Do outro lado da linha

Atendimento #193: Pausa Particular


Atendimento #193: Pausa Particular

Uma das coisas mais diferentes na vida de um operador é o fato de eles poderem colocar uma pausa particular. Esse “tempo” deve ser usado pelo operador quando este precisar fazer alguma coisa de extrema urgência e que não está em sua grade de pausas. Como por exemplo:

— Preciso mijar. — Falou Amanda assim que seu marido atendeu o telefone. — Posso ir?

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— Vai ué... precisa avisar?

— Não sei, com o outro lá eu tinha de pedir e ainda rezar para que ele me desse a permissão de por uma pausa particular.

O que acontece é o seguinte; a pausa particular por tirar o atendente da linha, prejudica diretamente os indicadores do supervisor. Claro que não é nada extremamente expressivo a ponto de você impedir uma mulher GRÁVIDA que está em uma situação LIMITE de ir no banheiro e voltar.

— Chefe deu ruim! — Cássio chamou Ezequiel levantando a mão. — A cliente aqui falou que você não ligou pra ela.

— Puts! — Coçou a cabeça.— Não me diz que é a Olívia...

— É essa piranha memo.

— Manera no linguajar fera.

— Ou, meu cliente tá perguntando quem é a piranha da história. — falou Ancelmo deslizando a cadeira para a mesa ao lado onde nosso herói e Cássio conversávam. — O que eu respondo pra ele?

Ezequiel tiurou-lhe o headset.

— Sua mãe aquela cachorra. — Devolveu o headset. — Dropa isso rápido.

— Já era chefe. — Falou ele fazendo a saudação do exército. — Posso por uma pausa particular pra ir tomar uma água?

— Caceta gente vocês têm algum problema? — Falou o encarregado enquanto conferia o registro da cliente Olivia. — Só vai mano, vocês não são crianças. Não sou um bicho papão que vai impedir de vocês aqui ou ali. é só não demorarem dois anos que tá tudo bem.

— E se eu demorar um ano só?

Ezequiel o encarou como se fosse arrancar a língua dele por um orifício diferente que não a boca. O subordinado entendeu o recado e foi rapidinho tomar agua.

— Senhora Olivia vou passar essa chamada para a minha mesa, só um segundo. — Ezequiel digitou os número de seu telefone e transferiu. — Pronto. — Falou ele atendendo em sua mesa.

— E então como ficou aquilo?

— Já resolvi, claro que tivemos um problema com um atendente que passou mau e teve de ser internado, mas tá tudo bem. — A cliente e o atendente ficaram em silêncio por algum tempo. — Enfim. Eu quero dizer que eu sabia.

— Sabia do que?

— Do seu reembolso, eu atendi você na época que você ligou aqui a primeira vez. — Ezequiel explicou para a mulher o porquê que não recebeu absolutamente nenhum centavo pelo produto danificado. É aquilo que eu já havia dito no atendimento #015, se você quiser um ressarcimento você vai receber aquilo que sua nota fiscal tiver, ou seja NUNCA opte pelo reembolso se o produto foi um presente de concurso por que você vai receber vários NADA! — Mas eu agora vou tentar ver essa história para a senhora.

— Vocês são uns desgraçados, eu queria muito falar com seu supervisor sabia?

— Vai reclamar? Ou quer que eu faça alguma coisa para resolver, Olívia? — pigarreou.— Você já esta falando com o meu supervisor…

— Você? Subiu de cargo?

— Legal né?

— Na verdade não… Eu quero falar com alguém que esteja acima de você na hierar quia.

— Senhora, eu recomendo fortemente que a senhora opte pela troca de seu produto, do contrário vai ficar nessa penúria até o fim da vida.

— Espera, você ignorou inteiramente o que eu falei, foi isso mesmo?

Ele é o supervisor, ele pode mulher!

— Não, de maneira nenhuma. — Nosso estrategista de operações observou onde estava a pessoa que estava acima dele na hierarquia.— Olha a pessoa está de pausa particular..mas se eu fosse você eu aceitaria a troca agora.

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— Não, eu quero esperar. — A cliente batia o pé como uma criancinha.

Não demorou muito até que o tempo de pausa particular se encerrasse e Ezequiel pudesse chamá-la.

— Dona Catherine, vem aqui por favor.

— EU ACEITO A TROCA! EU ACEITO, EU ACEITO! — Gritava a cliente em desespero ou ouvir o nome da mafiosa.