindo assim? – Maria gritou para o homem.

— P-por favor, me ajude. Minha esposa está passando muito mal.

— Não há o que temer, senhor. Leve-a até a enfermaria. Fica a poucos metros daqui. – ela respondeu confusa.

— Como farei isso se dizem que lá está- – o homem parou de falar quando começou a tossir fortemente e expelir sangue pela boca. Aos poucos ele perdia equilíbrio de seu próprio corpo.

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— Céus, ele vai cair, Adrian!

Num rápido movimento o meio-vampiro pegou o homem antes que caísse no chão. Ele estava perdendo sua consciência.

— Senhor, aguente firme! – ele disse ao doente, com temor de perdê-lo – Maria, temos de levá-lo a um médico, rápido!

— Mas e a esposa?

— A pegaremos depois!

Eles não tinham escolha. Nem ao menos sabiam onde era a casa dele.

Adrian, para ir mais rápido, levou o homem consigo em suas costas e foi correndo para a enfermaria. Graças a sua força e velocidade foi possível correr o suficiente até chegar lá. Maria veio logo depois.

— Ali! – disse a caçadora, apontando para a direita, então continuaram.

Não foi difícil encontrar aquele local. O difícil, no momento, era conseguir entrar.

— Meu Deus! O que... – Maria disse assustada.

A cena era deplorável. Lá havia o grande prédio da enfermaria e à sua porta, dezenas de pessoas amontoadas gritando e empurrando umas a outras na tentativa de entrar naquele lugar. Era um completo caos. Muitos deles carregavam crianças no colo esperneando e implorando para que elas fossem atendidas.

— Como vamos entrar? – disse a mulher aproximando-se rapidamente das pessoas.

— Tome cuidado, Maria. – seu noivo a alertou, fazendo-a assentir.

Era impossível para ela entrar de vez naquele prédio. Então andou no meio deles para saber qual era o motivo de tanto alvoroço.

De repente, viu uma mulher cair a poucos metros dela. Parecia desmaiada. Algumas pessoas foram ajudá-la, o que aumentou ainda mais a histeria. Maria preferiu não se aproximar para não atrapalhá-los, mas o que chamou sua atenção com toda a certeza não foi aquela cena, mas o que via ao seu redor.

Seus braços esquerdos. De todos eles. Mais uma vez aquilo fez o coração da caçadora estremecer.

Cada um dos presentes carregava uma marca em seu braço. A mesma marca das crianças e de Ollie, que ela nem mesmo conseguiu achar na multidão.