Atendimento #084: Reciclagem

Atendimento #084: Reciclagem

Temos de tratar nosso planeta com respeito e carinho, esse lugar pode ser o único que tem a capacidade de nos manter vivos. Essa pedra circular e azul a muito vem sofrendo com nossas ações, esgoto, queimadas, lixo pela cidade, carnaval… Tudo que prejudica nosso planeta.

Você sabia que seu celular, seu computador e outros aparelhos elétricos de sua casa também são poluentes? É pouco...é mas ainda assim polui.

— Certo o produto da senhora é uma impressora, correto senhora Monica? — Ezequiel escutara a cliente falar de sua vida feliz e alegre. Ele já percebera que sempre que alguém contava a vida apenas exaltando os pontos positivos, era por que algum problema muito grande estava para surgir a sua frente. Colocou a chamada no mute. — Já to até vendo isso…

— Isso exatamente, como eu te falei agora a pouco eu sou dona de uma gráfica. O que acontece é que eu tenho vários toners de impressoras aqui acumulando, tenho tantos que o cachorro da empresa criou o vicio de cheirar aquele pó que fica vazando.

Para quem não está familiarizado com as impressoras laser eu vou explicar rapidamente...ELAS NÃO IMPRIMEM A LASER! Só por que está no nome não significa que elas podem imprimir páginas infinitas; elas usam um pó que é chamado de toner e esse logicamente acaba.

— A...certo, o cachorro ainda está cheirando o toner? — O atendente escutou o murmuro da cliente em afirmação. — Certo, retire ele de perto do toner está bem? — O atendente sabia de algo muito sério sobre o resíduo, mas ele em hipótese alguma poderia dizer a cliente.

— Ja tirei. — Ouvia-se latidos fracos do outro lado da linha, o animal aparentemente não gostava de ser afastado do pó. — Então como eu não quero jogar isso aqui no lixo comum queria saber se vocês têm algum métodos de logística reversa. — O que ela queria era uma maneira de fazer o descarte consciente de seus toners. Pode acreditar, quase todas as empresas que vendem impressoras possuem um serviço desses.

— Claro senhora, eu vou fazer a solicitação a agora mesmo. — Ezequiel abrira o formulário especifico em seu sistema. — Só vou precisar que me informe quantos a senhora possui para ser retirados.

— Só um momento eu vou ter de contar aqui. — A cliente largara o telefone, Ezequiel ouvia eventualmente alguns barulhos de itens sendo mexidos e arrastados. Demorou quase cinco minutos até os ruídos cessarem, o atendente chegou até mesmo a pensar que a cliente estava de sacanagem, mas ai ela retornou. — Ufa, terminei.

— E então, quantos são?

— Duzentos e trinta e um.

O queixo do atendente só não caiu no chão por que este parou em cima da mesa. A quantidade era absurdamente gigantesca. Só para efeito de parâmetros, uma pessoa comum usa no máximo três desses toners por ANO!

— Tá certo, — Nosso herói ficou realmente preocupado com a cliente. — Senhora Monica eu vou pedir por gentileza que se afaste desses produtos, se possível saia da sala onde eles estão.

— Por que? — A mulher sentia um arrepio na espinha como se um sexto sentido a alertasse de algo.

— Só saia, por favor.

Ezequiel não saberia dizer, mas ao que tudo indicava a cliente deixara aquela quantidade monstruosa de consumíveis velhos em uma sala separada e fechada por um portão de aço. Quando ela passou a chave a tranquilidade voltou a chamada.

— Senhora Monica em hipótese alguma abra essa porta até a equipe de reciclagem chegar.

— Você está me assustando, o que tá acontecendo?

— Nada, — A entonação ganhou o tom alegre, porém a mentira tornou-se nítida. — só não quero que a senhora se esforce com nada. Espere até a equipe chegar, não vai demorar nada. Continue falando comigo…

— Ezequiel, me conta o que está havendo…

No sistema o atendente solicitava uma equipe de recolhimento urgente, não demoraria mais de dez minutos até eles chegarem a cliente. O risco que a saúde dela coria era imenso, pois, se você não sabe aquele pó causa câncer.

— Nada senhora, pode ficar tranquila que está tudo certo. — Respondeu ele fazendo a solicitação da equipe de recolhimento e reciclagem. Colocou a chamada no mudo. — Coitado do cachorro.