Do outro lado da linha

Atendimento #219: O recrutador de milionários


Atendimento #219: O recrutador de milionários

Não sei se você já ouviu falar disso, mas se não ouviu é bom porque eu vou te contar uma novidade e não algo repetido e chato. Enfim, você sabia que muitas empresas quando contratam um funcionário “sequestram” suas liberdades criativas?

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Funciona assim; imagine-se como um escritor amador que possui o sonho de ser um autor profissional, ele se mata, escreve todos os dias e procura sempre melhorar seu estilo de literatura. Um dia ele consegue ser publicado e sua empresa fica sabendo disso. Você sabia que se, se a empresa colocar no contrato de admissão “que a propriedade intelectual” do funcionário é dela esse livro pertence a empresa? Sim é verdade…

— Tá de sacanagem? — Essa é a reação de ancelmo ao perceber que poderia perder a patente de seu headset isolante que ele criou usando um headset comum e um lado de algodão. — Diz que isso é zoeira cara.

— Não é, isso se chama reivindicação de patente. — quem lhe dissera aquilo fora Kleber com sua voz potente e grossa.— Eles colocam suas habilidades extra trabalho sobre o manto deles, ou seja, se você fizer algo, não importa o que seja, você deve primeiro apresentar para eles, se eles não tiverem interesse aí é seu.— Kleber retirou a cliente que ele atendia do hold, sim ele preferia usar o hold pois deixava os clientes mais putos. — Senhora só mais um momento.— Ou seja se você criar qualquer coisa e isso tiver no seu contrato, é da empresa.

Ezequiel entregava a eles a folha de ponto que os funcionários assinavam mensalmente quando parou para ver que o tempo que a cliente de Kleber esperava no hold.

— Caraca — Tirou o óculos que usava para fingir que era um rapaz mais sexy.— O que essa mulher te fez para você deixar ela doze minutos na musiquinha desafinada da ura? — Sim quem cantava a musiquinha da empresa era a mesma voz da ura, e sim, ela tinha uma voz que faria até surdo se matar.

— Ah, nada de mais ela só mentiu dizendo que estava com o produto na mão enquanto eu passava os procedimentos todos passo a passo bonitinho.

Nosso herói meneou a cabeça de um lado para o outro.

— É até aí realmente não é nada de mais cara, não tô dizendo que fez errado nem nada, mas achei desproporcional.

— Ah nem foi cara, se eu não tivesse ficado quarenta e cinco minutos explicando as coisas que nem otário você poderia dizer isso… Mas como eu fiquei.

Ezequiel puxou uma cadeira e sentou-se junto dos dois para auxiliar no desfecho da chamada.

— Senhora eu vou passar o número do protocolo dessa ligação está bem?

— Como assim você me faz esperar tudo isso e não vai dar continuidade ao meu suporte? Você por acaso perdeu o juízo foi? — A mulher de língua enrolada não entendia porque tanto ficou ouvindo a musiquinha que dizia “Nossa qualidade é incríiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiivel”— Vai, vai eu vou te dar uma chance de se redimir se não eu chamo seu supervisor aqui na linha.

Kleber encarou Ezequiel que apenas ergueu o ombro e sinalizou como quem diz “Vai lá pode mandar ver eu não tô nem aí não, é mais garanto que não vai dar ruim não.

— Senhora eu só queria deixar a senhora ciente que eu tenho total direito de reivindicar o direito da minha chamada, ou seja, não existe esse negócio de chamar o supervisor, eu sou o responsável por esse atendimento então não me venha com essa de segunda chance está bem? — O atendente ajeitou a roupa social azul marinho que usava. — Se a senhora estivesse com seu aparelho em mãos, que eu sei que não está, nós teríamos resolvido seu problema, fora que a senhora não ficaria mais uns dois minutos xingando no mudo como agora. — Apertou o mute.

— Caraca mano, — Ezequiel ergueu o polegar. — Ela tá xingando mesmo?

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— Tá, ta me chamando de vagaba da esquina agora...Agora falou da minha mãe. — Ele sorria como se fosse a maior piada do mundo, colocou o headphone do outro lado da orelha.

— Nananina não. — Ancelmo parou o colega acreditando que o mesmo estava plagiando sua idéia. — Espera. — Conferiu o ouvido dele e não estava com o algodão para ignorar a cliente. — Voce~realmente vai ficar ouvindo os xingamentos da cliente?

— Vou, eu cheguei a uma fase da minha vida que eu não me importo com insulto nenhum sabe? — Voltou-se para o colega e o supervisor. — E mais, eu tô em uma fase da vida que você poderia arriscar a ideia de e eu ser um cara rico que trabalha aqui de graça só para encontrar alguém que eu possa ensinar. Tipo um recrutador de milionários.— Sorriu mostrando os dentes amarelado.

Ezequiel e Ancelmo se entre olharam e caíram na risada.

— Atá! — Falou nosso herói tocando no ombro do subordinado grandalhão.