Do outro lado da linha
Atendimento #231: Licença maternidade
Atendimento #231: Licença maternidade
Uma coisa que está sempre presente nas operações são as grávidas. Sim como já foi mencionado antes, o público que mais trabalha nas centrais de atendimento é o feminino e os jovens de dezoito até vinte e três anos. Curiosamente, em TODAS as células sempre existe ou uma mulher grávida, ou alguém que vai ser pai. Isso é quase que uma lei não escrita da vida.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Vamos...— Ezequiel parou em pé ao lado da mesa de sua esposa. — pode deslogar e ir guardando suas coisas.
A garota o encarou com a parte superior dos olhos, estava mais que nítido sua vontade de pegá-lo pela perna e o bater na parede.
— Eu quero ver você me impedir de vir, você teria de me fazer assinar o termo de licença maternidade.
— Não seja por isso. — O supervisor sacou um papel enrolado do bolso e estendeu à garota.— Colhi isso quando você dormia, faz mais ou menos uns dois dias. — Mostrou a folha com a impressão digital da garota.
— Que jogo sujo! — Amanda tomou o papel e o transformou em mil pedaços. — Agora você não têm mais nenhuma…
Ezequiel calmamente sacou outra cópia da mesma folha e estendeu para frente.
— Filho da mãe, você pegou duas? — novamente ela rasgou a folha e jogou na cara de nosso herói. — Eu não vou... — Ela notou que seu marido apontava para o final do corredor. Em grandes centrais cada setor possui uma impressora própria para uso interno; no caso da que pertencia ao setor de nossos heróis ela cuspia cópias e mais cópias do termo de licença maternidade assinado com a digital de Amanda. — jura?
— Sim, pode ir cuidar dessas crianças que já tá muito tempo trabalhando.— Ezequiel já arrumava as coisas da garota enquanto que Catherine esperava para levá-la para casa.
— Eu não vou sair assim! Parece até que eu ou uma incubadora de gente agora.— Revoltada ela ameaçou atender uma ligação.— Amanda bom…
— Não. — Ezequiel a deslogou e começou a empurrar sua cadeira até a mafiosa.— Pode ir e se cuidar por que ficar de sete meses e meio aqui não dá certo não.
Amanda se recusava, mas ao encarar diretamente os olhos brilhantes do marido a mesma desistiu de resistir, isso porque ela pôde concluir algo, ele falava sério.
Não demorou e as duas deixaram a central, a partir dali amanda só retornaria após quator meses, tempo esse que durava a licença maternidade.
— Muito bem! — Ezequiel estalou o pescoço, ao se virar para o Kleber notou que o mesmo colocava no mudo. — Nam, nam, nam, nam, nam deixa fora do mute mesmo. — O rapaz parou o movimento. — Eu sei quem foi, sei quando e onde. — Ezequiel se referia ao vazamento das informações dentro de seu notebook. — Quero deixar essa pessoa ciente que os arquivos que foram vazados não colocam em risco só a mim, mas todos que aqui estarão bem ferrados se isso chegar a público. Então se você não se acusar, e eu estou falando com o culpado, todo mundo aqui vai estar passível de um processo.
O discurso do supervisor foi interrompido por um som de sucção, ao esticar o rosto nosso heroi percebeu que o colega e subordinado Ancelmo tomava calmamente uma sopa de macarrão na P.A
— Foi mal.— Engoliu o almoço.— Eu tava de almoço mas queria ver o que você ia falar.
— Enfim, eu agora estou bem mais tranquilo sem a Amanda aqui, assim ela está isenta de qualquer consequência que venha acontecer.
— E você vai dizer o que é que foi vazado? — Alana questionou o supervisor erguendo a mão. Mesmo não estando na escola os atendentes sentiam-se como crianças a encarar um professor muito irritado e com uma régua de ferro pronto para dar umas porradas em quem fazer ou perguntar besteira.— Por que eu tô curiosa.
— Não, eu não vou falar, porque essa pessoa sabe. — Ezequiel cerrou os punhos e começou a caminhar pela operação tal qual um ditador fascista. — Se você não falar, e eu quero dizer de novo EU SEI QUEM FOI!— Elevou o tom. — Todo mundo vai sair perdendo, tá me entendendo? Inclusive você.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Naquele momento nosso herói passou no corredor onde a colecionadora de seios femininos fechava uma página de conteúdo adulto. A mesma ficou tão entretida com o tempo ganho para ver assuntos indevidos no trabalho que nem se quer se ligou que estava com um cliente em linha.
— Alo? Moça
— Oi? Oi? — Luly fechou as janelas de seu navegador e voltou o foco a chamada que ela notou, só então, que já tinha dez minutos de duração em silêncio. — Senhor?
— Moça eu não sei quem foi o responsável pela cagada, mas se foi você eu já deixo adiantado os meus pêsames.
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